Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Honduras

Honduras: Violência política ou violência simplesmente?

Li hoje uma provocação feita em um blog, que tal qual este é escrito por um bacharel em relações internacionais (detesto a expressão internacionalista) sob forma de uma nota de roda pé a uma noticia sobre o assassinato de repórteres na nação Centro-Americana. A provocação, creio, não foi direcionada a mim, por que não creio ter relevância a ponto de provocar outros blogueiros, a postagem que inspira esse texto é do blog – Política Externa –, de Daniel Cardoso Tavares,  título é “A “democracia” de Honduras: Jornalistas são perseguidos e assassinados” . Ao final da transcrição da noticia dando conta de lamentáveis atos de violência em Tegucigalpa, o colega Daniel faz a seguinte pergunta/provocação: “Cadê os que tanto criticam outros países pelos mesmos motivos? Não vão criticar Honduras por quê?” Bom, como eu sou crítico ácido da violência política, em qualquer lugar, mesmo nos paraísos socialistas tropicais adorados por intelectuais, que francamente com seu apoio cego a déspotas

Vaya com Dios señor Zelaya.

update 10/12 às 20h20 O salvo-conduto não veio e o México parece não estar disposto a receber esse querido visitante, portanto persiste o clima, continuam as duras e improdutivas palavras do Chanceler Amorim ____________________________________________________________________ Caso o leitor queira revisitar a tag Honduras nesse blog vai conhecer o que penso e analiso sobre a questão hondurenha e a atuação das nações da região. Nesse sentido destaquei o eloqüente silêncio do México. A neutralidade verbal do governo desse país parecem ter surtido efeito já que o deposto presidente e “hospede” de nossa embaixada passará a ser um visitante de Felipe Calderón. A saída de “mel” encerra um pitoresco episódio da história da Política Externa Brasileira e evidencia que a tática de isolamento perdeu completamente o fôlego com a realização das eleições. Continuamos no aguardo do desenvolvimento do assunto.

Honduras: Eleição e tensão

Amanhã (domingo 29/11) teremos as eleições hondurenhas, que estavam marcadas é preciso lembrar, desde antes da deposição de Manuel “mel” Zelaya. Aqui nesse blog já deixei explicito em inúmeras oportunidades que considerava a saída eleitoral a mais satisfatória das saídas possíveis para crise. Por dois principais motivos defendi essa linha de pensamento: a) por recobrar a normalidade institucional; b) por respeitar a soberania popular em conformidade com as normas vigentes. As condições para que essas eleições alcancem esses enunciados acima se pautam na liberdade e lisura do pleito e nesse quesito uma participação pragmática da OEA corroboraria muito a causa da democracia do continente. Não por contemporizar com a forma como se deu a deposição de Zelaya, que embora prevista em lei, foi sem dúvida feita de maneira desastrada. A posição de parte da América Latina de se concentrar exclusivamente na restituição de “mel” sem considerar os fatores institucionais e conjunturais hondurenho

De bravata em bravata

A imprensa e a chamada “comunidade internacional” (conceito usado soltamente pelos jornalistas e políticos) celebraram, como definitivo (com exceções é claro), na semana retrasada com o Acordo em Honduras. Escrevi aqui que o acordo era bem-vindo, mas que não era liquido e certo que esse acordo traria a estabilidade política. Manuel Zelaya parece determinado a ser restituído a qualquer custo, inclusive da própria democracia Hondurenha, ainda mais depois que o Departamento de Estado demonstrou em alto e bom tom que aceitaria o resultado da eleição como legitimo não obstante a restituição do presidente deposto. Desta vez o governo interino se demonstrou mais flexível ao demonstrar efetivo compromisso com o acordo indicando nomes e dando condições para que a comissão de verificação trabalhar. O grupo político de Zelaya por seus cálculos políticos decidiu retomar a bandeira da restituição, talvez para pressionar pela via da bravata que o Congresso o restitua, já que o apoio das nações

Enfim um pouco de bom senso

A crise hondurenha parece chegar ao fim com o aceite da nova versão do plano Arias por parte do presidente deposto e do presidente interino. A imprensa dá destaque aos pontos do acordo, que na verdade consagra a saída mais lógica para a crise que é a saída eleitoral. Desde o primeiro texto aqui deixei claro que uma solução para essa crise só seria possível com o peso do Departamento de Estado da EUA, que demorou a agir e foi reticente no inicio da crise, numa clara tentativa da Chanceler Clinton e do Presidente Obama de demonstrar uma suposta guinada em relação a política do governo anterior. Por isso mesmo a despeito de uma pressão dos republicanos no Congresso mantiveram uma posição alinhada ao pensamento dos países latinos. Desde a deposição ficou claro que Zelaya não possuía condições políticas de administrar o país e a posição de retorno incondicional defendida pela ALBA, pelo Brasil e pela OEA era inviável. A recusa em negociar ou reconhecer o governo de fato, como gosta a im

Um belo contra-ataque

Não vou falar aqui da mais nova controvérsia entre Brasil e Argentina sobre as licenças de importação, tampouco é um texto sobre defesa e os combates na Ásia, em especial no Afeganistão e Paquistão. O texto aborda a interpelação que o governo interino de Honduras faz contra o Brasil no âmbito do Tribunal Penal Internacional, claro sediado em Haia. Devo salientar que essa é uma área do Direito Internacional que não tenho muita familiaridade, portanto, não tecerei comentários jurídicos profundos que cabem a mentes mais habituadas ao Direito Internacional. (pra citar algumas que levo muito a sério, mesmo não sendo as figurinhas carimbadas: Dra. Josycler Arana, Dra. Ana Paula Dourado Sant’anna, Dra. Daniela Rodrigues Santos, Bacharela em Direito Débora Cristina Cruvinel Matos, Bacharela em Direito e em Relações Internacionais Carolina Valente, sim tenho a sorte de ser cercado de mentes jurídicas geniais ao que se soma uma visão muito particular feminina). Vou me fixar aqui ao aspecto p

A “polêmica” entrevista de Michelleti

Detesto copiar e colar, e abomino fazer clipping, por que há gente mais capaz e com mais paciência para isso na rede, logo seria redundante, mas creio que a íntegra (ao menos a que foi ao ar) da entrevista concedida pelo presidente interino de Honduras Michelleti dada ao repórter Néstor Restivo do conhecido jornal argentino “El Clarín” pode ser útil aos leitores desse blog, sei que esse assunto já está repetitivo dado a falta de novos desenvolvimentos, contudo creio ser útil. O original está aqui. “¿Hay negociaciones, o buscan tiempo hasta la elección de noviembre? La comunidad internacional ya dijo que no reconocerá ese comicio si lo llaman ustedes. Las elecciones están llamadas desde 2008. ¿No buscan ganar tiempo expulsando a la OEA? ¿Una misión así puede entrar a Argentina, sin papeles? No tenían permiso. Somos país soberano, que quede claro. ¿Por qué el Ejército cerró medios opositores? Fue

Yes nós temos banana

Creio que essa pequena frase inicial do clássico de Braguinha imortalizado na voz da pequena notável Carmem Miranda nos remete a um Brasil caricato de filmes do período da Segunda Guerra Mundial e em cada um de nós essa lembrança desperta algum tipo de emoção e sentimento, para alguns é até mesmo a materialização do preconceito. Mas, isso não vem ao caso, me lembrei da frase pelo comportamento e declarações brasileiras que repercutem na mídia hoje. Primeiro temos o Ministro da Defesa expressando que não tem planos de enviar soldados a Honduras em caso da violação da embaixada, uma declaração que mostra bem a dificuldade do Brasil nessa questão não que sejamos pequenos como “o rato que ruge”, mas temos capacidades limitadas de projeção de poder, por isso mesmo sempre colocamos grande ênfase em nossa diplomacia e nos arranjos de segurança coletiva. Outra declaração é do presidente que não cederá a golpistas. Muito bem, em um primeiro momento parece extremamente racional que um mandat

Uma nota sobre Brasil e Honduras

Em entrevista ao portal Terra o Embaixador e ex-secretário geral da UNCTAD (Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio) Rubens Ricupero, levanta um argumento semelhante ao que tenho usado aqui, não que eu busque conforto nos números, meu compromisso é com minha própria honestidade intelectual. E, também, seria uma estupidez tentar me equiparar ao Embaixador, ainda que eu não concorde com muito do que ele diz, sem nenhum resquício de falsa humildade ou subserviência o Embaixador Ricupero está em outra liga diferente da minha. Outro nível de conhecimento, experiência e vivência, respeitar alguém, não necessariamente implica em concordância cega. Mesmo não procurando auto-afirmação nos números e tampouco buscando polêmica em busca de aumentar a audiência desse blog é muito bom saber que não estou sozinho em minha posição. Concordo em especial quando Ricupero diz (trecho retirado da entrevista supracitada feita pelo portal Terra íntegra disponível aqui ): “o Brasil a

Uma batata quente

O Embaixador Azambuja em breve entrevista a rede Globo News disse e faço aqui uma transcrição não literal da declaração dele (que fique claro) com muito mais tato o Embaixador deixou claro que o Brasil arrumou uma batata quente em suas mãos, um problema político desnecessário e desgastante ao permitir a entrada de Zelaya para se instalar em nossa Embaixada em Tegucigalpa, sem que, contudo, tenha sido dado o status de “Exilado Político” ou refugiado diplomático. É preciso que fique claro que a luz do Direito Internacional o ato brasileiro não tem respaldo [Nesse particular há uma entrevista muito boa com um especialista em Direito Internacional e panelista da OMC, Durval Noronha de Goyos, aqui ] já que de dentro da Embaixada o presidente deposto discursa e conduz atos políticos o que não é permitido pelo status de exilado, portanto, o que o governo Lula patrocina é uma clara ingerência nos assuntos internos hondurenhos e estimulo irresponsável a confrontação, ao expor manifestantes e

Um risco tolo

O Presidente deposto Manuel Zelaya de Honduras retornou hoje a Tegucigalpa em uma articulação que revela definitivamente os alinhamentos políticos na América Latina, o governo Brasileiro que mantinha um discurso de neutralidade e era visto por muitos analistas como interlocutor moderado na esquerda ora em poder na Região. Contudo, essa percepção pode mudar com o papel ativo que o Itamaraty tomou no recente desdobramento da crise hondurenha. Ao abrir a Embaixada do Brasil em Honduras para que o presidente deposto se instale e fique protegido do governo interino que pretende prendê-lo e julgá-lo pelos crimes que sustentaram sua deposição. O Brasil tem, claro e todo sabemos uma longa tradição de concessão de asilo político e diplomático, mas esse caso é diferente, pois esse já havia saído do território hondurenho e retornou. Uma diferença nada pequena a situações anteriores. Ao interferir diretamente em assuntos internos de outros Estados o Brasil rompeu perigosamente com uma diplomac

América Latina, segurança ou insegurança. Um ensaio livre

Semana agitada no front das noticias internacionais desde o “ close call” do seqüestro do avião das Linhas aéreas Mexicanas, que nos lembra que o terrorismo é real, tangível e vivo na América Latina, aliás, para colombianos e peruanos sabem muito bem disso, bem como as vítimas do atentado ao centro judaico da AMIA em 18 de julho de 1994 na capital argentina Buenos Aires. E por falar nesse ultimo ponto o presidente venezuelano sempre na liderança da oratória da defesa do continente de potencias hostis, sempre a ver ventos de guerra, esteve com o líder iraniano, país que segundo autoridades argentinas, orquestrou, financiou e executou o fatídico ataque em Buenos Aires. Um desses muitos paradoxos que vemos na política externa, por que se Chávez condena os EUA, pela atuação de sua inteligência nos sucessivos golpes militares na região (por isonomia, deveria também, denunciar o envolvimento soviético em conspirações, revoltas, insurgências e por ai vai) é um imperativo lógico que ele r

Honduras: Uma pergunta a você meu leitor, uma pequena provocação até

Que fatores explicam a recusa da chamada comunidade internacional (já que conceitualmente isso pode ter diversas significações) em aceitar a legitimidade das eleições que ocorreram em Honduras e que já estavam marcadas antes da deposição de Zelaya? Como racionalmente se pode usar a defesa da democracia, para manter o cerco e sanções a um país, que mantêm suas instituições em funcionalmente, sua Constituição continua em plena vigência e terá eleições livres? Muitos dos que defendem o continuísmo desenfreado no continente o fazem sob justificativa de que esse continuísmo é democrático por que há eleições, então por que as eleições hondurenhas não serão reconhecidas? Diriam os historiadores das relações internacionais: Quais são as causas profundas desse paradoxo? Deixo essas questões. Sintam-se a vontade para comentar o que pensam sobre isso.

O tempo passa, mas indefinição continua

Desde fins de junho que um assunto tem permanecido relevante nas discussões sobre relações internacionais, em especial, no âmbito das Américas, a deposição de Manuel Zelaya da presidência hondurenha, já gastei aqui centenas de bytes, sobre esse assunto, mas a história parece não se esgotar. É notório que considero a maneira como foi deposto o presidente Zelaya, desastrosa e incompatível com o devido processo legal, o império da lei, que é ponto basilar de qualquer regime que se julgue democrático. Embora, também seja basilar de uma democracia, dispor de meios institucionais para sua própria defesa, ou seja, uma democracia, por meio de sua carta magna, contém meios para que ela seja preservada, já que ninguém, nem com ou sem apoio popular tem o direito de solapar a constituição e desobedecer a uma decisão judicial, sendo esse alguém uma autoridade eleita, maior e mais nociva é essa desobediência. Posso dizer que sou contra a maneira como Zelaya foi retirado do poder, mas não os motivo

Por que Honduras? (versão Coisas Internacionais do “por que Mogi?”)

O título é baseado na piada recorrente do programa humorístico do canal pago SporTV, (que por alguma razão sempre usa o time e a cidade de Mogi Mirim, para suas piadas, inclusive é recorrente a piada de auto-referencia “Por que o Mogi?”. Explico por que desse título, desde o começo da crise me espanta como já deixei retratado aqui o tamanho da cobertura dada a Honduras e sua situação e não só isso, mas a falta de reflexão mais profunda na imprensa, e salvo nobre e raras exceções. Atentei também em uma nota curta que previa uma escalada das ações em Honduras para empurrar da mídia internacional um escândalo recente que eclodiu no Equador, quanto a dinheiro Venezuelano usado na campanha que elegeu Rafael Correa, presumi que isso ocorreria por que parece haver uma clara coordenação das ações dos membros da ALBA, coordenada por Hugo Chávez. E como vemos com as idas e vindas de Zelaya até a fronteira, incitação de insurgência, e assim por diante, tudo com a conivência e incentivo do govern

Honduras. Um editorial em prol da autodeterminação de um povo

Eu não sou jornalista, como vocês sabem, e em um blog todo texto é um editorial, por que afinal é a expressão de uma opinião, contudo esse texto é diferente do que faço normalmente, são raras as ocasiões que como analista você pode se permitir tomar claramente um partido, pelo menos a meu ver, me cabe explicar o mundo o deixar a conclusão por parte dos leitores, ou dar a minha opinião de uma maneira cientifica, assim, com o tipo de argumentação, que sustenta a opinião. Imagino que no texto a seguir acabarei perdendo alguns leitores ou adquirindo inimigos, ainda assim, sou um defensor de manter a honestidade intelectual e isso implica não calar por medo de certa reação. A situação em Honduras e os desdobramentos que nesse exato momento se desenrolam nesse pedaço de terra que em condições normais de temperatura e pressão ninguém nem se lembraria, ninguém saberia, exceto alguns poucos, que Tegucigalpa existe ou acharia no mapa (capital hondurenha). A imagem no máximo era a do país que sof

The heat is on. Ou sobre Honduras

Como já havia previsto as negociações entre o governo deposto de Honduras e o governo interino eram fadadas ao fracasso, ou no mínimo, da escalada verborrágica das partes envoltas. O Presidente da Costa Rica que sob o apoio da Secretária de Estado Hilary Clinton apresentou um plano de sete pontos para a conciliação nacional em Honduras, o plano em si é bastante realista, contudo, parte de uma premissa muito difícil que é a premissa que pela simples pressão e censura internacional conseguirão a recondução de Zelaya ao poder. O governo interino aceitou pelo que pude apurar até agora (ainda não há muitos dados) vários pontos e apresentou uma contraproposta que causou a fúria da Alba e do “Mel” Zelaya, que diz que eles aceitam a voltam de Zelaya, para que ele enfrente o devido processo legal, ou seja, tenha possibilidade de se defender das acusações que lhe são feitas incluso traição. A reação dos partidários de Zelaya e dele próprio foram previsíveis, com bravatas de que não permitiram o

A quem interessa o sangue?

As negociações que visavam um acordo político para crise hondurenha intermediada pelo Prêmio Nobel da Paz 1987, Oscar Arias, Presidente da Costa Rica (que ganhou intermediando o fim das guerrilhas na região) naufragou, não chegou a ser uma surpresa afinal todos os analistas viam a indisposição em negociar e exigências sabidamente inaceitáveis, quem acompanha negociações internacionais, sabe quando se força a ruptura de uma negociação, afinal é muito fácil para qualquer diplomata de carreira saber em que pontos rupturas são inevitáveis, portanto, posso dizer que foram negociações de má-fé, onde as partes não se propuseram a negociar de fato. É preciso saber que desde os primeiros momentos da crise e logo após a deposição a Igreja Católica por meio de seu Colégio Episcopal em Honduras ofereceu seus bons ofícios, procurando acalmar os ânimos, prevenir violência e encontrar uma saída negociada. Inclusive um Bispo chegou a se pronunciar na televisão a pedir calma e discernimento de Zelaya e