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Mostrando postagens com o rótulo Venezuela

Brasil e Venezuela: E um conselho inesperado

Nas minhas leituras diárias me deparei com uma reportagem interessante da Revista Político , que fala sobre um conselho do bilionário Warren Buffett a Sen. Elizabeth Warren, democrata que é umas das principais vozes por uma taxação mais dura dos investidores e banqueiros de Wall Street, no tom moralista que vem tomando conta desse debate em todo canto do mundo. Buffett sugere a senadora Warren que seja “menos indignada” em sua retórica e até mesmo menos raivosa e se preocupe em alcançar algo que mesmo que não seja o ideal, seja superior ao estado atual das coisas. Buffett não está sendo inovador na sugestão que manter o tom mais ameno, oferece aos adversários políticos a chance de chegar aos mínimos demoninadores comuns (pra roubar uma expressão da matemática), essa fala é uma defesa do pragmatismo e não do cinismo como pode parecer. Não é abrir mão dos ideais, mas aceitar que nem sempre é possível se implementar reformas profundas unilateralmente, a menos é claro, que não se tenha a

Soft Power ou ingerência?

O governo da Venezuela assinou um acordo de cooperação com o Movimento dos Sem Terra, como os dois atores são polêmicos (e polarizadores) é provável que muito se vá escrever e falar sobre essa parceria. É lugar comum dizer que Nye mudou a maneira como analistas de Relações Internacionais olham para a questão do poder e sua fungibilidade no Sistema Internacional (lócus onde interagem os Atores Internacionais como Estados, Organizações Internacionais e grupos de opinião e interesse específico como ambientalistas, por exemplo). Nye mostrou que há maneiras brandas, sedutoras de exercer poder, isto é, de influenciar atores para que tenham o comportamento desejado sem usar fatores coercitivos. Grosso modo, Soft Power tem maiores chances de funcionar quando o proponente da ação possui atratividade cultural, valores políticos claramente discerníveis na sua realidade interna e política externa vista como legitima e moralmente correta. Afinal, isso seria atrativo para outros atores. O ac

Venezuela e Ucrânia: Sim, há semelhanças ou uma curta provocação

Nós analistas, em vias gerais, temos gasto uma considerável parte de nossas falas e escritos para tentar evitar que se confundam as crises vividas pela Venezuela e pela Ucrânia que certamente possuem diferenças marcantes. Mas, há um elemento de semelhança no gérmen das duas crises, que é a insatisfação com a ingerência externa consentida pelo governo. No caso venezuelano é a interferência cubana, notadamente nos meios militares, nas decisões do governo. E no caso ucraniano foi a submissão do governo as estratégias de segurança russas que não aceitam laços institucionais mais profundos com organismos da Europa Ocidental. Nos dois casos a justificativa pra ingerir nos assuntos e destinos de outra nação soberana é o risco da ingerência por parte de outra potência. A Rússia anexou a Criméia por que acusa o novo regime ucraniano de ser títere de Washington e Bruxelas. E na Venezuela a ingerência cubana é articulada em termos de cooperação e anti-imperialismo. A deputada cassada pelo r

Venezuela: Comissão de Chanceleres, agora vai?

O horizonte próximo não parece muito favorável ao diálogo e a normalização da política venezuelana, isso por que a oposição nas ruas e no sistema político não tem esmorecido diante das táticas de alta pressão do regime bolivariano, nem a destituição de Maria Corina Machado nem as condenações, em tempo recorde para os padrões continentais, de líderes da oposição surtiram o efeito, por outro lado a pressão das ruas também não é capaz de mover o regime na direção que os opositores desejam, ou seja, a pressão não tem conseguido que o regime desista de processar e manter presos opositores ou que substitua os ministros do Tribunal Superior de Justiça, Conselho Nacional Eleitoral. O impasse tem servido para polarizar ainda mais a Venezuela e o risca cada vez mais real é que se rompa com qualquer chance de restauração dos padrões mínimos de convivência política, em outras palavras, o pior cenário possível é que a crise culmine num conflito armado. Claro, que para isso acontecer é preciso

Brasil e Venezuela: Algumas observações

Diplomacia não é uma atividade simples e isso explica o rigor das avaliações para ascender ao serviço exterior brasileiro. Os estudantes que se preparam para o temido e sonhado CACD sabem do que falo. E o caso Venezuelano demonstra bem as dificuldades de uma política externa. A Venezuela é uma nação vizinha e uma parte do território brasileiro em sua região norte é bem ligada a esse país e como é o caso de quem divide fronteiras é preciso cooperação. Além disso, a Venezuela é um aliado formal e parceiro em vários arranjos regionais, notadamente Mercosul e Unasul. A proximidade ideológica entre os governos brasileiros e venezuelanos resultou numa parceria ainda mais profunda com investimentos mútuos e muitos atos de voluntarismo de parte a parte. Isso coloca a diplomacia brasileira numa “sinuca de bico” por que os diplomatas sabem, embora a maioria não vocalize isso, que a situação na Venezuela está bem deteriorada e que a saída menos custosa para a região e para os venezuelanos

Brasil e Venezuela: uma advertência de Pessoa

Fernando Pessoa escreveu que todas as cartas de amor são ridículas, por que não fossem ridículas não seriam cartas de amor e algo muito parecido pode ser dito sobre o autoritarismo, ele é ridículo. Mas, não é por ser ridículo que o autoritarismo não é perigoso. Seja o autoritarismo coletivista dos revolucionários comunistas ou obsessão com ordem e nacionalismo dos regimes militares, todo autoritário é violento por natureza. Maria Corina Machado – não tenho qualquer relação de parentesco, apesar do nome parecer – deputada mais votada da atual legislatura venezuelana, eleita pela Mesa de Unidad Democrática, MUD, partido de oposição ao regime chavista foi sumariamente cassada. Qual delito ou falta administrativa grave levou a perda do mandato da deputada venezuelana? Bom, ela foi até OEA denunciar a repressão violenta do regime que ela chama de “castro-chavista”. E aparentemente isso é dá causa para a curiosa interpretação legal abaixo, do presidente do Parlamento Diosdado Cabello:

Venezuela: Aplacando um incêndio com gasolina

“Feel my blood enraged It's just the fear of losing you Don't you know my name Well, you been so long And I've been putting out fire With gasoline” David Bowie O governo venezuelano conseguiu algo bem difícil que é isolar internacionalmente sua oposição, o que é demonstrável pelas notas oficiais da UNASUR e do MERCOSUR que já comentamos aqui nesse blog .  Essa manobra de isolamento dos manifestantes e para angariar apoio internacional, contudo, tem feito pouco para acalmar a situação no solo, claro que dão para o governo Venezuelano maior liberdade na repressão, mas nem os 31 mortos arrefecem os ânimos dos opositores, talvez até sirva de combustível. Os atos de força do regime e as prisões – inclusive de prefeitos da oposição – até agora não esvaziaram as ruas, por que há muita insatisfação provocada pela administração errática da economia e níveis de violência e criminalidade absurdamente altos que encontram combustível para a revolta na profund

Venezuela, Brasil e Unasul

Os observadores da Política Externa Brasileira costumam apontar para realidade que para alguns é incomoda de que o Itaramaty perdeu espaço na formulação de política externa para questões sul-americanas, que estariam sob atenção direta do Palácio do Planalto, mais precisamente sob coordenação de Marco Aurélio Garcia. E isso se faz sentir no modo como o Brasil atua nesse continente. A Venezuela cresceu em importância econômica para o Brasil desde o governo Lula, investimentos brasileiros fluíram para o país de Bolívar, mas o modo errático de administração econômica dos bolivarianos exige dos exportadores brasileiros doses cavalares de paciência e de navegar os tortuosos caminhos palacianos para conseguirem liberar seus pagamentos. Não é difícil imaginar que um procedimento pouco ortodoxo como esse esteja aberto a arbitrariedades e as famosas “vendas de soluções”. Mas, quem faz negócios com a Venezuela e for diligente já estava sabendo que interagiria num sistema altamente personalista

Profundas divisões banhadas pelo caribe

Os clichês nos dizem que a Venezuela é mais um perfeito paraíso tropical de gente hospitaleira, bronzeada pelo sol e banhada pelo mar do Caribe, lugar de lindas mulheres e noites calientes ao som de contagiantes batidas de música latina. As imagens de inquietação, golpes militares, despotismo e populismo são um cruel contraste a essa imagem paradisíaca. Verdade seja dita esse contraste é vívido também aqui em terra brasilis, a realidade nada fantástica da América Latina é lamentável traço comum que dividimos. Nem o mais aguerrido (iludido?) defensor do chamado Socialismo de Século XXI, das revoluções bolivarianas, pode negar que a Venezuela é um país profundamente dividido. As eleições presidenciais do ano passado mostraram bem isso, afinal Maduro foi eleito com 50,66% dos votos. Essa polarização tem acirrado ânimos e provocou a tentativa de Golpe contra Chávez, que hoje alimenta a retórica de seus partidários. A ironia de Chávez ter sido golpista infelizmente escapa aos defensore

O dia que apertei a mão de Chávez

A notícia da morte de Chávez tomou de assalto o noticiário e as redes sociais, não faltam opiniões, análises e até mesmo as sempre presentes piadas de humor negro. Ao saber da notícia, naturalmente comecei a pensar no que escreveria. Bom, decidi compartilhar com vocês a lembrança que veio imediatamente a minha cabeça. Aquela foi uma manhã completamente atípica no bloco K, da Universidade Católica de Brasília, havia uma corrente elétrica no ar, todos estavam ouriçados, a maioria por que as aulas terminariam mais cedo, outros por que haviam sido convidados para estar na audiência do discurso que faria o presidente Venezuelano Hugo Chávez Frias, que acabará de conduzir uma série de consultas populares que estavam a gerar uma grande polarização em seu país. Não era ainda o Chávez socialista do século XXI, afinal estávamos no ano 2000 e o barril de petróleo era cotado na casa dos USD 29.00. Chávez ainda não era um “household name”, ou seja, não se conhecia tanto o homem, ou eu teria opt

Chávez: de Bolívar a Inês de Castro

Nenhuma figura política da América Latina foi mais polêmica e midiática nos últimos 20 anos que o Coronel golpista transformado em líder socialista do século XXI, Hugo Chávez Frias. Em seu país, teve o mérito de dar atenção as massas empobrecidas que sempre fora negligenciada por uma elite rentista e isso e sua retórica grandiloqüente construiu uma base de apoio entusiasmada e ruidosa. Seu uso constante e por vezes mórbido do libertador Bolívar, por mais que pareça idiossincrático para quem como nós observa a política venezuelana de longe é bastante comum ao longo da história do seu país. Uma coisa é pacífica entre todos os analistas de relações internacionais e de política é que o presidente é figura polarizadora, é impossível permanecer neutro diante dele. Seu estilo político agressivo e autoritário foi responsável por criar estruturas altamente personalistas, o que naturalmente enfraquece o funcionamento das instituições o que gera a problemática que vemos atualmente. A falta de

Ler, Refletir e Pensar: Dr. Mauricio Santoro “O Câncer de Chávez”

Uma análise sobre as repercussões políticas da doença de Chávez feita pelo meu colega professor de Relações Internacionais da FGV, Mauricio Santoro, em seu blog “ Todos os fogos o fogo ”. O Câncer de Chávez Pondo fim a quase um mês de boatos e especulações, o presidente da Venezuela anunciou que está com câncer . A doença foi diagnosticada quando Hugo Chávez foi operado de emergência em Cuba, após se sentir mal em uma viagem ao exterior. A doença coloca em dúvida a capacidade de Chávez em concorrer à reeleição em 2012 e abre dúvidas sobre o futuro político de seu movimento, extremamente centrado em sua liderança pessoal. Pela Constituição da Venezuela, o presidente não pode se ausentar mais de 5 dias sem transferir o cargo provisoriamente. Chávez sempre evitou fazer isso, por medo de que se repetisse uma crise semelhante àquela do golpe de 2002. O presidente está há quase um mês hospitalizado em Cuba – aparentemente, não confia nos médicos venezuelanos – mas a Assembléia Legislati

Colômbia – Venezuela: Santos toma posse

Juan Manuel Santos agora é oficialmente presidente da Colômbia e tem como missão avançar o processo de Segurança Democrática que tem como pilar o combate extensivo as guerrilhas “narco-terrorista” e para igualmente perigosos grupos para-militares. No front interno também está na agenda do dia do novo mandatário enfrentar as acusações de corrupção e questões de desenvolvimento econômico e social. Além de relações republicanas de poder principalmente no que diz respeito às relações executivo-legislativo. No front externo há a questão das relações com a Venezuela e com grande parte da América Latina por conta das bases militares cedidas ao uso dos EUA (que quer queiram os líderes latinos, quer não foram os únicos a oferecer substancial ajuda a Colômbia, isto é, foram além de manifestações e declarações sem follow up ) e dos constantes embates com o grupo bolivariano que tinha na pessoa do agora ex-presidente Álvaro Uribe a personificação de tudo que dizem combater. Ainda que muitos se e

Colômbia – Venezuela: O timing de Uribe

Dando prosseguimento a série de postagens (que têm o prefixo “Colômbia – Venezuela) sobre a atual escaramuça diplomática entre Colômbia e Venezuela. É óbvio que para construir uma análise completa e complexa do atual estado de coisas seria preciso antes de tudo revisar o histórico de relações entre os dois países e caberia também revisar o padrão de relacionamento externo de cada um e assim levantar as tendências perenes e as variações impostas pelos regimes que estão no poder nos dois países. Feito isso seria preciso levantar o mapa dos grupos de opinião pública mais ativos e influentes, identificar se formam correntes transnacionais a partir daí construir um retrato dos interesses outros que influem, como o posicionamento de Organizações Internacionais e demais países da região. Fica claro que tecer uma análise com esse grau de detalhamento necessitaria de um trabalho de pesquisa intenso que envolveria levantar e revisar a bibliografia, checar fontes documentais, garimpar entrevista

Colômbia – Venezuela: Subsídios para o debate

O assunto é o assunto quente do momento entre os observadores da política internacional em âmbito sul-americano [ já quem em nível global temos uma cúpula nuclear entre Brasil, Turquia e Irã e na Ásia temos a “eterna” tensão na península coreana em um novo momento agudo por conta dos exercícios militares entre EUA e Coréia do Sul no mar do Japão ] e vários pontos das estratégias em voga ainda estão nebulosos, portanto nos cabe ainda colher algumas informações. Confesso que uma pergunta ainda se repete na minha mente que o porquê da iniciativa da Colômbia ter sido tomada no ocaso do mandato de Uribe. É fato que eu não gosto de fazer clipping de notícias por vários motivos que já apresentei antes. Mas, farei um levantamento aqui das reportagens sobre o tema nos principais jornais até a hora que escrevo esse texto, contudo apenas linkarei essas reportagens sem transcrevê-las, colocarei também o vídeo do excelente debate no Globo News Painel desse sábado, que apresentou aspectos interessa

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas