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Mostrando postagens de julho, 2014

“Nunca antes na Diplomacia”. Sugestão de leitura.

“Nunca Antes na Diplomacia...: A política externa brasileira em tempos não convencionais” é o novo livro do diplomata e profícuo escritor (e amigo desse blog e desse blogueiro) Paulo Roberto de Almeida. Qualquer apresentação que eu faça a obra não será tão eloquente quanto a do Embaixador Rubens Barbosa que transcrevo abaixo. Prefácio Embaixador Rubens Antônio Barbosa “Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada pelos romanos... Toda? Não! Uma pequena aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste bravamente ao invasor. E a vida não é nada fácil para as guarnições de legionários romanos...”. Assim começa cada nova aventura dos dois heróis daquela pequena aldeia, Asterix e Obelix: ajudados por uma poção mágica (apenas o baixinho Asterix, já que o gordo Obelix caiu num caldeirão da poção quando bebê), ajudam a recuperar um pouco do orgulho abatido dos gauleses, depois da derrota frente aos legionários de Júlio César. Paulo Roberto de Almeida nã

Uma análise crítica sobre a prisão dos ativistas do Greenpeace e o Direito dos mares, por Guilherme Carvalho

Abrindo espaço novamente para Guilherme Carvalho, que aborda a questão das correntes de opinião transnacionais e seu natural confronto com as soberanias estabelecidas, que em conjunto criam os diplomas legais, além de deterem o monopólio do uso da força, embora o noticiário nos mostre que grupos transnacionais podem desafiar Estados mais débeis na questão militar. O artigo aborda a prisão de ativistas do Greenpeace, na Rússia, a luz da legislação internacional. Assunto de grande interesse econômico para o Brasil cada vez mais investindo em peso em prospecção de petróleo no mar territorial ou na Zona Econômica Exclusiva. Uma análise crítica so bre a prisão dos ativistas do Greenpeace e o Direito dos mares Por Guilherme Carvalho* Ao iniciar essa análise, é importante salientar que a questão da soberania é um senso comum dentro do estudo das Relações Internacionais, além, claro um outro pilar da mesma, é a razão de Estado que para alguns dos analistas mais realistas, são os grand

Mais uma impostura diplomática?

Escrevi domingo um texto sobre o que eu considero ser uma impostura uma humilhação imposta ao Itamaraty, embora não descarte que alguns diplomatas por carreirismo ou por empolgação ideológica apóiem ou não vejam maiores constrangimentos na presença do Castro II, monarca socialista como hóspede na Granja do Torto, mas não é o único sinal de enfraquecimento da diplomacia na condução dos assuntos externos. Paulo Roberto de Almeida, que é diplomata, mas também um pensador livre (e isso tem um grande preço, não duvidem) já havia notado o sumiço da Ucrânia até das Notas Oficiais do Itamaraty, nem as famosas notas instando os lados a cooperarem na solução pacífica. Esse silêncio não combina com a altivez tão cantada em verso e prosa pelos áulicos governamentais e que encontra eco nos acadêmicos e nos jovens estudantes de Relações Internacionais. E dá margem para que se especule que não se fala no assunto para não irritar o parceiro de BRICS, como diria o mais afeito às troças no estilo

Raul Castro na Granja do Torto: Um Itamaraty humilhado?

A diplomacia brasileira sempre gozou de muito prestígio, aliás, com chanceleres de carreira, ou seja, sem respaldo de votos e partidos é importante que tenha prestígio para se fazerem ouvir na esplanada, assim é o sistema brasileiro, precisamos ter em mente. Patriota caiu por que nunca soube controlar a máquina e principalmente nunca conseguiu gozar de prestigio palaciano, há relatos – sem confirmação oficial – de que era ademoestado, em público, com a veemência ( grosseria ) habitual da presidente. Um desprestigio pessoal que também pesava sobre a pasta. Aliás, foi o caso do senador boliviano confinado a nossa embaixada em La Paz, que deu cabo a um processo nunca antes vistos no MRE, uma comissão de sindicância, presidida por pessoa alheia ao Serviço Exterior Brasileiro, não recordo nem no período de truculência militar um processo semelhante. O Itamaraty enfrentou, também, processos grevistas inéditos – e a meu ver justos – na luta contra o anacrônico assédio moral e por melho

Cúpula dos BRICS IV: O comércio em moeda local, por Paulo Roberto de Almeida

Um aspecto da retórica que emanou da cúpula dos BRICS recém terminada foi a eterna discussão de comércio bilateral em moeda local, sempre defendida para acabar com hegemonia do dólar, ou como dizem os entusiastas desse arranjo financeiro, para acabar com a hegemonia comercial estadunidense (minha aversão a esse termo é melhor explicada aqui ). Quase sempre os entusiastas dessa solução deixam de lado ou subestimam a questão da liquidez e do processamento dessas operações de comércio exterior, que é um sistema bem azeitado e construído pela necessidade prática dos países e dos exportadores. Paulo Roberto de Almeida que é diplomata e alguém que me arrogo (com alguma vaidade) chamar de amigo manifestou sua visão, sempre embasada pelos anos de leitura sistemática e pela produção acadêmica profícua algumas inconsistências nessa visão, mais ideológica que prática. Abaixo um texto veemente e com pitadas de humor tão peculiares ao professor. Contra a hegemonia do dolar: uso de moedas nac

STRATFOR: Reflections on an Unforgiving Day

Um raro texto mais emocional e reflexivo do Stratfor feito a luz dos eventos trágicos em Gaza e na Ucrânia. Já escrevi algumas vezes que a cerebral atividade de análise das Relações Internacionais, em algumas ocasiões tem um peso emocional, via a empatia que é inevitável. E ontem realmente foi um dia de imagens doloridas e de perceber uma verdade que fazemos questão de esquecer de tempos em tempo, nosso destino não está sob nosso controle. Mas, o que me faz transcrever esse texto é mostrar que é possível ter empatia quanto a tragédia humana e não analisar com o “fígado”, ou seja, não podemos abandonar a racionalidade, que afinal é nosso ganha pão. “What ties Ukraine, Russia, Israel and Gaza together is that they are all fighting for their lives, or interests that are so fundamentally important to them that they cannot live without them. They are fighting for their nation and for that nation's safety in a world where unspeakable things happen and where the only ones who will

Cúpula dos BRIC – III: Um novo banco

Governança, governança, governança. É só no que pude pensar quando ouvi a primeira vez que se pretendia criar um banco de fomento multilateral entre os países do BRICS e um Acordo de Contigência. Afinal, falamos aqui do ‘rico dinheirinho’ dos pagadores de imposto dessas nações, que será empregado. E dinheiro privado convertido em público pela via coercitiva dos impostos tem que ser muito bem gerenciado, ou pelo menos deveria ser. A negociação para criação efetiva do Novo Banco de Desenvolvimento – NBD não foi fácil e nem poderia ser em se tratando de um compromisso concreto entre países tão distintos em ambições e poder. O governo brasileiro estava pressionado por uma necessidade de mostrar algum resultado em Política Externa, onde ataques veementes são feitos ao período Dilma. A Rússia precisava demonstrar que não está isolado pelas sanções (pífias) de EUA e EU, assim ficou aberto o caminho para que a sede do banco fosse para o núcleo dos BRICS que é a China e ainda com a conveni

Cúpula dos BRICS – II. Encontro Empresarial dos BRICS, por Sophia Mattos Mesquista

Abaixo o relato de uma competente internacionalista (e colega de geração na UCB) Sophia Mattos que opera no comércio exterior sobre o Encontro Empresarial dos BRICS. E dá a perspectiva de alijamento (e também o baixo engajamento) dos empreendedores e empresários do processo dos BRICS e em parte isso mostra o que costumo chamar em minhas palestras e textos de falta de “dentes” desse grupo, ou seja, falta de profundidade e integração das sociedades. Muita conversa, pouca ação por Sophia Mattos Mesquista* Boa comida, muita conversa e pouca ação. Assim se resumiu o Encontro Empresarial dos BRICS, realizado ontem (14/07), em Fortaleza, por ocasião da VI Cúpula do grupo. Com um esquema de segurança impecável, um visual luxuoso e inúmeras presenças internacionais de peso, o encontro prometia. A despeito da eloqüência dos expositores, as palestras do Fórum Empresarial mais pareciam uma tentativa de preencher agenda, do que discutir temas relevantes de interesse da classe empresária pr

Cúpula dos BRICS – I

A Copa do Mundo FIFA Brasil 2014 se foi, mas um novo convescote de proporções globais chegou ao nosso litoral (na linda Fortaleza), claro o título dessa postagem já entrega que trato da VI Cúpula dos Chefes de Estado dos BRICS. Esse ajuntamento de países parece estar obstinado em realmente se tornar um bloco e com a tentativa de UE e EUA de isolar ou no mínimo constranger as ações de Putin, essa cúpula é uma bela demonstração da impossibilidade dessa estratégia. O Fundo de equalização e o Banco dos BRICS parecem iniciativas concretas e que se coadunam com as estratégias que o gigante chinês estar a usar na Ásia. Mas, o desafio dos BRICS vai muito além da reforma da governança financeira global, os membros do bloco abrigam em suas fronteiras nada mais, nada menos que 60% das pessoas em condições análogas a escravidão no planeta. Abaixo vai um texto meu de fevereiro que trata desse assunto que não se iludam nos impacta a todos. Escravidão moderna: Um grave problema humano Em mi

Sobre EUA e Alemanha. Atenção a isto, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos de crise na Eurásia e uma crescente sensação de ameaça russa no Leste Europeu, com denúncias de infiltração de Moscou nos partidos europeus e até mesmo nas decisões de Bruxelas, não espanta que a CIA ande querendo saber mais do que os europeus, mais precisamente os alemães pensam e planejam, mas o esquema mundial de espionagem no atacado denunciado pelo Snowden deixou conseqüências tamanhas que até mesmo a Alemanha, aliada dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial (pelo menos sua parte ocidental, antes que venham me corrigir), não pode ignorar e retaliar secretamente essa tentativa de invasão de seus serviços de inteligência. Francisco Seixas da Costa, o ex-embaixador português (a quem muito admiro e transcrevo) chama a atenção para esse estremecimento de relações que pode ter danoso aos interesses dos Estados envolvidos. É tema interessante para mantermos nossa atenção. Atenção a isto! Por Francisco Seixas da Costa A Alemanha acaba de considerar "person

Brasil 2014: Torcedores atônitos

O que se passou ontem, no estádio do Mineirão, será dissecado pelos especialistas em futebol, em esporte. Detalhes dos bastidores virão a tona e com alguma dose de esperança os rumos serão corrigidos. Derrotas são normais, mas com o dilatado placar de ontem não é comum e normal. Detesto politizar o esporte, mas os políticos, ah eles não resistem a ‘pegar carona’ quando sentem que as coisas vão bem, agora se sentem obrigados a tentar “ descolar ” da Copa. Mas, será difícil depois de tanta ênfase dada pelos líderes do governo e pela sua militância virtual. A foto abaixo resume tudo, numa pose forçada. PS: Os comandantes do futebol brasileiro, conseguiram humilhar ainda mais a história do futebol brasileiro com a atitude de expulsar o capitão do Penta do vestiário da seleção .

EUA, Alemanha, revistando um texto sobre espionagem internacional

A Alemanha está em crise diplomática com o EUA, por conta da prisão de um agente dos serviços de inteligência alemães que vendia segredos para os EUA. É claro, que um caso de espionagem que chega a público é complicado para os governos em questão, ainda mais, depois de todo o escândalo desencadeado por Edward Snowden. Escrevi ano passado um texto sobre a espionagem americana ao Brasil que julgo ser apropriado ao caso atual entre Alemanha e EUA, principalmente a linha final (mas, tem que ler tudo, rs). Espionagem internacional “É isso aí, Dilma: num dia você é Palocci, no outro Francenildo.” Flávio Morgenstern Em novos desdobramentos do escândalo de vigilância massiva por parte da National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, do EUA) – NSA foi revelado que os presidentes de Brasil e México e suas equipes de governo foram alvos de espionagem e que os agentes de inteligência estrangeiros tiveram acesso aos meios eletrônicos de comunicação dos dois governos. A espio

O terceiro reich: uma construção linguística, por Guilherme Carvalho

Conheci Guilherme Carvalho quando fui à Goiânia para palestrar no II EACRI e chamou a minha atenção a paixão que ele falava sobre um artigo seu aprovado para apresentação, naturalmente pedi um resumo para compartilhar com vocês. Não é a linha de pensamento que eu sigo, mas esse é o “barato” da pluralidade de ideias. Leiam o excelente texto do Guilherme. O terceiro reich: uma construção linguística Por Guilherme Carvalho* O terceiro reich, como uma das maiores catástrofes nos mais diversos âmbitos da sociedade contemporânea, surgiu através de uma série de fatores sociais, econômicos e filosóficos. Mas a adesão ao ideal do nacional socialismo, como ideologia, movimento social e estilo de vida, só conseguiu a adesão das massas, através de uma série de fatores exógenos expostos para a sociedade (bandeiras, uniformização e padronização de comportamento). Esses fatores exógenos por sua vez, são a materialização dos fatores endógenos (crenças, credos e ideologia). A transmissão das i

A “Branca”, por Francisco Seixas da Costa

Alguns amigos elogiam minha memória para detalhes de conversas passadas, e de outras minúcias que pelos mistérios (pelo menos pra mim) da anatomia e funcionalidade cerebral vão se fixando. A memória é fundamental nesse negócio cheio de vaidades pessoais que são as relações internacionais, mas é justamente no seu aspecto mais fundamental para o networking que é lembrar o nome e a fisionomia das pessoas que a bendita me trai. Abaixo trago uma divertida história do embaixador português Francisco Seixa da Costa, que improvisa para sair da saia-justa provocada pela falha da memória. Quantas vezes eu empreendi o mesmo esforço. A "branca" Por Francisco Seixas da Costa Vi há dias uma fotografia do dr. Fernando Nogueira, presidente da fundação BCP. E recordei alguém que, depois de saído da liderança do PSD, vai para vinte anos, se remeteu a uma discreta vida profissional, abandonando por completo a vida política. Conheci-o pessoalmente em Londres, no início dos anos 90, ao te

STRATFOR: The Sunni Ramadan Offensive and the Lessons of Tet

E quando você está preparando um texto, procurando elementos para substanciar uma “sacação” que você teve no banho: “Esse avanço do ISIS não lembra a ofensiva do Tet?”, você entre um trabalho e outro (e uma olhadela e outra na Copa do Mundo) abre seu e-mail e descobre que o Stratfor está divulgando uma análise com sua premissa? Bom não resta solução além de transcrever o texto e o acrescentar como elemento de reflexão na busca de uma análise própria, por que a verdade é que esse negócio de compreender o mundo é um esforço colaborativo, mesmo sozinho no seu escritório. O texto é replicado com permissão expressa dos autores, no seu original em língua inglesa. The Sunni Ramadan Offensive and the Lessons of Tet Por George Friedman In February 1968, the North Vietnamese Army and the Viet Cong launched a general offensive in Vietnam during Tet, the Vietnamese New Year. From mid-1966 onward, the North Vietnamese had found themselves under increasing pressure from American and South