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Mostrando postagens com o rótulo G - 20

Eleições no FMI

A prisão de Dominique Strauss-Kahn por uma suposta tentativa de estupro de uma camareira em um hotel em Nova Iorque provocou um corrida política pela sua sucessão a frente do Fundo Monetário Internacional – FMI. Isso para não falar do maremoto político que sua prisão significou na França onde ele liderava as pesquisas de intenção de voto para presidente. Tradicionalmente e por questões de fungibilidade de poder o cargo de diretor-gerente do FMI é reservado a um nacional de algum país europeu (em tempos de guerra fria da Europa ocidental) enquanto o Banco Mundial fica com um nacional americano. E assim acontece por que esses são dois pólos importantes de poder real nas relações internacionais, ainda mais quando falamos de sistema financeiros, além desses pólos possuírem cotas importantes no capital da organização. Nos últimos anos, notadamente desde a crise econômica de 2008, cujo efeitos ainda se fazem sentir até hoje, os países chamados de emergentes, isto é, aqueles em desenvolvi

Reunião Ministerial do G – 20: Declaração final, França 2011

Havia tratado do assunto na sexta-feira ( aqui ), mas como coloquei naquela ocasião o importante era observar o comunicado final para entender o grau de consenso possível dentre desse grupo e a Reunião Ministerial oferece uma chance de analisar um documento com uma retórica mais sóbria e abrangente do que documentos de chefes de estado, mas mais política do que de documentos técnicos de grupos de trabalho. Essa análise é feita levando em conta o conteúdo da declaração, ou seja, as medidas e cronogramas adotados. Leva-se em conta a linguagem adotada, em linhas gerais o tom da declaração, ou seja, quanto mais geral e abrangente mais difícil é o consenso. E por ultimo se analisa os penduricalhos colocados. O comunicado (íntegra abaixo link para o original ) é relativamente curto e possui 4 páginas e 10 parágrafos escrito no mais corrente “diplomatiquês”, afinal há uma fórmula padrão para esse tipo de documento. O tom geral do documento é de um leve otimismo sóbrio que fica claro no parág

Reunião Ministerial do G-20

Hoje teve inicio mais uma reunião dos ministros da fazenda (ou economia) e presidentes de bancos centrais do G-20 financeiro em Paris, França. É preciso frisar que se trata do G-20 financeiro, ou seja, G7 mais economias emergentes principais. Isso por que pode haver alguma confusão com outro G-20 que existe no âmbito da OMC que reúne membros em comum – não todos – e tem objetivos completamente distintos. O real escopo dessa reunião deve transparecer em comunicado final e mostrará o grau de consenso que pode ser alcançado dentro desse heterogêneo grupo de Estados. A agenda do encontro é ambiciosa e talvez a mais ambiciosa meta seja criar indicadores que sirvam de alerta para novas crises. Os indicadores propostos para formarem o tal índice de desequilíbrio incluem saldo da conta corrente, taxas de câmbio reais, reservas internacionais, dívida pública e poupança privada. Há ainda a questão da inflação global que é mais sentida no delicado mercado de produtos alimentares. Forças poderosa

G-20 em Pittsburgh: Apreciações iniciais

Ainda não tive tempo para ler a íntegra dos documentos emitidos por ocasião da reunião do G-20 e escrevo essas linhas a partir dos relatos midiáticos, portanto, assumo um risco enorme de errar em minhas apreciações e caso isso se concretize, para honrar meu compromisso com a honestidade intelectual farei um texto retificando isso. Posta essa pequena introdução vamos aos principais fatos. Como era de se esperar com o arrefecimento do período mais agudo de crise, caiu o ímpeto revisionista, ou como se falava muito a época da eclosão da atual crise “uma nova arquitetura do sistema econômico mundial”. E isso não foi a tônica dos resultados divulgados ainda que a inclusão maior dos emergentes nos processos decisórios do FMI, possam induzir a leitura de que há um novo sistema. Na verdade pode-se dizer que essa reforma na verdade é uma adequação da geometria do poder no FMI a mudanças reais na fungibilidade do poder econômico. O Fundo Monetário manteve seu status de organismo financeiro d

Ainda sobre o G-20, algumas considerações – II

A luz dos dados colocados no post anterior vemos que mesmo com o crescimento os emergentes ainda precisam evoluir muito principalmente nos quesitos educações e inovação. Para variar, as conclusões aqui não visam esgotar o assunto e considerações adicionais serão ainda abordadas. Mas, como disse em post anterior é sempre bom que o analista tenha muita calma nessa hora, não seremos nós que vivemos da seara internacional que vamos suspirar de emoção por que o Presidente Obama elogiou o Presidente Lula. Ou se derreter a seus poderes de oratória como o Jorge Pontual faz na Globo News. Ah e claro as conclusões aqui são limitadas por minhas habilidades, então todos em busca de suas próprias conclusões. A demanda por importações dos BRIC é predominantemente proveniente dos EUA e EU (27), logo a crise nesses centros compromete o crescimento continuado das economias dessa sigla que são a base de seu crescente poder. Faz-se necessário algumas considerações no que tange ao poder já que Rússia, Chi

Ainda sobre o G-20, algumas considerações – I

Muito tem se falado nos jornais sobre a ascensão e aumento de poder dos emergentes, para por isso em perspectiva sugiro que analisemos os números, que têm como fonte o perfil do comércio mundial 2008 editado pela Organização Mundial do Comércio. Todos os dados são referentes ao ano de 2007. Exceto quando ao número de patentes que corresponde a dados referentes a 2006. [Perfil do comércio mundial 2008, em inglês e claro, disponível, aqui ] Essa análise se sustentará em dados gerais econômicos, aqui considerando a União européia (UE 27) como ator único. Como representantes dos emergentes usaremos como referencial a sigla BRIC . Não analisaremos questões de poder relativo e de orçamento militar, assuntos que serão abordados em posts vindouros. O levantamento de dados acabou por ficar mais extenso do que eu planejava assim a parte analítica ficará em outro post, seria interessante que vocês reparassem nos números relativos ao registro de patentes e o peso relativo ainda grande que UE e EUA

G-20: Começo do fim da crise? Avanços? Salvação de Doha? Ou muita calma nessa hora?

Considerações Gerais Bom todos os que lêem esse blog sabem que fujo o máximo possível de ser pautado pela mídia, ou seja, tento escrever sobre assuntos que despertam minha curiosidade cientifica ao que meu professor de metodologia cientifica chamava de inquietação. Mas, não dá pra escapar de um assunto que monopoliza todos os canais de noticias, nacionais e estrangeiros até mesmo a ‘Fox news’, que sempre se foca em assuntos internos americanos e no máximo nas guerras do Afeganistão e Iraque. Entretanto, fiquem calmos não vou falar aqui de abraços da Sra. Obama (que quem diria virou ícone fashionista , mas isso não tem nada a ver com o tópico) a Rainha (acabei por falar!) Sempre que produzo um texto para esse blog me guio pelo principio da prudência, o que me leva a fundamentar pontos de vista (se satisfatoriamente ou não? Vocês decidem!). Acredito ser muito cedo para avaliar os impactos das decisões tomadas na cúpula do G-20. Para fazer uma análise condizente com o rigor que tento ter

G-20: Amenidades e Tragédias

Antes que possamos ir para análise dos supostos resultados da Reunião de Cúpula do G-20 em Londres, que de certa forma tem monopolizado os noticiários. Alguns pontos merecem a atenção. Em outro post eu falava das expressões usadas no discurso das Relações Internacionais e os perigos embutidos no uso das analogias. Nesse sentido em entrevista coletiva conjunta com o Primeiro-Ministro Britânico Gordon Brown o Presidente Lula deu uma das suas célebres e infelizes frases, todos lembramos que Lula atribuía a crise a irracionalidade de homens brancos e de olhos azuis. Uma declaração até certo ponto inflamatória na qual Lula buscava se posicionar como a voz do que se convencionou chamar “oprimidos”. Pareceu-me uma tentativa de angariar simpatias jogar para torcida, diriam alguns. Eu chamei isso em um post anterior de ‘blame game’, algo muito pouco oportuno quando se lida com uma crise séria, em tese, todas as atenções deveriam estar engajadas na busca de uma solução, que deve ser negociada

Semana de clássico, conturbada, com briga de torcidas e decisão (?) no tapetão. Ou sobre o G-20.

Mídia em polvorosa, manifestantes ouriçados, líderes mundiais assertivos e sequiosos por microfones. Ministros pavoneando teses, sim estamos em época de Reunião de Cúpula, fazendo uma analogia meio capenga é dia de clássico. Em tempos de crise uma reunião de alto nível como essa é mais que um clássico, é final de copa, é um superbowl da Política Externa. Inspirado pelo Presidente da República manterei a metáfora do clássico. “Bem amigos do Coisas Internacionais, voltamos agora ao vivo e em definitivo” , mas afinal o que está em jogo nessa arena acarpetada e sem arquibancadas? O jogo não poderia ser mais do mesmo, como bem disse o estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton (e não era estagiário, sei foi bobo e baixo, mas não resisti) James Carville , “it’s economy, stupid!” . A crise econômica tornou urgente assuntos como regulação financeira, liberalização comercial, off-shore acounts, e claro o calcanhar de Aquiles daqueles que dependem de poupança externa, fluxo de crédit