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Mostrando postagens com o rótulo Política Internacional

Dilma na ONU 2014

O discurso de abertura da Assembléia Geral das Nações Unidas é um privilégio brasileiro desde a fundação da ONU (o porquê disso é uma excelente história, se você não sabe, pesquise) e mais uma vez a presidente Dilma foi a ONU aproveitar o maior palco político planetário. Ano passado havia uma expectativa sobre o discurso da mandatária brasileira que se dava em meio ao escândalo da revelação da massiva – e abusiva – máquina de espionagem global da NSA. Esse ano a atenção, contudo, não foi a mesma. Comparada a estréia Dilma já se mostra mais a vontade nesse tipo de discurso, o conteúdo do discurso deixou claro o desprezo da presidente quanto aos assuntos externos e o papel secundário dado ao Itamaraty. Nenhum diplomata profissional permitiria que se trate crises diferentes como Rússia e Ucrânia e combate ao ISIS num só ‘balaio’. Dilma insistiu no velho discurso da reforma do Conselho de Segurança e da governança global, sem demonstrar liderança efetiva nesse sentido. Não concordo co

STRATFOR: The Origins and Implications of the Scottish Referendum

George Friedman oferece uma análise estruturada do referendo escocês, por compromissos profissionais não pude fazer a pesquisa aprofundada para tecer uma análise própria. Friedman oferece elementos interessantes que podem ajudar a compreender o referendo e outras questões similares por toda a Europa, principalmente. The Origins and Implications of the Scottish Referendum By George Friedman The idea of Scottish independence has moved from the implausible to the very possible. Whether or not it actually happens, the idea that the union of England and Scotland, which has existed for more than 300 years, could be dissolved has enormous implications in its own right, and significant implications for Europe and even for global stability. The United Kingdom was the center of gravity of the international system from the end of the Napoleonic Wars until World War II. It crafted an imperial structure that shaped not only the international system but also the internal political order of

Stratfor: Borderlands: The View from Azerbaijan por George Friedman

I arrive in Azerbaijan as the country celebrates Victory Day, the day successor states of the former Soviet Union celebrate the defeat of Germany in World War II. No one knows how many Soviet citizens died in that war -- perhaps 22 million. The number is staggering and represents both the incompetence and magnificence of Russia, which led the Soviets in war. Any understanding of Russia that speaks of one without the other is flawed. As I write, fireworks are going off over the Caspian Sea. The pyrotechnics are long and elaborate, sounding like an artillery barrage. They are a reminder that Baku was perhaps the most important place in the Nazi-Soviet war. It produced almost all of the Soviet Union's petroleum. The Germans were desperate for it and wanted to deny it to Moscow. Germany's strategy after 1942, including the infamous battle of Stalingrad, turned on Baku's oil. In the end, the Germans threw an army against the high Caucasus guarding Baku. In response, an army r

A diplomacia do Brasil, por Francisco Seixas da Costa

Nas páginas desse Coisas Internacionais tento gerar meu próprio conteúdo em parte por que creio firmemente que é na autopublicação que reside a maior força da mídia blog, mas também por um toque de vaidade e claro com responsabilidade para não disseminar desinformação e nem “queimar meu filme” se me permitirem ser totalmente franco. Não raro acabo por transcrever textos aqui que complementam o esforço de reflexão e aprendizado público que é esse blog e são textos que considero importantes não só como subsídios para meu próprio pensamento, como fomentam a discussão informada acerca das coisas do mundo. E em alguns casos são textos que transcrevo com consternação por não ter sido capaz de formalizar essas análises com a fluência e capacidade dos autores. Às vezes isso é por falta de formação técnica para isso, como nos textos do Masueto, outras por faltarem as fontes de informação privilegiadas como nos textos do Stratfor, ou também por faltar em mim o rigor nos estudos e a produtivid

Stratfor: Ukraine and the 'Little Cold War' por George Friedman

" Ukraine and the 'Little Cold War' is republished with permission of Stratfor." Editor's Note: In place of George Friedman's regular Geopolitical Weekly, this column is derived from two chapters of Friedman's 2009 book, The Next 100 Years . We are running this abstract of the chapters that focused on Eastern Europe and Russia because the forecast -- written in 2008 -- is prescient in its anticipation of events unfolding today in Russia, Ukraine and Crimea. We must consider the future of Eurasia after the fall of the Soviet Union. Since 1991, the region has fragmented and decayed. The successor state to the Soviet Union, Russia, is emerging from this period with renewed self-confidence. Yet Russia is also in an untenable geopolitical position . Unless Russia exerts itself to create a sphere of influence, the Russian Federation could itself fragment. For most of the second half of the 20th century, the Soviet Union controlled Eurasia -- from cent

As vítimas de Ialta por Francisco Seixas da Costa

Normalmente, aos sábados separo um texto mais leve e divertido para publicar, mas o clima está pesado na Ucrânia e a coisa parece estar degringolando para uma guerra civil com o crescimento de separatistas e com políticos negando a legitimidade do Parlamento e com grupos anti-governo se recusando a aceitar a trégua negociada entre o governo e a oposição. Será preciso observar de perto para tentar captar alguma tendência e tentar entender o que se passa em meio ao fog of war . Assim, trago uma nota curta escrita por Francisco Seixas da Costa e ressalta a trágica ironia da história. O original pode ser lido aqui . As vítimas de Ialta Por Francisco Seixas da Costa Ialta é uma cidade ucraniana. Em 1945, no belo palácio Livadia, os destinos do mundo que iria resultar do segundo grande conflito mundial ficaram traçados. É uma triste ironia pensar hoje, olhando para os acontecimentos de Kiev, que a Ucrânia emprestou um dia o seu território para um "arranjo" geopolítico

Stratfor: Protesters in Lviv Raise the Stakes in Ukraine's Crisis

" Protesters in Lviv Raise the Stakes in Ukraine's Crisis is republished with permission of Stratfor."   As the standoff in Independence Square continues in Kiev, the western part of Ukraine has added a more serious element to the country's internal struggle. On Wednesday, several administration buildings were taken over by protesters in the west, including in Khmelnytskyi, Ivano-Frankivsk, Uzhhorod and Ternopil. Meanwhile, demonstrators from an opposition group called People's Rada in Lviv, the largest and most important city in the west, said on Wednesday that they want to declare independence from Ukraine.  Though the declaration may be little more than symbolic, it presents an important new dynamic to the political evolution in Ukraine and also underscores Lviv's traditional significance to the country. Indeed, Lviv's history -- both as a hub for national movements and for its distinction from the eastern part of the country as a truly European c

Uma leitura importante para nossos dias

Nesses dias em que o entusiasmo coletivista se insinua nas ruas, em meio a máscaras de Guy Fawlkes e que médicos viram commodities me parece imperioso ler sobre a história das temidas prisões soviéticas, os Gulag e o papel da mão-de-obra escrava desses centros de detenção para economia da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Neste intento transcrevo, abaixo, resenha do livro de Anne Applebaum: “Gulag: uma história dos campos de prisioneiros soviéticos”. Feita pelo diplomata e profícuo autor Paulo Roberto de Almeida, a quem tenho orgulho (e atrevimento? ) de chamar de amigo. Gulag: anatomia da tragédia Resenha de: Anne Applebaum: Gulag: uma história dos campos de prisioneiros soviéticos (Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, 744 p.; tradução de Mário Vilela e Ibraíma Dafonte; ISBN: 8500015403) O terror moderno, isto é, o recurso à intimidação aberta e indiscriminada para alcançar fins especificamente políticos, não está ligado apenas aos exemplos cruéis do fundamentalismo

As várias “europas” institucionais

Quem nunca se perdeu ao observar o complexo mapa institucional da Europa? O post abaixo de autoria do diplomata português Francisco Seixas da Costa. Pela enésima vez vou repetir que sou fã do estilo agradável de escrita do diplomata, como fica comprovado na anedota que tanto pode ser verdadeira, como uma ficção didática, que com bom humor versa sobre o labirinto europeu e a necessidade de clareza que isso exige dos meios de comunicação e dos que vivem de analisar as Relações Internacionais. O texto é transcrito integralmente e com autorização do autor e está disponível aqui . Europas Por Francisco Seixas da Costa Hoje, ao estacionar o meu carro na área da rua de S. Caetano reservada a algumas viaturas de quem trabalha no Centro-Norte Sul do Conselho da Europa, que atualmente dirijo, uma senhora parou em frente a mim e disse: "Eu conheço-o de qualquer sítio! É isso, vi-o na televisão! Trabalha 'na Europa', não é?". Desvanecido com o reconhecimento, porque o nosso e

Ler, Refletir e Pensar: O tempo dos outros, por Francisco Seixas da Costa

O texto abaixo trata das eleições francesas, mas nem tanto sobre as eleições, mas sobre como construir essas análises, tendo em vista a necessidade do cliente, no caso do embaixador seus superiores nas Necessidades. E essa é uma lição que os alunos de RRII precisam aprender, urgentemente. Francisco Seixas da Costa é embaixador português, em França e mantém um blog bastante divertido que sou leitor ávido. O embaixador possui uma clara verve literária e escreve deliciosas histórias que permitem um vislumbre da vida diplomática. Não o texto não é uma aula, mas como disse acima é um vislumbre. Espero que meus leitores estejam na categoria dos bons entendedores. O texto abaixo é transcrito, com autorização do autor, tal qual o original, que pode ser lido aqui . O tempo dos outros Por Francisco Seixas da Costa O título deste post é o de um livro de Adriano Moreira, publicado nos anos 60 do século passado. (Recordo-me de o ter utilizado como epígrafe equívoca de um artigo em "A V

Ler, Refletir e Pensar: Síria e Kosovo, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos em que a internet – sobretudo os fóruns de debate – está inundada com opiniões estridentes e radicais e ofensas a quem pensa diferente é sempre um alento ler uma análise sóbria e serena como essa do embaixador português, em França, Francisco Seixas da Costa. Texto transcrito tal qual o original ( que pode ser lido aqui ) e com autorização do autor. Síria e Kosovo Por Francisco Seixas da Costa Na sexta-feira, estive presente na cerimónia que, em Paris, assinalou o 4º aniversário da independência do Kosovo, uma realidade política até hoje reconhecida por 88 países, entre os quais 22 da União Europeia, incluindo Portugal. Não pude deixar de recordar-me, na ocasião, que o Kosovo talvez hoje deva a sua existência à intervenção militar promovida pela NATO, em 1999, feita à revelia de qualquer legitimação do Conselho de Segurança da ONU, então bloqueado pela obstinação russa e chinesa. Uma ação discutível mas que, para largos setores da comunidade internacional, se justific

Vídeo: Palestine's U.N. Gamble

Em vídeo produzido pelo think tank americano “ Center for Strategic and International Studies - CSIS ” dois insiders no establishment de Política Externa dos EUA travam um interessante, porém breve dialogo sobre a decisão palestina de obter reconhecimento de seu estado via nações unidas. Os dois participantes são H. Andrew Schwartz que faz às vezes de entrevistados e Haim Malka , que como muitos devem saber é blogueiro de política externa no badalado portal Huffington Post. Creio que a discusão levada a cabo trás elementos interessantes como a dimensão jurídica que representa o reconhecimento da palestina, isto é, com esse advento teríamos mais uma dimensão de enfrentamento entre Israel e Palestina que seria o Tribunal Penal Internacional e outros instrumentos similares. O vídeo abaixo é propriedade do CSIS e está em inglês, não sei se há legendas em português. Embora, o domínio da língua inglesa seja corrente entre os interessados em Relações Internacionais.

Confusão em Hormuz

Pelo menos desde 2009 que os meios especializados em geopolítica e analise estratégica militar apontam que a “real capacidade nuclear do Irã”* é sua capacidade de fechar o estreito de Hormuz. Pelo estreito de Hormuz que separa o Golfo Pérsico do Mar da Arábia circulam 40% de todo o trafego de petroleiros do mundo, o que corresponde a algo como 90% do petróleo produzido no golfo. Ao ler a primeira noticia sobre as ameaças iranianas de fechar o estreito caso uma nova rodada de sanções fosse aprovada contra esse país, no esteio de seus exercícios militares no referido acidente geográfico a primeira coisa que passou pela minha cabeça creio que foi a que a maioria dos que tem algum conhecimento de onde fica o estreito, ou seja, agora sim o preço do barril de petróleo chega nos 300 USD. Seria pensar nisso mesquinho?** De fato são as conseqüências econômicas de um bloqueio nessa região o grande trunfo estratégico do Irã e por isso do uso da expressão “Real capacidade nuclear”, por que no a

Aniversário da queda do Muro de Berlim

Não vou aqui me alongar sobre a história do Muro e as condicionantes que levaram a sua construção e sua derrubada. Não que isso não seja interessantíssimo a quantidade de publicações a respeito mostra quão relevante são os episódios em torno dessa infame estrutura de engenharia e de política internacional. O que quero com esse texto é marcar esse que é um momento histórico da mais elevada grandeza. A queda do muro – que tem no 9 de novembro de 1989 uma de suas datas principais – simboliza a queda do maior e mais trágico experimento de engenharia social até hoje visto na história humana, o socialismo real. Por sinal, o fato de o regime soviético ser chamado de socialismo real em oposição a um socialismo utópico mostra o quanto essa doutrina ainda é influente nas academias. Nesse glorioso dia de novembro eu tinha apenas 8 anos, contudo lembro com perfeição do que senti. Eu fui acometido de uma enorme curiosidade infantil para saber o que era aquela festa toda num lugar tão distante? E,

E o Brasil recebeu duras críticas do Financial Times

O Blog “BeyondBrics” do renomado jornal britânico “The Financial Times” é dedicado como sugere o nome a analisar e reportar sobre os BRICS. Hoje uma entrada desse blog tem chamado atenção e mereceu um quase “chilique” de uma comentarista no jornal “Em Pauta” da Globo News. A entrada em questão trás críticas duras e ácidas as propostas da presidente Dilma e do ministro Mantega e tem o título: “ Dilma: agony aunt to the EU ”, escrita pela jornalista Samantha Pearson . Há uma tendência entre observadores e comentaristas de assuntos internacionais no Brasil de sinalizar qualquer crítica feita ao Brasil como sendo algo como “arrogância do colonizador”. A jornalista comentou a matéria como se fosse uma grave ofensa a pessoa da presidente e ao Brasil. Eliane Cantanhêde (aliás, se você quiser ouvir a versão oficial do Itamaraty leia os comentários dela. Sempre trás certinho a visão que o MRE quer passar) comentou que o texto não repercutiu em Brasília e que não deveria haver resposta da pres

Um dia que terá muitas repercussões

Em geral o termo histórico é bastante abusado na imprensa e constantemente usado para eventos que ainda que sejam relevantes não tem o peso transformador que a palavra histórico carrega. Como sempre ressalto aqui o calor dos eventos é péssimo conselheiro para qualquer analista, mas nem sempre temos a oportunidade de maturar o entendimento e ter o necessário distanciamento para olhar os acontecimentos sem as paixões momentâneas. Hoje se cumpriu o que estava previsto, a Autoridade Nacional Palestina, representada por Mahmoud Abbas, entregou ao Secretário Geral da ONU Ban Ki Moon o pedido de filiação do Estado Palestino. O discurso de Abbas foi dentro do que se espera de alguém que tem apoio da opinião pública mundial e simpatia da imprensa, ainda que parte de sua tática de comunicação seja dizer que sofre bloqueio da imprensa e perseguição dos grandes meios, isso funciona bem animando seus apoiadores no mundo todo, um exemplo do acerto do mecanismo de análise em redes das relações inte

Anarchy in the UK

“I'm antichrist, I'm anarchist, don't know what I want But I know how to get it I wanna destroy the passerby” Sex Pistols. Nesse aniversário de 6 meses da chamada “Primavera Árabe” outro grupo de jovens enfrenta a polícia nas ruas de uma cidade densamente povoada, mas dessa vez não foi numa milenar capital do Oriente Médio e sim na igualmente milenar cidade de Londres, que uma vez não há muito tempo foi a capital de um Império sobre o qual o sol nunca se punha. Essa revolta não possui o caráter libertário e esperançoso das revoltas árabes em que homens e mulheres, jovens e velhos se juntam para tomar em suas mãos a rédeas de sua sociedade e nesse contexto é natural que todo tipo de opinião lute pela supremacia até mesmo as estapafúrdias posições extremistas. Em Londres a revolta juvenil se alastra não pela luta pela liberdade, mas como a expressão de uma raiva, de um ressentimento. Não vou fazer sociologia barata e dizer que é a expressão do rancor dos que sofrem com ra