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Mostrando postagens com o rótulo África

Nigéria: Um sequestro, uma hashtag e algumas consequências #bringbackourgirls

O leitor habitué desse site sabe que vez ou outra me permito alguns textos mais emocionais, em geral, resultados de eventos de muita comoção, tragédias humanas que nos arrebatam por algum tempo. E essa expressão de luto ou indignação não pode é claro ser confundida com análises ou recomendações, afinal seria temerário, no mínimo. Por isso mesmo que políticas públicas não são formuladas em bases emotivas, embora sua comunicação possa ser emocional, como nos mostrou bem a Casa Branca essa semana. O caso das meninas seqüestradas pelo Boko Haram é um desses que desperta indignação e ultraje em qualquer pessoa que tenha a mínima capacidade de empatia, nada deve ser mais aterrorizante que ser seqüestrado e ser vitima de crimes sexuais e possivelmente de tráfico de seres humanos. (Aliás, como escrevi em fevereiro há estimativas de que existam 29 milhões e 800 mil pessoas escravizadas no planeta, nos dias de hoje). A situação das meninas, como era previsível , colocou a debilidade do go

Notas contrarianistas sobre a EMBRAPA

Até onde sei meu amigo Paulo Roberto de Almeida cunhou a expressão contrarianista para ser uma bem-humorada assinatura de seu pensamento, que é essencialmente livre, não livre de influências claras como Popper e outros, mas livre de amarras, de obrigações, de carreirismo oportunista dos “sabujos” – como ele se refere aos áulicos –, ou seja, não se importa do contrariar o senso comum e/ou seus companheiros de academia e de vida diplomática. Tenho reproduzido com alguma freqüência seus textos, mas isso não é só a minha admiração pelo autor, mas um reflexo da espantosa produtividade dele e no caso desse texto por que também tenho muito apreço por David Ricardo. A nota abaixo é um comentário a uma notícia que informa a decisão de expandir a chamada “diplomacia agrícola” pela África. Embrapa: uma empresa de sucesso, mas ainda contaminada pela ideologia companheira A Embrapa é uma realização brasileira que poderia ter emergido em quaisquer circunstâncias, pois corresponde ao qu

Ler, Refletir e Pensar: A França no Mali, por Francisco Seixas da Costa

Sou fã confesso do estilo de escrita do embaixador português em França, Francisco Seixas da Costa, aliás, muito me honra o fato dele ter passado por aqui em algumas oportunidades. Abaixo vão algumas observações dele sobre a operação no Mali. É um bom jeito de entrarmos nesse assunto complexo. O texto abaixo é transcrito com autorização do autor, original disponível aqui . A França no Mali Por Francisco Seixas da Costa A intervenção militar da França no Mali é um ato que consagra um grande sentido de responsabilidade política e que constitui uma inestimável contribuição para a segurança global. Legitimada por um mandato inequívoco do Conselho de Segurança da ONU, com o apoio político - e, espera-se, rapidamente também militar, em termos significativos - dos países da região, a decisão do governo francês permitiu evitar a "débacle" do poder político no Mali e conseguiu travar a escalada de progressão das forças extremistas, com forte componente estrangeira, no Norte do paí

Onda de protestos no Oriente Médio e Norte da África

Grande parte do mundo muçulmano sofre com protestos e contraprotestos (que denunciam a violência dos primeiros) supostamente motivados por um filme completamente amador e que passaria abaixo do radar de qualquer um se não fosse a violência da reação. A verdade é que desde a queda de grandes ditaduras no Oriente Médio e no Norte da África que vários grupos têm disputado o poder e um tem se mostrado particularmente engajado em impor sua visão de mundo e de governo. Claro, que falo de radicais pertencentes a corrente Salafita, que segundos relatos são financiad0s por wahabitas sauditas. São os mesmos radicais que atacam hotéis que servem álcool, que atacaram bordeis durante a primavera e hostilizaram as atletas olímpicas . É claro que não é fácil introduzir uma agenda radical no tecido social de sociedades complexas como as do Norte da África, os radicais fundamentalistas podem defender idéias retrógadas, mas isso não quer dizer que esses homens não possuam planejamento estratégico e

Vídeo-postagem: South Sudan and Enterprise Development: A Conversation with SABMiller

Hoje disponibilizo um vídeo produzido pelo ‘ think tank ’ americano Center for Strategic and International Studies – CSIS sobre a questão da participação das multinacionais no desenvolvimento das nações menos desenvolvidas. E analise especificamente as ações da gigante das bebidas SABMiller no Sudão do Sul. Um ponto de vista interessante vale a pena ser assistido. Abaixo descrição feita pelos autores do vídeo, em inglês. One of the world’s largest brewers, SABMiller has been a leader in local community development, strengthening both its business model and the communities in which it operates. On September 26, Sue Clark joined us for a conversation on SABMiller’s sustainable development operations, discussing successful initiatives in the areas of local sourcing, enterprise development, and health. Ms. Clark discussed the specific example of SABMiller’s investment in South Sudan, where the establishment of Southern Sudan Beverages Ltd. has successfully created one of the largest inv

Evento: The challenges of peace building in two Sudans after 9 July, Rio de Janeiro, 13/07

O Centro Brasileiro de Relações Internacionais, o mais prestigiado think tank brasileiro em assuntos internacionais realiza um necessário debate sobre a situação do Sudão dia 13 de julho, em sua sede na cidade do Rio de Janeiro. Abaixo copio o release do evento. As inscrições podem ser feitas nesse site . Como sempre se alguém for e quiser escrever um texto sobre o evento publicarei com prazer e todas as devidas referências. CEBRI Debate The challenges of peace building in two Sudans after 9 July O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) realizará no dia 13 de julho às 10h30, o debate The challenges of peace building in two Sudans after 9 July, com Fabienne Hara. Fabienne Hara possui Mestrado em Ciência Política e Relações Internacionais pelo Institut d'Etudes Politiques de Paris. Atualmente é Vice-Presidente para Assuntos Multilaterais do International Crisis Group. Hara tem mais de 18 anos de experiência em conflitos africanos. Já atuou como Chefe Ad

Ler, Refletir e Pensar: Costa do Marfim – por Francisco Seixas da Costa

A situação em Côte d’Ivoire continua tensa e há relatos de confrontos entre os militantes do presidente derrotado nas eleições que se recusa a sair Laurent Gbagbo. O texto a seguir reflete sobre o tema com bases amplas e trata de algo que vez ou outra surge aqui que é o relativismo cultural como desculpa conveniente para se transigir com regimes autoritários. Claro, que esse relativismo “alter-mundista” dá a essa conivência com autocratas uma capa de humanismo esclarecido. Esse texto foi retirado do blog ‘ Duas ou três coisas ’ do embaixador português em França (ex-embaixador em Brasília, onde eu o conheci) Francisco Seixas da Costa, que é figura fácil nessa seção Ler, Refletir e Pensar. Costa do Marfim O sentido dos acontecimentos na Costa do Marfim parece apontar, finalmente, para que Allassane Ouattara venha a assumir a presidência, depois de um ato eleitoral em que a comunidade internacional reconheceu a sua vitória sobre Laurent Gbagbo. São boas notícias, para aquele país, pa

Download Gratuito: Coleção História Geral da África - UNESCO

Está disponível para download gratuito, legal e inteiramente em português a coleção de livros “História Geral da África”. Uma iniciativa da UNESCO do MEC e da Universidade Federal de São Carlos. Reproduzo aqui texto encontrado no excelente blog Diplomatizzando do professor, autor e diplomata de carreira Paulo Roberto de Almeida que dá publicidade ao lançamento. Coleção História Geral da África em português 8 volumes da edição completa. Brasília: UNESCO, Secad/MEC, UFSCar, 2010. Resumo: Publicada em oito volumes, a coleção História Geral da África está agora também disponível em português. A edição completa da coleção já foi publicada em árabe, inglês e francês; e sua versão condensada está editada em inglês, francês e em várias outras línguas, incluindo hausa, peul e swahili. Um dos projetos editoriais mais importantes da UNESCO nos últimos trinta anos, a coleção História Geral da África é um grande marco no processo de reconhecimento do patrimônio cultural da África, pois ela per

Ataques em Uganda. Tangenciando o assunto

Explico o título, a questão específica sobre a atuação do Al Shabab, movimento islamista responsável pelos ataques em Uganda que vitimaram 74 pessoas que assistiam a final da Copa do Mundo (que trato de maneira inicial no post abaixo) ainda carece de mais estudo (coisa que ainda não tive infelizmente tempo para fazer) e a trágica história de extermínios em Uganda é amplamente conhecida, entre os sempre muito bem informados leitores desse blog. Contudo, uma parte da argumentação que serve de justificação para os ataques injustificáveis contra civis diz respeito a participação do país vítima na força multinacional de paz da União Africana no Sudão. Nesse fim de semana travei um dialogo interessante com o escritor, diplomata e professor universitário Paulo Roberto de Almeida em seu blog Diplomatizzando , no qual o autor transformou uma pergunta que fiz e a excelente resposta por ele dada em um adendo a sua postagem “ Política Externa do Brasil: respostas a uma pesquisa jamais publicada

Barbárie em Campala, Uganda

Ao apagar das luzes da primeira Copa do Mundo de Futebol no continente africano, ontem dia 11 de julho, um vil e covarde ataque terrorista expôs o que há de pior na humanidade, enquanto o esporte tentava revelar o melhor. 74 pessoas foram massacradas por terroristas enquanto assistiam a final da Copa do Mundo entre Holanda e Espanha (diante dessa barbárie, o epíteto violento dado a partida final soa como piada de mau gosto). Estou a ler e me informar para escrever uma postagem mais profunda sobre o ataque, por agora deixo aqui os relatos publicados no blog “ The Lede ”, do jornalista do “The New York Times” Robert Mackey (originalmente no diário ugandês “ Daily Monitor ” em uma reportagem intitulada: “ A survivor tells his tale ”): “We have three minutes left to the end of…,” before the commentator could finish his words, two blasts in quick succession engulfed Kyadondo Rugby Club, which had sat close to 3,000 people watching the World Cup finals. After the first blast, which occurre

Um democrata

Permitam-me uma quebra da boa norma da escrita, que diz que se deve no primeiro parágrafo deixar claro do que se trata o texto, pistas sobre a argumentação e as bases da conclusão que se chegará. Começarei esse texto com digressão, mas que me inevitável quando escrevo a frase: “um democrata” , afinal como muitos da minha geração fiquei com subconsciente impregnado com o jingle eleitoral do candidato a presidência pelo PSDC, José Maria Eymael, que dizia entre seus versos: “Ey, Ey, Eymael um democrata cristão” . Como candidato Eymael, não conseguiu suas pretensões presidenciais, mas seu jingle é um caso de sucesso. Feita essa digressão que em nada tem a ver com o tema vamos ao texto, ao ler os jornais hoje, como te hábito, me deparei com uma notícia que me fez pensar, eis ai um democrata, (com uma dose aguda de ironia, caso não fique claro) me deparei com as fotos da visita do Líder Venezuelano e da ALBA, Hugo Chávez Frias, como convidado de honra nos festejos que comemoram os 40 ano

Relações sino-africanas – IV

Nesse post avaliaremos brevemente as bases da Política Africana da China, que coordenam e incentivam o quadro de trocas comerciais e financeiras que vimos nos post anteriores, disponível aqui . Aspectos estratégicos gerais A política Africana da China tem seu DNA, nos princípios que norteavam o movimento dos não alinhados do período da Guerra Fria, são eles: Não agressão, Respeito pela integridade territorial e soberania, benefícios mútuos, não ingerência ( conhecidos como cinco princípios da coexistência pacifica ). Esse movimento tem seu inicio em 1955, apenas um ano antes do inicio oficial das relações entre a China Popular (comunista) e a África. A estratégia chinesa na África mesmo contanto com um forte componente de busca de fluxo de matérias primas a política chinesa para a região não pode ser vista como apenas uma busca por depositários de Investimentos Diretos (IED), ou de grandes projetos de construção, ou apenas ou como recipiente de mão de obra chinesa. A política Africana

Relações sino-africanas – III

Nesse post avaliaremos números gerais do fluxo monetário entre China e Africa vital para o entendimento da Política Africana da China, já que essa estratégia se sustenta em cooperação técnica, fluxo comercial e fluxo monetário. A parte anterior desse post está aqui . Como na série sobre o Acordo sobre Agricultura a intenção da divisão é facilitar a leitura nesse sentido reproduzo gráficos que ilustram bem as trocas financeiras. Fluxo Financeiro Assistência financeira Oficial e Dívida Externa Africana. Oficialmente a China assume a posição de que sua Assistência financeira não está atrelada a condições especiais ou privilégios seus mecanismos são transferências unilaterais, empréstimos sem cobrança de juros, e empréstimos com juros subsidiados. Com a possibilidade de re-negociação dos prazos dos empréstimos. Os projetos enfocados são no campo da cooperação técnica, na agricultura, treinamento e qualificação de africanos na China, ações humanitárias como construção de hospitais rurais, e

Relações Sino-Africanas - II

[Ler primeiro, aqui ] Trocas comerciais O comércio entre China e o continente Africano, começou a crescer em ritmo acelerado a partir do ano 2000, como parte integrante dos planos chineses de se tornarem ‘global traders’, entre o ano de 2001 e 2006, as exportações africanas para a china cresceram ao percentual de 40% ao ano, partindo do patamar de USD$ 4,8 bilhões, para USD$ 28,8 bilhões, só a África Subsaariana, correspondeu por 85 % de todas as importações chinesas da África. Compostas basicamente de commodities metálicas, petróleo, gás e petroquímicos. WANG, (2007, p. 5). O saldo comercial tem sido favorável para a África, conseguindo atingir, superávits de USD $2 bilhões anuais, em 2006, é certo que esse índice foi possível graças aos elevados preços de petróleo, então praticados, uma vez que o petróleo e gás correspondem a 61% das exportações africanas para a China. As exportações chinesas para a África são segundo o Fundo Monetário Mundial, (IMF, 2007) primordialmente compostas

Relações Sino-Africanas - I

Ao proceder ao rotineiro giro pelos jornais e agências de noticias me deparei com uma noticia que ensejou, escrever uma analise sobre as relações África e China. A notícia que despertou meu interesse foi à negativa do governo Sul-Africano de visto de entrada para o Dalai Lama por ocasião de uma conferência sobre Paz, evento para promover a Copa do Mundo, de 2010. (Para saber mais, clique aqui ) Há muito que é noticiado há crescente influencia da China, no continente africano, essa negativa, por parte do governo sul-africano é mais uma mostra dessa influência. Nesse post, vamos analisar como se dá a ação chinesa nesse continente, sua natureza, e suas estruturas. Evitaremos, contudo, análises que levem em conta questões relativas a Direitos Humanos e questões problemáticas como Darfur, que futuramente serão abordadas. Nesse sentido, analisaremos as relações econômicas e comerciais, é preciso salientar que há uma dificuldade de encontrar estatísticas consolidadas e metodologicamente consi