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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Transladação por Francisco Seixas da Costa

Por que hoje é sexta-feira, vou compartilhar uma divertida história dos anais da diplomacia francesa – que vai lembrar cousas brasileiras – contada pelo diplomata português e um dos meus favoritos na blogosfera Francisco Seixas da Costa. A história no orginal pode ser lida aqui . Trasladação Por Francisco Seixas da Costa - Trago-lhe aqui um problema, senhor diretor-geral. Trata-se do pedido da viúva do embaixador que morreu há semanas no seu posto, lá na Ásia. Quer receber 12 mil euros, valor da trasladação do cadáver do marido para cá. - Mas qual é o problema? O direito ao repatriamento do corpo existe na lei, não é? - É, mas ela não possui nenhum justificativo. - Está bem, meu caro, mas temos de ser flexíveis com a pobre senhora. São países complicados para se obterem essas papeladas. E, além disso, não me parece um montante exagerado. Ela que prepare uma declaração de despesa. Eu darei uma palavra ao ministro. - Bom, mas há um pormenor que entretanto ch

OFF | Uma nota pessoal

Esse não é um blog do tipo diário, mas vez ou outra abro o espaço para informar de algo da minha vida pessoal. Ontem eu não postei nenhum texto e tem uma razão. Alguns de vocês já sabem que travo uma difícil – e alguns diriam inglória – batalha contra a obesidade, não numa tentativa de melhoria estética, mas num desesperado estratagema para permanecer mais alguns anos quiçá décadas na face desse planeta. Pois bem, já tive sucesso em eliminar uma parte do meu peso extra, coisa em torno de 30 kg mas ainda estou bem acima do peso. Sem dramas, afinal fui eu o responsável por deixar que isso me acontecesse. Acontece que um dos instrumentos usados nesses esforços de emagrecimento é o basquetebol. Ontem sofri uma pequena contusão no dedão da mão direita, nada grave, na verdade tipo de contusão muito familiar para os atletas desse esporte, contudo a terapia usada para acelerar a cura ocupou todo o meu dia me impedindo de escrever mais cedo. A pressa se justifica por que nesse sábado e dom

O Estado da Desunião, por Márcio Coimbra

Por Márcio Coimbra* Obama entrou no Capitólio confiante. Discursou. Empolgou os democratas, mas nem todos. Diante de uma Casa Branca reativa, nem mesmo os democratas mais moderados têm a audácia de discordar do Presidente. O partido parece unido em torno do Presidente. Apenas parece. Do outro lado, os republicanos, de todos os lados ideológicos, de libertários aos conservadores, sentiam arrepios com o discurso. Quem esperava um Obama convergente, procurando soluções comuns, uma agenda conjunta com os republicanos, se assustou. O Presidente surgiu combativo, quase imperial em alguns momentos. Sem propostas concretas, apostou na retórica e na sua capacidade de comunicação, mas no que tange a substância, o discurso circulou no vazio e parecia mais como uma preleção de vestiário de futebol, a popular palestra dada pelos treinadores antes do time entrar em campo, do que realmente uma prestação de contas. Isto tem uma razão. Obama lançou os dados na mesa, começou o jogo das eleições

Um ranking tenebroso

Retiro do excelente blog Diplomatizzando um lamentável ranking das cidades mais violentas da América Latina, entre as 50 primeiras temos 16 brasileiras. Os níveis de homicídio no Brasil há muito passaram do aceitável. 15 CIDADES BRASILEIRAS ENTRE AS MAIS VIOLENTAS DO MUNDO! (Revista Forum) De acordo com relatório de ONG mexicana, 41 municípios da América Latina marcam presença no ranking.  Em 2012 eram 14 cidades; no ano de 2013, 15. Em 2014, o relatório anual da ONG mexicana Conselho Cidadão Para a Segurança Pública e Justiça Penal adicionou mais um município brasileiro ao ranking de 50 cidades com maior índice de homicídios do mundo. A maioria das “mais violentas” está no continente americano (46 cidades), e na América Latina, em particular (41). Os países latino-americanos com maior problema de violência são Honduras, Venezuela, Guatemala, El Salvador, México e Brasil. 2. Com uma taxa de 187 homicídios a cada 100 mil habitantes, a cidade hondurenha de San Pedro Sula o

Duas notícias, duas maneiras de lidar com o dinheiro público

Analisar Relações Internacionais começa por admitir o óbvio, embora a essência humana seja universal, bem como seu direitos básicos, as nações são diferentes, os povos se organizam e se governam de maneira distinta. Óbvio, né? Bom, abaixo duas noticias que mostram bem como são essas diferenças entre as nações, na prática.  Primeiro uma sobre a parada técnica do avião presidencial, em Portugal, depois outra sobre as Contas da Família Real Britânica. No Estadão lemos: “Tratada como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto, a passagem da presidente Dilma Rousseff por Portugal já estava confirmada e foi comunicada ao governo local na quinta-feira, o que contradiz o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, segundo quem a decisão de parar em Lisboa só foi tomada "no dia da partida" da Suíça, no sábado passado”. E continua Nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores foi destacado para falar à imprensa sobre o assunto. Primeiramente, repet

Ásia sempre em movimento

O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe está na Índia e ontem foi convidado de honra – como sempre são os chefes de estado ou de governo – no desfile que marcou o Dia da República da Índia. Mestre Yoda, querida personagem dos filmes Guerra nas Estrelas, diz em uma lição de previsão a seu último pupilo Luke Skywalker que é difícil prever o futuro por que esse sempre está em movimento. A lição é facilmente transferível para os de nós que se aventuram a tentar analisar o mundo. Sempre há movimento, sempre alguém procura se posicionar. A Índia, pelo seu tamanho e recém-adquirido (ou readquirido) poderio econômico é um ator que joga em vários e complicados tabuleiros ao mesmo tempo, afinal tem um não-resolvido e nuclear problema com seu vizinho Paquistão, está perigosamente perto da bagunça que é hoje o Afeganistão, lida com interesses americanos e russos na Ásia Central e tem a China cada vez mais assertiva, também, em suas cercanias. O Japão tem uma disputa territorial com a China

Diários de Política: Mais um ‘Estado da União’ de Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Na próxima semana Obama apresenta-se ao Congresso. O discurso é o mais importante do ano e já está sendo escrito tem semanas, talvez meses. Diante de um Congresso hostil e aprovação decadente, o Presidente apresentará suas prioridades para o ano e falará também daquilo que foi realizado. Certamente ele se valerá das vitórias, especialmente na área internacional, por mais discutíveis que sejam, mas precisará tocar em um ponto fundamental que não vai bem: a economia. Entre os eleitores independentes, a política econômica de Obama é desaprovada por 60%. No cômputo geral, 56% acham que a economia segue um caminho equivocado. Apesar de 61% dos democratas estarem a favor, 79% dos republicanos estão contra. Na média, a Casa Branca perde, mas é entre os independentes, aqueles que decidem a eleição, é onde os números mais preocupam. Entretanto, sendo a favor ou contra, 77% dos americanos acreditam que a economia vai mal. Este é um número si

Notícias do caos por Francisco Seixas da Costa

São sempre deliciosas as histórias da memória diplomática do ex-embaixador de Portugal, no Brasil. Abaixo segue mais um desses retratos que dão toques humanos a política externa. O original pode ser lido aqui . Notícias do caos Por Francisco Seixas da Costa Foi uma relação de simpatia pouco vulgar aquela que se estabeleceu entre aquele credenciado diplomata português e um seu homólogo soviético, em tempo de Guerra Fria, num contexto internacional particular. A história ficou nos anais diplomáticos portugueses. O tema da conversa era a França, onde o diplomata português estava colocado. - É mesmo verdade que, em França, é possível a um cidadão estabelecer-se em qualquer cidade que seja do seu agrado, sem necessitar de autorização oficial? - Claro que sim! Desde que tenha meios para isso, não há qualquer limitação no que toca ao lugar onde pretende morar. - E a compra de carro? Falaram-me que não é preciso inscrição para a sua aquisição... - Quem pretend

Dilma em Davos: preocupante

A presidente Dilma, finalmente, estreou no palco de Davos e participou do famoso (ou infame, a depender do jeito que você vê o mundo) Fórum Econômico Mundial, que anualmente invade a pacata cidade suíça e a transforma no centro do mundo. A ida de Dilma a essa edição do Fórum Econômico Mundial foi motivada por duas necessidades urgentes da administração petista. Acalmar os investidores estrangeiros e tentar se distanciar da inconsistência regulatória (e das políticas erráticas de câmbio) de parceiros de MERCOSUL. A desconfiança do mercado é alimentada pelas pressões inflacionárias e cambiais sobre o Real, como nos mostra reportagem do El País : “[..]Nesta quinta-feira, o jornal Financial Times destacou que ativos de estrangeiros no Brasil (capital direto e de curto prazo) perderam valor equivalente a 285 bilhões de dólares nos últimos três anos em função da variação cambial, principalmente. Fatores como esse vêm aumentando o time de investidores internacionais céticos.” P

Incomoda o crescimento do Peru? Uma resposta a um comentário

Não sou dado a responder críticas anônimas, mas vez outra não só publico uma, como acho que ela é digna de um escrutínio. Foi o caso de uma que recebi em meu texto “ Elucubração Econômica ” que me trata com alguns termos bem fortes, mas nada que eu não seja capaz de agüentar, afinal sou um homem feito e não vou ficar choramingando por que alguém não concorda comigo, creio que quem se põe a escrever na rede tem que estar apto pra lidar com críticas. Assim escreveu o comentarista anônimo, pretendendo responder a pergunta que fecho o texto referido: “O que ganhamos em troca? Pleno emprego, desenvolvimento economico e social, economia sólida, estabilidade. Os projetos liberais podem ser muito lindos, mas jamais funcionam pro sul. Os textos desse blog ja foram bons, hoje nada mais são do que distribuição gratuita de bravatas pró-imperialismo. Uma pena, pois aqui eu lia as melhores analises. Comparar a situação de crescimento do Peru e dos paises do pacifico com a nossa chega a ser u

Not a Martyr

Mohammad Chaar tinha apenas 16 anos e junto com os amigos tirou uma foto, uma selfie, que tragicamente retratou o carro bomba que o mataria. Já escrevi muito sobre o terrorismo. Mas não cesso de me revoltar com esse ato vil tanto quanto os apologéticos dessa barbárie e onde eles vêm justificativas vejo apenas o sangue, sempre o mesmo sangue dos inocentes. Não, Chaar não é o mártir que querem que ele seja, infelizmente ele é só a mais recente face que nos lembra as infinitas possibilidades destruídas pela violência política. O terrorismo revolta e enoja sempre. Para saber mais clique aqui .

Elucubração econômica

Visitei o Equador no início dos anos 2000 e pelas ruas de Quito um grafite chamou a minha atenção ele dizia: “ALCA, Al carajo, Yanks go home”, a época o recém empossado governo Lula construía o que alardeavam como sua maior vitória política, o torpedeamento da Área de Livre Comércio das Américas, como se dizia a época o bloco que iria da Tierra del Fuego ao Alaska . Anos depois o falecido Chávez usaria a mesma expressão elegante, em Mar del Plata. O argumento principal era o temor da economia brasileira e da região se tornariam satélites da economia americana, além é claro das dificuldades de sempre, ou seja, agricultura protegida pelo lado americano e serviços blindados pelo lado brasileiro. Tudo que envolve parceria ou associações com os EUA, acaba sendo decidido com o fígado no Brasil, ou seja, preconceitos ideológicos (e concordâncias cegas, também) dominam o debate, o abstrato interesse nacional é torturado até confessar o que as correntes de opinião desejam. A tese venced

Diários de Política: A vantagem democrata

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Os políticos andam em descrédito aqui em Washington. Do lado democrata, o desgaste é concentrado no Presidente, mas do lado republicano, todo o partido é afetado pelos números ruins. Os dois lados podem gerar resultados inesperados nas eleições para o Congresso este ano, com pequena margem favorável para os democratas. O partido de Obama pode encontrar um caminho mais favorável nas urnas especialmente porque a imagem mais afetada no momento é a do Presidente. Apesar de a administração da Casa Branca sofrer com desgastes sucessivos, isto não se transfere diretamente para o partido. Os democratas praticamente já tem candidato para 2016, ou melhor candidata. Hillary Clinton é o nome que se impõe e deve vencer as prévias de forma avassaladora. As eleições deste ano, portanto, serão um terreno onde valerá mais o apoio dos Clinton do que de Obama. Do lado republicano, o problema é mais sério. Existe uma falta de liderança dentro do par

Santo Remédio por Francisco Seixas da Costa

Sou fã confesso do diplomata português – que essa semana anunciou sua aposentadoria, merecida – Francisco Seixas da Costa, que conheci pessoalmente quando foi embaixador de Portugal, no Brasil. O embaixador tem um invejável talento literário e narra muito bem os causos e acontecidos da vida diplomática lusitana, abaixo vai um texto de grande bom-humor que parece apropriado a essa sexta-feira, o original pode ser lido aqui . Aproveitem! Remédio santo! Por Francisco Seixas da Costa Era demais! Aquele embaixador português, conhecido notívago, abusava dos telefonemas tardios para os seus colaboradores, que assim viam o seu descanso interrompido, com as famílias já a protestar. Ninguém sabia bem o que fazer. Afrontar o chefe era uma opção arriscada, principalmente no caso dos conselheiros técnicos em serviço na embaixada, cuja renovação da comissão muito poderia depender do seu parecer. Um desses diplomatas, casado com uma americana, era a vítima mais regular das chamada

Rolezinho. É vou falar de rolezinho!!!!

Não compreendo o fenômeno do rolezinho em sua integralidade, mas tenho visto uma clara tentativa de transformar esse flash mob numa grande questão cultural e política. Exagero meu? Então leia essa matéria da Folha de São Paulo , em que o universitário de Brasília tem sonhos dourados de revolução anti-capitalista, como ele diz: “O alvo [do rolezinho] não é o Estado, é a iniciativa privada”. (Falho em compreender como um movimento animado pelo Funk Ostentação, pode ser contra a iniciativa privada.) É interessante contrastar a visão do jovem universitário brasiliense com a de um participante dos rolezinhos, ouvido pelo IG que diz: “Protesto? Rolezinho é para pegar mulher” e continua “Eu não concordo com quem vai para arrastar e roubar. Isso é coisa de trombadinha. Eu tive amigos que me deixaram sozinho para ir roubar, dizendo 'ah, se tá todo mundo arrastando, vamos arrastar também”. Claro, que os ativos hormônios da adolescência podem afetar a capacidade de análise crítica d

Uma imagem que resume o estado da liberdade econômica em nosso continente

Vi esse mapa no sempre excelente Diplomatizzando . Esse mapa mostra o que sempre defendi aqui, que o Brasil é um país ainda muito fechado a competição externa o que prejudica os consumidores, principalmente os mais pobres. Fica claro, também, a crescente divisão da América do Sul com atlânticos fechados e intervencionistas e pacíficos mais liberalizantes. A fonte é o “2014 Index of Economic Freedom” da Heritage Foundation, se você quer saber mais sobre a metodologia do trabalho veja aqui .

Uma dica para os jovens selecionados para Relações Internacionais, no Sisu 2014

Antes de qualquer coisa deixo aqui meus parabéns aos jovens que acabam de ingressar no ensino superior seja pelo SISU, seja pelos arranjos tradicionais como vestibulares e vestibulares seriados. Vocês acabam de chegar ao mundo das Relações Internacionais, no qual a leitura solitária e por conta própria (isto é, além da recomendada pelos professores) é fundamental para uma boa formação, mas como no Brasil o acesso aos livros ainda é complicado (leia-se caro) e as bibliotecas nem sempre estão atualizadas deixo aqui duas alternativas para ajudá-los na busca por uma melhor formação. A primeira dica é a página da loja virtual da FUNAG . A FUNAG é uma fundação pública, pertencente ao Ministério das Relações Exteriores que objetiva a promoção cultural e educacional, mas o mais importante é que muitos livros da FUNAG possuem a opção de download gratuito. Claro, que como uma fundação estatal é preciso levar em conta que alguns de seus livros veiculam a verdade oficial, ou o ponto de vist

Vídeo-postagem: Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina, CEBRI

Uma interessante discussão efetuada pelo CEBRI.  Abaixo a descrição do evento feita pelos organizadores, que são proprietários do vídeo. O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, realizou a Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina. Dentre os temas abordados estão o narcotráfico; o contrabando de armas e munições e as guerrilhas; as redes de terrorismo e os fluxos financeiros; o controle de portos e fronteiras; o neo-populismo, os conflitos na região e o papel mediador do Brasil; a influência de China, Irã e Rússia na região; estratégias nacionais no aparelhamento das forças armadas e investimentos em inteligência; a UNASUL e o Conselho de Segurança; e acordos econômicos e militares com os Estados Unidos.

Diários de Política: O líder vacilante

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Robert Gates é muito respeitado aqui em Washington. Ocupou a cadeira mais importante do Pentágono em duas administrações: Bush e Obama. Na verdade, dois governos que em tese seriam antagônicos e por fim possuem muitas semelhanças, tiveram no Secretário de Defesa uma linha de continuidade. Gates já deixou a administração Obama e traz em seu novo livro revelações interessantes sobre o processo decisório dentro da Casa Branca. Obama perdeu a confiança em seu próprio plano para o Afeganistão, revela Gates. O Presidente não possuía a confiança no General Petraus, em Hamid Karzai e no seu próprio plano. O Secretário de Defesa mostra o democrata como um líder vacilante, que toma decisões sozinho e contraria muitos de seus assessores. A dificuldade de Obama lidar com o círculo de assessores é conhecido, mas duvidar das próprias decisões é uma novidade. Gates mostra sua discordância com Joe Biden, o vice de Obama "em praticamente tod

Uma questão de liderança ou uma provocação solitária aos acadêmicos

Há uma tendência geral em quase todas as correntes de teóricas das Relações Internacionais de focarem suas análises no âmbito sistêmico, tentando encontrar o que os historiadores das relações internacionais chamam de “Forças Profundas” que delimitam os acontecimentos e formam as condicionantes que constroem a realidade internacional. Ainda que a questão do nível de análise seja muito bem tratada na literatura contribuindo para isso o trabalho seminal de Kenneth Waltz que demonstra quão importante são as idiossincrasias dos líderes e tomadores de decisão e como em confluência com outros fatores determinam os resultados das políticas. A meu ver, faltam estudos sobre o líder e a capacidade de liderança na seara internacional. O líder e as qualidades da liderança parecem, é claro, nos trabalhos de alguns pesquisadores de relevância no campo das relações internacionais impossível não citar o clássico (e insuportável) Diplomacy de Henry Kissinger que aborda o tema, mas obviamente não é

Diplomacia do Basquetebol? Ou sobre o jogo da discórdia

O sempre polêmico e um tanto tresloucado ex-jogador de basquetebol (e um dos meus ídolos pessoais nesse esporte que tanto amo) Dennis Rodman está na maior prisão a céu aberto do mundo, na República Popular da Coréia, para realizar um amistoso entre ex-atletas americanos e jogadores norte-coreanos em honra do aniversário do líder daquele país Kim Jong-Un. A liga profissional de basquetebol dos EUA, a famosa NBA, para essa temporada 2013-2014 estreou uma nova campanha publicitária focada na internacionalização de sua liga, com a assinatura “One game, one love” a campanha exorta a capacidade universal que o esporte tem para emocionar e criar momentos inesquecíveis. Dennis Rodman e sua ida a Coréia do Norte desafia os limites dessa campanha e muito mais acaba por expor a verdade incômoda de que o esporte é altamente politizado. O exemplo mais dramático dessa politização do esporte foram os boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, que arruinaram os sonhos e os esforços de muitos a