Pular para o conteúdo principal

Diários de Política: Mais um ‘Estado da União’ de Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra**

OBAMA-SPEECH/ Na próxima semana Obama apresenta-se ao Congresso. O discurso é o mais importante do ano e já está sendo escrito tem semanas, talvez meses. Diante de um Congresso hostil e aprovação decadente, o Presidente apresentará suas prioridades para o ano e falará também daquilo que foi realizado. Certamente ele se valerá das vitórias, especialmente na área internacional, por mais discutíveis que sejam, mas precisará tocar em um ponto fundamental que não vai bem: a economia.

Entre os eleitores independentes, a política econômica de Obama é desaprovada por 60%. No cômputo geral, 56% acham que a economia segue um caminho equivocado. Apesar de 61% dos democratas estarem a favor, 79% dos republicanos estão contra. Na média, a Casa Branca perde, mas é entre os independentes, aqueles que decidem a eleição, é onde os números mais preocupam. Entretanto, sendo a favor ou contra, 77% dos americanos acreditam que a economia vai mal. Este é um número significativo.

Mesmo na área internacional, onde Obama acredita ter alcançado resultados importantes, o que na verdade ocorreu, sua aprovação vai em percentuais muito fracos. Apenas 39% aprovam, enquanto 47% se colocam contra. A aproximação com o Irã, por exemplo, apesar de importante, não é vista com bons olhos pela maioria dos republicanos. Além disso, ainda pesa o baile que a administração americana tomou da Rússia na questão da Síria, com direito a editorial de Putin no New York Times. Os americanos sentiram-se diminuídos.

Mas Obama acredita que tem um trunfo nas mãos. Seu projeto para a saúde. Mas falta acertar ainda com o público, já que 56% são contra o Obamacare e 59% enxergam que ele não soube lidar bem com a implementação do plano, que ainda encontra problemas. Mas quanto a isso Obama está tranquilo. Ele venceu esta disputa e enxerga que no longo prazo os americanos entenderão sua iniciativa. Aqui, ele joga para a história.

Quando Obama entrar no Congresso, 67% dos americanos estarão assistindo, diz o Instituto de pesquisas da Universidade de Quinnipiac. Neste momento 49% do país acredita que ele não é verdadeiro e confiável. Obama precisará caprichar na retórica e mostrar resultados.

____________

*Márcio Coimbra é correspondente Coisas Internacionais, em Washington, D.C.

**A Coluna Diários de Política circula normalmente aos domingos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Crise no Equador

Sob forte protesto das forças policiais e parte dos militares, que impedem o funcionamento do aeroporto internacional de Quito. Presidente Correa cogita usar dispositivo constitucional que prevê dissolução do Congresso e eleições gerais. Mais uma grave crise política na América do Sul. Numa dessas coincidências típicas de se analisar as coisas internacionais discutia semana passada numa excelente postagem de Luís Felipe Kitamura no laureado blog Página Internacional a situação equatoriana. A postagem tinha como título Equador: a instabilidade política e suas lições . Na qual o colega discorria sobre o péssimo histórico de conturbação política do país andino e sobre como o governo Correa parecia romper com isso usando a receita da esquerda latina de certo pragmatismo econômico e políticas distributivas. Mas, justamente a instabilidade política que parecia a caminho da extinção volta com toda força em um episódio potencialmente perigoso, que contundo ainda é cedo para tecer uma análise

Meus leitores fiéis, pacientes e por vezes benevolentes e caridosos

Detesto falar da minha vida pessoal, ainda mais na exposição quase obscena que é a internet, mas creio que vocês merecem uma explicação sobre a falta de manutenção e atualização desse site, morar no interior tem vantagens e desvantagens, e nesse período as desvantagens têm prevalecido, seja na dificuldade na prestação de serviços básicos para esse mundo atual que é uma boa infra-estrutura de internet (que por sinal é frágil em todo o país) e serviço de suporte ao cliente (que também é estupidamente oferecido pelas empresas brasileiras), dificuldades do sub-desenvolvimento diria o menos politicamente correto entre nós. São nessas horas que vemos, sentimos e vivenciamos toda a fragilidade de uma sociedade na qual a inovação e a educação não são valores difundidos. Já não bastasse dificuldades crônicas de acesso à internet, ainda fritei um ‘pen drive’ antes de poder fazer o back up e perdi muitos textos, que já havia preparado para esse blog, incluso os textos que enviaria para o portal M

Extremismo ou ainda sobre a Noruega. Uma reflexão exploratória

O lugar comum seria começar esse texto conceituando extremismo como doutrina política que preconiza ações radicais e revolucionárias como meio de mudança política, em especial com o uso da violência. Mas, a essa altura até o mais alheio leitor sabe bem o que é o extremismo em todas as suas encarnações seja na direita tresloucada e racista como os neonazistas, seja na esquerda radical dos guerrilheiros da FARC e revolucionários comunistas, seja a de caráter religioso dos grupos mulçumanos, dos cristãos, em geral milenaristas, que assassinam médicos abortistas. Em resumo, todos esses que odeiam a liberdade individual e a democracia. Todos esses radicais extremistas tem algo em comum. Todos eles estão absolutamente convencidos que suas culturas, sociedades estão sob cerco do outro, um cerco insidioso e conspiratório e que a única maneira de se resgatarem dessa conspiração contra eles é buscar a pureza (racial, religiosa, ideológica e por ai vai) e agir com firmeza contra o inimigo. Ness