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Mostrando postagens com o rótulo Cúpulas

Reunião de Minsk: O latido de um sabujo

Hoje, em Minsk, os mandatários de Rússia, Ucrânia, Alemanha e França se reuniram para tratar do conflito na Ucrânia. O tema é complexo e o cenário não é fácil de desenhar, mas essa breve nota em nada tem a ver com análises dos cálculos políticos dos líderes e sim como o conflito se enraizou entre os cidadãos e membros da imprensa, chegando ao ponto de um jornalista russo, entusiasta de seu governo (será um efeito de alguma regulação da mídia?!) decidiu latir, isso mesmo, latir na face de jornalistas ucranianos. Veja o vídeo: Se o código não funcionar tente esse link . Meu amigo e diplomata e autor de grande produção intelectual, Paulo Roberto de Almeida costuma chamar os áulicos, àqueles que se submetem a servidão (intelectual, inclusive) voluntária de sabujos, nunca esteve tão certo quanto no caso desse jornalista Alexander Yunashev que trabalha para a LifeNews, imagino que deve ser bem imparcial em sua cobertura, não? PS: Minha tentativa de incorporar o víde

C 40 e a Paradiplomacia

Ocorre em São Paulo a reunião do grupo C 40 que reúne os prefeitos (ou equivalente) das 40 maiores cidades (ou regiões metropolitanas) do mundo. Esse grupo que é heterogêneo em termos culturais e políticas enfrenta desafios comuns como administrar cidades enormes e enfrentar problemas de trânsito, mobilidade urbana, segurança e mudanças climáticas. Sendo esse ultimo item o que sucitou a criação do grupo e o que lhe dá maior notoriedade. Nesse sentido os prefeitos trocam experiências no cumprimento de metas acordadas. É bastante interessante para o observador de política internacional acompanhar esse experimento que chamamos de paradiplomacia (na lateral há links para textos meus que versam mais profundamente sobre o tema), que em termos amplos é toda ação externas de entes estatais subnacionais. Em outras palavras são ações internacionais de Estados e Municípios (ou equivalentes práticos). É interessante perceber como o interesse local mais restrito que é a vida na sua cidade pode

Reunião Ministerial do G – 20: Declaração final, França 2011

Havia tratado do assunto na sexta-feira ( aqui ), mas como coloquei naquela ocasião o importante era observar o comunicado final para entender o grau de consenso possível dentre desse grupo e a Reunião Ministerial oferece uma chance de analisar um documento com uma retórica mais sóbria e abrangente do que documentos de chefes de estado, mas mais política do que de documentos técnicos de grupos de trabalho. Essa análise é feita levando em conta o conteúdo da declaração, ou seja, as medidas e cronogramas adotados. Leva-se em conta a linguagem adotada, em linhas gerais o tom da declaração, ou seja, quanto mais geral e abrangente mais difícil é o consenso. E por ultimo se analisa os penduricalhos colocados. O comunicado (íntegra abaixo link para o original ) é relativamente curto e possui 4 páginas e 10 parágrafos escrito no mais corrente “diplomatiquês”, afinal há uma fórmula padrão para esse tipo de documento. O tom geral do documento é de um leve otimismo sóbrio que fica claro no parág

Reunião do G-20, em Toronto

Os temas que estão em debate na agenda do G-20 são como era de se esperar econômicos o tom de coordenação de grande política global se deu no âmbito da reunião simultânea do G-8. Um recado claro que os emergentes ainda não conseguiram níveis de poder suficiente para interferir na geopolítica global, ainda que esses emergentes se arroguem essa capacidade. Os temas do encontro são: desenvolvimento equilibrado e sustentável, reforma do setor financeiro, reforma das organizações financeiras internacionais, crescimento e comércio global. No lado de fora da reunião celerados se enfrentaram com as forças de segurança, depredando lojas e equipamentos públicos. Sobre reuniões do G-20 escrevi, em 29 de março de 2009, em um texto intitulado: “Semana de clássico, conturbada, com briga de torcidas e decisão (?) no tapetão. Ou sobre G-20” , nesse texto fiz uma analogia com o futebol, que pouco mais de uma ano depois se mostra mais apropriado já que a reunião de agora se dá em plena Copa do Mundo

Brasil e Caribe

Abri essa semana escrevendo criticas contundentes a gestão da política externa brasileira, como fica claro no post anterior e muitos dos erros e vícios que venho tratando aqui se repetiram nessa ocasião, contudo, nem só de erros táticos e estratégicos se faz a PEB. A aproximação em curso com o Caribe que já se vem desenhando há algum tempo, com o Brasil, participando do CARICOM e lentamente se envolvendo em assuntos da região que tradicionalmente não era foco da atenção da chancelaria. Nesse contexto, temos a MINUSTAH, que serve não só como mecanismo de demonstração da capacidade de operação militar em um local afastado, superando os desafios logísticos embutidos nesse tipo de ação, além de reforçar a imagem brasileira de ser pró-multilateralismo, e ser uma demonstração de algum comprometimento brasileiro em arranjos de segurança coletiva, serve também para gerar boa vontade quanto ao Brasil nessa região. O Caribe, todos nós sabemos, é zona de influência e interferência dos EUA, desd

Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos. Ou nasce uma nova burocracia regional

A reunião do Grupo do Rio, sob presidência do México, por ocasião da II CALC, na paradisíaca e turística Playa Del Carmen, os membros desse Grupo (exceto Honduras) oficializaram o que já era apontado fartamente pela imprensa à fundação de um organismo regional latino em um simbólico ano se lembrarmos que é data do bicentenário das independências da América do Sul espanhola. Sem dúvidas a renovada questão das ilhas Falklands/Malvinas dividiu a atenção da imprensa por ser a “crise da vez” além das visíveis fraturas deixadas pelo tratamento da querela hondurenha, além da tensão quase permanente entre Venezuela e Colômbia ( com mais uma confrontação entre Chávez e Uribe ).  Ainda não há documentos que contenham os estatutos, regimentos e carta da nova organização que nos dêem uma compreensão de seus objetivos declarados e como esses objetivos se coadunam ou não com os interesses e estratégias dos membros, bem como os blocos, as alianças e as disputas de bastidores. Além da análise do per

Muitos discursos à frente. Ou semana agitada

Essa ultima semana do mês de janeiro será uma semana agitada na agenda mundial com encontros de toda espécie ocorrendo nos próximos dias. Reuniões tão díspares quanto a Cúpula sobre o Afeganistão e Reunião de doadores do Haiti ou Fórum Econômico Mundial e Fórum social Mundial. Além claro do sempre aguardado discurso ‘state of the union’ proferido pelo Presidente dos EUA. O Fórum Social Mundial que reúne organizações de sociedade civil de perfil esquerdista já teve inicio com bandeiras de sempre, esse será realizado em várias cidades próximas a sua tradicional sede Porto Alegre, além de contar com uma ‘sucursal’ por assim dizer em Salvador. No plano regional o evento tem sido palco de manifestações ligadas aos apoiadores da ALBA – Aliança Bolivariana para as Américas. Nessa terça-feira 27 tem inicio em Davos, Suíça o Fórum Econômico Mundial que reúne líderes empresariais, políticos, presidentes de bancos centrais, artistas e mandatários. A temática desse ano ainda, como não poderia

COP-15: Algumas reflexões

Devo atrair muitas críticas para mim por causa das palavras que vou traçar nessa coletânea de impressões acerca da tal propalada reunião para “salvar o mundo”. Não vou entrar no mérito das causas antropogênicas das mudanças climáticas, por que não sou especialista nisso (nem a maioria dos chamados especialistas) e mesmo entre eles há uma bela controvérsia com alguns renomados pesquisadores contrariando a tese do tal aquecimento global. Isso posto (e creio que a essa altura muitos já abandonaram a leitura ou já se irritaram sobremaneira comigo) vamos a análise dos eventos de negociação, já que essa é minha seara. Escrevi aqui que as negociações do clima respeitam a mesma lógica das negociações multilaterais sobre qualquer outro tema, inclusive se conduzem sob a norma do “single undertaking” (princípio negocial pelo qual todos os pontos em negociação devem ser acordados de uma vez, em uma única empreitada). Ontem assisti uma entrevista do presidente da Comissão Européia Durão Barro

COP-15: Um evento das “organizações tabajara”

A ONU e os organizadores locais estão ensinando ao mundo como não se faz uma conferência internacional. Com erros primários como credenciar mais pessoas que cabem no centro de convenções. Já trabalhei em organização de cúpulas de porte bem menor, contudo, com uma mecânica bastante similar. Afinal a lógica já diz que se credencia de acordo com os limites de ocupação do local do evento e se dá preferência para acomodar negociadores, depois convidados, depois jornalistas e por ultimo ONG’s. E não é por questão de preconceito contra as ONG’s são atores reconhecidos, mas não tem mandato, não tem poder de negociação, não são agentes primários de ação ainda que se julguem isso. E ainda que essas organizações se queiram como representantes da sociedade civil, de fato representam uma parcela e não a totalidade e ai que entra a preferência por jornalista que em tese informam o conjunto da população, garantindo transparência. Entendo a frustração dos membros de ONG que se sentem aviltados e

As crônicas de Copenhague: A histeria, a ideologia e a política.

Teve inicio as rodadas de negociação conduzidas sob o mandato da COP-15, convocada pela ONU, com vistas a debater e criar regimes internacionais acerca das mudanças climáticas, dando curso às negociações que começaram com a RIO-92, passando pelo Protocolo de Kyoto. É preciso ter em mente uma enorme obviedade que por vezes é esquecida ou tem sua retumbante realidade de algum modo diminuída. A obviedade que me refiro é o fato que o regime oriundo dessas negociações respeita as condicionantes de qualquer negociação internacional multinacional que é colocar sob o mesmo guarda-chuva os mais diversos e por vezes contraditórios interesses. Por essa natureza todo tratado multilateral representa o padrão mínimo possível, ou seja, ele representa a área de intersecção de todos os interesses em disputa. A luz disso é de se esperar que todo regime internacional avance a passos lentos, duramente negociados em um processo que constantemente exige compromissos de todas as partes. O que por vezes p

G-20 em Pittsburgh: Apreciações iniciais

Ainda não tive tempo para ler a íntegra dos documentos emitidos por ocasião da reunião do G-20 e escrevo essas linhas a partir dos relatos midiáticos, portanto, assumo um risco enorme de errar em minhas apreciações e caso isso se concretize, para honrar meu compromisso com a honestidade intelectual farei um texto retificando isso. Posta essa pequena introdução vamos aos principais fatos. Como era de se esperar com o arrefecimento do período mais agudo de crise, caiu o ímpeto revisionista, ou como se falava muito a época da eclosão da atual crise “uma nova arquitetura do sistema econômico mundial”. E isso não foi a tônica dos resultados divulgados ainda que a inclusão maior dos emergentes nos processos decisórios do FMI, possam induzir a leitura de que há um novo sistema. Na verdade pode-se dizer que essa reforma na verdade é uma adequação da geometria do poder no FMI a mudanças reais na fungibilidade do poder econômico. O Fundo Monetário manteve seu status de organismo financeiro d

64ª Assembléia Geral das Nações Unidas

Hoje foi inaugurada a 64ª Assembléia Geral da ONU mantendo a tradição a primeira intervenção foi do representante brasileiro, que nesse certame foi o Presidente da República. As linhas gerais do discurso do Presidente Lula estão repercutindo como não poderia deixar de ser na imprensa brasileira e foram coerentes com os discursos anteriores e com o que se espera desse tipo de evento, em que em uma parte inicial se aborda as grandes questões da política internacional, continua delineando e anunciando vislumbres de políticas que se quer adotar e se faz um balanço quando oportuno dos avanços de país. E foi isso que Lula fez sem grandes novidades e claro que o drama hondurenho renovou o interesse em ouvir esse discurso, bem como a proximidade da Conferência de Copenhagen e a Cúpula do G-20, que se aproxima. Por isso mesmo algumas palavras duras foram ditas, o velho jogo de empurra das questões ambientais. Nem mesmo as inferências sob como as nações mais desenvolvidas controlam o status

Um risco tolo

O Presidente deposto Manuel Zelaya de Honduras retornou hoje a Tegucigalpa em uma articulação que revela definitivamente os alinhamentos políticos na América Latina, o governo Brasileiro que mantinha um discurso de neutralidade e era visto por muitos analistas como interlocutor moderado na esquerda ora em poder na Região. Contudo, essa percepção pode mudar com o papel ativo que o Itamaraty tomou no recente desdobramento da crise hondurenha. Ao abrir a Embaixada do Brasil em Honduras para que o presidente deposto se instale e fique protegido do governo interino que pretende prendê-lo e julgá-lo pelos crimes que sustentaram sua deposição. O Brasil tem, claro e todo sabemos uma longa tradição de concessão de asilo político e diplomático, mas esse caso é diferente, pois esse já havia saído do território hondurenho e retornou. Uma diferença nada pequena a situações anteriores. Ao interferir diretamente em assuntos internos de outros Estados o Brasil rompeu perigosamente com uma diplomac

Cúpula da UNASUL, mais uma cúpula fadada ao nada?

A Reunião Extraordinária dos mandatários dos países membros da UNASUL, na turística e famosa Bariloche, na patagônia argentina. O objetivo da reunião é por si só terreno pantanoso, discutir um acordo firmado entre Colômbia e EUA, ou seja, é um tema que bate profundamente em duas questões fundamentais, autodeterminação e não ingerência, em resumo, trata-se de soberania. Claro, que um ente extra-regional pode sim ser visto como ameaça a segurança regional tornando o tema em questão de segurança coletiva. É interessante notar, que outrora defensores ferrenhos da soberania, outrora ultrajados por ataques colombianos a bases das FARC, no Equador, agora relativizam a soberania. Seja moderadamente como o Chile, seja com planos de doutrinas regionais como a Argentina, seja agressivamente acusando a Colômbia de conspiração para começar uma guerra na região como Equador e Venezuela. Seja clamando por dialogo regional e tratamento coletivo como o Brasil. A questão que não pode ser negada esco

Cúpula da Unasul

Durante essa segunda feira ocorrerá à reunião de Cúpula da Unasul, na “muy chevere* Ciudad de Quito” não é difícil prever a retórica que estaremos expostos. O cerne, deve girar em torno de solidariedade a Zelaya, antiamericanismo (com um frenesi em torno das bases americanas e o acordo militar da Colômbia com os EUA), rejeição do tal “neo-liberalismo” (claro sem definir, e sem assumir que os países mais estáveis economicamente na região foram os que adotaram a tal receita “neo-liberal”), provavelmente responsabilização dos “homens brancos e de olhos azuis” pela crise. E claro a grande novidade, na vanguarda do atraso (essas semanas tem sido pródigas em situações para o uso dessa frase), que é tal proposta de jornalismo-ético. Escrevi nessas ultimas semanas sobre métodos de análise, sobre interpretar discursos, e termos nessa reunião mais uma oportunidade de fazê-lo. Por que pela própria característica dos envolvidos (muitos dados a verborragia), na questão colombiana reside um enig

BRIC’s na Rússia: Cúpula discreta, resultados intrigantes

Os Líderes de Brasil, Rússia, Índia e China se reuniram dia 16 de junho na (semi) impronunciável cidade de Ecaterimburgo, na Rússia. Para a primeira reunião de cúpula do bloco criado a partir das análises dos economistas do Goldman Sacks. (Que pegou, por sinal). [ Aqui você encontra, na íntegra, os documentos que serão citados no decorrer do texto, link do MRE, em inglês.] O noticiário internacional se focou nos últimos dias nas manifestações decorrentes da suspeita sobre a eleição iraniana, novas sansões econômicas e militares a Coréia do Norte com apoio da Rússia e China (coincidentemente ou não o comércio de armas leves não foi embargado, um monopólio chinês, mas esse não é ponto nesse texto), e pela controvérsia sobre o mapa de votação do Brasil no âmbito da comissão de Direitos Humanos da ONU, capitaneada pela força e prestigio da ONG Human Rigths Wacth, nesse contexto os parcos minutos devotados ao internacional nos telejornais e as páginas de jornal alocadas para isso não fizer

OEA – Resultados (e devaneios midiáticos) previsíveis

Cá entre nós o que vou dizer pode até pegar mal, mas toda reunião de cúpula tem um quê de concurso de Miss. Essa, então em um hotel tropical, os holofotes, ainda bem que fomos poupados de ver os líderes mundiais em trajes de banho, em concurso de talentos e em trajes típicos, se bem que se os considerarmos “homos politicus” , estavam em trajes típicos. No texto que escrevi intitulado: " Assembléia Geral da OEA, um prelúdio" ( aqui ), eu mostrava quais temas, estariam em debate e já pressentia a óbvia atração midiática que Cuba exerceria sobre o noticiário, basta abrir um jornal, acessar um portal noticioso e estará lá em destaque a resolução que anula a resolução de 1962 que congelava o status cubano nessa organização. Novamente aqui entre nós, a proposital ida de Obama e sua Secretária de Estado a Sra. Clinton, ao Oriente Médio, anteriormente, ao término da cúpula mostra bem o lugar da OEA, no tabuleiro geopolítico dos EUA. Além da saída antecipada, o segundo item da resolu