Pular para o conteúdo principal

C 40 e a Paradiplomacia

Ocorre em São Paulo a reunião do grupo C 40 que reúne os prefeitos (ou equivalente) das 40 maiores cidades (ou regiões metropolitanas) do mundo. Esse grupo que é heterogêneo em termos culturais e políticas enfrenta desafios comuns como administrar cidades enormes e enfrentar problemas de trânsito, mobilidade urbana, segurança e mudanças climáticas. Sendo esse ultimo item o que sucitou a criação do grupo e o que lhe dá maior notoriedade. Nesse sentido os prefeitos trocam experiências no cumprimento de metas acordadas.

É bastante interessante para o observador de política internacional acompanhar esse experimento que chamamos de paradiplomacia (na lateral há links para textos meus que versam mais profundamente sobre o tema), que em termos amplos é toda ação externas de entes estatais subnacionais. Em outras palavras são ações internacionais de Estados e Municípios (ou equivalentes práticos).

É interessante perceber como o interesse local mais restrito que é a vida na sua cidade pode ser facilmente algo internacional, isso por que as questões locais são muito parecidas nas cidades, mesmo em cidades dispares. Mobilidade urbana, por exemplo, é uma questão que afeta qualquer metrópole seja de país em desenvolvimento, emergente ou desenvolvido. É claro que as especificidades mudam e são condicionadas por fatores locais muitas vezes não replicados em outras cidades, como a geografia e o relevo da cidade.

Comparando com a discussão multilateral sobre os mesmos temas a das cidades parece fluir com mais facilidade e programas concretos aparecem em um tempo menor, mas na verdade isso deriva da relativa simplicidade dessas negociações. O foco de responsabilidades dos entes subnacionais é limitado e seus negociadores não necessitam equilibrar agendas de interesses tão complexas como as dos entes nacionais.

Ainda que seja relativamente mais fácil chegar a acordos e programas práticos em arranjos mais informais como os da paradiplomacia isso não tira o mérito dos programas e não diminui a importância desse tipo de grupo que de alguma maneira contorna complicados arranjos negociais da diplomacia plena e conseguem resultados.

A quem está em busca de um campo para pesquisar relativamente pouco explorado e com grande potencial para a interação academia-mundo real, esse talvez possa ser o foco de sua pesquisa.

A paradiplomacia ainda é campo pouco explorado pelos Estados e, sobretudo pelos municípios brasileiros, quem sabe a expansão de arranjos como esse despertem o interesse das municipalidades.

Em tempo oportuno trato mais profundamente dos aspectos negociais e dos programas levados a cabo no grupo C 40.

Comentários

Rubi disse…
Nada melhor que um pouquinho de informação sobre o que acontece tão perto de nós.
Bruno Costa disse…
São questões que a globalização traz. Mas são importantes sem dúvida e as pautas, esperamos que sejam discutidas e realizadas. Quanto ao transporte, eles deveriam fazer uma visitinha ao metrôrio, e dar uma olhadinha na cara do Eduardo Paes pra gente ver se ele terá coragem de dizer que tudo é normal... Bom o seu post.
Andy A. disse…
eu não sabia que existia essa reunião , obrigado pela informação que nunca é demais .
Anônimo disse…
Ótima fonte de informação.

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Empregos em RI: Esperança renovada

“A esperança não é nem realidade nem quimera. É como os caminhos da terra: na terra não havia caminhos; foram feitos pelo grande número de passantes.” Lu Hsun. In “O país natal”. O tema empregabilidade domina os e-mails que recebo de leitores e os fóruns dedicados a relações internacionais. Não por acaso deve haver pelo menos 30 textos dedicados ao tema nesse site. E sempre tento passar minha experiência e as dos meus amigos que acompanho de perto. O tema sempre volta, por que sejamos francos nos sustentar é algo importante e vital se me permitirem essa tautologia. Pois bem, no próximo dia 19 de novembro ocorrerá uma grande festa que encerrará os festejos de 15 anos de existência do Curso de graduação em Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília. E como parte dos preparativos para essa data temos empreendido um esforço para “rastrear” todos os egressos de nosso curso. Nesse esforço temos criado uma rede de contatos e o que os dados empíricos me mostram é um tes...

Ler, Refletir e Pensar: Libya's Terrorism Option

Mais um texto que visa nos oferecer visões e opiniões sobre a questão da Líbia que é sem sombra de duvida o assunto mais instigante do momento no panorama das relações internacionais. Libya's Terrorism Option By Scott Stewart On March 19, military forces from the United States, France and Great Britain began to enforce U.N. Security Council Resolution 1973 , which called for the establishment of a no-fly zone over Libya and authorized the countries involved in enforcing the zone to “take all necessary measures” to protect civilians and “civilian-populated areas under threat of attack.” Obviously, such military operations cannot be imposed against the will of a hostile nation without first removing the country’s ability to interfere with the no-fly zone — and removing this ability to resist requires strikes against military command-and-control centers, surface-to-air missile installations and military airfields. This means that the no-fly zone not only was a defensive measure...