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Mostrando postagens com o rótulo Reflexões

As armadilhas da semântica, por Roberto Campos

Voltamos! Alegria, alegria. Desculpem a ausência, mas as vezes assuntos pessoais que tentamos negligenciar cobram seu preço. Ainda não consigo escrever algo que seja inteligível, contudo vou compartilhar com vocês um texto publicado pelo meu amigo Paulo Roberto de Almeida, de lavra de Roberto Campos, que nos deixou em 2001. As armadilhas da semântica *Roberto de Oliveira Campos, 27/02/2000 George Orwell, o escritor inglês que nos deu algumas das obras que melhor iluminaram o ambiente dos difíceis anos que duraram da Depressão à queda do Muro de Berlim, entre elas as duas terríveis sátiras 1984 e Animal Farm, foi antes de mais nada um homem de excepcional integridade. Firme nas suas convicções de esquerda, foi voluntário contra os franquistas, na Guerra Civil espanhola. Ferido em combate (numa campanha admiravelmente contada em Homenagem à Catalunha), enfrentou com coragem os comunistas, quando estes, na tentativa de assumirem o controle do movimento, traíram seus outros camarada

A luta interna e os deixados pra trás

Uma das primeiras lições que eu tive sobre ciência falava da motivação pra pesquisar, que deveria advir de uma inquietação diante da lacuna da bibliografia sobre certo assunto, ou sobre a insuficiência das explicações encontradas afinal, ninguém faz ciência pra redescobrir a gravidade. Há muito que uma explicação comum para os conflitos atuais me gera um elevado desconforto, que é a idéia que os grandes problemas de segurança atuais (terrorismo e etc.) são originados pelo Choque de Civilizações. Não é que eu minimize os aspectos culturais e civilizacionais, mas é por que essa explicação não absorve tão bem as lutas intra-civilizacionais (com perdão do neologismo). Por um bom tempo fui adepto das análises em rede, por isso, por saber que idéias, causas e conceitos viajam entre civilizações e mais criam grupos de opinião transnacionais. Isso quer dizer que há mais no terrorismo que a dicotomia ocidente e oriente, entre cristandade e islã. Há forças internas nessas civilizações disputan

STRATFOR: Reflections on an Unforgiving Day

Um raro texto mais emocional e reflexivo do Stratfor feito a luz dos eventos trágicos em Gaza e na Ucrânia. Já escrevi algumas vezes que a cerebral atividade de análise das Relações Internacionais, em algumas ocasiões tem um peso emocional, via a empatia que é inevitável. E ontem realmente foi um dia de imagens doloridas e de perceber uma verdade que fazemos questão de esquecer de tempos em tempo, nosso destino não está sob nosso controle. Mas, o que me faz transcrever esse texto é mostrar que é possível ter empatia quanto a tragédia humana e não analisar com o “fígado”, ou seja, não podemos abandonar a racionalidade, que afinal é nosso ganha pão. “What ties Ukraine, Russia, Israel and Gaza together is that they are all fighting for their lives, or interests that are so fundamentally important to them that they cannot live without them. They are fighting for their nation and for that nation's safety in a world where unspeakable things happen and where the only ones who will

Coisas Internacionais de volta ao ar

Senhorxs  a sensação é de vitória, passamos toda a semana fora do ar. A interrupção se deu por conta de uma série de enganos que ocasionaram a tempestade perfeita. Burocracia e erros meus prolongaram esse problema. No processo de renovação do domínio do site optei pelo boleto bancário.Uso regularmente o caixa eletrônico do Banco do Brasil ou da Caixa pra resolver esses problemas, quando fui efetuar o pagamento era dia de pagamento de benefícios sociais e a Agência da Caixa estava com filas e o Banco do Brasil da minha cidade (sim só há um) funciona precariamente já que foi explodido (quase demolido) numa tentativa de assalto. Assim, procurei um correspondente bancário, mas o pagamento não foi processado. O domínio foi congelado, mas os vários serviços de SAC dizia m que ainda estava no prazo e a situação se prolongou até quarta quando fiz novamente o pagamento e hoje pela manhã o domínio foi descongelado e levou o resto do dia pra ser propagado. Uma semana sem acesso e sem estar

Uma banana pros racistas #somostodosmacacos

Essa semana foi recheada de atos racistas vindos do mundo do esporte, todos a essa altura já viram a inusitada reação do lateral do Barcelona, Daniel Alves, que descascou e comeu a banana atirada por um torcedor da equipe adversária. Atos racistas persistentes já geraram punições a clubes de futebol e campanhas de conscientização da UEFA e da FIFA, mas persistem. As Torcidas Organizadas são fenômeno que acompanham o futebol ao redor do mundo e que podem ser organismos de congregação de torcedores para elaborar mosaicos, cantos e outras formas de demonstração de carinho ao clube, como podem ser usadas como face pública de grupos radicais, criminosos e toda sorte de mistura entre eles, é particularmente conhecida a existência de torcidas ultra-nacionalistas e claramente racistas tão desavergonhadamente racistas que são capazes de fazer a saudação nazista coletivamente e se sentirem muito bem e realizados com isso. (Sobre como esse fenômeno das Torcidas Organizadas, escrevi um texto qu

Uma lembrança da Revolução dos Cravos, por Francisco Seixas da Costa

Em homenagem aos 40 anos da Revolução dos Cravos, segundo alguns primeiro movimento da terceira onda de democratização que varreu o mundo, transcrevo essa história daquele 25 de Abril em terras lusitanas. A história é contada com a reconhecida qualidade literária do embaixador Francisco Seixas da Costa. A cabine Por Francisco Seixas da Costa Estava-se nas primeiras horas do dia 25 de Abril de 1974. Todo o pessoal que dormia no quartel tinha sido acordado e mandado formar no escuro da parada. De megafone na mão, o capitão que liderava a revolta, anunciou que a unidade ia integrar um movimento militar que tinha como finalidade “acabar com a ditadura”, competindo-lhe atacar um determinado objectivo. Os soldados, quase todos ensonados, alguns ainda a despistar a hipótese de se tratar de um mero exercício, ouviram em silêncio as palavras do capitão: quem quisesse alinhar que fosse buscar a sua arma, os restantes podiam voltar para a cama. Mas já ninguém conseguiria dormir. Ouvira

Coisas Internacionais na Escola: Ato I, cena 1

Hoje tive a oportunidade de visitar a Escola Estadual Coronel Ramos, no Bairro Bom Jesus, na cidade de Pirapora, MG e conversar com os alunos sobre a graduação e a profissão em Relações Internacionais, além de discorrer um pouco sobre a temática do comércio internacional. Um dos objetivos do projeto ‘Coisas Internacionais na Escola’ é dar aos alunos a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre Relações Internacionais e sobre como são realmente relacionados os conteúdos que eles aprendem em sala de aula. Essa atividade é complementar, obviamente, a que os alunos normalmente fazem trazendo a oportunidade de sair um pouco da sala de aula e é feita com linguagem informal. A atividade dessa manhã foi muito prazerosa por que os alunos se mantiveram interessados e atentos e claro curiosos como comprovou a sessão de perguntas feitas ao término da atividade. Alguns ajustes serão necessários para o próximo evento, é claro, mas foi um ótimo começo para esse projeto, que pode ser repli

Relações Internacionais e basquetebol e algumas boas histórias

Um amputado sobrevivente do Câncer, adolescentes iraquianas, um vilarejo isolado nos rincões da Ásia e crianças de uma periferia urbana violenta não poderia ser um grupo mais heterogêneo, mas o esporte nos lembra que vencer dificuldades e buscar opções de lazer e companheirismo são qualidades e necessidades humanas e por serem humanas são universais, essa é a lição da série de documentários Rise Above da Jordan. Esporte e relações internacionais com a sensibilidade dos artistas audiovisuais. Como hoje é Sexta-Feira da Paixão dia de enorme significado religioso para os Cristãos de todo mundo e um feriado agradável para os que não são cristãos e vivem em países de cultura cristã, como o Brasil é também o dia que a Seleção de Basquete de Pirapora – MG, que tenho orgulho e espanto de pertencer, estréia na Etapa Micro-Regional Norte dos Jogos de Minas 2014 me pareceu oportuno apresentar essa série de documentários. Não sou um sujeito consumista, meu carro é meu companheiro de longos an

Uma elucubração sobre Rússia, Crimeia, Ucrânia e Internet

A Internet é mais que apenas uma mídia, um meio de comunicação, por sua interatividade instantânea (ou quase me lembrariam os físicos) é um eco-sistema das idéias que aceita todo tipo de pensamento do mais delirante teórico da conspiração ao mais embasado dos textos científicos, está tudo a um clique de distância, com ocasionais ‘pay-walls’ que a própria internet ensina como contornar, se o individuo assim desejar. Os grupos das redes sociais aglutinados por interesses comuns são locais interessantes para descobrir novas visões ou caminhos, para divulgar seus projetos e/ou sanar dúvidas, mas também são locais em que pela natureza livre da rede você encontra todo tipo de raciocínio. Estão particularmente serelepes na rede os saudosistas do poder soviético, não é pra menos, Putin tem falado todas as palavras de ordem que esses grupos gostam e tem feito os gestos de força que eles admiram e muitos desses saudosistas até abandonam agendas de Direitos Humanos que defendem com tanto afi

Abismo entre gerações ou uma historieta sobre um “não evento”, por Francisco Seixas da Costa

Sempre que posso republico textos aqui que têm como intuito contribuir com o debate que pretendo nesse blog, a maior parte deles aborda questões que não domino com fluência. O texto de hoje, contudo, é dessas observações da vida que a falta de maiores talentos literários me impedem de formalizar com elegância e alguma graça como faz Francisco Seixas da Costa. Lido diariamente com crianças e adolescentes em projetos de iniciação esportiva na modalidade basquetebol e ainda estou na casa dos 30 (e alguns) anos então não há grande abismo geracional, porém, já posso vislumbrar o chegar desse abismo, principalmente nas referências de cultura popular que nos ajudam a ilustrar conceitos e tornam nossas intervenções em eventos menos maçantes e nesse sentido posso dizer que entendo o que o embaixador relata, principalmente quando fala de observar o auditório a fim de saber se algum gracejo será bem acolhido, ou pelo menos entendido. O "22 de Paio Pires" Por Francisco Seixas da C

Venezuela e Ucrânia: Sim, há semelhanças ou uma curta provocação

Nós analistas, em vias gerais, temos gasto uma considerável parte de nossas falas e escritos para tentar evitar que se confundam as crises vividas pela Venezuela e pela Ucrânia que certamente possuem diferenças marcantes. Mas, há um elemento de semelhança no gérmen das duas crises, que é a insatisfação com a ingerência externa consentida pelo governo. No caso venezuelano é a interferência cubana, notadamente nos meios militares, nas decisões do governo. E no caso ucraniano foi a submissão do governo as estratégias de segurança russas que não aceitam laços institucionais mais profundos com organismos da Europa Ocidental. Nos dois casos a justificativa pra ingerir nos assuntos e destinos de outra nação soberana é o risco da ingerência por parte de outra potência. A Rússia anexou a Criméia por que acusa o novo regime ucraniano de ser títere de Washington e Bruxelas. E na Venezuela a ingerência cubana é articulada em termos de cooperação e anti-imperialismo. A deputada cassada pelo r

Educação diplomática, por Francisco Seixas da Costa

Todos nós que já estivemos em missões internacionais já passamos por situações como a que descreve o embaixador português Francisco Seixas da Costa. São ‘saias-justas’ que decorrido tempo suficiente se tornam anedotas interessantes e divertidas do dia-a-dia dos que se dedicam as coisas internacionais. Ainda lembro da insistência da Professora Leila Bijos para que tivéssemos SEMPRE a postura que o diplomata relata quando participamos de nossa primeira missão acadêmica ao exterior, mesmo diante de pernas de rã (que por sinal estavam ótimas). Lições úteis até hoje professora. Educação diplomática Por Francisco Seixas da Costa O "jet lag" não ajudava nada. Naquele primeiro dia em Seul, mais do que seguir o calendário de eventos daquele seminário, eu morria de cansaço. Mas o "dever" chamava-me: cabia-me co-presidir a um exercício que pretendia retirar, da experiência da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa, lições para a gestão das tensões na peníns

Pensamentos sobre individualidade e egoísmo, por Rafael Falcão

Compartilho com vocês um interessante ensaio de Rafael Falcão, nosso futuro, correspondente na China, que numa ironia geográfica nos manda de lá uma reflexão sobre individualidade. Pensamentos sobre individualidade e egoísmo Por Rafael Falcão Ouço e leio por aí tanta gente criticando o individualismo, exortando que vivemos numa comunidade, portanto temos de dar muito mais importância ao que chamam de "bem comum" e não pensarmos apenas nos nossos interesses. Então quando peço para definirem o que chamam de individualismo, basicamente é pensar apenas em si mesmo sem avaliar as consequências de nossas ações nas outras pessoas. Realmente se trata de uma das possíveis definições desta palavra. Segundo o dicionário Michaelis Online, individualismo é: 1 Posição de espírito oposta à solidariedade. 2 A capacidade de poder existir separadamente. 3 Existência individual. 4 Teoria que fez prevalecer o direito individual sobre o coletivo. A língua é algo mesmo traiçoeiro, muita

Uma frase e um aviso aos coletivistas

Coletivista é aquele que crê que os interesses das abstrações sociais (classe, raça, gênero, etc.) são mais importantes que o individuo. Em geral, eles tratam o individuo como algo que deve ser enquadrado em padrões de desejos e comportamentos que seriam definidos pela estrutura coletivista que pertenceriam. O coletivista julga está fazendo o melhor para humanidade e geralmente tem um horizonte utópico arrebatador, basta ver as duas maiores expressões do coletivismo no século XX (Socialismo e Fascismo), para identificar as tendências que descrevo. Para os adeptos do coletivismo, que não duvidem é um conceito muito difundido e influente, o pior comportamento humano possível é o individualismo, pois para eles o individuo nada mais é que um ente a serviço da causa. E a causa é sempre nobre, os comunistas tomaram o poder para realizar a justiça social plena e com um horizonte utópico desses o que são alguns milhares de “alienados” mortos ou encarcerados? Quem ousa pensar diferente é u

Crimeia: alguns pensamentos

We get so close, near enough to fight When a Russian gets me in his sights He pulls the trigger, and I feel the blow A burst of rounds take my horse below And as I lay there gazing at the sky My body's numb and my throat is dry And as I lay forgotten and alone Without a tear I draw my parting groan The trooper, Iron Maiden* A Guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, sepultou o sistema do Concerto Europeu de governança que consistia num sistema projetado para manter uma hegemonia coletiva no continente europeu e que se estendia as suas colônias. A confrontação na Crimeia trouxe conseqüências dramáticas em todos os participantes e serviu para exarcerbar os nacionalismos que provocaram uma corrida armamentista e culminaram na Primeira Grande Guerra. Entre outras conseqüências da Guerra da Crimeia está o fim da servidão na Rússia e a percepção de que o exército russo estava desatualizado em táticas e equipamentos, uma constatação aterradora. A Guer

Cuidado com os idos de março

Como hoje é dia 15 de março, os famosos idos de março. E com tantos candidatos a tirano pelo mundo (e alguns bem madurinhos perto de nós) a infâmia da data de hoje, que deriva do assassinato de Julio César, em 44 a.C, serve como lembrete de que a violência que eles instrumentalizam para calar opositores e maximizar poder acaba – na maioria das vezes – sendo a forma como chegam ao fim. Fica o aviso saído da pena do Bardo imortal. Caesar: Who is it in the press that calls on me? I hear a tongue shriller than all the music Cry "Caesar!" Speak, Caesar is turn'd to hear. Soothsayer: Beware the ides of March. Caesar: What man is that? Brutus: A soothsayer bids you beware the ides of March. Julius Caesar Act 1, scene 2, 15–19 _________________ Votem COISAS INTERNACIONAIS na segunda fase do TOPBLOGS 2013/2014

A crise ucraniana: alguns elementos para a reflexão

Nas ultimas semana, foram produzidos milhares de Terabytes de informação sobre a Ucrânia, Rússia, Otan, EUA e China. Essa enxurrada de informações enriquece as análises, mas também cria um desafio tremendo que, aliás, é o desafio dos dias atuais, filtrar informação para que essa enxurrada absurda possa fazer algum sentido. Nesse blog tenho transcrito análises e opiniões de diversas fontes num exercício aberto de reflexão tentando chegar a algumas conclusões. Hoje o Stratfor num esforço de promoção de seus serviços, nesse caso do seu serviço de análise do “Efeito Borboleta” da crise, isto é, como as ondas de choque das mudanças provocadas pela crise afetam países e indústrias que ao primeiro olhar estão imunes. Nesse sentido eles propõem quatro perguntas, que acho pertinentes para ter em mente quando formos refletir sobre a crise ucraniana. How the political crisis in this erstwhile Western ally could impact business investments in natural gas lines or ownership of mining comp

Stratfor: Ukraine and the 'Little Cold War' por George Friedman

" Ukraine and the 'Little Cold War' is republished with permission of Stratfor." Editor's Note: In place of George Friedman's regular Geopolitical Weekly, this column is derived from two chapters of Friedman's 2009 book, The Next 100 Years . We are running this abstract of the chapters that focused on Eastern Europe and Russia because the forecast -- written in 2008 -- is prescient in its anticipation of events unfolding today in Russia, Ukraine and Crimea. We must consider the future of Eurasia after the fall of the Soviet Union. Since 1991, the region has fragmented and decayed. The successor state to the Soviet Union, Russia, is emerging from this period with renewed self-confidence. Yet Russia is also in an untenable geopolitical position . Unless Russia exerts itself to create a sphere of influence, the Russian Federation could itself fragment. For most of the second half of the 20th century, the Soviet Union controlled Eurasia -- from cent