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Mostrando postagens com o rótulo Religião

Why so much anarchy por Robert D. Kaplan

Robert Kaplan nos apresenta uma análise sucinta e um tanto sombria das principais ameaças a paz global do momento. Sombria por que apresenta de maneira eloqüente o momento de ameaças difusas que vivemos. E o quanto os Estados Falidos nos ameaçam. É impossível ler esse texto sem pensar na situação da Síria e como o conflito ameaça o Líbano, embora, reste a esperança que a identidade libanesa forjada na fogueira da guerra possa servir como barreira ao crescente sectarismo. Kaplan, também, pincela na questão do Islã e reforça o que outros autores pensam sobre o atual momento de disputa interna entre as várias correntes de interpretação do Islã, todas em busca de ser o mainstream dessa religião global, disputa que talvez até mesmo devotos muçulmanos não possam ver com tanta clareza, por uma questão de distância analítica, nem sempre se vê a floresta quando cercado de árvores. É uma leitura provocadora e com a capacidade de inspirar análises mesmo que dispares da do autor e por isso

Uma breve nota sobre a Noruega

As horríveis imagens e relatos dos ataques na Noruega ontem continuam chegando, hoje já temos mais informações sobre os autores dessa tragédia que seria um extremista de direita e nacionalista. Ontem a versão que mais força ganhava é que seria um ato de terrorismo islâmico, mas foi um ato de terrorismo que chamam de interno. Contudo, isso não muda nada no horror e na covardia de um ataque terrorista contra civis, muitos deles jovens que participavam de um retiro político na ilha de Utoya. No texto de ontem não aventei a possibilidade de terrorismo doméstico, mas adverti meu leitor que o “calor” dos acontecimentos não é o momento ideal para tecer uma análise. Ao que tudo indica o terrorista (para não usar uma expressão como verme covarde) era um fundamentalista cristão e isso aumenta ainda mais a raiva que sinto por seu ataque, afinal de contas um sujeito covarde como esse justificar seus atos de ódio numa fé que me é tão importante é no mínimo aviltante. O extremismo é algo que de

O Beato João Paulo II. Ou ‘quantas divisões tem o Papa?’

Em uma cerimônia pública realizada hoje na Cidade do Vaticano (capital da Santa Sé) foi beatificado o Papa João Paulo II. Ele foi o 256º Sumo Pontífice da Igreja Católica Apostólica Romana e sem sombra de dúvidas o mais popular e midiático líder que essa Igreja teve nos últimos séculos. E foi um importante ator no jogo diplomático internacional, notadamente em sua luta anticomunista. Antes de continuarmos é preciso a título de full disclaimer preciso dizer que sou católico e por isso mesmo não me cabe contestar o Magistério da Igreja e a Sã Doutrina, ou seja, em termos de fé sigo a linha do Roma locuta, causa finita . Mas, não pretendo escrever um texto religioso. Não me considero apto para tentar converter ninguém e não tenho conhecimentos teológicos suficientes para escrever um texto apologético útil. Pretendo apenas comentar a beatificação e o papel da Igreja nas relações internacionais, embora não seja possível no espaço de um texto para blog esgotar o tema. É até lugar comum

França e Paquistão unidos por leis controversas

A França e o Paquistão estão separados por mais de 5.900 km e pelas barreiras imateriais entre leste e oeste. Contudo, estão unidos nos últimos dias por questões controvérsias que dizem respeito aos Direitos Humanos e a liberdade de culto. É claro que falo da polêmica lei francesa que proíbe o uso de vestimentas que cubram toda a face, que foi feita tendo em vista as burcas e os niqabs utilizados pelas mulheres mulçumanas, em sua maioria imigrantes recém-chegadas ou membros de comunidades que encontram dificuldades de se assimilar a sociedade francesa. E falo também da restritiva Lei de Blasfêmia paquistanesa, que pretende impor observância e respeito religioso a força usando o peso secular do estado para isso. Antes de qualquer coisa vou trazer aqui um trecho da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mais precisamente seu artigo 18, onde se lê: “ Todo o homem tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião ; este direito inclui a liberdade de mudar de religião

Um ‘conto’ sobre a tolice exagerada: O Pastor, o Alcorão, o Brasileiro e o Egito

Algumas questões são maiores que as análises sobre política externa, política internacional ou mesmo as questões sobre as teorias das relações internacionais. Algumas questões são discussões profundas sobre valores, cultura, ética e moralidade. Um exemplo é claro o já infame caso do Pastor Terry Jones e seu “ International Burn a Koran Day ”. E o caso que teve menos repercussão do brasileiro expulso do Egito por proselitismo religioso. Por serem discussões profundas são convidativas a todos os que têm predileção por temas intelectuais, cada um dos que tomam voz nesse debate público partem de pressupostos distintos, constroem teses e hipóteses e as tornam públicas. Partindo muitas vezes de pontos distintos o que junto a assimetria de informação entre os debatedores causa ruídos que por vezes podem encobrir a conversa. Todos nós já vimos discussões assim, principalmente em fóruns públicos como na internet, onde todos se sentem motivados a opinar e por muitas vezes o fazem sem nenhum ref

Jogado a seus pés eu sou mesmo exagerado. Ou Acordo Brasil – Santa Sé

Ao abrir a página principal do portal UOL me deparei com uma notícia que dizia: “Senado aprova acordo com Vaticano que consolida o ensino religioso no Brasil” . Imediatamente cliquei a matéria de mesmo título é do portal Ultima Instância, que faz cobertura, como o próprio nome evidencia de legislações e atos jurídicos. Ao ler a chamada da matéria já imaginei as calorosas discussões com as tradicionais acusações a Igreja Católica, pensei comigo, serão dias quentes. Nessa hora lembrei que já havia lido esse acordo na época de sua assinatura e não havia nele esse elemento consolidador do ensino religioso nas escolas públicas brasileiras. Cheguei a pensar será um novo acordo? Um memorando de entendimento? A própria matéria, curiosamente, deixa claro que o acordo não institui obrigação nenhuma nesse sentido, a redação é bastante vaga, como é comum em acordos internacionais como bem sabe que acompanha as calorosas argumentações nos painéis abertos na OMC. Não é questão d’eu ser católic

Considerações acerca da Santíssima Trindade

1. Breve Introdução Esse artigo aborda considerações gerais sobre o dogma da Santíssima Trindade, não pretendente, no entanto, ser exaustivo ou um tratado definitivo sobre o assunto a metodologia aqui empregada se vale do levantamento da Bibliografia e da pesquisa junto a fontes da Igreja. Vale salientar que este artigo não tem caráter cientifica ou teológica sendo apenas uma exploração de um tema fascinante que é ponto fulcral da fé católica. Para apresentar esse tema de complexidade elevada o presente trabalho se divide de forma a demonstrar os termos necessários para a compreensão do assunto aqui abordado, a visão que a Igreja pré-Nicéia tinha sobre o assunto, e traçar um breve histórico sobre as disputas doutrinárias que caracterizaram os primeiros Concílios ecumênicos. Para os cristãos católicos a Santíssima Trindade é um Dogma, ou seja, uma Verdade de Fé, que por definição não pode e nem deve ser contestada. A aceitação tácita das verdades da fé, não obsta, entretanto, a busca do