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Mostrando postagens com o rótulo Rússia

Reunião de Minsk: O latido de um sabujo

Hoje, em Minsk, os mandatários de Rússia, Ucrânia, Alemanha e França se reuniram para tratar do conflito na Ucrânia. O tema é complexo e o cenário não é fácil de desenhar, mas essa breve nota em nada tem a ver com análises dos cálculos políticos dos líderes e sim como o conflito se enraizou entre os cidadãos e membros da imprensa, chegando ao ponto de um jornalista russo, entusiasta de seu governo (será um efeito de alguma regulação da mídia?!) decidiu latir, isso mesmo, latir na face de jornalistas ucranianos. Veja o vídeo: Se o código não funcionar tente esse link . Meu amigo e diplomata e autor de grande produção intelectual, Paulo Roberto de Almeida costuma chamar os áulicos, àqueles que se submetem a servidão (intelectual, inclusive) voluntária de sabujos, nunca esteve tão certo quanto no caso desse jornalista Alexander Yunashev que trabalha para a LifeNews, imagino que deve ser bem imparcial em sua cobertura, não? PS: Minha tentativa de incorporar o víde

Uma análise crítica sobre a prisão dos ativistas do Greenpeace e o Direito dos mares, por Guilherme Carvalho

Abrindo espaço novamente para Guilherme Carvalho, que aborda a questão das correntes de opinião transnacionais e seu natural confronto com as soberanias estabelecidas, que em conjunto criam os diplomas legais, além de deterem o monopólio do uso da força, embora o noticiário nos mostre que grupos transnacionais podem desafiar Estados mais débeis na questão militar. O artigo aborda a prisão de ativistas do Greenpeace, na Rússia, a luz da legislação internacional. Assunto de grande interesse econômico para o Brasil cada vez mais investindo em peso em prospecção de petróleo no mar territorial ou na Zona Econômica Exclusiva. Uma análise crítica so bre a prisão dos ativistas do Greenpeace e o Direito dos mares Por Guilherme Carvalho* Ao iniciar essa análise, é importante salientar que a questão da soberania é um senso comum dentro do estudo das Relações Internacionais, além, claro um outro pilar da mesma, é a razão de Estado que para alguns dos analistas mais realistas, são os grand

O que fazer com os ingênuos e inocentes? Ou seriam apenas toscos e ignorantes? Por Paulo Roberto de Almeida

Qualquer um que escreva na Internet está sujeito ao contraditório, aliás, é essa a graça da coisa. O debate livre das amarras dos títulos e do Bullshit do ‘academiquês’ e sua falsa polidez, mas há quem abuse da informalidade e proximidade do debate. No texto a seguir meu amigo Paulo Roberto de Almeida dá uma resposta com um quê de bom-humor a um desses furiosos sabem-tudo. O orginal aqui . A pergunta que dá título a postagem é excelente e a resposta deve ser um conjugação de todas as características listadas, são toscos, ingênuos, inocentes e ignorantes (pleonasmo necessário). Queria ter escrito respostas assim várias vezes, ainda chego lá. O que fazer com os ingênuos e inocentes? Ou seriam apenas toscos e ignorantes? Por Paulo Roberto de Almeida Recebo, a propósito de uma postagem já antiga (de Fevereiro de 2-14), sobre a Ucrânia e as atitudes respectivas dos países ocidentais (de condenação do antigo governo ucraniano e dos russos) e dos Brics (um dos quais, a Rússia, inte

Acordo Sino-Russo: uma lição de J.D. Rockefeller

“The way to make money is to buy when blood is running in the streets” John D. Rockefeller A visita de Putin a China se seguiu a controversa anexação da Criméia e teve um significado claro, um recado para o ocidente, a Rússia é grande demais pra ser contida. Ou, pelo menos, esse é o spin positivo que a diplomacia russa vai propagar. O grande resultado dessa visita foi a assinatura do contrato de fornecimento de gás entre a russa Gazprom e CNPC chinesa, os número e condições do acordo ainda não foram feitos públicos , mas a história dos acordos de petróleo e gás da China nos sugere que os termos foram favoráveis ao dragão. Muito se escreve sobre a dependência européia do gás russo, mas é preciso lembrar o óbvio, se a Rússia é o principal fornecedor europeu, a Europa é o principal cliente russo e paga preços elevados por esse gás. Ao final do século XIX, o executivo Thomas Alexander Scott era o presidente da maior empresa do mundo, uma ferrovia, que sentia os efeitos da cri

Gdansk por Francisco Seixas da Costa

Um interessante relato de impressões pessoais e fatos históricos e sobre como fatos históricos são vistos externa e internamente, com o habitual talento literário e concisão do experimentado embaixador português Francisco Seixas da Costa. Gdansk Por Francisco Seixas da Costa Olhando para a coleção de selos que, durante anos, me ajudou a desenhar a geografia política do mundo em que ia viver, o meu pai falava-me de Dantzig, a cidade mártir, do seu "corredor", cuja ocupação pelos alemães lançou a 2ª Guerra mundial. Dantzig tinha selos próprios, como "cidade livre" que chegou a ser. Ainda possuo alguns. Decorreram uns anos. Dantzig já era designada pelo nome polaco de Gdansk. Vivia eu na Noruega e, em 1980, a cidade passou a ser o lugar onde nasceu o Solidarnosć, onde surgiu Lech Walesa à frente de uma revolta que iria abalar, ainda mais, os alicerces do muro que estava prestes a cair em Berlim. Quase duas décadas depois, acompanhei Jorge Sampaio numa viagem

Uma elucubração sobre Rússia, Crimeia, Ucrânia e Internet

A Internet é mais que apenas uma mídia, um meio de comunicação, por sua interatividade instantânea (ou quase me lembrariam os físicos) é um eco-sistema das idéias que aceita todo tipo de pensamento do mais delirante teórico da conspiração ao mais embasado dos textos científicos, está tudo a um clique de distância, com ocasionais ‘pay-walls’ que a própria internet ensina como contornar, se o individuo assim desejar. Os grupos das redes sociais aglutinados por interesses comuns são locais interessantes para descobrir novas visões ou caminhos, para divulgar seus projetos e/ou sanar dúvidas, mas também são locais em que pela natureza livre da rede você encontra todo tipo de raciocínio. Estão particularmente serelepes na rede os saudosistas do poder soviético, não é pra menos, Putin tem falado todas as palavras de ordem que esses grupos gostam e tem feito os gestos de força que eles admiram e muitos desses saudosistas até abandonam agendas de Direitos Humanos que defendem com tanto afi

Venezuela e Ucrânia: Sim, há semelhanças ou uma curta provocação

Nós analistas, em vias gerais, temos gasto uma considerável parte de nossas falas e escritos para tentar evitar que se confundam as crises vividas pela Venezuela e pela Ucrânia que certamente possuem diferenças marcantes. Mas, há um elemento de semelhança no gérmen das duas crises, que é a insatisfação com a ingerência externa consentida pelo governo. No caso venezuelano é a interferência cubana, notadamente nos meios militares, nas decisões do governo. E no caso ucraniano foi a submissão do governo as estratégias de segurança russas que não aceitam laços institucionais mais profundos com organismos da Europa Ocidental. Nos dois casos a justificativa pra ingerir nos assuntos e destinos de outra nação soberana é o risco da ingerência por parte de outra potência. A Rússia anexou a Criméia por que acusa o novo regime ucraniano de ser títere de Washington e Bruxelas. E na Venezuela a ingerência cubana é articulada em termos de cooperação e anti-imperialismo. A deputada cassada pelo r

Diários de Política: Diplomacia Errática

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** A nova estratégia de Obama na guerra de nervos contra a Putin foi no sentido de atingir financeiramente Moscou com congelamento de ativos financeiros e estabelecimento de sanções. O Presidente americano acredita que, em sua concepção, como funcionou com os iranianos e isto os trouxe de volta para negociação, o mesmo pode acontecer com os russos. Tudo isso chega a soar ingênuo, primeiro porque há sérias dúvidas se a estratégia realmente funcionou com o Irã. Diversos especialistas em política externa divergem de Obama e dizem que na verdade seu governo deu mais fôlego ao regime dos aiatolás. Mas ele acredita piamente que entrou pelo caminho certo e abriu canais de negociações importantes que podem evitar que os iranianos cheguem ao enriquecimento de material nuclear para a construção de uma bomba. Além disso, é bom lembrar que a Rússia não é o Irã e mesmo que o Presidente estivesse tomando o caminho correto com os aiatolás, nada

Rússia, Ucrânia, UE e EUA: Uma questão de profundidade, near abroad e algumas lições históricas

Putin não é um homem simpático aos olhos do ocidente, suas manobras para se manter no poder indeterminadamente frustraram a esperança global de ver o ‘fim da história’, ou posto de outra maneira frustraram as esperanças de um aprofundamento da Terceira Onda de Democratização propagada pela ruína do império soviético. A Rússia não é exatamente uma ditadura escancarada como a China, nem é uma democracia em pleno funcionamento, como o poder da presidência de nomear governadores nos mostra. Mas, simpático ou não Putin é um político habilidoso e um líder capaz de galvanizar apoio em seu país. Como político habilidoso que é o ex-oficial da KGB e FSB sempre soube cuidar da sua imagem e seu branding é o do homem forte, sério e capaz de manter a ordem, a lei e de restaurar a dignidade e grandeza russa. Em 1999, quando substitui um enfraquecido Boris Ieltsin sua relativa juventude (possuía apenas 47 anos) e seu vigor físico chamavam a atenção do povo russo habituado com líderes soviéticos ido

Crimeia: alguns pensamentos

We get so close, near enough to fight When a Russian gets me in his sights He pulls the trigger, and I feel the blow A burst of rounds take my horse below And as I lay there gazing at the sky My body's numb and my throat is dry And as I lay forgotten and alone Without a tear I draw my parting groan The trooper, Iron Maiden* A Guerra da Crimeia, entre 1853 e 1856, sepultou o sistema do Concerto Europeu de governança que consistia num sistema projetado para manter uma hegemonia coletiva no continente europeu e que se estendia as suas colônias. A confrontação na Crimeia trouxe conseqüências dramáticas em todos os participantes e serviu para exarcerbar os nacionalismos que provocaram uma corrida armamentista e culminaram na Primeira Grande Guerra. Entre outras conseqüências da Guerra da Crimeia está o fim da servidão na Rússia e a percepção de que o exército russo estava desatualizado em táticas e equipamentos, uma constatação aterradora. A Guer

Duas notas sobre Crimeia, dois embaixadores separados pelo Atlântico

Tenho conduzido uma reflexão pública nas páginas desse blog acerca da crise ucraniana e a provável incorporação da Crimeia a Mãe Rússia, ainda estou elucubrando minha visão sobre o tema e como a boa metodologia sugere tenho buscado saber o que pensam outros colegas de profissão sobre o assunto, não para aderir a alguma visão, mas na busca de elementos para a construção da minha visão sobre o tema. Nutro a esperança que você distinto leitor venha até esse Coisas Internacionais no mesmo intuito. Nesse sentido transcrevo dois textos de dois embaixadores, o primeiro é uma curta nota de Renato Marques, ex-embaixador brasileiro na Ucrânia, o segundo texto é de Francisco Seixas da Costa, ex-embaixador de Portugal no Brasil, França e alhures que ao longo de sua carreira trabalhou na construção da Europa unificada que vemos hoje. A primeira nota não se pretende analítica, mas projeta cenários, o que é um passatempo muito apreciado por esses seres de diversões excêntricas que somos nós intern

As novas fronteiras da Rússia, por Francisco Seixas da Costa

O grande tema do momento é a crise ucraniana e o novo fôlego que o velho urso russo parece demonstrar, é claro, que esse renascer russo já vinha sendo ensaiado há um bom tempo, mas agora é uma realidade que precisa ser compreendida e levada em conta por qualquer analista de Relações Internacionais. Hoje, trago mais um elemento de reflexão acerca da ação russa é um texto que tem uma década de idade , mas que é não só atual, como traça cenários de maneira serena, o que é muito bem vindo nesse momento em que verdadeiros delírios conspiratórios são aceitos como análises sérias. O autor é o diplomata português e habitué desse blog, Francisco Seixas da Costa, transcrevo no português lusitano tal qual o original que se pode ler aqui . As novas fronteiras da Rússia por Francisco Seixas da Costa As mudanças políticas que ocorreram na Geórgia no final de 2003 vieram chamar, uma vez mais, a atenção para um mundo muito vasto, constituído pelos Estados que resultaram do desmantelamento da