Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Comércio Exterior

Brasil e Argentina: Uma entrevista minha sobre carne de porco e disputas comerciais

Retorno a atividade publicando uma entrevista concedida a repórter Sara Sacchi e Souza. (Perguntas em negrito e itálico.) Entrevista via e-mail para a RádioWeb UNESP O senhor acredita que essa nova discussão será mais um obstáculo à já complicada consolidação do Mercosul? Essa disputa é o mais novo capitulo numa difícil história de liberalização comercial do MERCOSUL. Dessa maneira é mais um sintoma do que uma doença, isto é, a medida demandada é um exemplo público das forças responsáveis pelas dificuldades de avanço do bloco e demonstram bem quão organizados são os grupos de pressão que demandam por medidas mais protecionistas e de reserva de mercado. Esses grupos têm sido muito eficientes no cumprimento dessa agenda. Em março desse ano a Argentina aumentou o número de produtos que exige licenciamento prévio e não-automático para importações o que encarece o processo e o torna pendente de aprovação discricionária de burocratas. Caso a cota realmente seja criada, como o senhor

Na contramão da euforia

Não objetivo aqui a escrever um texto contra o governo ou ser um “contrarianista” (como se auto-intitula o Diplomata, pesquisador e profícuo escritor Paulo Roberto de Almeida) só pelo bel prazer de contrariar. As críticas e pontos de vista são como sempre nesse blog fruto do meu juízo e compromisso com minha honestidade intelectual. O governo federal (a menos no nível do discurso e das entrevistas), a imprensa brasileira, a despeito do que digam altas autoridades da república, e muitos analistas estão em uma fase de ufanismo que tem consistentemente superdimensionado o poder relativo do Brasil, nos fóruns de decisão mundial. E mais o país está a desperdiçar uma boa oportunidade de diminuir os efeitos do nocivo custo Brasil. Ao superdimensionar a capacidade brasileira de ação o Itamaraty é forçado com recursos pecuniários e de pessoal limitados a lidar com múltiplas crises que desgastam a imagem e a capacidade do país. E claro retirando os recursos citados de objetivos e agendas mai

MERCOSUL, Venezuela e o Senado Federal

O tema MERCOSUL bastante presente na agenda de debates e pesquisa de especialistas e estudantes em relações internacionais nem sempre tem a mesma atenção na imprensa brasileira ou por parte dos políticos. Claro essa condição se interrompe sempre que há alguma escaramuça comercial ou alguma polêmica. Por parte da impressa creio ser natural, já por parte dos políticos creio ser um sintoma de uma doença que a política brasileira sofre que a doença do esplendido isolamento, mas isso é tema para outra análise. Afastando-nos da digressão voltemos ao tema em análise. Muito se diz sobre o papel que o MERCOSUL desempenha na política externa brasileira, uma corrente defende que a integração aprofundada com os vizinhos cria estabilidade e reforça a liderança regional brasileira, além de criar cadeias produtivas integradas, diminuindo a dependência de mercados mais desenvolvidos. Outra linha defende que atrelar a PEB aos parceiros diminuiu nossa capacidade de acordos bi-laterais que poderiam ser

Métodos de Negociação – Técnica Batna

[Texto originalmente escrito para minha coluna no portal Mondo Post] Tenho escrito nesse portal uma série de artigos sobre a atividade negociadora, a principio tenho abordado a questão conceitual, as habilidades individuais necessárias e como concatenar as matérias da graduação em relações internacionais, com essa atividade, assim venho enfatizando a importância da preparação, da capacidade de análise, da capacidade de controlar e usar as emoções e reiteradamente lembro o valor da preparação e do trato objetivo das questões, quando numa mesa de negociação. Nesse texto, introduzo uma ferramenta prática, muito usada na preparação de uma negociação internacional, que é construída sobre os trabalhos de (FISHER; URY. 1994), que é o sistema Batna (Best alternative to a negotiated agreement) que pode ser encontrado na literatura como Maana (Melhor alternativa à negociação de um Acordo). Esse método é apresentado não só na obra “Como chegar ao sim” dos autores já citados, editado pela Im

Crise de Crédito Internacional, deja vu?

[Esse texto é um releitura de outro texto meu aqui publicado, então sua percepção de deja vu pode ser dupla, a que pretendo e a provocada pela releitura, mesmo assim a maior parte é uma nova abordagem e mesmo se não fosse não existe auto-plágio :) ] O aumento dos juros internacionais na década de 1980 limitou o acesso dos países, então conhecidos como de terceiro mundo ao crédito, o que teve como conseqüências seguidas moratórias, que por sua vez dificultavam ainda mais a obtenção de recursos, essas crises da “década perdida”, sepultaram o modelo cepalino de substituição de importações, que vigorava no Brasil e era o sustentáculo das políticas de reserva de mercado, que mantiveram a nossa indústria ineficiente e tecnologicamente deteriorada, e é bom que nos lembremos disso nesses tempos de crise global, para afastar o fantasma da construção de mecanismo de fechamento da economia. Uma vez que esse modelo fechado, embora tenha sido o modelo que propiciou a industrialização do Brasil, s

Reflexão sobre comercio exterior brasileiro e políticas econômicas.

A sociedade brasileira encontra-se em um momento crítico para moldar o futuro da inserção nacional no mundo globalizado. Crítico, pois é chegada mais uma vez à hora de fazer uma opção para o futuro temos em aberto duas grandes passagens à perpetuação do perfil de inserção financeira e o perfil de inserção comercial exportadora. Alias momento que ganha contornos dramáticos frente à crise econômica e financeira e a perspectiva de uma recessão global. Ambos os perfis partem da percepção de que o grande gargalo para o desenvolvimento brasileiro é ausência de investimentos. Como a identidade poupança igual a investimento é premissa básica da teoria econômica fica claro que a solução para isso é um aumento de poupança, entretanto um aumento de poupança para ser efetivo implica alterações profundas no modo de vida de um país tão profundas que são impossíveis no espaço de uma geração, a saída então é buscar poupança externa pra financiar os investimentos, tão necessários para o desenvolvimento