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Mostrando postagens de setembro, 2013

“Estilo Dilma” apareceu na 68ª Assembléia Geral das Nações Unidas

Os idealizadores da imagem da então candidata Dilma se esforçaram por meses para suavizar a imagem de inflexível e grosseira que havia se formado na Esplanada a partir de relatos (comprovados ou não) de colaboradores próximas da então chefa da Casa Civil. Perdurou, é claro, a imagem de exigente de Dilma, embora numa roupagem menos irascível. E essa imagem encontrou eco no eleitorado brasileiro em desesperada busca por seriedade em seus líderes eleitos. E, hoje, esse lado da presidente Dilma fez sua estréia no cenário internacional. Dilma falou grosso na ONU. Havia grande interesse da imprensa, tanto a nacional quanto a internacional, sobre as palavras de Dilma acerca das denuncias de espionagem feitas por Edward Snowden. Abaixo transcrevo as palavras da presidente sobre o assunto. “Quero trazer à consideração das delegações uma questão à qual atribuo a maior relevância e gravidade. Recentes revelações sobre as atividades de uma rede global de espionagem eletrônica provocaram indi

Diários de Política: A vitória (incompleta?) de Merkel

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Foi uma vitória maiúscula para Merkel. A CDU/CSU avançou e massacrou o SPD. O democratas-critãos beiraram os 42%. Os social-democratas chegaram em 25%. A diferença foi grande. Chegou a ser cogitada uma histórica maioria absoluta (mais de 50% do Parlamento), o que seria até possível dentro do intricado sistema político alemão. A CDU/CSU poderia chegar quase lá, com cerca de 301 dos 606 parlamentares do Budestag. Se não for este número, será perto. Mas é uma vitória amarga para a Mutti. Ela perde o controle do Bundestag. Nas últimas eleições ela angariou 33,8% e os parceiros liberais do FDP 14,6%. Foi um número suficiente para que Merkel governasse em coalizão com seus parceiros preferidos, de ideologia política similar. O problema desta vez foi a falta de votos para o FDP que chegou apenas a 4,8% e sequer fará parte do Bundestag. A perda de força dos liberais nas urnas já era esperada, mas apesar de a CDU ter fortalecido sua musculat

Chat com o Embaixador do Reino Unido: “soft power, cultura e estudo no Reino Unido” #AskAlex

O Foreign Office, o ministério das relações exteriores do Reino Unido, tem se mostrado a frente de muitas das outras chancelarias do mundo, no que tange a engajamento no mundo virtual. Esse engajamento fica claro na existência de blogs de embaixadores e funcionários da chancelaria de Sua Majestade. É claro, que blogs oficiais devem ser lidos com o devido filtro de “diplomatiquês”, o que meu amigo e diplomata Paulo Roberto de Almeida chama de “Bullshit diplomático”. De todo modo, o simples fato de incentivar o diálogo “ direto e informal ” é um avanço que poderia ser copiado por outras casas que se dizem abertas, mas na prática são herméticas. Nesse sentido o Embaixador do Reino Unido, no Brasil, Alex Ellis, fará um chat com usuários do Facebook, sobre o soft power, cultura e estudo no Reino Unido. Abaixo o convite do evento: “Sabe aquela pergunta sobre o Reino Unido que você sempre quis fazer mas tinha medo de perguntar? Agora é sua chance! O Embaixador do Reino no Brasil, Alex E

Diários de Política: Ficou feio pra Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Ficou feio para Obama. Depois de Putin ser responsável por uma virada política espetacular no caso sírio, o russo apareceu no New York Times com um artigo contundente ensinando os americanos a fazer política externa. A reação aqui em Washington foi de todos os setores políticos, afinal não é todo dia que um dirigente russo empareda o Presidente norte-americano desta forma. Os setores mais moderados taxaram a situação de humilhante. Os conservadores acusam Obama, depois de perder o controle político interno, agora ser incapaz de ditar a política externa. O timing da aparição do artigo no New York Times foi perfeito para Moscou, afinal, na noite anterior Obama tinha vindo a público explicar o caso sírio para os americanos e apresentar as razões de uma possível retaliação a Damasco. O artigo de Putin, na manhã seguinte, fez todos esquecerem que Obama sequer havia estado na televisão. Putin, em seu artigo, fala da Guerra Fria, da imp

Um inquietante relato do 11 de setembro de 1973

Com defeitos e imperfeições a democracia – chamada de liberal, por alguns “revolucionários” – nos salva de ‘Pinochets’ e ‘Castros’. Abaixo um relato dos terríveis acontecimentos daquele 11 de setembro de 1973, que conduziram o Chile a um brutal regime que afogou a liberdade individual e cerceou direitos mais básicos do povo chileno por décadas. Abaixo um interessante relato, que retiro do blog do meu amigo Paulo Roberto de Almeida, não só dos movimentos de tropa e dos ânimos nas primeiras horas golpe, mas do processo de desestabilização do governo Allende, conduzido pelo próprio governo. PS: Era pra ter feito um texto ontem, no aniversário de 40 anos do infame golpe, mas a internet intermitente não permitiu. Chile: 11 de setembro de 1973, o golpe mais sangrento da AL: depoimento de Mauricio David Recebo, de meu amigo Maurício David, este depoimento histórico sobre os acontecimentos trágicos desse dia em que o Chile também entrou em ditadura, uma das mais violentas da América Lati

Diário de Política: O Jeitinho americano de Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Como a situação de Obama anda cada vez pior no Congresso, já se fala aqui em Washington de alternativas para o ataque caso fique claro que haverá veto quanto a decisão de intervir na Síria. A estratégia mais clara no momento está em aproveitar o relativo bom momento que a proposição encontra no Senado. Por lá, tudo indica que Obama pode conseguir passar sua iniciativa. Ali existe uma maioria democrata que pode ser pressionada a apoiar o Presidente. Na mesma Casa também existem falcões do partido republicano que estão lado da Casa Branca nesta questão, como o senador John McCain. O problema de Obama está na Câmara onde a possibilidade de derrota não é só real, mas se ocorresse seria um vexame. A oposição por lá é enorme, tanto entre democratas, quanto republicanos. O Presidente, John Boehner, apóia a intervenção, mas não se moverá para articular votos para aprová-la. A tendência hoje é de uma derrota humilhante. A conta é de 115 a 1

Diários de Política: Vox Populi, população americana não quer a guerra

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Obama partiu para Suécia, onde está agora, e depois para Rússia, onde haverá uma reunião do G20. Em Washington ficaram os assessores e líderes do seu partido envolvidos nas conversas que visam aprovar a intervenção na Síria. O timing da viagem foi péssimo para o Presidente, que precisaria estar por aqui para conduzir as negociações. Mas como escrevi ontem, o segredo do jogo está nos deputados que flertam com a reeleição no próximo ano e para isso, a tendência da opinião pública pode balizar mais seu voto do que a lealdade ao Presidente. Fazendo um paralelo, a derrota de Cameron na Câmara dos Comuns na última semana teve muito mais conexão com a tendência do eleitor britânico do que com as verdadeiras convicções dos conservadores que traíram o gabinete. E nos Estados Unidos as notícias não são boas para Obama. Pouco a pouco as pesquisas mostram uma clara inclinação contrária ao pedido de intervenção. A NBC trouxe números que mostrav

Ex-Ministro Patriota visto por Francisco Seixas da Costa

O diplomata português Francisco Seixas da Costa que foi Chefe de Missão da embaixada portuguesa, em Brasília e em Paris possui uma escrita agradável e que demonstra, sem afetações, a elevada erudição do autor. No texto que transcrevo abaixo (com autorização do autor, é bom salientar) o embaixador mais uma vez nos permite um olhar no viver diplomático e dá conta de suas impressões a cerca de Antônio Patriota. É sempre enriquecedor ler o diplomata português, o texto segue em sua originalidade, incluindo a grafia lusitana do nome do ex-chanceler. Aqui link para o original, no excelente blog Duas ou três coisas . António Patriota Por Francisco Seixas da Costa   António Patriota deixa o cargo de ministro das Relações Exteriores do Brasil para ir chefiar a missão brasileira junto das Nações Unidas. Patriota é um excelente profissional, com uma imensa experiência e, devo dizer, sinto pena ao vê-lo deixar a chefia do Itamaraty. Ainda há pouco tempo tive o gosto de conversar com ele em Lisb

Espionagem internacional

“É isso aí, Dilma: num dia você é Palocci, no outro Francenildo.” Flávio Morgenstern Em novos desdobramentos do escândalo de vigilância massiva por parte da National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, do EUA) – NSA foi revelado que os presidentes de Brasil e México e suas equipes de governo foram alvos de espionagem e que os agentes de inteligência estrangeiros tiveram acesso aos meios eletrônicos de comunicação dos dois governos. A espionagem é parte integrante da vida das nações, desde muito antes do advento do Estado-Nação nos moldes Vestfalianos que hoje conhecemos, de fato o grande estrategista chinês Sun Tzu em sua celebrada obra a “A arte da guerra” dedica um capitulo inteiro sobre o uso desse recurso que ele classifica como “um dos tesouros do soberano” e vai além em seu elogio a prática da espionagem: “É engenhoso! Verdadeiramente engenhoso! Não há lugar que a espionagem não tenha sido aplicada”. Muito embora, a prática da espionagem seja realidade do sistema

Maristela Basso e Bolívia

A participação da professora de Direito Internacional da USP, Maristela Basso, no (obscuro, sejamos honestos) Jornal da Cultura do dia 29 de agosto de 2013, tem sido objeto de extenso debate nas redes sociais, bem nos recantos dessas redes que concentram estudantes e interessados em Relações Internacionais, a polêmica se deve a contundência da análise da professora sobre o local ocupado pela Bolívia no esquema estratégico do Brasil. Vejam o vídeo volto logo depois.   A fala da professora motivou uma grandiloquente nota de repúdio do Centro Acadêmico Guimarães Rosa, que está disponível aqui . E, também, uma reportagem em que líderes da comunidade boliviana no Brasil pedem retratação e direito de resposta. Vou dividir a fala em duas partes para fins de análise. A primeira parte que é a que toca na dimensão estratégica da Bolívia para o Brasil. Nesse caso a Bolívia não é um parceiro de peso, é certo que as compras de gás boliviano são importantes para setores da indústria brasileira,

Diários de Política: As opções de Barack

Seguindo a tradição dos grandes jornais que oferecem aos domingos seus comentaristas e matérias ‘Premium’ hoje estreamos uma nova coluna nesse blog, escrita pelo correspondente Coisas Internacionais, em Washington, DC, o brilhante analista político, advogado e empreendedor Márcio Coimbra . A nova coluna é homônima do blog do autor . Sem mais delongas introdutórias.   As Opções de Barack Por Márcio Coimbra Enfim, o homem que chegou ao poder com um discurso conciliatório, com a promessa de terminar guerras, subitamente encontra-se em uma encruzilhada entre história e realidade. Obama irá intervir na Síria. Na sexta-feira passei pela frente da Casa Branca onde um número tímido de manifestantes mostrava-se indignado frente a decisão praticamente já tomada de intervenção. O número de turistas, entretanto, superava o de manifestantes em larga margem. Lá dentro, Barack Obama via-se em uma situação complicada. Sem apoio dos britânicos, sem aval do Conselho de Segurança, o Presidente perceb