Seguindo a tradição dos grandes jornais que oferecem aos domingos seus comentaristas e matérias ‘Premium’ hoje estreamos uma nova coluna nesse blog, escrita pelo correspondente Coisas Internacionais, em Washington, DC, o brilhante analista político, advogado e empreendedor Márcio Coimbra. A nova coluna é homônima do blog do autor. Sem mais delongas introdutórias.
As Opções de Barack
Por Márcio Coimbra
Enfim, o homem que chegou ao poder com um discurso conciliatório, com a promessa de terminar guerras, subitamente encontra-se em uma encruzilhada entre história e realidade. Obama irá intervir na Síria.
Na sexta-feira passei pela frente da Casa Branca onde um número tímido de manifestantes mostrava-se indignado frente a decisão praticamente já tomada de intervenção. O número de turistas, entretanto, superava o de manifestantes em larga margem. Lá dentro, Barack Obama via-se em uma situação complicada. Sem apoio dos britânicos, sem aval do Conselho de Segurança, o Presidente percebeu que talvez tivesse que enfrentar o conflito no Oriente Médio somente acompanhado dos franceses.
A vida dá muitas voltas. Hoje, o Secretário de Estado, John Kerry, que fez campanha pelo fim da guerra no Iraque quando buscava o lugar de Bush no Salão Oval, é um brutal defensor da intervenção. O motivo? Armas de destruição em massa. A fonte? Informações coletadas pela inteligência. O mesmo roteiro que no passado levou os americanos para Bagdá. Na Casa Branca um Barack Obama que atacava George Bush por meter os americanos no Iraque, hoje advoga a necessidade de intervenção na Síria. Por fim, para fechar o jogo de ironias, o único aliado importante ao lado dos americanos é a França - principal opositora da intervenção no Iraque.
Enfim, Obama tentou uma coalizão. Não deu certo. Tentou o Conselho de Segurança. Não funcionou - lá estão China e Rússia, prontos para barrar qualquer iniciativa deste tipo. Sobrou o Congresso. O Presidente buscará o aval dos parlamentares para intervir. Conseguirá? Provavelmente sim, mas tudo indica que está disposto a chegar a Damasco mesmo sem o sinal verde do legislativo americano. John Kerry passará por todos os prestigiados programas políticos de televisão deste domingo para explicar este caminho.
Ao fim e ao cabo, Obama tenta fazer diferente, mas é provável que tome o mesmo caminho de George Bush. Nada como o tempo para repetir a história e mudar seus protagonistas. Nada como a realidade e a solidão do Salão Oval.
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