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Lição Chinesa



O governo chinês é importante parceiro comercial no continente africano. Comprando, basicamente, commodities e ofertando bens e serviços, além de empréstimos para projetos de desenvolvimento. Esse arranjo gera para o lado chinês maior influência global e abertura de novos mercados. Pelo lado africano oferece acesso a bens, serviços e empregos. 

Trocar commodities por bens de maior valor agregado causa deterioração dos termos de troca, isto é, a diferença entre o valor que exportado e o valor do que é importado. O que naturalmente gera endividamento.

Diante desse cenário, o governo chinês usa sua demanda interna e capacidade de importação via acordos comerciais setoriais que aproveitam vantagens comparativas locais dando escala na produção de itens desejados pela China e garantindo mercado para esses produtos.  O que paulatinamente contribui para equilibrar a balança comercial com essas nações africanas ao mesmo tempo que garante abastecimento para a China.

Em tempos de sentimento crescente de desconfiança e até mesmo aversão a China em partes da opinião pública dos EUA e de potencias agrícolas como o Brasil, essa política ganha um caráter estratégico mais amplo ao dotar os chineses de mais opções para suprir suas necessidades. Essa lição não é nova, mas é sempre valiosa. 


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