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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

China e EUA: Soft Power do Basquetebol

De modo geral o Soft Power pode ser compreendido como o conjunto das capacidades de influenciar o comportamento dos atores do sistema internacional sem o uso direto de medidas de força (sanções, pressões militares). O Soft Power é assim “um doce jogo de persuasão” nas palavras de Paulo Roberto de Almeida. Nesse tipo d e ação internacional o que os atores buscam é a influencia e os bens culturais e as idéias são grande meios de exercer essa influência. Nesse sentido é comum que se veja os países se valendo de coisas que comprem boa vontade, por exemplo, o Brasil sempre que pode se vale de suas estrelas do futebol, seja num jogo amistoso no Haiti, seja presenteando líderes estrangeiros com camisas autografadas da seleção. Não é novidade que o esporte seja usado ou cooptado para disputas políticas os dois vergonhosos boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, em Moscou e Los Angeles, respectivamente, nos ensinaram isso de modo claro. Aqui farei um breve parêntese, como os meus leitor

Ler, Refletir e Pensar: Síria e Kosovo, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos em que a internet – sobretudo os fóruns de debate – está inundada com opiniões estridentes e radicais e ofensas a quem pensa diferente é sempre um alento ler uma análise sóbria e serena como essa do embaixador português, em França, Francisco Seixas da Costa. Texto transcrito tal qual o original ( que pode ser lido aqui ) e com autorização do autor. Síria e Kosovo Por Francisco Seixas da Costa Na sexta-feira, estive presente na cerimónia que, em Paris, assinalou o 4º aniversário da independência do Kosovo, uma realidade política até hoje reconhecida por 88 países, entre os quais 22 da União Europeia, incluindo Portugal. Não pude deixar de recordar-me, na ocasião, que o Kosovo talvez hoje deva a sua existência à intervenção militar promovida pela NATO, em 1999, feita à revelia de qualquer legitimação do Conselho de Segurança da ONU, então bloqueado pela obstinação russa e chinesa. Uma ação discutível mas que, para largos setores da comunidade internacional, se justific

Todas as ditaduras são ridículas II. Ou uma pequena amostra

Semana passada – dia 9 pra ser mais preciso – escrevi um texto em que versava sobre os apoiadores de regimes ditatoriais nas redes sociais o texto foi intitulado “ Todas as ditaduras são ridículas ”. Pois bem, ao ler uma matéria publicada hoje na Foreign Policy de autoria de Joshua E. Keating, intitulado “ Where a women’s place is on the front lines ”, que obviamente versa sobre a igualdade de oportunidades nos batalhões de combate nos EUA e no mundo. Em certa altura do bom artigo um link para um vídeo que ilustra quão ridícula é uma ditadura e nesse caso também ilustra como é difícil vencer o sexismo, afinal se não pela objetificação das mulheres como explicar que uma força militar use um uniforme rosa, com ‘ go-go boots’ . Claro, as chinesas selecionadas são lindíssimas. Vejam o vídeo e me digam se todas as ditaduras são ridículas ou não?  

Memórias do Barão do Rio Branco, por ele mesmo

O professor, diplomata e, sobretudo professor Paulo Roberto de Almeida (que gosto de considerar um amigo) nos presenteou por ocasião do centenário da morte do Barão do Rio Branco com o inicio da série – quiçá mais um livro do professor – em que transcreve memórias escritas pelo próprio Barão que foram encontradas entre seus papeis. Nesse particular recomendo a leitura de nota explicativa a cerca da metodologia empregada na atualização ortográfica e na organização dos escritos. Que está disponível aqui. Transcrevo na íntegra do que é encontrado no blog do professor e o faço com autorização. Original pode ser lido aqui . Não é preciso dizer que aguardo ansioso o desfecho dessa série. Espero que leiam não é sempre que uma figura histórica nos oferece uma janela ao seu pensamento. Memórias do Barão do Rio Branco Transcrição e modernização da ortografia destas “memórias” por Paulo Roberto de Almeida, a partir de manuscritos encontrados nos papéis deixados pelo próprio. Por

Ler, Refletir e Pensar: Salvador, por Francisco Seixas da Costa

Sou um leitor ávido do blog do embaixador português em França – que para minha alegria por aqui já passou e comentou e elegantemente disse ter se lembrado de diálogo nosso em um evento da embaixada de Portugal, em Brasília, anos atrás – a atração não é tanto algum tipo de janela para a mente dos tomadores de decisão em política externa ou executores, a atração é a escrita agradável pontuada por anedotas deliciosas que contam a dimensão pessoal da vida diplomática. O texto que transcrevo hoje é um curioso olhar da política interna brasileira, curioso por que não é comum que vejamos nossos políticos a luz estrangeira, principalmente a luz dos que constroem em nome de seus governos relações no Brasil. O texto segue como no original (que pode ser lido aqui ) e é publicado com a permissão do autor. Salvador Por Francisco Seixas da Costa A cidade brasileira de Salvador da Bahia atravessou dias terríveis, com a greve da polícia a gerar uma onda inédita de criminalidade violenta. Lembre

Guerra das Malvinas ou sobre uma tarde quente

Esse ano a Guerra das Malvinas completa 30 anos e o contexto interno da Argentina tem empurrado o governo platino a ser mais incisivo em sua busca por soberania no rochoso arquipélago. O envio do príncipe Willian para um treinamento militar nas ilhas serviu para motivar ainda mais os argentinos em sua reivindicação. Muito ainda se irá escrever sobre a guerra e suas conseqüências, – entre elas o desejo férreo da Marinha do Brasil de possuir submarinos nucleares – sobre a justeza ou não da causa argentina, sobre o direito de autodeterminação dos que há muitas gerações habitam as ilhas. Mas, hoje – por motivos pessoais – não quero escrever sobre essa espinhosa questão pela ótica da reflexão estratégica ou política, gostaria de partilhar uma pequena história com vocês. No início dos anos 2000, talvez em 2002, estive em Buenos Aires para participar de um breve curso, apesar de não ser a primeira vez que ia aquela cidade, decidi por fazer o velho circuito turístico que inclui a famosa

Todas as ditaduras são ridículas

Fernando Pessoa, o magistral poeta português – da língua portuguesa, na verdade – escreveu certa vez que todas as cartas de amor são ridículas e como tem razão o velho poeta, afinal todas as emoções extremadas nos afastam do equilíbrio que pretendemos ter. Mas, o que motiva esse texto não são os prazerosos devaneios do amor, mas a dura realidade das relações internacionais. Deparei-me com um tópico de debate num grupo do Facebook sobre a ação da OTAN na Líbia cuja autora definia a ação de maneira irônica numa linguagem militante comunista que em certo ponto exaltava o nome de figuras como Lênin. O tópico como naturalmente seria passou a discorrer sobre a Síria e num tema tão polarizador não provoca nenhuma espécie o fato da discussão ter se tornado mais aguda. Eu consigo entender estrategicamente o porquê da Rússia e da China terem bloqueado o projeto de resolução sobre a Síria. O que eu não consigo entender é por que tantos nas redes sociais se dedicam a defender de maneira tão ag

Vídeo: Withdrawal from Iraq

Um excelente vídeo que elenca alguns dos desafios que restam para as relações entre EUA e Iraque após a retirada das tropas de combate americanas. Embora, reste claro alguns poucos milhares de conselheiros militares ficaram em solo iraquiano. A entrevista, também, toca na questão do legado da guerra, principalmente no nível político e estratégico. O analista Anthony H. Cordesman é frio e realista ao apontar a ineficácia da invasão. Creio que essa entrevista produzida pelo think tank CSIS – Center for Strategic and International Studies contribui para a análise da questão iraquiana de uma maneira objetiva e desapaixonada. O que é quase impossível em fóruns de debate e redes sociais devido a polarização em torno do tema. Eu acredito que é papel do analista de RI, não importa suas orientações ideológicas e idiossincrasias ser capaz de construir uma análise calcada nos fatos e sem recair na “muleta” de uma retórica inflamada e cheia de clichês. (Por sinal em breve devo voltar a esse tem

Ler, Refletir e Pensar: La agenda de Dilma, por Yoani Sánchez

Costumo dizer que é muito fácil manter um blog quando se é protegido pelo Estado democrático de direito e que mérito é ousar se opor onde isso é passível de toda sorte de punições, humilhações e onde se chega a correr o risco de morrer, como é caso de quem blogar sob uma regime ditatorial. E nesse particular ninguém é mais celebre que a cubana Yoani Sánchez, execrada em meios castristas e pró castristas essa mulher – e seu marido – ousa divergir do regime de seu país, ousa pensar por conta própria onde o coletivismo e centralidade é a norma. E por isso ela é vitima de injurias, perseguições e é vigiada de perto por homens do temido Minint – Ministério do Interior de Cuba, homens da polícia política que já chegaram a cometer violência física contra ela. Diante dessa coragem não há como não se solidarizar. Só mesmo aqueles cujo arrebatamento utópico de velhas ideologias é irresistível podem cumprir papel tão reles. E, não tenham dúvida são muitos os que preferem ver cessar uma voz, sej

Oportunidade: Chamada de artigos – Revista Carta Internacional – ABRI

Abaixo transcrevo chamada para artigos da Revista Carta Internacional, publicação da Associação Brasileira de Relações Internacionais – ABRI originalmente vista no blog Diplomatizzando do professor, autor e diplomata Paulo Roberto de Almeida. Chamada de artigos – Revista Carta Internacional – ABRI A Associação Brasileira de Relações Internacionais – ABRI informa que a Revista Carta Internacional, fundada pela Universidade de São Paulo, passa a ser a partir de 2012 uma publicação da associação, A Revista é semestral e aceita contribuições na forma de artigos científicos sobre temas da agenda internacional contemporânea. As normas de colaboração são as seguintes: DIRETRIZES PARA AUTORES 1. Os artigos devem ser inéditos e podem ser escritos em português, espanhol ou inglês. 2. Os artigos devem conter em torno de 50 mil caracteres (incluindo espaços e notas de rodapé). 3. As notas de rodapé restringem-se a esclarecimentos adicionais ao texto; 4. Observar o sistema Chicag

Vídeo: Palestine's U.N. Gamble

Em vídeo produzido pelo think tank americano “ Center for Strategic and International Studies - CSIS ” dois insiders no establishment de Política Externa dos EUA travam um interessante, porém breve dialogo sobre a decisão palestina de obter reconhecimento de seu estado via nações unidas. Os dois participantes são H. Andrew Schwartz que faz às vezes de entrevistados e Haim Malka , que como muitos devem saber é blogueiro de política externa no badalado portal Huffington Post. Creio que a discusão levada a cabo trás elementos interessantes como a dimensão jurídica que representa o reconhecimento da palestina, isto é, com esse advento teríamos mais uma dimensão de enfrentamento entre Israel e Palestina que seria o Tribunal Penal Internacional e outros instrumentos similares. O vídeo abaixo é propriedade do CSIS e está em inglês, não sei se há legendas em português. Embora, o domínio da língua inglesa seja corrente entre os interessados em Relações Internacionais.

Ler, Refletir e Pensar: A brigada do asterisco, por Francisco da Costa

O embaixador de Portugal, em França (e grande amigo dessa página) Francisco Seixas da Costa teceu com a habitual elegância estilística comentários sobre a resistência ao “Novo Acordo Ortográfico”. Claro que toda mudança ortográfica gera aborrecimentos em nossa lide quotidiana com o idioma, mas a sua assimilação acaba por ser inevitável já que a versão oficial da ortografia é a que será usada no serviço público, nos concursos e será ensinada nas escolas. Essa página fará a transição assim que esse autor que vos escreve deixe de preguiça e faça a adaptação. O texto abaixo foi reproduzido, na íntegra, tal qual o original, e possui licenciamento de seu autor. O original pode ser lido aqui . A brigada do asterisco Por Francisco Seixas da Costa Desde 1 de janeiro, os serviços públicos estão, no cumprimento da lei, obrigados a utilizar o novo Acordo ortográfico, em toda a sua documentação.  Para o vulgar cidadão, o uso ou não do acordo é naturalmente facultativo, como se nota, por exemp

Brigas de torcidas e política

Imagens chocantes de uma briga de torcidas na mediterrânea cidade de Port Said, no Egito, começaram a nos bombardear na tarde do dia primeiro de fevereiro. As cenas de violência explícita e estúpida além de horror nos produzem uma nefasta sensação de Déjà vu. Afinal, brigas, invasões de campo e enfrentamentos com a polícia são imagens comuns nos noticiários brasileiros e do mundo todo, por sinal. Contudo, não me lembro de evento semelhante no Brasil que tenha ceifado 74 vidas. O confronto ocorreu quando torcedores do clube local, Al-Masry invadiram o campo para agredir a torcida e os jogadores do Al-Ahly, do Cairo e uma das equipes com mais torcedores no Egito. Esse conflito, contudo, possui uma clara dimensão política já que as torcidas organizadas foram instrumentais na revolta que depôs Mubarak, quase um ano atrás, as organizadas do Al-Ahly foram segundo relatos bastante ativas nos confrontos com a polícia durante os conturbados dias de ocupação da, hoje famosa, Praça Tahrir. É

Vídeo: Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina

Os temas geopolítica e segurança na América Latina foram debatidos em evento promovido pelo CEBRI – Centro Brasileiro de Relações Internacionais. E o resultado dos trabalhos foi disponibilizado pelo emérito think tank em seu canal no Youtube. Creio que nesse período de recuperação física que passo ( como expliquei aqui ) esse seminário serve para estimular a reflexão sobre Relações Internacionais que é o objetivo máximo dessa página. A propriedade e a responsabilidade pelos vídeos é do CEBRI. Abaixo a descrição original. O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, realizou a Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina. Dentre os temas abordados estão o narcotráfico; o contrabando de armas e munições e as guerrilhas; as redes de terrorismo e os fluxos financeiros; o controle de portos e fronteiras; o neo-populismo, os conflitos na região e o papel mediador do Brasil; a influência d

Fim de férias e uma explicação necessária

Férias não é o termo mais correto o mês de janeiro foi bem complicado em termos pessoais para esse autor. Problemas de saúde – nada muito grave, mas me retiraram a vontade e o ânimo para escrever – nesse momento, por exemplo, escrevo com o ombro esquerdo imobilizado por conta de uma lesão durante uma partida de basquete. Sinto-me compelido a explicar para vocês essas razões da queda de produtividade desse blog que praticamente permaneceu abandonado nesse mês de janeiro. Ainda assim, mantive ativos os canais de interação que temos no twitter e no Facebook . Feita essa explicação aproveito para avisar que devemos voltar nos próximos dias a nosso ritmo habitual. Enquanto ainda convalesço preparei algumas postagens que considero que serão proveitosas para vocês.