Pular para o conteúdo principal

China e EUA: Soft Power do Basquetebol

De modo geral o Soft Power pode ser compreendido como o conjunto das capacidades de influenciar o comportamento dos atores do sistema internacional sem o uso direto de medidas de força (sanções, pressões militares). O Soft Power é assim “um doce jogo de persuasão” nas palavras de Paulo Roberto de Almeida. Nesse tipo d e ação internacional o que os atores buscam é a influencia e os bens culturais e as idéias são grande meios de exercer essa influência.

Nesse sentido é comum que se veja os países se valendo de coisas que comprem boa vontade, por exemplo, o Brasil sempre que pode se vale de suas estrelas do futebol, seja num jogo amistoso no Haiti, seja presenteando líderes estrangeiros com camisas autografadas da seleção.

Não é novidade que o esporte seja usado ou cooptado para disputas políticas os dois vergonhosos boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, em Moscou e Los Angeles, respectivamente, nos ensinaram isso de modo claro.

Aqui farei um breve parêntese, como os meus leitores habituais bem sabem sou um entusiasta do basquetebol tendo sido atleta federado nas divisões de base e até hoje pratico o esporte regularmente e esse blog é um dos apoiadores da equipe de basquete de Pirapora – MG. Isso significa que acompanho – como muitos que me lêem imagino – de perto os campeonatos desse esporte tanto o nacional NBB, como NBA e NCAA (nos EUA), Liga Endessa ACB (Espanha), EuroLeague, etc.

Um fenômeno chocou e excitou o mundo do basquete nesse mês de fevereiro, o fenômeno que ficou conhecido como “Lin-Sanity”, ou seja, a euforia entorno do jogador do ‘New York Knicks’ Jeremy Lin, que possui uma trajetória incomum no esporte profissional, posto que é graduado pela poderosa academicamente e mediana pra baixo nos esportes, Havard University e não ter entrado na NBA pelo método do Draft. (aqui você pode ler um resumo da ascensão e das críticas que lhe são feitas)

JeremyLin01

Lin se tornou titular dos Knicks num momento complicado em que vários titulares estavam contundidos e liderou o time em uma série de vitórias e de quebra quebrou o Record de pontos nas 5 primeiras partidas como titular da liga.

Apesar de não ser chinês de nascimento, sua ascendência chinesa não passou despercebida no país de seus antepassados que depois da aposentadoria do gigante (2,29m de altura) Yao Ming estava carentes de ídolos no basquete.

Essa repercussão da ascensão de Lin acontece num momento delicado das relações entre China e EUA e pode ser algo que ajude nas questões de Soft Power, já que há algo em comum entre esses dois povos, ambos reverenciam os vencedores.

Não quero dizer que isso é um grande componente nas relações, mas é algo interessante de se analisar, principalmente por que escapa da assepsia dos governos e trata de laços diretos entre povos.

Para que não digam que é um exagero, fruto de minha confessa paixão pelo jogo reproduzo abaixo um vídeo produzido pelo Think Tank, Center for Strategic and International Studies – CSIS, que aborda as possíveis repercussões políticas da Lin-Sanity.

CSIS Korea Chair Victor Cha discusses New York Knicks point guard Jeremy Lin’s sudden stardom and what it says about U.S.-China relations with H. Andrew Schwartz, CSIS senior vice president for External Relations

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...