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Mostrando postagens com o rótulo Oriente Médio

Guerra Psicológica em tempo de ISIS

Guerra Psicológica ou operações psicológicas estão sempre presentes nos discursos dos teóricos da conspiração, mas são sim operações conduzidas pelas forças armadas e de inteligência de todo o globo, de fato é possível, obter definições em todos os textos de Doutrina Militar das diversas forças. A definição varia um pouco, mas é o emprego de táticas de propaganda para influenciar amigos, inimigos e neutros a adotarem certo comportamento desejado. O uso das redes sociais pelo Estado Islâmico (uso ISIS por conta do SEO, pequena concessão em nome da audiência) tem se mostrado uma operação eficaz de recrutamento e são um bom exemplo de operação psicológica. O soldado médio do ISIS é uma pessoa com uma cosmovisão bem radicalizada no sentido dos papeis tradicionais da pessoa numa sociedade que ele considera ideal, esse guerreiro é motivado por uma missão metafísica e também nesse plano estaria a recompensa pelo seu sacrifício em combate e pela sua firmeza de convicção demonstrada na cruel

Teatralidade (e sofisticação) do terrorismo por Robert Kaplan

O renomado “falcão” Robert Kaplan faz uma análise (no texto transcrito abaixo) da teatralidade da execução de James Foley e seus simbolismos, alguns óbvios como a roupa laranja igual a dos detentos em prisões americanas e outra de uma deturpação sinistra de usar as redes sociais do Vale do Silício contra tudo que seus criadores valorizam. Terça-feira eu escrevi que a maldade do Estado Islâmico serve a objetivos racionais, aliás, é bom que se perceba que ser capaz de observar que certos grupos têm objetivos racionais não significa defender, concordar ou achar que essa racionalidade tem sanidade. E Kaplan captura isso com uma acachapante argumentação que completa minha análise já citada além de objetivos racionais a maldade também é sofisticada. Leiam abaixo o texto, em seu original na língua inglesa. Terrorism as Theater By Robert D. Kaplan The beheading of American journalist James Foley by the Islamic State in Syria and Iraq was much more than an altogether gruesome and tragi

Maldade com objetivos racionais

O surgimento do Estado Islâmico (EI) e seu ambicioso plano de recriar o Califado como forma de governo pan-islâmico e seu contigente considerável de soldados nascidos em países ocidentais ilustram a dificuldade do combate ao extremismo. O extremismo é difícil de lidar, é difícil de punir, principalmente pelas sociedades mais democráticas e abertas que tendem a favorecer a pluralidade de ideais e o livro exercício das diversas consciências religiosas. Numa comparação com redes de informática às sociedades abertas e democráticas possuem falhas exploráveis em sua arquitetura de segurança e arquivos maliciosos (discursos de ódio e extremistas) conseguem explorar essas falhas. A imigração é fenômeno natural da espécie humana, que sempre busca por melhores condições para sua vida e para o sucesso de sua decendência, mas o ser humano também forma laços culturais fortes que de certa maneira são cerne de sua própria identidade e por vezes a relocação em novos países é acompanhada por um de

STRATFOR: Reflections on an Unforgiving Day

Um raro texto mais emocional e reflexivo do Stratfor feito a luz dos eventos trágicos em Gaza e na Ucrânia. Já escrevi algumas vezes que a cerebral atividade de análise das Relações Internacionais, em algumas ocasiões tem um peso emocional, via a empatia que é inevitável. E ontem realmente foi um dia de imagens doloridas e de perceber uma verdade que fazemos questão de esquecer de tempos em tempo, nosso destino não está sob nosso controle. Mas, o que me faz transcrever esse texto é mostrar que é possível ter empatia quanto a tragédia humana e não analisar com o “fígado”, ou seja, não podemos abandonar a racionalidade, que afinal é nosso ganha pão. “What ties Ukraine, Russia, Israel and Gaza together is that they are all fighting for their lives, or interests that are so fundamentally important to them that they cannot live without them. They are fighting for their nation and for that nation's safety in a world where unspeakable things happen and where the only ones who will

STRATFOR: The Sunni Ramadan Offensive and the Lessons of Tet

E quando você está preparando um texto, procurando elementos para substanciar uma “sacação” que você teve no banho: “Esse avanço do ISIS não lembra a ofensiva do Tet?”, você entre um trabalho e outro (e uma olhadela e outra na Copa do Mundo) abre seu e-mail e descobre que o Stratfor está divulgando uma análise com sua premissa? Bom não resta solução além de transcrever o texto e o acrescentar como elemento de reflexão na busca de uma análise própria, por que a verdade é que esse negócio de compreender o mundo é um esforço colaborativo, mesmo sozinho no seu escritório. O texto é replicado com permissão expressa dos autores, no seu original em língua inglesa. The Sunni Ramadan Offensive and the Lessons of Tet Por George Friedman In February 1968, the North Vietnamese Army and the Viet Cong launched a general offensive in Vietnam during Tet, the Vietnamese New Year. From mid-1966 onward, the North Vietnamese had found themselves under increasing pressure from American and South

Stratfor: Worsening Violence in Iraq Threatens Regional Security

Summary Battles continue to rage across northern Iraq, pitting jihadist group the Islamic State in Iraq and the Levant against Iraqi security forces and their allies. The growing reach of the Islamic State in Iraq and the Levant has escalated an already brutal campaign in Iraq. Alarmingly quick advances by the militants across an important region of the Middle East could draw in regional powers as well as the United States. Analysis Using hit-and-run tactics, the Islamic State in Iraq and the Levant, also known as ISIL, has sought to keep Iraqi security forces dispersed and under pressure. ISIL has achieved this by striking at areas where security forces are weak and withdrawing from areas where Baghdad has concentrated its combat power. The jihadists have been working hard to improve their tradecraft by developing skill sets ranging from staging complex ambushes to using Iraqi army equipment effectively in surprise raids. ISIL has also sought to better develop its ties with l

Uma foto e os que preferem ver as árvores e ignorar a floresta

A bela ancora da CNN Internacional, Hala Gorani, publicou em sua conta no Twitter uma triste foto de um garotinho sozinho no deserto sendo aparado por funcionários da ONU, durante o deslocamento de um grupo de refugiados sírios. O garotinho, que possui um aspecto de sofrimento que ninguém de sua idade deveria ter, estava afastado de sua mãe e foi prontamente devolvido a ela. A foto pelo ângulo que foi feita mostra apenas o garoto e os funcionários da ONU e o deserto ao fundo. Como vivemos na era da pressa estúpida muitos presumiram que o garoto fora encontrado completamente isolado no meio do deserto e isso é claro é de partir o coração de qualquer ser humano minimamente capaz de empatia. Outra foto mostra a proximidade que o grupo de refugiados estava. É claro, que os defensores de Assad, os anti-americanos, os anti-imprensa e os teóricos da conspiração de sempre levantaram a lebre de que seria propaganda da CNN e iniciaram suas campanhas de sempre.  A guerra da Síria é uma t

Diários de Política: As opções de Barack

Seguindo a tradição dos grandes jornais que oferecem aos domingos seus comentaristas e matérias ‘Premium’ hoje estreamos uma nova coluna nesse blog, escrita pelo correspondente Coisas Internacionais, em Washington, DC, o brilhante analista político, advogado e empreendedor Márcio Coimbra . A nova coluna é homônima do blog do autor . Sem mais delongas introdutórias.   As Opções de Barack Por Márcio Coimbra Enfim, o homem que chegou ao poder com um discurso conciliatório, com a promessa de terminar guerras, subitamente encontra-se em uma encruzilhada entre história e realidade. Obama irá intervir na Síria. Na sexta-feira passei pela frente da Casa Branca onde um número tímido de manifestantes mostrava-se indignado frente a decisão praticamente já tomada de intervenção. O número de turistas, entretanto, superava o de manifestantes em larga margem. Lá dentro, Barack Obama via-se em uma situação complicada. Sem apoio dos britânicos, sem aval do Conselho de Segurança, o Presidente perceb

Onda de protestos no Oriente Médio e Norte da África

Grande parte do mundo muçulmano sofre com protestos e contraprotestos (que denunciam a violência dos primeiros) supostamente motivados por um filme completamente amador e que passaria abaixo do radar de qualquer um se não fosse a violência da reação. A verdade é que desde a queda de grandes ditaduras no Oriente Médio e no Norte da África que vários grupos têm disputado o poder e um tem se mostrado particularmente engajado em impor sua visão de mundo e de governo. Claro, que falo de radicais pertencentes a corrente Salafita, que segundos relatos são financiad0s por wahabitas sauditas. São os mesmos radicais que atacam hotéis que servem álcool, que atacaram bordeis durante a primavera e hostilizaram as atletas olímpicas . É claro que não é fácil introduzir uma agenda radical no tecido social de sociedades complexas como as do Norte da África, os radicais fundamentalistas podem defender idéias retrógadas, mas isso não quer dizer que esses homens não possuam planejamento estratégico e

Ler, Refletir e Pensar: Síria e Kosovo, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos em que a internet – sobretudo os fóruns de debate – está inundada com opiniões estridentes e radicais e ofensas a quem pensa diferente é sempre um alento ler uma análise sóbria e serena como essa do embaixador português, em França, Francisco Seixas da Costa. Texto transcrito tal qual o original ( que pode ser lido aqui ) e com autorização do autor. Síria e Kosovo Por Francisco Seixas da Costa Na sexta-feira, estive presente na cerimónia que, em Paris, assinalou o 4º aniversário da independência do Kosovo, uma realidade política até hoje reconhecida por 88 países, entre os quais 22 da União Europeia, incluindo Portugal. Não pude deixar de recordar-me, na ocasião, que o Kosovo talvez hoje deva a sua existência à intervenção militar promovida pela NATO, em 1999, feita à revelia de qualquer legitimação do Conselho de Segurança da ONU, então bloqueado pela obstinação russa e chinesa. Uma ação discutível mas que, para largos setores da comunidade internacional, se justific

Vídeo: Withdrawal from Iraq

Um excelente vídeo que elenca alguns dos desafios que restam para as relações entre EUA e Iraque após a retirada das tropas de combate americanas. Embora, reste claro alguns poucos milhares de conselheiros militares ficaram em solo iraquiano. A entrevista, também, toca na questão do legado da guerra, principalmente no nível político e estratégico. O analista Anthony H. Cordesman é frio e realista ao apontar a ineficácia da invasão. Creio que essa entrevista produzida pelo think tank CSIS – Center for Strategic and International Studies contribui para a análise da questão iraquiana de uma maneira objetiva e desapaixonada. O que é quase impossível em fóruns de debate e redes sociais devido a polarização em torno do tema. Eu acredito que é papel do analista de RI, não importa suas orientações ideológicas e idiossincrasias ser capaz de construir uma análise calcada nos fatos e sem recair na “muleta” de uma retórica inflamada e cheia de clichês. (Por sinal em breve devo voltar a esse tem

Vídeo: Palestine's U.N. Gamble

Em vídeo produzido pelo think tank americano “ Center for Strategic and International Studies - CSIS ” dois insiders no establishment de Política Externa dos EUA travam um interessante, porém breve dialogo sobre a decisão palestina de obter reconhecimento de seu estado via nações unidas. Os dois participantes são H. Andrew Schwartz que faz às vezes de entrevistados e Haim Malka , que como muitos devem saber é blogueiro de política externa no badalado portal Huffington Post. Creio que a discusão levada a cabo trás elementos interessantes como a dimensão jurídica que representa o reconhecimento da palestina, isto é, com esse advento teríamos mais uma dimensão de enfrentamento entre Israel e Palestina que seria o Tribunal Penal Internacional e outros instrumentos similares. O vídeo abaixo é propriedade do CSIS e está em inglês, não sei se há legendas em português. Embora, o domínio da língua inglesa seja corrente entre os interessados em Relações Internacionais.

Brigas de torcidas e política

Imagens chocantes de uma briga de torcidas na mediterrânea cidade de Port Said, no Egito, começaram a nos bombardear na tarde do dia primeiro de fevereiro. As cenas de violência explícita e estúpida além de horror nos produzem uma nefasta sensação de Déjà vu. Afinal, brigas, invasões de campo e enfrentamentos com a polícia são imagens comuns nos noticiários brasileiros e do mundo todo, por sinal. Contudo, não me lembro de evento semelhante no Brasil que tenha ceifado 74 vidas. O confronto ocorreu quando torcedores do clube local, Al-Masry invadiram o campo para agredir a torcida e os jogadores do Al-Ahly, do Cairo e uma das equipes com mais torcedores no Egito. Esse conflito, contudo, possui uma clara dimensão política já que as torcidas organizadas foram instrumentais na revolta que depôs Mubarak, quase um ano atrás, as organizadas do Al-Ahly foram segundo relatos bastante ativas nos confrontos com a polícia durante os conturbados dias de ocupação da, hoje famosa, Praça Tahrir. É

Confusão em Hormuz

Pelo menos desde 2009 que os meios especializados em geopolítica e analise estratégica militar apontam que a “real capacidade nuclear do Irã”* é sua capacidade de fechar o estreito de Hormuz. Pelo estreito de Hormuz que separa o Golfo Pérsico do Mar da Arábia circulam 40% de todo o trafego de petroleiros do mundo, o que corresponde a algo como 90% do petróleo produzido no golfo. Ao ler a primeira noticia sobre as ameaças iranianas de fechar o estreito caso uma nova rodada de sanções fosse aprovada contra esse país, no esteio de seus exercícios militares no referido acidente geográfico a primeira coisa que passou pela minha cabeça creio que foi a que a maioria dos que tem algum conhecimento de onde fica o estreito, ou seja, agora sim o preço do barril de petróleo chega nos 300 USD. Seria pensar nisso mesquinho?** De fato são as conseqüências econômicas de um bloqueio nessa região o grande trunfo estratégico do Irã e por isso do uso da expressão “Real capacidade nuclear”, por que no a

“Primavera Árabe”, eleições e nudez no Egito

Fui perguntado durante minha palestra no FOCO RI, em setembro, sobre a chamada “Primavera Árabe” e lá repeti o que sempre escrevo por aqui. Que o processo está em desenvolvimento o que requer calma e frieza ao analista, posto que é preciso separar as esperanças eventuais que tenhamos sobre um desfecho da onda de mudança de regimes e o que as evidências e a lógica nos permitem dizer com segurança. Além disso, lembrei que não gosto da denominação “Primavera” usada pela imprensa. Essa objeção tem por fato uma superstição, logo irracional por definição, que nutro que é uma rejeição ao rótulo primavera, muito por conta do desfecho tão sombrio da “Primavera de Praga”. Desde o primeiro texto que escrevi (ou seria cometi?) sobre o tema que insisto em lembrar que o resultado de cada uma das revoluções que ocorrem agora no mundo Árabe e no Norte da África dependeria de fatores locais e da importância estratégica de cada país. Seria inocência negar que há uma correlação entre a importância estra

Um dia que terá muitas repercussões

Em geral o termo histórico é bastante abusado na imprensa e constantemente usado para eventos que ainda que sejam relevantes não tem o peso transformador que a palavra histórico carrega. Como sempre ressalto aqui o calor dos eventos é péssimo conselheiro para qualquer analista, mas nem sempre temos a oportunidade de maturar o entendimento e ter o necessário distanciamento para olhar os acontecimentos sem as paixões momentâneas. Hoje se cumpriu o que estava previsto, a Autoridade Nacional Palestina, representada por Mahmoud Abbas, entregou ao Secretário Geral da ONU Ban Ki Moon o pedido de filiação do Estado Palestino. O discurso de Abbas foi dentro do que se espera de alguém que tem apoio da opinião pública mundial e simpatia da imprensa, ainda que parte de sua tática de comunicação seja dizer que sofre bloqueio da imprensa e perseguição dos grandes meios, isso funciona bem animando seus apoiadores no mundo todo, um exemplo do acerto do mecanismo de análise em redes das relações inte

Liderança regional em disputa

O terremoto político que a “Primavera Árabe” representou no Oriente Médio e Norte da África está longe de chegar ao fim, mas uma coisa já está clara, há uma franca e aberta disputa pela liderança regional apoiada tanto em fatores conjunturais como estruturais da política dessa parte do mundo. É fácil até para o observador mais distante do Oriente Médio perceber três grandes atores regionais que se movimentam em busca da proeminência temos a Arábia Saudita, o Irã e a Turquia todos querendo ocupar parte do espaço perdido pelo Egito nesse período – que pode ser longo – de reorganização interna. É claro, que nada disso começou esse ano, mudanças estruturais na fungibilidade do poder ocorrem lentamente (exceto em caso de uma grande conflagração militar posto que no final das hostilidades sempre há um novo equilíbrio), mas a conjuntura mundial ajuda a mudar o equilíbrio já que aumenta a cotação do petróleo, por um lado e restringe a capacidade da Europa de absorver mão de obra vinda dessa