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Uma foto e os que preferem ver as árvores e ignorar a floresta

refugiado-criança A bela ancora da CNN Internacional, Hala Gorani, publicou em sua conta no Twitter uma triste foto de um garotinho sozinho no deserto sendo aparado por funcionários da ONU, durante o deslocamento de um grupo de refugiados sírios. O garotinho, que possui um aspecto de sofrimento que ninguém de sua idade deveria ter, estava afastado de sua mãe e foi prontamente devolvido a ela.

A foto pelo ângulo que foi feita mostra apenas o garoto e os funcionários da ONU e o deserto ao fundo. Como vivemos na era da pressa estúpida muitos presumiram que o garoto fora encontrado completamente isolado no meio do deserto e isso é claro é de partir o coração de qualquer ser humano minimamente capaz de empatia.

refugiado-grupoOutra foto mostra a proximidade que o grupo de refugiados estava. É claro, que os defensores de Assad, os anti-americanos, os anti-imprensa e os teóricos da conspiração de sempre levantaram a lebre de que seria propaganda da CNN e iniciaram suas campanhas de sempre. 

A guerra da Síria é uma tragédia humana daquelas que as novas gerações irão se perguntar e estudarão como nós permitimos que isso tenha ocorrido, como é Ruanda ou a Sérvia para nós. Aliás, para Nicholas Burns professor de diplomacia e política internacional de Havard se pergunta a partir de sua experiência de culpa coletiva no Departamento de Estato se iremos vivenciar um momento Srebrenica, ou seja, ponto de não retorno para o real engajamento mundial sobre essa questão. E encerra seu artigo com uma inquietante pergunta:

“Putin will never reach a “Srebrenica moment” on Syria. That leaves the rest of us to consider once more — how many more lives will be claimed by Syria’s ceaseless civil war before we are finally shamed to stop the killings?”

O insalubre hábito de ler os comentários em portais mostra uma tendência das pessoas em discutir as fotos e ignorar o fato que aquela família teve que cruzar o deserto para se refugiar. Ignoram que o garotinho mesmo próximo a sua família estava e está de fato desamparado. Até quando iremos discutir as árvores e teimaremos em não ver a floresta?

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