Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo União Européia

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar

The Greek Vote and the EU Miscalculation, por George Friedman

No esforço para compreender o caso grego tenho feito leituras distintas e copiado aqui alguns dos insumos, antes de construir um entendimento acerca de um assunto que eu já deveria ter uma opinião formada. Hoje apresento uma interessante análise do site de inteligência STRATFOR. Usando a tradicional abordagem de “fault lines” que marca os escritos de Friedman. O texto está em língua inglesa e é transcrito com autorização do autor. The Greek Vote and the EU Miscalculation por George Friedman In a result that should surprise no one, the Greeks voted to reject European demands for additional austerity measures as the price for providing funds to allow Greek banks to operate. There are three reasons this should have been no surprise. First, the ruling Coalition of the Radical Left, or Syriza party, is ruling because it has an understanding of the Greek mood. Second, the constant scorn and contempt that the European leadership heaped on the prime minister and finance minister convin

Pobre Europa! por Francisco Seixas da Costa

Outra excelente análise de Francisco Seixas da Costa acerca da situação grega após o resultado das urnas, algumas preferências do diplomata português ficam transparentes e não são a linha de pensamento desse que vos escreve, mas a pior coisa que um analista pode fazer é se fechar pras multiplas interpretações dos fatos que movem as forças políticas . Os próximos dias devem ser “animados” na tentativa de compreender o impacto real da decisão grega, mas uma posição do texto abaixo é incontestável, a margem de manobra do Tsipras se estreitou muito e como nos ensina a história do Brasil negociações de dívida são longas e dolorosas. Pobre Europa! Pirro, um general grego, disse a frase célebre: “mais uma vitória como esta e estou perdido”. Tsipras, o vencedor da noite de ontem, ficará na história grega como o homem que recuperou a dignidade da Grécia e vergou os parceiros ou como o condutor do país contra um muro que, nem por ser eventualmente imoral e cínico, deixará de ser destruidor.

Cenários retóricos para a votação grega, por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é um desses autores que reiteradamente transcrevo aqui, gosto do estilo de sua escrita e sobretudo da acuidade de suas análises calcadas em uma vida de serviço diplomático, além disso sua perspectiva europeia lusofona é bem interessante. Segue sua apreciação sobre a votação grega. A transcrição é feita com autorização do autor, original pode ser lido aqui . Cenários retóricos para a tarde de hoje Por Francisco Seixas da Costa O "eurogrupo" e a vitória do "Sim" Com esta decisão, o povo grego mostrou o seu realismo e a sua vontade de continuar a participar no projeto europeu, sem ceder a pulsões radicais. Com base no memorando que esteve prestes a ser assinado em Bruxelas, estão agora criadas as condições para rapidamente retomar a definição com Atenas dos passos seguintes para a saída da crise. O "eurogrupo" está aberto a dialogar de imediato com as autoridades gregas, as atuais ou outras que eventualmente venham a eme

O ressurgimento da Alemanha

Já escrevi aqui sobre a crise da Ucrânia do ponto de vista da percepção de necessidade de segurança dos Russos, alimentados pela ideologia eurasiana. Foi esse antigo imperativo de segurança dos Russos que motivou a ocupação e posterior divisão da Alemanha, posto que há duas grandes forças em ação. a dos russos querendo empurrar sua zona de influência cada vez mais a oeste e das potências continentais européias tentando empurrar sua influência mais a leste possível.Hoje, George Friedman escreve sobre os dilemas da Alemanha, diante das lições de sua história e das realidades na Ucrânia e na Grécia e como a crise européia colocou esse país numa posição central que lhe é desconfortável. Reproduzo abaixo, com autorização do autor. Germany Emerges By George Friedman German Chancellor Angela Merkel, accompanied by French President Francois Hollande, met with Russian President Vladimir Putin on Feb. 6. Then she met with U.S. President Barack Obama on Feb. 9. The primary subject was Ukra

Charlie Hebdo: Algumas impressões sobre o cenário político e os desafios do combate ao terror

O ataque ao Charlie Hebdo, no coração de uma grande capital europeia e um dos maiores destinos turísticos do mundo teve grande repercussão, como era previsível. A ampla cobertura dos meios de comunicação acabou por ensejar um acalorado debate sobre a natureza desse tipo de ataque terrorista, suas causas e o que falhou na tentativa de impedir a radicalização desses jovens. Uma boa parte do debate se deu em torno de ser ou não ser Charlie, ou seja, sobre os limites (se existirem) da liberdade de expressão, esse debate é sedutor, mas também um tanto fora do ponto. Meu bom amigo e tremendo analista Márcio Coimbra encontrou um ângulo bem interessante pra analisar os caminhos da Europa diante de reiterados ataques terroristas, do qual reproduzo alguns trechos abaixo: “Os desdobramentos dos atentados em Paris ocorrerão em breve em meio a movimentos políticos. A Europa já fala em endurecer leis antiterror, controle de viajantes e de imigrantes. Se tudo correr neste sentido, veremos um

Notas parisienses por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa nos brinda com uma análise sóbria sobre o ataque terrorista, de ontem, em Paris. Vários elementos que ele aborda estão presentes em minhas próprias análises aqui publicadas. Abaixo o texto, copiado com autorização do autor, cujo original pode ser lido aqui . Notas parisienses Por Francisco Seixas da Costa 1. Nunca fui um leitor regular do "Charlie Hebdo", mas reconheço a genialidade do seu traço e, embora nem sempre concordando com a crueldade crítica que utilizava, quero afirmar que felizes são os países onde pode publicar-se um jornal deste tipo. Em Portugal, um "Charlie Hebdo" não seria aniquilado pelas balas do terrorismo, mas por uma imensidão de processos judiciais e perseguições de outra ordem. Ter um "Charlie Hebdo", como ter um "Canard Enchainé" ou um "Private Eye" no Reino Unido, glorifica um país em matéria de liberdade de imprensa. Ver desaparecer Wolinski (cuja "especialidade" nem

STRATFOR: The Origins and Implications of the Scottish Referendum

George Friedman oferece uma análise estruturada do referendo escocês, por compromissos profissionais não pude fazer a pesquisa aprofundada para tecer uma análise própria. Friedman oferece elementos interessantes que podem ajudar a compreender o referendo e outras questões similares por toda a Europa, principalmente. The Origins and Implications of the Scottish Referendum By George Friedman The idea of Scottish independence has moved from the implausible to the very possible. Whether or not it actually happens, the idea that the union of England and Scotland, which has existed for more than 300 years, could be dissolved has enormous implications in its own right, and significant implications for Europe and even for global stability. The United Kingdom was the center of gravity of the international system from the end of the Napoleonic Wars until World War II. It crafted an imperial structure that shaped not only the international system but also the internal political order of

E quando a ignorância é divertida? Uma historieta de Francisco Seixas da Costa

Estava a escrever uma “relfexão” (se me permitirem tão horrendo neologismo) sobre a Ucrânia e Rússia, mas me deparei com essa pérola do humor e talento literário do diplomata português Francisco Seixas da Costa e não resisti a transcrevê-lo aqui. Comecem bem a semana! "So sorry!" Ao final desta noite chuvosa na Holanda, depois de um jantar de trabalho, não resisto a reproduzir um episódio que um amigo britânico, chegado diretamente do "Fringe" festival das artes de Edimburgo, nos contou ao café. Foi ontem, durante uma atuação de "stand-up comedy". O ator, de nacionalidade alemã, relatou ao público que uma jovem americana que tinha conhecido (ele disse que era loira, mas eu evito referir isso aqui) lhe havia comentado que gostava muito da Europa, mas que achava triste que por aqui se falassem tantas línguas. O alemão, irónico, deixou cair: "Sabe por que é que não se fala uma só língua em toda a Europa: porque nós perdemos a guerra...". A jo

STRATFOR: Europe's Malaise: The New Normal?

  Russia and Ukraine continue to confront each other along their border. Iraq has splintered, leading to unabated internal warfare. And the situation in Gaza remains dire . These events should be enough to constitute the sum total of our global crises, but they're not. On top of everything, the German economy contracted by 0.2 percent last quarter. Though many will dismiss this contraction outright, the fact that the world's fourth-largest economy (and Europe's largest) has shrunk, even by this small amount, is a matter of global significance. Europe has been mired in an economic crisis for half a decade now. Germany is the economic engine of Europe, and it is expected that it will at some point pull Europe out of its crisis. There have been constant predictions that Europe may finally be turning an economic corner, but if Germany's economy is contracting (Berlin claims it will rebound this year), it is difficult to believe that any corner is being turned. It is be

Sobre EUA e Alemanha. Atenção a isto, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos de crise na Eurásia e uma crescente sensação de ameaça russa no Leste Europeu, com denúncias de infiltração de Moscou nos partidos europeus e até mesmo nas decisões de Bruxelas, não espanta que a CIA ande querendo saber mais do que os europeus, mais precisamente os alemães pensam e planejam, mas o esquema mundial de espionagem no atacado denunciado pelo Snowden deixou conseqüências tamanhas que até mesmo a Alemanha, aliada dos EUA desde o fim da Segunda Guerra Mundial (pelo menos sua parte ocidental, antes que venham me corrigir), não pode ignorar e retaliar secretamente essa tentativa de invasão de seus serviços de inteligência. Francisco Seixas da Costa, o ex-embaixador português (a quem muito admiro e transcrevo) chama a atenção para esse estremecimento de relações que pode ter danoso aos interesses dos Estados envolvidos. É tema interessante para mantermos nossa atenção. Atenção a isto! Por Francisco Seixas da Costa A Alemanha acaba de considerar "person

Normandia por Francisco Seixas da Costa

O dia D é um desses grandes acontecimentos históricos que mexem com o imaginário coletivo e por isso mesmo ocupam lugar de destaque no que se chama de cultura pop ao servirem de cenário e trama para inúmeras obras áudiovisuais e livros. O heroísmo das batalhas é fruto de muita tragédia humana e essa dimensão nefasta nunca pode ser perdida em nós, ou nos tornamos um desses muitos “especialistas” que não conseguem disfarçar sua macabra excitação com os tambores de guerra. No texto abaixo de modo singelo e com o estilo de sempre o embaixador Seixas da Costa trata do imaginário que a batalha desperta e da crueza de sua realidade. E, também, que a paz tem seu preço que é pago com o pragmatismo de quem cansou da guerra. PS: A foto da Igreja de Sainte-Mère-Église que ilustra esse post retrata o memorial ao paraquedista John Steele. Normandia Por Francisco Seixas da Costa Foi em Deauville, na Normandia, depois de um jantar, em 2010. Falava com o "maire" da cidade, a quem ha

O discurso do Rei… de Espanha

Muito se escreverá sobre João Carlos Alfonso Víctor Maria de Bourbon e Bourbon-Duas Sicílias, ou simplesmente o Rei Juan Carlos, de Espanha. A vida dele é cheia de paradoxos que mostram um grande estadista. Ele que foi escolhido pelo ditador fascista Franco para ser seu sucessor e mantenedor do regime e foi um dos maiores responsáveis pela transição da Espanha a democracia, que encerrou esse regime. Era tido, nas calles como Juan, o Breve e reinou por quase 40 anos. Em 1981, sua atuação e principalmente o discurso que vai abaixo impediram um golpe militar em curso e consolidou a democracia espanhola. E deu certo caráter de estabilidade ao processo. Em seu discurso de abdicação televisionado, explicou que refletiu sobre a necessidade de uma nova geração assumir os destinos da Espanha, mas fez questão de enfatizar a estabilidade como função da Coroa: “Mi hijo Felipe, heredero de la Corona, encarna la estabilidad, que es seña de identidad de la institución monárquica. Cuando el pa

Eleições européias

As eleições para o Parlamento Europeu são um dos assuntos mais fascinantes para serem observados nesse experimento ambicioso de supranacionalidade que é a Europa Unificada. Foi um verdadeiro terremoto político , como classificou nosso correspondente Márcio Coimbra, em sua coluna no BrasilPost (cuja leitura é recomendada, sempre), pois escancarou a descrença com o sistema político atual. Ou como assevera o analista no referido artigo: “Somados todos os fatores, a Europa sabe que está diante de um barril de pólvora. Os partidos anti-União Europeia cresceram, mas ainda não desafinam o concerto europeu, entretanto, mostraram seus músculos. Sua bancada chegará a 25% do parlamento, um crescimento de praticamente 100% desde o último pleito. Sua força, entretanto, ainda não pode influir nos destinos do continente. A maioria ainda é dos pró-europeus, somando-se centro-direita, centro-esquerda e liberais. Mas tudo indica que a turma opositora, que também guarda suas diferenças internas,