Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra**
Como a situação de Obama anda cada vez pior no Congresso, já se fala aqui em Washington de alternativas para o ataque caso fique claro que haverá veto quanto a decisão de intervir na Síria.
A estratégia mais clara no momento está em aproveitar o relativo bom momento que a proposição encontra no Senado. Por lá, tudo indica que Obama pode conseguir passar sua iniciativa. Ali existe uma maioria democrata que pode ser pressionada a apoiar o Presidente. Na mesma Casa também existem falcões do partido republicano que estão lado da Casa Branca nesta questão, como o senador John McCain.
O problema de Obama está na Câmara onde a possibilidade de derrota não é só real, mas se ocorresse seria um vexame. A oposição por lá é enorme, tanto entre democratas, quanto republicanos. O Presidente, John Boehner, apóia a intervenção, mas não se moverá para articular votos para aprová-la. A tendência hoje é de uma derrota humilhante. A conta é de 115 a 130 democratas a favor e 24 republicanos. A Casa Branca espera levar 60 votos do oposicionista GOP. É muito otimismo.
A opinião pública tem feito a diferença. Ontem mesmo o senador John McCain teve que enfrentar a fúria dos seus eleitores em Phoenix, no Arizona. O senadores são mais blindados, pois buscam votos por todo o estado que representam, já os deputados, eleitos por distritos, sofrem uma pressão mais direta e muitos estão acuados diante da pressão de seus eleitores contrários a uma intervenção na Síria.
A saída de Obama, no momento, é atacar logo depois da aprovação no Senado, como fez Bill Clinton em relação ao Kosovo, na década de 90. Isto liberaria os deputados do embaraço de votar a favor do conflito, mas também mandaria uma mensagem negativa para a opinião pública e para os deputados contrários a ofensiva, que ocupariam a imprensa para atacar o Presidente. Obama estaria pisoteando a Câmara. Pegaria mal. Mas é uma saída, um jeitinho americano que Obama busca, pois se precisar dos deputados, a tarefa será muito dura.
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*Márcio Coimbra é correspondente Coisas Internacionais, em Washington, D.C.
**A Coluna Diários de Política circula aos domingos.
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