Pular para o conteúdo principal

Muitos discursos à frente. Ou semana agitada

Essa ultima semana do mês de janeiro será uma semana agitada na agenda mundial com encontros de toda espécie ocorrendo nos próximos dias. Reuniões tão díspares quanto a Cúpula sobre o Afeganistão e Reunião de doadores do Haiti ou Fórum Econômico Mundial e Fórum social Mundial. Além claro do sempre aguardado discurso ‘state of the union’ proferido pelo Presidente dos EUA.

O Fórum Social Mundial que reúne organizações de sociedade civil de perfil esquerdista já teve inicio com bandeiras de sempre, esse será realizado em várias cidades próximas a sua tradicional sede Porto Alegre, além de contar com uma ‘sucursal’ por assim dizer em Salvador. No plano regional o evento tem sido palco de manifestações ligadas aos apoiadores da ALBA – Aliança Bolivariana para as Américas.

Nessa terça-feira 27 tem inicio em Davos, Suíça o Fórum Econômico Mundial que reúne líderes empresariais, políticos, presidentes de bancos centrais, artistas e mandatários. A temática desse ano ainda, como não poderia deixar de ser é ligada a grave crise financeira que abalou o mundo como fica claro no título do fórum ‘Improve the State of the World: Rethink, redesign, rebuild.’ O presidente Lula deve receber um prêmio comemorativo aos 40 anos da reunião, que contará com falas de vários líderes mundiais.

Na quarta-feira o presidente americano Barack Obama deve iniciar o seu contra-ataque a escalada eleitoral republicana (simbolizada na eleição de Scott Brown, para a vaga no senado que foi por décadas cativa do ícone liberal Ted Kennedy) analistas especulam que o discurso deverá focar em detalhar a estratégia do executivo para estimular a criação de vagas de trabalho. Obama encontra forte oposição de movimentos Grass roots, liberais (como a organização Code Pink, por exemplo) e conservadores (como o Tea Party Patriots) esse ultimo organizador de várias manifestações por todo país e na capital contra ao descontrole fiscal, aumento do estado e contra políticas vistas por eles como restritivas da economia de mercado. Já o grupo Code Pink, uma organização feminista pacifista se ressente do envio de tropas adicionais para o Afeganistão. Como o ano é de eleições legislativas por lá vale acompanhar como se dará a distribuição de poder no congresso, que altera drasticamente a liberdade de ação política de Obama.

Em Londres, como noticiado amplamente, há um aumento do estado de alerta por conta da Cúpula Internacional sobre o Afeganistão que será realizada dia 28, co-organizada pelo Governo Britânico, Governo Afegão e a Organização das Nações Unidas, tem como objetivo de criar concertação entre a ‘comunidade internacional’ (ou Países que enviaram tropas para o Afeganistão, ONU, OTAN, atores regionais de peso e países limítrofes ao Afeganistão) e governo afegão. São esperadas declarações e planos nas esferas de segurança, governança e desenvolvimento e apóio regional.

Nessa terça-feira se reuniram, em Montreal, ministros das relações exteriores de todos os envolvidos nas operações de ajuda humanitária no Haiti, com vistas a criar compromissos que sejam perenes no esforço de reconstrução do país insular que deverão exigir contribuições financeiras e técnicas pelos próximos anos. Como pano de fundo dessa conferencia a o debate já muito mencionado nesse blog acerca de legitimidade, liderança e protagonismo na missão. Algumas cifras e declarações foram dadas no esteio dessa reunião, mas todas de certa forma já haviam sido declaradas ao longo da ultima semana.  

Uma análise melhor dos detalhes de cada uma dessas reuniões será possível a medida que documentos, declarações e entrevistas estiverem a disposição para consulta, e como de praxe nesse tipo de situação cabe compreender aspectos negociais das declarações a mídia, ou seja, algumas, se não todas as entrevistas concedidas por negociadores de alto nível podem ser parte da estratégia negocial, portanto cabe ao analista e ao observador que use filtros para entender o que se diz. Vale, também, confrontar as palavras com a prática, já que acordos e declarações internacionais são escritos de maneira a permitir uma boa liberdade interpretativa e de ação.

De toda maneira será uma semana importante e agitada para quem se interessa por temas da política internacional, teremos quase todos os pontos sendo debatidos nos diversos fóruns, como por exemplo, temas econômico, de segurança, de cooperação, de governança, sociais e de alguma maneira até os ecológicos.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas

O complicado caminho até a Casa Branca

O processo eleitoral americano é longo e complexo, sua principal característica é a existência do Colégio Eleitoral, que atribui aos candidatos uma quantidade de votos, que equivale ao número de senadores ou deputados (lá chamados de representantes) que cada estado tem direito no Congresso dos EUA. Esse sistema indireto de votação é uma fórmula constitucional enraizada no processo histórico da formação dos Estados Unidos, que buscava em um forte federalismo, criar mecanismos que pudessem minorar ou eliminar a possiblidade de um governo tirânico. Esse arranjo federalista se manifesta fortemente, também, na forma como a Constituição Americana é emendada, sendo necessário a ratificação de uma emenda aprovada no congresso pelos legislativos estaduais. São 538 votos totais no Colégio Eleitoral, a Califórnia tem o maior número de votos, com 55 e o Distrito de Columbia (equivalente ao nosso Distrito Federal) e outros 7 estados com 3 votos têm a menor quantidade, o censo populacional é usa

Ler, Refletir e Pensar: Libya's Terrorism Option

Mais um texto que visa nos oferecer visões e opiniões sobre a questão da Líbia que é sem sombra de duvida o assunto mais instigante do momento no panorama das relações internacionais. Libya's Terrorism Option By Scott Stewart On March 19, military forces from the United States, France and Great Britain began to enforce U.N. Security Council Resolution 1973 , which called for the establishment of a no-fly zone over Libya and authorized the countries involved in enforcing the zone to “take all necessary measures” to protect civilians and “civilian-populated areas under threat of attack.” Obviously, such military operations cannot be imposed against the will of a hostile nation without first removing the country’s ability to interfere with the no-fly zone — and removing this ability to resist requires strikes against military command-and-control centers, surface-to-air missile installations and military airfields. This means that the no-fly zone not only was a defensive measure