Cá entre nós o que vou dizer pode até pegar mal, mas toda reunião de cúpula tem um quê de concurso de Miss. Essa, então em um hotel tropical, os holofotes, ainda bem que fomos poupados de ver os líderes mundiais em trajes de banho, em concurso de talentos e em trajes típicos, se bem que se os considerarmos “homos politicus”, estavam em trajes típicos.
No texto que escrevi intitulado: "Assembléia Geral da OEA, um prelúdio" (aqui), eu mostrava quais temas, estariam em debate e já pressentia a óbvia atração midiática que Cuba exerceria sobre o noticiário, basta abrir um jornal, acessar um portal noticioso e estará lá em destaque a resolução que anula a resolução de 1962 que congelava o status cubano nessa organização.
Novamente aqui entre nós, a proposital ida de Obama e sua Secretária de Estado a Sra. Clinton, ao Oriente Médio, anteriormente, ao término da cúpula mostra bem o lugar da OEA, no tabuleiro geopolítico dos EUA. Além da saída antecipada, o segundo item da resolução: “2. Que a participação de Cuba na OEA será o resultado de um processo de diálogo iniciado a pedido do governo de Cuba e em conformidade com as práticas, os propósitos e princípios da OEA.”
Em conjunto essas duas medidas podem ser consideradas uma atuação diplomática norte-americana, muito bem executada, não estavam presentes diretamente na tomada da decisão, contudo o item supracitado, reitera o argumento americano ao estabelecer, ao contrário de que alguns meios noticiam, condições para a plena reintegração cubana, claro escrito com aquela cifrada e amplamente maleável linguagem diplomática.
Essa resolução por um lado cede a pressão dos latinos que muito a comemoraram, basta ler as declarações dos chanceleres, por outro, oferece aos EUA, a oportunidade de não ter que voltar a trás, ou seja, a entrada de Cuba é condicionada a essa aderir aos princípios, principalmente ligados a Direitos Humanos, e Democracia, tese sempre defendida por Washington, como condição para suspender o embargo. Ao mesmo tempo, o mesmo texto, que era previsível e, portanto propiciou ao Governo Cubano por meio de artigos de Fidel, no jornal oficial e declarações de sua chancelaria, que negavam a essência da legitimidade da OEA. Portanto essa resolução deu vazão a uma aspiração latina, ao mesmo tempo permitindo os dois atores principais dessa questão espaço de manobra e de barganha.
Caso, a OEA faça ‘vista grossa’ a algumas das questões já citadas os EUA, tem a arma do controle financeiro sobre o BID, cujos empréstimos são cobiçados pela cambaleante economia da cubana. É claro, que isso teria conseqüências que aprofundariam o antiamericanismo ativista de algumas políticas externas, em especial a dos países que compõem a Alternativa Bolivariana, que é alternativa, justamente aos EUA. Essa resolução consegue ser relevante, transformadora e ao mesmo tempo um incógnita, já que depende de muitos fatores para ser operacionalizada, ou seja, como muitos se não.
A versão final da 39ª. Assembléia Geral da OEA e a Declaração de San Pedro de Sula, sobre uma cultura de não violência ainda não estão disponíveis nos sites oficiais, portanto ainda não há meios de pormenorizar os resultados dessa Assembléia, que sim tinha uma temática, não cubana, que é a tal cultura de não violência, por sinal a agenda foi bastante movimentada e com extremos interessantes que mostram a dinâmina social da região, pois o mesmo evento foi guarda-chuva, de encontros variados, como encontro de empresários sobre Parcerias Público Privadas, encontros de sindicalistas pedindo pela ‘paz social’ e cerimônias de premiação a jovens empreendedores.
De resultado concreto, até o momento só tenho a escolha da Colômbia para receber a Sexta Cúpula das Américas (que deve ocorrer em 2 ou 3 anos), sinal que a tentativa de isolamento da Colômbia ou arrefeceu, ou teve que arrefecer para passar a resolução cubana ou arrefeceu por que os membros da ALBA calculam que nem Uribe, nem quem o apóia estará no comando do País.
Até que os documentos oficiais estejam disponíveis e minha internet volte a funcionar a todo vapor, não poderei destrinchar os resultados dessa cúpula, mas aparentemente, o MRE se comportou como o previsto em meu supracitado texto, fazendo um low profile, que cabe bem numa situação que tem mais desgaste que benefícios a oferecer, a lição ‘iraniana’ parece ter lembrado a diplomacia de velhos perfis de ação comumente usados pelo Brasil. Nessas situações polarizadas, onde historicamente o MRE, não se sente confortável para agir, a não ser pela via dos Bons Ofícios e Mediação, que não deixa de ser uma boa política de prestigio, mas que para essa disputa em especial não é instrumental adequado.
Retomando meu pensamento inicial, realmente uma Cúpula do OEA, parece um concurso de Miss, você liga a TV, percebe que está passando e pensa: Nossa isso ainda existe!
Um exagero, sem dúvidas, mas há tempos que nada de grande importância, era discutido nessas reuniões, apesar da OEA, ser uma organização muito ativa, principalmente, concedendo bolsas de estudo, propiciando intercâmbios, administrando a OEA, e servindo de referência no quesito Direitos Humanos (não confundir com “direitos dus manus” que certa parte do “baixo onguismo” defende, ou o oposto o direitos humanos para humanos direitos, dos truculentos).
Não deixa de ser interessante observar a cobertura do assunto, que para um desavisado deixa a impressão que o objetivo dessa cúpula era apenas discutir Cuba. Resta ler os documentos saber quem foi eleito para os cargos que estavam vagos e entender o contexto mais amplo da linguagem e entrelinhas dos documentos. E a partir disso saber o que de prático foi acordado, na hipótese que medidas práticas tenham advindas desse fórum.
No texto que escrevi intitulado: "Assembléia Geral da OEA, um prelúdio" (aqui), eu mostrava quais temas, estariam em debate e já pressentia a óbvia atração midiática que Cuba exerceria sobre o noticiário, basta abrir um jornal, acessar um portal noticioso e estará lá em destaque a resolução que anula a resolução de 1962 que congelava o status cubano nessa organização.
Novamente aqui entre nós, a proposital ida de Obama e sua Secretária de Estado a Sra. Clinton, ao Oriente Médio, anteriormente, ao término da cúpula mostra bem o lugar da OEA, no tabuleiro geopolítico dos EUA. Além da saída antecipada, o segundo item da resolução: “2. Que a participação de Cuba na OEA será o resultado de um processo de diálogo iniciado a pedido do governo de Cuba e em conformidade com as práticas, os propósitos e princípios da OEA.”
Em conjunto essas duas medidas podem ser consideradas uma atuação diplomática norte-americana, muito bem executada, não estavam presentes diretamente na tomada da decisão, contudo o item supracitado, reitera o argumento americano ao estabelecer, ao contrário de que alguns meios noticiam, condições para a plena reintegração cubana, claro escrito com aquela cifrada e amplamente maleável linguagem diplomática.
Essa resolução por um lado cede a pressão dos latinos que muito a comemoraram, basta ler as declarações dos chanceleres, por outro, oferece aos EUA, a oportunidade de não ter que voltar a trás, ou seja, a entrada de Cuba é condicionada a essa aderir aos princípios, principalmente ligados a Direitos Humanos, e Democracia, tese sempre defendida por Washington, como condição para suspender o embargo. Ao mesmo tempo, o mesmo texto, que era previsível e, portanto propiciou ao Governo Cubano por meio de artigos de Fidel, no jornal oficial e declarações de sua chancelaria, que negavam a essência da legitimidade da OEA. Portanto essa resolução deu vazão a uma aspiração latina, ao mesmo tempo permitindo os dois atores principais dessa questão espaço de manobra e de barganha.
Caso, a OEA faça ‘vista grossa’ a algumas das questões já citadas os EUA, tem a arma do controle financeiro sobre o BID, cujos empréstimos são cobiçados pela cambaleante economia da cubana. É claro, que isso teria conseqüências que aprofundariam o antiamericanismo ativista de algumas políticas externas, em especial a dos países que compõem a Alternativa Bolivariana, que é alternativa, justamente aos EUA. Essa resolução consegue ser relevante, transformadora e ao mesmo tempo um incógnita, já que depende de muitos fatores para ser operacionalizada, ou seja, como muitos se não.
A versão final da 39ª. Assembléia Geral da OEA e a Declaração de San Pedro de Sula, sobre uma cultura de não violência ainda não estão disponíveis nos sites oficiais, portanto ainda não há meios de pormenorizar os resultados dessa Assembléia, que sim tinha uma temática, não cubana, que é a tal cultura de não violência, por sinal a agenda foi bastante movimentada e com extremos interessantes que mostram a dinâmina social da região, pois o mesmo evento foi guarda-chuva, de encontros variados, como encontro de empresários sobre Parcerias Público Privadas, encontros de sindicalistas pedindo pela ‘paz social’ e cerimônias de premiação a jovens empreendedores.
De resultado concreto, até o momento só tenho a escolha da Colômbia para receber a Sexta Cúpula das Américas (que deve ocorrer em 2 ou 3 anos), sinal que a tentativa de isolamento da Colômbia ou arrefeceu, ou teve que arrefecer para passar a resolução cubana ou arrefeceu por que os membros da ALBA calculam que nem Uribe, nem quem o apóia estará no comando do País.
Até que os documentos oficiais estejam disponíveis e minha internet volte a funcionar a todo vapor, não poderei destrinchar os resultados dessa cúpula, mas aparentemente, o MRE se comportou como o previsto em meu supracitado texto, fazendo um low profile, que cabe bem numa situação que tem mais desgaste que benefícios a oferecer, a lição ‘iraniana’ parece ter lembrado a diplomacia de velhos perfis de ação comumente usados pelo Brasil. Nessas situações polarizadas, onde historicamente o MRE, não se sente confortável para agir, a não ser pela via dos Bons Ofícios e Mediação, que não deixa de ser uma boa política de prestigio, mas que para essa disputa em especial não é instrumental adequado.
Retomando meu pensamento inicial, realmente uma Cúpula do OEA, parece um concurso de Miss, você liga a TV, percebe que está passando e pensa: Nossa isso ainda existe!
Um exagero, sem dúvidas, mas há tempos que nada de grande importância, era discutido nessas reuniões, apesar da OEA, ser uma organização muito ativa, principalmente, concedendo bolsas de estudo, propiciando intercâmbios, administrando a OEA, e servindo de referência no quesito Direitos Humanos (não confundir com “direitos dus manus” que certa parte do “baixo onguismo” defende, ou o oposto o direitos humanos para humanos direitos, dos truculentos).
Não deixa de ser interessante observar a cobertura do assunto, que para um desavisado deixa a impressão que o objetivo dessa cúpula era apenas discutir Cuba. Resta ler os documentos saber quem foi eleito para os cargos que estavam vagos e entender o contexto mais amplo da linguagem e entrelinhas dos documentos. E a partir disso saber o que de prático foi acordado, na hipótese que medidas práticas tenham advindas desse fórum.
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