Pular para o conteúdo principal

Reunião do G-20, em Toronto

Os temas que estão em debate na agenda do G-20 são como era de se esperar econômicos o tom de coordenação de grande política global se deu no âmbito da reunião simultânea do G-8. Um recado claro que os emergentes ainda não conseguiram níveis de poder suficiente para interferir na geopolítica global, ainda que esses emergentes se arroguem essa capacidade.

Os temas do encontro são: desenvolvimento equilibrado e sustentável, reforma do setor financeiro, reforma das organizações financeiras internacionais, crescimento e comércio global. No lado de fora da reunião celerados se enfrentaram com as forças de segurança, depredando lojas e equipamentos públicos.

Sobre reuniões do G-20 escrevi, em 29 de março de 2009, em um texto intitulado: “Semana de clássico, conturbada, com briga de torcidas e decisão (?) no tapetão. Ou sobre G-20”, nesse texto fiz uma analogia com o futebol, que pouco mais de uma ano depois se mostra mais apropriado já que a reunião de agora se dá em plena Copa do Mundo FIFA África do Sul 2010. Segue abaixo transcrições do que escrevi.
Mídia em polvorosa, manifestantes ouriçados, líderes mundiais assertivos e sequiosos por microfones. Ministros pavoneando teses, sim estamos em época de Reunião de Cúpula, fazendo uma analogia meio capenga é dia de clássico. Em tempos de crise uma reunião de alto nível como essa é mais que um clássico, é final de copa, é um superbowl da Política Externa. Inspirado pelo Presidente da República manterei a metáfora do clássico. “Bem amigos do Coisas Internacionais, voltamos agora ao vivo e em definitivo”, mas afinal o que está em jogo nessa arena acarpetada e sem arquibancadas?
O jogo não poderia ser mais do mesmo, como bem disse o estrategista da campanha presidencial de Bill Clinton (e não era estagiário, sei foi bobo e baixo, mas não resisti) James Carville, “it’s economy, stupid!”. A crise econômica tornou urgente assuntos como regulação financeira, liberalização comercial, off-shore acounts, e claro o calcanhar de Aquiles daqueles que dependem de poupança externa, fluxo de crédito.

[...] Pois é, o ônibus com as delegações ainda não chegou, mas a torcida já tomou o palco, com riscos de superar os eventos assustadores de Seattle, na frustrada rodada do milênio. Como diria Januário de Oliveira: “Sinistro, muito sinistro” e oxalá que as forças de segurança evitem que tenhamos que dizer consternados e estarrecidos “ta lá, um corpo estendido no chão”.
[...] Nos próximos dias daremos inicio a partida, qual será o resultado? Estou cético, devo adimitir. Ainda abordaremos essa “rodada” em próximos posts. E só pra terminar, quem sabe vamos descobrir “quem é que sobe?”.
Nesse sentido o ponto mais incisivo da crise já passou, mas a crise de endividamento da Europa opõe os membros desse grupo já que de um lado há uma corrente expansionista de meios de pagamento e outra que prevê o controle do meio circulante reduzindo drasticamente o tamanho do setor público e sua dívida nas contas nacionais.

Para uma análise mais completo será preciso ter acesso aos comunicados oficiais do encontro e os relatos “vazados” para a imprensa por parte dos negociadores. É relevante notar que o Presidente Lula, não foi a cúpula para acompanhar de perto e segundo o planalto coordenar a resposta federal as enchentes no nordeste, interessante que essa é a primeira catástrofe desses quase 8 anos de governo que merece atenção pessoal do presidente, que sempre ficou o mais distante possível de cenários de desastre (em SC estão até hoje procurando por ele, curiosamente reagiu tal qual George W. Bush, mas a imprensa não alardeou isso, comportamento estranho de uma imprensa pretensamente golpista, não?).

Assim que dados concretos venham à tona retornarei a esse tema, e reitero meus votos que as forças de segurança consigam conter os celerados criminosos que usam da carapuça de manifestantes antiglobalização, para causar dano e destruição pervertendo o principio democrático inalienável de liberdade de expressão. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Colômbia – Venezuela: Uma crise previsível

A mais nova crise política da América do Sul está em curso Hugo Chávez o presidente da República Bolivariana da Venezuela determinou o rompimento das relações diplomáticas entre sua nação e a vizinha Colômbia. O fez em discurso transmitido ao vivo pela rede Tele Sur. Ao lado do treinador e ex-jogador argentino Diego Maradona, que ficou ali parado servindo de decoração enquanto Chávez dava a grave noticia uma cena com toques de realismo fantástico, sem dúvidas. Essa decisão estar a ser ensaiada há tempos, por sinal em maio de 2008 seguindo o ataque colombiano ao acampamento das FARC no Equador. Por sinal a atual crise está intimamente ligada aquela uma vez que é um desdobramento natural das acusações de ligação entre a Venezuela e os narco-gueriilheiros das FARC. Nessa quarta-feira o presidente da Colômbia (e de certa maneira o arquiinimigo do chavismo na América do Sul) Álvaro Uribe, por meio de seus representantes na reunião da OEA afirmou que as guerrilhas FARC e ELN estão ativas...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...