O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe está na Índia e ontem foi convidado de honra – como sempre são os chefes de estado ou de governo – no desfile que marcou o Dia da República da Índia.
Mestre Yoda, querida personagem dos filmes Guerra nas Estrelas, diz em uma lição de previsão a seu último pupilo Luke Skywalker que é difícil prever o futuro por que esse sempre está em movimento. A lição é facilmente transferível para os de nós que se aventuram a tentar analisar o mundo.
Sempre há movimento, sempre alguém procura se posicionar. A Índia, pelo seu tamanho e recém-adquirido (ou readquirido) poderio econômico é um ator que joga em vários e complicados tabuleiros ao mesmo tempo, afinal tem um não-resolvido e nuclear problema com seu vizinho Paquistão, está perigosamente perto da bagunça que é hoje o Afeganistão, lida com interesses americanos e russos na Ásia Central e tem a China cada vez mais assertiva, também, em suas cercanias.
O Japão tem uma disputa territorial com a China que já resultou em problemas industriais com um rápido, mas marcante, embargo a exportação de Terras Raras, mineral indispensável para a produção de qualquer coisa eletrônica avançada. E que recentemente foi agravada pela decisão da China de declarar as disputadas ilhas como parte da sua Zona Aérea de Defesa e Identificação.
Claro, que os objetivos econômicos estão presentes nessa visita a Índia, afinal Abe enfrenta fortes críticas internas, por conta do funcionamento das duas primeiras flechas de sua Abenomics, que pretende reverter a delicada situação econômica do Japão que perdeu o posto de segunda maior economia do mundo para seus rivais chineses.
Com cenários estratégicos tão complexos é difícil avaliar o quanto o governo indiano estaria disposto de aliar formalmente ao Japão, embora tenham feitos exercício navais conjuntos. De todo modo o aumento dos investimentos japoneses na Índia e dos produtos indianos no Japão, pode criar um cenário favorável a essa união, embora os indianos também tenham relacionamentos comerciais importantes com a China, enfim é um tabuleiro complicado com várias intersecções de interesses, e por isso mesmo é um paraíso para os pesquisadores de Relações Internacionais e observadores do tempo presente.
Interessante notar que hoje navios chineses estiveram nas águas territoriais das ilhas disputadas, pela segunda vez no ano, o que demonstra que o conflito está numa fase ativa.
O que resultará de toda essa movimentação é difícil saber, mas será importante observar, afinal há muito que se sabe que a mudança de eixo da economia para o Oceano Pacífico causaria algum rearranjo de poder na Ásia. Mas, como nos adverte o velho jedi: “Difficult to see. Always in motion is the future”.
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