Sou fã confesso do diplomata português – que essa semana anunciou sua aposentadoria, merecida – Francisco Seixas da Costa, que conheci pessoalmente quando foi embaixador de Portugal, no Brasil.
O embaixador tem um invejável talento literário e narra muito bem os causos e acontecidos da vida diplomática lusitana, abaixo vai um texto de grande bom-humor que parece apropriado a essa sexta-feira, o original pode ser lido aqui. Aproveitem!
Remédio santo!
Por Francisco Seixas da Costa
Era demais! Aquele embaixador português, conhecido notívago, abusava dos telefonemas tardios para os seus colaboradores, que assim viam o seu descanso interrompido, com as famílias já a protestar. Ninguém sabia bem o que fazer. Afrontar o chefe era uma opção arriscada, principalmente no caso dos conselheiros técnicos em serviço na embaixada, cuja renovação da comissão muito poderia depender do seu parecer.
Um desses diplomatas, casado com uma americana, era a vítima mais regular das chamadas do embaixador. A sua mulher teve então uma ideia. Uma noite o telefone tocou. A voz do embaixador surgiu do outro lado. O diplomata respondeu com um ar ensonado. E, ao lado, ouviu-se o arfar crescente da sua mulher, repetindo: "yes! Yes! YES!". O embaixador pediu desculpa e desligou. Foi remédio santo!
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