Não sou dado a responder críticas anônimas, mas vez outra não só publico uma, como acho que ela é digna de um escrutínio. Foi o caso de uma que recebi em meu texto “Elucubração Econômica” que me trata com alguns termos bem fortes, mas nada que eu não seja capaz de agüentar, afinal sou um homem feito e não vou ficar choramingando por que alguém não concorda comigo, creio que quem se põe a escrever na rede tem que estar apto pra lidar com críticas.
Assim escreveu o comentarista anônimo, pretendendo responder a pergunta que fecho o texto referido:
“O que ganhamos em troca? Pleno emprego, desenvolvimento economico e social, economia sólida, estabilidade. Os projetos liberais podem ser muito lindos, mas jamais funcionam pro sul. Os textos desse blog ja foram bons, hoje nada mais são do que distribuição gratuita de bravatas pró-imperialismo. Uma pena, pois aqui eu lia as melhores analises. Comparar a situação de crescimento do Peru e dos paises do pacifico com a nossa chega a ser uma piada. O tempo vai mostrar qual modelo de desenvolvimento é insustentavel, e dizem que o nosso é insustentavel desde 2003.”
O rapaz ou moça em questão tem todo direito a suas opiniões e até mesmo cegueira ideológica essa não é questão nem a tresloucada acusação de fazer bravatas pró-imperialismo, mesmo por que não sou assim iludido com minha capacidade de influência. Não escrevo buscando respostas emocionais, mas acontecem como vimos acima.
O que me embasbacou mesmo foi como uma pessoa que se ofende com o imperialismo, na sua análise do meu texto acaba agindo com o que chamam na América do Sul de imperialismo brasileiro.
Achei inapropriada a empáfia de dizer que a situação do pacífico não pode ser comparada com a nossa, uma piada ao que parece, contudo a idéia teve aceitação no Wall Street Journal que no dia 6 de janeiro, publicou a matéria “Duas Américas Latinas bem diferentes”, em que relata uma série de diferenças entre os dois grandes movimentos da região um mais protecionista e outro livre-cambista, sendo o primeiro grupo atlântico e o segundo banhado pelo pacífico.
Destaco alguns trechos da reportagem:
“No México, as exportações de bens manufaturados hoje representam quase 25% da produção econômica anual (no caso do Brasil: elas representam irrisórios 4%).”
“O peso argentino, por exemplo, perdeu 32% em relação ao dólar no mercado oficial — e cerca de 47% no mercado negro. O real acumulou uma desvalorização de 13% em relação à moeda americana”
“Em 2014, o bloco comercial Aliança do Pacífico (formado pelo México, Colômbia, Peru e Chile) deve crescer a uma média de 4,25%, impulsionado por altos níveis de investimento estrangeiro e baixa inflação, de acordo com estimativas do Morgan Stanley. Mas o grupo do Atlântico, da Venezuela, Brasil e Argentina — todos unidos pelo Mercosul —, deve crescer apenas 2,5%, com o Brasil, a maior economia da região, crescendo 1,9%.”
Mas, sei que o/a comentarista dirá que se trata de um jornal conservador que está comprometido com a derrocada dos modelos autônomos de integração soberana dos povos da América Latina.
Mas, avancemos. Até um interessante editorial do jornal peruano “El Comercio”, publicado em 13 de novembro de 2013.
“Entre los años 2001 y 2011 –que coinciden aproximadamente con la era Lula– la pobreza se redujo en el Perú 26,9 puntos, mientras en Brasil cayó 16,6 puntos; es decir, 10 puntos menos. Asimismo, la pobreza extrema bajó 18,1 puntos en el Perú, y lo hizo en solo 7,1 puntos en Brasil. No solo eso: pese a los ingentes programas sociales brasileños, la desigualdad se redujo prácticamente en la misma proporción que en el Perú, con la diferencia de que allá sigue siendo bastante mayor que en nuestro país: un índice Gini de 0,559 para Brasil en el 2011 versus uno de 0,452 para el Perú.”
Interessante esse dado do índice de Gini, já que meu amigo/amiga comentarista de certo odeia a desigualdade. E, também, deve querer reduzir a pobreza e assim deve ansiar por crescimento do PIB e sobre isso continua o editorial:
“Como recuerda la revista “The Economist”, Brasil creció solo 2,7% en el 2011 (frente al 6,9% peruano) y apenas 0,9% el año pasado (frente al 6,3% nacional) con una inflación de 6% (frente a nuestro 2,6%) y una inversión que alcanza solo el 18,4% del PBI (mientras en el Perú llega casi al 29%). Por otro lado, pese a que en Brasil la carga tributaria alcanza al 36% del PBI, hay un déficit fiscal apreciable y la inversión en infraestructura es solo 1,5% del PBI”
Claro, que são apenas alguns números que corroboram minha tese e que com um pouco de pesquisa podem ser averiguados. E numa coisa eu concordo com o/a comentaria é que o tempo deve evidenciar o melhor modelo, contudo a interpretação dos resultados sempre será controversa.
As pessoas sempre lêem o que querem quando damos espaço para isso, não meu caro correspondente não sou defensor de alianças automáticas com os EUA, nem que teria sido melhor entrar na ALCA sem uma dura negociação procurando maximizar os interesses nacionais, mas sim defendia e defendo o principio do livre-comércio, inclusive nas alianças sul-sul, ou seja, integração sem listas de exceção.
E, aqui repito a indagação: mandamos o livre-comércio ‘al carajo’ e o que ganhamos em troca?
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