Analisar Relações Internacionais começa por admitir o óbvio, embora a essência humana seja universal, bem como seu direitos básicos, as nações são diferentes, os povos se organizam e se governam de maneira distinta. Óbvio, né?
Bom, abaixo duas noticias que mostram bem como são essas diferenças entre as nações, na prática. Primeiro uma sobre a parada técnica do avião presidencial, em Portugal, depois outra sobre as Contas da Família Real Britânica.
No Estadão lemos:
“Tratada como segredo de Estado pelo Palácio do Planalto, a passagem da presidente Dilma Rousseff por Portugal já estava confirmada e foi comunicada ao governo local na quinta-feira, o que contradiz o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, segundo quem a decisão de parar em Lisboa só foi tomada "no dia da partida" da Suíça, no sábado passado”.
E continua
Nesta segunda, o ministro das Relações Exteriores foi destacado para falar à imprensa sobre o assunto. Primeiramente, repetiu a versão oficial: "Havia duas possibilidades: ou o nordeste dos Estados Unidos, ou parando em Lisboa, onde era o ponto mais a oeste do continente. Viu-se que havia previsão de mau tempo com marolas polares no nordeste dos Estados Unidos. Então houve uma decisão da Aeronáutica de que o voo mais seguro seria com escala em Lisboa".
Depois disse que cada um dos integrantes da comitiva presidencial que jantaram no Eleven pagou sua própria despesa. "Cada um pagou o seu e a presidenta, o dela, como ocorre em todas as viagens. Foi com cartão pessoal."
A Secretaria de Comunicação do Palácio do Planalto se limitou a informar que, "por questões de segurança", "não tece comentários sobre detalhamentos das equipes, cabendo apenas ressaltar que elas são compostas a partir de critérios técnicos e adequadas às necessidades específicas previstas para cada viagem".
A ida de Dilma a Lisboa só passou a constar da agenda oficial da presidente às 13h50 de domingo, horário de Brasília, quase 24 horas depois de a presidente chegar à capital portuguesa. Naquela hora a presidente já tinha decolado em direção a Havana.
Já no The Guardian, lemos:
The Queen's royal household has been told by a Commons committee to reduce its costs and increase income after its cash reserves were found to be at a historic low of £1m.
A report by the public accounts committee (pdf) recommended better planning and budget management to rebuild a sufficient level of contingency in its reserve fund to cover unforeseen demands on the Queen's programme.
Years of over-expenditure by the household have reduced the contingency fund from £35m in 2001 to £1m today.
E ao fim do texto, lemos:
A Buckingham Palace spokeswoman said: "The move to the Sovereign Grant has created a more transparent and scrutinised system, which enables the royal household to allocate funding according to priorities. This has resulted in a more efficient use of public funds.
"The royal household was charged by the [public accounts committee] in 2009 to generate more income to supplement the funding it receives from government. This has been done successfully. In 2012-13 the household generated £11.6m in comparison with £6.7m in 2007-8. Work on income generation continues."
Nesse caso específico temos duas abordagens, a transparente e a opaca. E o que dizer do Chanceler brasileiro, confirmando velhos e nocivos estereótipos sobre os diplomatas, ser pego distorcendo a verdade diante dos olhos da nação?
Não, não acho que tenha ocorrido nada ilegal. Mas, fica a questão da credibilidade da administração Dilma, por que como poderemos levar a sério o ministro quando ele diz que cada um dos convivas do jantar custeou sua própria refeição?
Alguns afirmarão que as paradas técnicas do avião presidencial tenha sido mesmo decidida no ultimo segundo por critérios técnicos, mas como o chanceler não sabia que o governo havia conversado e avisado as autoridades dos locais? E por que colocar na agenda só depois de um jornal avisar? Por que essa mania de tudo ser confidencial?
Diante de um desmentido tão público, acabei lembrando das palavras de Sir Willian Blake:
The Liar
Deceiver, dissembler
Your trousers are alight
From what pole or gallows
Shall they dangle in the night?When I asked of your career
Why did you have to kick my rear
With that stinking lie of thine
Proclaiming that you owned a mine?When you asked to borrow my stallion
To visit a nearby-moored galleon
How could I ever know that you
Intended only to turn him into glue?What red devil of mendacity
Grips your soul with such tenacity?
Will one you cruelly shower with lies
Put a pistol ball between your eyes?What infernal serpent
Has lent you his forked tongue?
From what pit of foul deceit
Are all these whoppers sprung?Deceiver, dissembler
Your trousers are alight
From what pole or gallows
Do they dangle in the night?
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