O Blog “BeyondBrics” do renomado jornal britânico “The Financial Times” é dedicado como sugere o nome a analisar e reportar sobre os BRICS. Hoje uma entrada desse blog tem chamado atenção e mereceu um quase “chilique” de uma comentarista no jornal “Em Pauta” da Globo News. A entrada em questão trás críticas duras e ácidas as propostas da presidente Dilma e do ministro Mantega e tem o título: “Dilma: agony aunt to the EU”, escrita pela jornalista Samantha Pearson.
Há uma tendência entre observadores e comentaristas de assuntos internacionais no Brasil de sinalizar qualquer crítica feita ao Brasil como sendo algo como “arrogância do colonizador”. A jornalista comentou a matéria como se fosse uma grave ofensa a pessoa da presidente e ao Brasil.
Eliane Cantanhêde (aliás, se você quiser ouvir a versão oficial do Itamaraty leia os comentários dela. Sempre trás certinho a visão que o MRE quer passar) comentou que o texto não repercutiu em Brasília e que não deveria haver resposta da presidente. Mas, disse que o texto foi fora de tom.
Devo confessar que havia lido o texto mais cedo, mas não tinha lhe dado tanto peso, mesmo por que eu já havia tecido nas redes sociais e aqui comentários muito parecidos, contudo tive que reler para saber o que estava assim tão fora do tom. E convido vocês a lerem também.
De fato o texto é como já disse acima irônico e deixa claro logo no título brincando com o ar severo e “moralista” da presidente. E não ameniza no primeiro parágrafo em que faz troça dos conselhos de Dilma quanto ao sistema tributário europeu lembrando a caos e o peso do sistema tributário brasileiro.
O texto toca num ponto que reiteradamente escrevo aqui que é o problema de superdimensionar o poder quando se formula uma política externa. Ao se arrogar o papel de liderar o mundo no tema crise financeira o Brasil se expõe a uma análise mais pormenorizada de nossas credenciais e das políticas usadas internamente. E nem sempre essa pretensão resiste a tal análise. A jornalista vai direto ao ponto quando diz que as recomendações do Brasil além de irreais são um tanto hipócritas como condenar o protecionismo dias depois de elevar impostos para veículos importados.
Esse artigo do “Financial Times” deve gerar alguma gritaria dos setores mais próximos ao governo e que compartilham sua linha ideológica, continuarão a dizer que foi arrogância de colonizador, empáfia européia e outras platitudes do mesmo quilate. Não sei se terá algum impacto geral nos esforços de Soft Power do governo brasileiro. No final das contas será apenas mais uma reportagem. O que me motivou a escrever foi muito mais o verdadeiro chilique da repórter num tom de “como assim vão falar desse jeito do Brasil” e a frase da Eliane que qualificou como “fora de tom”.
No fim das contas é apenas uma crítica um tanto ácida, mas pertinente. E vocês o que acham?
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