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Mostrando postagens com o rótulo América do Sul

Conselho de Defesa Sul-Americano: Alguns pensamentos

Novas compras de armas foram anunciadas recentemente por parte da República Bolivariana da Venezuela, dentro de um programa já anunciado de cooperação entre esse país e a Rússia, um ente extra-regional, que busca expandir sua influência na região, tentando contrabalançar os avanços dos EUA, Europa e China em suas cercanias. Investindo numa região que tem tido a liderança dos EUA ameaçada com a sede constante de matérias-primas e novos mercados da China e o fluxo de Investimentos Estrangeiros Diretos – IED, principalmente espanhóis que seguiram a liberalização na região, em especial na área de serviços bancários, telecomunicações e infra-estrutura. O organismo de segurança coletiva regional surgiu no esteio dos conflitos lindeiros entre Colômbia e Equador-Venezuela, por conta do bombardeio ao acampamento guerrilheiro em solo equatoriano, que consta era tolerado pelo governo local e os guerrilheiros lá mantinham contatos com simpatizantes e apoiadores em países vizinhos o que foi embara

Uma breve nota sobre as eleições colombianas

Domingo ultimo (ontem, enquanto o Brasil vencia e apanhava da Costa do Marfim) foi levado a cabo o segundo turno das eleições presidenciais colombianas que opuseram o candidato governista que venceu o pleito segundo projeções da imprensa, ex-ministro da defesa do atual governo de Álvaro Uribe, Juan Manuel Santos (no link há um bom perfil do Presidente-Eleito da Colômbia feito pela BBC) e o candidato surpreendente e exótico (afinal em tempos anteriores chegou a mostrar as navegas em público em um comício ) Antanas Mockus , do Partido Verde. Não sou especialista em política interna colombiana, mas é fato comum que o candidato vencedor é identificado com as práticas que se chamam de Segurança Democrática, um conjunto de ações duras de enfrentamento as guerrilhas (FARC-EP, principalmente) e os grupos para-militares (AUC, principalmente). Essa política tem apresentado bons resultados e tem seu mais midiático sucesso no resgate da Senadora Ingrid Bittencourt, que fora por anos, como todos

Paraguai e a energia. Ou a hora e a vez dos contribuintes

Não é novo o imbróglio entre Brasil e Paraguai sobre o preço da energia não usada pelo Paraguai e comprada pelo Brasil, por conta do tratado que possibilitou a construção da Usina Bi-nacional de Itaipu, uma passada d’olhos em jornais paraguaios nos dão noção de quanto a Bi-nacional é importante para o país Guarani, que dá ampla cobertura as ações da diretoria, por sinal o nome do diretor da empresa é sempre alvo de debates e conhecido, mais até que o nome do presidente da Petrobras aqui no Brasil. Politicamente Itaipu se mostra muito importante para o debate público e porquanto para a opinião pública do país guarani. E isto, como já escrevi aqui em outras ocasiões, complica muito a negociação, pois diminui consideravelmente a margem de manobra dos paraguaios além de que seus líderes se vêem obrigados por suas próprias plataformas eleitorais a demandarem revisões difíceis de se concretizar ante o Brasil, que pretende sempre que possível honrar os termos do Tratado de Itaipu, sendo bast

Segurança Nacional

Nos últimos dias especialistas e estudiosos em defesa têm se manifestado acerca das questões nucleares, inclusive, com declarações de oficiais de alta patente, advogando em torno de o Brasil ter acesso a tecnologia necessária para a produção de Armas Nucleares, que seriam fator de dissuasão de ataques de potências estrangeiras (leia-se EUA) ao Brasil motivadas pela cobiça por nossos recursos naturais. Contudo, os recentes eventos no Paraguai mostram que a maior e mais palpável ameaça a segurança nacional brasileira são ameaça de “quarta-geração”, são as ameaças difusas de entes não-estatais, principalmente as redes criminosas transnacionais, que traficam armas, drogas e seres humanos, lavam dinheiro, corrompem autoridades, desestabilizam regiões. As cidades brasileiras enfrentam um ataque continuo de forças criminosas, que espalham medo e sangue, oprimem regiões e limitam as liberdades individuais, criando embaraços para os governos locais e para a União, como esquecer o episódio de s

Política Sul-Americana

Uma interessante discussão acerca da política da América do Sul levada a cabo Globo News Painel, apresentado por Willian Waack, perdão por não ser um texto de minha própria lavra, mas um pequeno problema de saúde deve dificultar a atualização desse blog nos próximos dias.

MERCOSUL, Venezuela e o Senado Federal

O tema MERCOSUL bastante presente na agenda de debates e pesquisa de especialistas e estudantes em relações internacionais nem sempre tem a mesma atenção na imprensa brasileira ou por parte dos políticos. Claro essa condição se interrompe sempre que há alguma escaramuça comercial ou alguma polêmica. Por parte da impressa creio ser natural, já por parte dos políticos creio ser um sintoma de uma doença que a política brasileira sofre que a doença do esplendido isolamento, mas isso é tema para outra análise. Afastando-nos da digressão voltemos ao tema em análise. Muito se diz sobre o papel que o MERCOSUL desempenha na política externa brasileira, uma corrente defende que a integração aprofundada com os vizinhos cria estabilidade e reforça a liderança regional brasileira, além de criar cadeias produtivas integradas, diminuindo a dependência de mercados mais desenvolvidos. Outra linha defende que atrelar a PEB aos parceiros diminuiu nossa capacidade de acordos bi-laterais que poderiam ser

Bases americanas, fronteiras, Uribe, Lugo, Morales e Lula. Ou sobre helicópteros em chamas – I

Antes de qualquer coisa rendo aqui minha homenagem aos policiais militares mortos em confronto com traficantes no ultimo fim de semana na cidade do Rio de Janeiro. Esses homens, como muitos outros, morreram no cumprimento do dever, ainda que o real e tangível risco de morte seja inerente a escolha profissionais desses policiais caídos não diminui de maneira alguma a tragédia humana que é a morte de um pai de família. Deixo meus sentimentos de condolências a seus familiares e aos familiares de todos os que tombaram cumprindo seu dever. E não posso deixar, também, de estender essas condolências aos familiares do inocentes vitimas colaterais desse confronto. Nunca li nenhuma pesquisa que aborde estatisticamente como os cidadãos, políticos, servidores públicos (civis e militares) e acadêmicos vêem as questões de segurança nacional (quem souber de tal pesquisa, por favor, me diga), quais são as principais ameaças que são percebidas e assim por diante. Pelas publicações que acompanho e lei

Rio – 2016. Ou muita calma nessa hora

Sou aficionado em esportes, em geral, quando não vendo telejornais estou a assistir um dos muitos canais dedicados a isso disponíveis na TV paga. E quando mais jovem fui jogador de basquete federado indo até a categoria juvenil, pratiquei natação, judô e jiu-jitsu, sei bem como o esporte coletivo ajuda a desenvolver o trabalho em equipe e o espírito esportivo, e sei como os esportes individuais ajudam a construir características de caráter que se trabalhadas conjuntamente com valores familiares e o indispensável estudo ajudam a formar indivíduos bem ajustados, cientes do valor da preparação, confiantes e com habilidades para trabalhar em equipe. Portanto, apesar de a vida ter me levado pelo caminho dos livros não ignoro que a boa formação individual inclui educação e iniciação esportiva, assim nenhuma objeção que eu possa levantar aqui não é feita com base em preconceitos contra a prática esportiva. A imprensa está como era de se esperar ouriçada com a vitória brasileira o ufanismo

América Latina, segurança ou insegurança. Um ensaio livre

Semana agitada no front das noticias internacionais desde o “ close call” do seqüestro do avião das Linhas aéreas Mexicanas, que nos lembra que o terrorismo é real, tangível e vivo na América Latina, aliás, para colombianos e peruanos sabem muito bem disso, bem como as vítimas do atentado ao centro judaico da AMIA em 18 de julho de 1994 na capital argentina Buenos Aires. E por falar nesse ultimo ponto o presidente venezuelano sempre na liderança da oratória da defesa do continente de potencias hostis, sempre a ver ventos de guerra, esteve com o líder iraniano, país que segundo autoridades argentinas, orquestrou, financiou e executou o fatídico ataque em Buenos Aires. Um desses muitos paradoxos que vemos na política externa, por que se Chávez condena os EUA, pela atuação de sua inteligência nos sucessivos golpes militares na região (por isonomia, deveria também, denunciar o envolvimento soviético em conspirações, revoltas, insurgências e por ai vai) é um imperativo lógico que ele r

Um democrata

Permitam-me uma quebra da boa norma da escrita, que diz que se deve no primeiro parágrafo deixar claro do que se trata o texto, pistas sobre a argumentação e as bases da conclusão que se chegará. Começarei esse texto com digressão, mas que me inevitável quando escrevo a frase: “um democrata” , afinal como muitos da minha geração fiquei com subconsciente impregnado com o jingle eleitoral do candidato a presidência pelo PSDC, José Maria Eymael, que dizia entre seus versos: “Ey, Ey, Eymael um democrata cristão” . Como candidato Eymael, não conseguiu suas pretensões presidenciais, mas seu jingle é um caso de sucesso. Feita essa digressão que em nada tem a ver com o tema vamos ao texto, ao ler os jornais hoje, como te hábito, me deparei com uma notícia que me fez pensar, eis ai um democrata, (com uma dose aguda de ironia, caso não fique claro) me deparei com as fotos da visita do Líder Venezuelano e da ALBA, Hugo Chávez Frias, como convidado de honra nos festejos que comemoram os 40 ano

Desafios a segurança e estabilidade na América do Sul

Não, meus leitores, não farei aqui um texto sobre defesa aprofundado em teorias e em visões dos Estados, nem vou comentar o irrelevante Conselho de Defesa Sul-Americano, vou aqui usar de expediente que raramente aparece nesse blog, mas partirei para provocação, ou seja, vou propor um debate que não pretendo encerrar, mas sim induzir ou até mesmo provocar uma reflexão. Muito tem se escrito sobre bases militares americanas, em belicismo colombiano, ou sobre compras massivas de armamentos pelas nações da região, em parte reagindo às compras venezuelanas, até sobre os lançadores de foguete de fabricação sueca que foram apreendidos com membros das FARC. Tudo isso tem ocupado as páginas destinadas a segurança, muito tem se falado, também, sobre questões de soberania ligadas ao ataque da Colômbia a base das FARC em território equatoriano, como as ligadas a territórios indígenas, presença de ONG’s em zonas tidas como sensíveis, tudo isso é abordado freqüentemente, bem como a possibilidade

Cúpula da Unasul

Durante essa segunda feira ocorrerá à reunião de Cúpula da Unasul, na “muy chevere* Ciudad de Quito” não é difícil prever a retórica que estaremos expostos. O cerne, deve girar em torno de solidariedade a Zelaya, antiamericanismo (com um frenesi em torno das bases americanas e o acordo militar da Colômbia com os EUA), rejeição do tal “neo-liberalismo” (claro sem definir, e sem assumir que os países mais estáveis economicamente na região foram os que adotaram a tal receita “neo-liberal”), provavelmente responsabilização dos “homens brancos e de olhos azuis” pela crise. E claro a grande novidade, na vanguarda do atraso (essas semanas tem sido pródigas em situações para o uso dessa frase), que é tal proposta de jornalismo-ético. Escrevi nessas ultimas semanas sobre métodos de análise, sobre interpretar discursos, e termos nessa reunião mais uma oportunidade de fazê-lo. Por que pela própria característica dos envolvidos (muitos dados a verborragia), na questão colombiana reside um enig

Colômbia, ou Álvaro Uribe South America Tour

O presidente Álvaro Uribe, começou uma volta pela América do Sul, para explicar o acordo de concessão de bases militares aos Estados Unidos da América, como parte das ações conjuntas dos dois países contra o narcotráfico e a guerrilha (ou narcoguerrilha). Esse giro é uma reação às críticas duras feitas por líderes sul-americanos a esse acordo, que amplia a presença dos EUA, no continente, e esses líderes chegaram a demandar informações sobre esse acordo. Uribe sabe que é altamente impopular entre os líderes sul-americanos e seu país será o grande tema da reunião da Unasul, a qual Uribe não vai, por entre vários motivos por ser no Equador. A meu ver esse giro diplomático visa primeiro desmistificar a questão das bases e para que a Colômbia apresente (em vão em muitos casos) os fatos da questão dos lançadores de foguetes suecos, que foram apreendidos com as FARC. A tensão maior entre os Uribe e Chávez, começou com o episódio do ataque aéreo a uma base das Farc em território equatoria

Estabilidade continental

Muito tem se falado na mídia sobre ameaças a estabilidade da região, tem se falado de elementos externos que desestabilizam a América Latina, em especial a América do Sul, mas uma coisa me vem a cabeça, vivemos num continente politicamente estável? Por que analisando por alto podemos perceber em menor ou maior grau grande instabilidade política em todos os Estados da América do Sul, todos os governos da região enfrentam grupos descontentes mais ou menos mobilizados, mais ou menos internacionalizados, claro que se tivermos estabilidade como apenas ausência de guerras na região, então é um local, estável, mas eu trabalho com estabilidade em um conceito mais amplo em que há: paz entre os Estados, trocas comerciais e fluxos de investimentos entre os países, relações diplomáticas operando por “default” (sem grandes dificuldades, sem embaixadores chamados de volta), cooperação técnica, enfim a estabilidade tem essas características mensuráveis, mas também, uma característica menos quantifi

Por que Honduras? (versão Coisas Internacionais do “por que Mogi?”)

O título é baseado na piada recorrente do programa humorístico do canal pago SporTV, (que por alguma razão sempre usa o time e a cidade de Mogi Mirim, para suas piadas, inclusive é recorrente a piada de auto-referencia “Por que o Mogi?”. Explico por que desse título, desde o começo da crise me espanta como já deixei retratado aqui o tamanho da cobertura dada a Honduras e sua situação e não só isso, mas a falta de reflexão mais profunda na imprensa, e salvo nobre e raras exceções. Atentei também em uma nota curta que previa uma escalada das ações em Honduras para empurrar da mídia internacional um escândalo recente que eclodiu no Equador, quanto a dinheiro Venezuelano usado na campanha que elegeu Rafael Correa, presumi que isso ocorreria por que parece haver uma clara coordenação das ações dos membros da ALBA, coordenada por Hugo Chávez. E como vemos com as idas e vindas de Zelaya até a fronteira, incitação de insurgência, e assim por diante, tudo com a conivência e incentivo do govern

Democracia e América Latina – Dias para pensar

Meus leitores todos vocês sabem que sou antes de qualquer coisa, um democrata, tenho como valor máximo o respeito à Constituição e a ordem legal estabelecida. E a defesa da democracia, populismo, intervencionismo do estado e ingerências estrangeiras estão em discussão. E ventos sombrios têm soprado pelo continente, expansão do chavismo, continuísmo e alterações constitucionais a toda hora (insegurança jurídica), golpes, criminalidade transnacional enfraquecendo governos e destruindo a integridade do judiciário, até o Mexicano PRI, retorna. Claro que a crise mundial serve de catalisador para tudo isso, além do aparente lugar comum, mas força indiscutível na inquietação regional a globalização e a distribuição de seus efeitos. Esse texto objetiva causar uma inquietação uma reflexão pessoal de todos acerca desse tema, não só como tema das relações internacionais, mas como tema da cidadania. Precisamos ter em mente que subverter a ordem estabelecida, por meio da troca da força instituciona