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Mostrando postagens com o rótulo América Latina

Yes nós temos banana

Creio que essa pequena frase inicial do clássico de Braguinha imortalizado na voz da pequena notável Carmem Miranda nos remete a um Brasil caricato de filmes do período da Segunda Guerra Mundial e em cada um de nós essa lembrança desperta algum tipo de emoção e sentimento, para alguns é até mesmo a materialização do preconceito. Mas, isso não vem ao caso, me lembrei da frase pelo comportamento e declarações brasileiras que repercutem na mídia hoje. Primeiro temos o Ministro da Defesa expressando que não tem planos de enviar soldados a Honduras em caso da violação da embaixada, uma declaração que mostra bem a dificuldade do Brasil nessa questão não que sejamos pequenos como “o rato que ruge”, mas temos capacidades limitadas de projeção de poder, por isso mesmo sempre colocamos grande ênfase em nossa diplomacia e nos arranjos de segurança coletiva. Outra declaração é do presidente que não cederá a golpistas. Muito bem, em um primeiro momento parece extremamente racional que um mandat

Uma nota sobre Brasil e Honduras

Em entrevista ao portal Terra o Embaixador e ex-secretário geral da UNCTAD (Agência das Nações Unidas para o Desenvolvimento e Comércio) Rubens Ricupero, levanta um argumento semelhante ao que tenho usado aqui, não que eu busque conforto nos números, meu compromisso é com minha própria honestidade intelectual. E, também, seria uma estupidez tentar me equiparar ao Embaixador, ainda que eu não concorde com muito do que ele diz, sem nenhum resquício de falsa humildade ou subserviência o Embaixador Ricupero está em outra liga diferente da minha. Outro nível de conhecimento, experiência e vivência, respeitar alguém, não necessariamente implica em concordância cega. Mesmo não procurando auto-afirmação nos números e tampouco buscando polêmica em busca de aumentar a audiência desse blog é muito bom saber que não estou sozinho em minha posição. Concordo em especial quando Ricupero diz (trecho retirado da entrevista supracitada feita pelo portal Terra íntegra disponível aqui ): “o Brasil a

Uma batata quente

O Embaixador Azambuja em breve entrevista a rede Globo News disse e faço aqui uma transcrição não literal da declaração dele (que fique claro) com muito mais tato o Embaixador deixou claro que o Brasil arrumou uma batata quente em suas mãos, um problema político desnecessário e desgastante ao permitir a entrada de Zelaya para se instalar em nossa Embaixada em Tegucigalpa, sem que, contudo, tenha sido dado o status de “Exilado Político” ou refugiado diplomático. É preciso que fique claro que a luz do Direito Internacional o ato brasileiro não tem respaldo [Nesse particular há uma entrevista muito boa com um especialista em Direito Internacional e panelista da OMC, Durval Noronha de Goyos, aqui ] já que de dentro da Embaixada o presidente deposto discursa e conduz atos políticos o que não é permitido pelo status de exilado, portanto, o que o governo Lula patrocina é uma clara ingerência nos assuntos internos hondurenhos e estimulo irresponsável a confrontação, ao expor manifestantes e

Um risco tolo

O Presidente deposto Manuel Zelaya de Honduras retornou hoje a Tegucigalpa em uma articulação que revela definitivamente os alinhamentos políticos na América Latina, o governo Brasileiro que mantinha um discurso de neutralidade e era visto por muitos analistas como interlocutor moderado na esquerda ora em poder na Região. Contudo, essa percepção pode mudar com o papel ativo que o Itamaraty tomou no recente desdobramento da crise hondurenha. Ao abrir a Embaixada do Brasil em Honduras para que o presidente deposto se instale e fique protegido do governo interino que pretende prendê-lo e julgá-lo pelos crimes que sustentaram sua deposição. O Brasil tem, claro e todo sabemos uma longa tradição de concessão de asilo político e diplomático, mas esse caso é diferente, pois esse já havia saído do território hondurenho e retornou. Uma diferença nada pequena a situações anteriores. Ao interferir diretamente em assuntos internos de outros Estados o Brasil rompeu perigosamente com uma diplomac

América Latina, segurança ou insegurança. Um ensaio livre

Semana agitada no front das noticias internacionais desde o “ close call” do seqüestro do avião das Linhas aéreas Mexicanas, que nos lembra que o terrorismo é real, tangível e vivo na América Latina, aliás, para colombianos e peruanos sabem muito bem disso, bem como as vítimas do atentado ao centro judaico da AMIA em 18 de julho de 1994 na capital argentina Buenos Aires. E por falar nesse ultimo ponto o presidente venezuelano sempre na liderança da oratória da defesa do continente de potencias hostis, sempre a ver ventos de guerra, esteve com o líder iraniano, país que segundo autoridades argentinas, orquestrou, financiou e executou o fatídico ataque em Buenos Aires. Um desses muitos paradoxos que vemos na política externa, por que se Chávez condena os EUA, pela atuação de sua inteligência nos sucessivos golpes militares na região (por isonomia, deveria também, denunciar o envolvimento soviético em conspirações, revoltas, insurgências e por ai vai) é um imperativo lógico que ele r

O tempo passa, mas indefinição continua

Desde fins de junho que um assunto tem permanecido relevante nas discussões sobre relações internacionais, em especial, no âmbito das Américas, a deposição de Manuel Zelaya da presidência hondurenha, já gastei aqui centenas de bytes, sobre esse assunto, mas a história parece não se esgotar. É notório que considero a maneira como foi deposto o presidente Zelaya, desastrosa e incompatível com o devido processo legal, o império da lei, que é ponto basilar de qualquer regime que se julgue democrático. Embora, também seja basilar de uma democracia, dispor de meios institucionais para sua própria defesa, ou seja, uma democracia, por meio de sua carta magna, contém meios para que ela seja preservada, já que ninguém, nem com ou sem apoio popular tem o direito de solapar a constituição e desobedecer a uma decisão judicial, sendo esse alguém uma autoridade eleita, maior e mais nociva é essa desobediência. Posso dizer que sou contra a maneira como Zelaya foi retirado do poder, mas não os motivo

Felipe Calderón e o giro mexicano pela América do Sul

O Presidente Mexicano está no Brasil em visita tanto protocolar, como de negócios, pleiteando parcerias na área de petróleo e claro tentando alternativas para diminuir a dependência da economia mexicana dos Estados Unidos (tentar ao menos). Em muito por causa do NAFTA , mas independente disso, como sabemos a geografia, também, tem sua influência, o que acaba por manter o México muito vinculado a maior economia do mundo. Vocês leitores assíduos sabem que tenho muita prudência ao analisar os assuntos do dia a dia, pela falta de informações e dados concretos que possam corroborar as conclusões, o que acaba por nos colocar no pantanoso terreno de assertivas demasiadamente gerais e pobremente sustentadas, como já disse, com dados. Podemos é claro explorar o tema com alguma profundidade, sem, contudo, se apregoar o entendimento completo do assunto que só é possível com profusão de dados. Essa visita do mandatário mexicano despertou o interesse em mim de tentar entender qual é agenda do M

Estabilidade continental

Muito tem se falado na mídia sobre ameaças a estabilidade da região, tem se falado de elementos externos que desestabilizam a América Latina, em especial a América do Sul, mas uma coisa me vem a cabeça, vivemos num continente politicamente estável? Por que analisando por alto podemos perceber em menor ou maior grau grande instabilidade política em todos os Estados da América do Sul, todos os governos da região enfrentam grupos descontentes mais ou menos mobilizados, mais ou menos internacionalizados, claro que se tivermos estabilidade como apenas ausência de guerras na região, então é um local, estável, mas eu trabalho com estabilidade em um conceito mais amplo em que há: paz entre os Estados, trocas comerciais e fluxos de investimentos entre os países, relações diplomáticas operando por “default” (sem grandes dificuldades, sem embaixadores chamados de volta), cooperação técnica, enfim a estabilidade tem essas características mensuráveis, mas também, uma característica menos quantifi

Por que Honduras? (versão Coisas Internacionais do “por que Mogi?”)

O título é baseado na piada recorrente do programa humorístico do canal pago SporTV, (que por alguma razão sempre usa o time e a cidade de Mogi Mirim, para suas piadas, inclusive é recorrente a piada de auto-referencia “Por que o Mogi?”. Explico por que desse título, desde o começo da crise me espanta como já deixei retratado aqui o tamanho da cobertura dada a Honduras e sua situação e não só isso, mas a falta de reflexão mais profunda na imprensa, e salvo nobre e raras exceções. Atentei também em uma nota curta que previa uma escalada das ações em Honduras para empurrar da mídia internacional um escândalo recente que eclodiu no Equador, quanto a dinheiro Venezuelano usado na campanha que elegeu Rafael Correa, presumi que isso ocorreria por que parece haver uma clara coordenação das ações dos membros da ALBA, coordenada por Hugo Chávez. E como vemos com as idas e vindas de Zelaya até a fronteira, incitação de insurgência, e assim por diante, tudo com a conivência e incentivo do govern

Honduras. Um editorial em prol da autodeterminação de um povo

Eu não sou jornalista, como vocês sabem, e em um blog todo texto é um editorial, por que afinal é a expressão de uma opinião, contudo esse texto é diferente do que faço normalmente, são raras as ocasiões que como analista você pode se permitir tomar claramente um partido, pelo menos a meu ver, me cabe explicar o mundo o deixar a conclusão por parte dos leitores, ou dar a minha opinião de uma maneira cientifica, assim, com o tipo de argumentação, que sustenta a opinião. Imagino que no texto a seguir acabarei perdendo alguns leitores ou adquirindo inimigos, ainda assim, sou um defensor de manter a honestidade intelectual e isso implica não calar por medo de certa reação. A situação em Honduras e os desdobramentos que nesse exato momento se desenrolam nesse pedaço de terra que em condições normais de temperatura e pressão ninguém nem se lembraria, ninguém saberia, exceto alguns poucos, que Tegucigalpa existe ou acharia no mapa (capital hondurenha). A imagem no máximo era a do país que sof

The heat is on. Ou sobre Honduras

Como já havia previsto as negociações entre o governo deposto de Honduras e o governo interino eram fadadas ao fracasso, ou no mínimo, da escalada verborrágica das partes envoltas. O Presidente da Costa Rica que sob o apoio da Secretária de Estado Hilary Clinton apresentou um plano de sete pontos para a conciliação nacional em Honduras, o plano em si é bastante realista, contudo, parte de uma premissa muito difícil que é a premissa que pela simples pressão e censura internacional conseguirão a recondução de Zelaya ao poder. O governo interino aceitou pelo que pude apurar até agora (ainda não há muitos dados) vários pontos e apresentou uma contraproposta que causou a fúria da Alba e do “Mel” Zelaya, que diz que eles aceitam a voltam de Zelaya, para que ele enfrente o devido processo legal, ou seja, tenha possibilidade de se defender das acusações que lhe são feitas incluso traição. A reação dos partidários de Zelaya e dele próprio foram previsíveis, com bravatas de que não permitiram o

A quem interessa o sangue?

As negociações que visavam um acordo político para crise hondurenha intermediada pelo Prêmio Nobel da Paz 1987, Oscar Arias, Presidente da Costa Rica (que ganhou intermediando o fim das guerrilhas na região) naufragou, não chegou a ser uma surpresa afinal todos os analistas viam a indisposição em negociar e exigências sabidamente inaceitáveis, quem acompanha negociações internacionais, sabe quando se força a ruptura de uma negociação, afinal é muito fácil para qualquer diplomata de carreira saber em que pontos rupturas são inevitáveis, portanto, posso dizer que foram negociações de má-fé, onde as partes não se propuseram a negociar de fato. É preciso saber que desde os primeiros momentos da crise e logo após a deposição a Igreja Católica por meio de seu Colégio Episcopal em Honduras ofereceu seus bons ofícios, procurando acalmar os ânimos, prevenir violência e encontrar uma saída negociada. Inclusive um Bispo chegou a se pronunciar na televisão a pedir calma e discernimento de Zelaya e

O dom da Prudência, ou Honduras, imprensa e negociações

O assunto tem monopolizado as linhas que tracejo para esse blog, mas creio que não há nada mais interessante na política interamericana no momento que acompanhar os acontecimentos em Honduras, seus desdobramentos e suas cobertura, que alias abaliza minha idéia de uma nova esperança quando do trato de temas internacionais por jornais, que foi aberto pelo fim do monopólio do diploma de jornalista. Desde o primeiro momento que tratei do tema aqui sugeri aos meus colegas analistas e a vocês leitores que exercessem o saudável dom da prudência, ao avaliar o assunto, que é denso, com vários níveis e é tratado muito primariamente, mesmo por jornalistas experimentados de grandes jornais, isso sem levar em conta a auto-proclamada mídia independente e/ou alternativa. Pior que isso é a pouquíssima prudência daqueles que deveriam se guiar por ela, os líderes regionais e os formuladores de política externa da região. Que tem contribuído para tencionar uma situação em nome de um princípio, em nome da

Honduras, só para variar

Começam as conversações sob os auspícios e bons ofícios do governo costa-riquenho. E uma excelente chance de superar essa crise, desde que as falácias e bravatas sejam deixadas fora da sala de negociação. Não estou, contudo, com expectativas muito positivas creio que a crise se manterá, até que as novas eleições tomem lugar, se não na data prevista, que seja antecipada. E restaurada a normalidade e o convívio de Honduras na comunidade interamericana. O pior cenário é essa reunião ser usada por Zelaya, como plataforma para insuflar a resistência em seu país, que leva a violência, e põem verdadeiramente em risco as instituições e as liberdades democráticas, já que muitos elementos mais radicais ganham força em situações extremas. Creio que o papel de um estadista mesmo deposto é cumprir com seu dever maior intrínseco e inerente de proteger a integridade de seu território e seu povo. Portanto, o próprio presidente deposto deve repelir veementemente qualquer bravata de intervenção militar.

Democracia e América Latina – Dias para pensar

Meus leitores todos vocês sabem que sou antes de qualquer coisa, um democrata, tenho como valor máximo o respeito à Constituição e a ordem legal estabelecida. E a defesa da democracia, populismo, intervencionismo do estado e ingerências estrangeiras estão em discussão. E ventos sombrios têm soprado pelo continente, expansão do chavismo, continuísmo e alterações constitucionais a toda hora (insegurança jurídica), golpes, criminalidade transnacional enfraquecendo governos e destruindo a integridade do judiciário, até o Mexicano PRI, retorna. Claro que a crise mundial serve de catalisador para tudo isso, além do aparente lugar comum, mas força indiscutível na inquietação regional a globalização e a distribuição de seus efeitos. Esse texto objetiva causar uma inquietação uma reflexão pessoal de todos acerca desse tema, não só como tema das relações internacionais, mas como tema da cidadania. Precisamos ter em mente que subverter a ordem estabelecida, por meio da troca da força instituciona