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Mar do Sul da China

Além da tecnologia 5G outro ponto de contencioso entre China e EUA, que pode ter importantes reflexos para o comércio mundial, são as disputas territoriais no Mar do Sul da China, corredor vital de navegação no sudoeste asiático.   Essa região, também, conhecida como “garganta do pacífico” é formada por ilhotas que são disputadas por Vietnã, China, Taiwan, Brunei, Malásia e Filipinas. A disputa é particularmente mais aguda em voltas das ilhas de Spratly e Paracel. O caráter estratégico da região para a China fica claro a partir da observação de suas ações. Em 1974, forças chinesas tomaram a ilha de Parcel do Vietnam, ou seja, nem afinidades ideológicas em tempos de Guerra Fria impediram esse confronto. Em anos recentes a China começou a fortificar diversos arrecifes e atóis ao redor dessa ilha construindo bases navais e aéreas, ao mesmo tempo em que estimula o turismo e assentamentos na ilha. Para os EUA a região é estratégica pelo fluxo comercial importante, na ordem de tr...

A Inflação nas camadas de renda mais mais baixas

O apresentador anuncia um índice de inflação. O economista entrevistado explica quais foram os vilões da inflação daquele mês, geralmente no setor de hortifrúti de um supermercado. O índice é tido como “bom” e dizem que a inflação está controlada, mas você sabe que tudo que você compra subiu de preço e pensa será que estão mentindo para mim? Como são feitos esses índices de inflação? Existem vários índices de inflação calculados por diversas entidades e a diferença entre eles se dá no que os economistas e estatísticos chamam de cesta de consumo, isto é, o que as famílias compram e a proporção desses gastos em termos da renda total da família. Por exemplo, se a família gasta mais da renda dela com aluguel, um aumento desse custo tem impacto maior que outros preços na composição do índice. A inflação, também, depende do nível de renda. O IPEA, mediu que no acumulado do ano, até setembro de 2020, a inflação na faixa de renda muito baixa (renda familiar menor que R$ 1.650,50, por mês) fo...

A apuração eleitoral e o observador das Relações Internacionai

O Colégio Eleitoral americano e a apuração dos votos, nos parecem muito complicadas e pensamos: no Brasil é bem melhor. Nós olhamos o mundo pelas lentes de nossa cultura e isso afeta o julgamento que fazemos de diversas situações e realidades internacionais. Muitos conflitos em negócios internacionais têm nesse fato sua origem.   A natureza federalista, com ênfase, estadual dos EUA é muito diferente do nosso federalismo e há complexas raízes históricas para isso. Boa parte do debate constitucional original daquele país gira em torno dos Direitos dos Estados. Nosso sistema tem um caráter centralizado, que ignora as nuances regionais em troca de processos uniformizados. A informatização do voto trouxe de fato, muita celeridade ao processo, mas a adoção desse regime não foi feita com um amplo debate nacional e são comuns as desconfianças sobre a integridade desse modo de fazer eleições. Muitas opiniões publicadas sobre o sistema eleitoral de lá e de cá são apenas as lentes da fa...

O complicado caminho até a Casa Branca

O processo eleitoral americano é longo e complexo, sua principal característica é a existência do Colégio Eleitoral, que atribui aos candidatos uma quantidade de votos, que equivale ao número de senadores ou deputados (lá chamados de representantes) que cada estado tem direito no Congresso dos EUA. Esse sistema indireto de votação é uma fórmula constitucional enraizada no processo histórico da formação dos Estados Unidos, que buscava em um forte federalismo, criar mecanismos que pudessem minorar ou eliminar a possiblidade de um governo tirânico. Esse arranjo federalista se manifesta fortemente, também, na forma como a Constituição Americana é emendada, sendo necessário a ratificação de uma emenda aprovada no congresso pelos legislativos estaduais. São 538 votos totais no Colégio Eleitoral, a Califórnia tem o maior número de votos, com 55 e o Distrito de Columbia (equivalente ao nosso Distrito Federal) e outros 7 estados com 3 votos têm a menor quantidade, o censo populacional é usa...

Transformação pela Criatividade

Como gerar empregos que não abandonam as cidades? Como recuperar áreas urbanas abandonadas? Essas são perguntas que assombram todas as cidades. A globalização diminuiu as barreiras a circulação do capital e empresas no mundo. Os primeiros a sentirem o impacto dessa nova realidade foram as cidades no coração do capitalismo mundial, cidades dos EUA e Europa. A saída de grandes empresas deixou um saldo de milhares de empregos perdidos e a cicatriz física de ter regiões inteiras marcadas por prédios abandonados. O governo de Londres foi o primeiro governo a perceber um movimento interessante. Artistas, designers e startups de novas tecnologias começavam a ocupar esses espaços abandonados, e mais notável ainda, começavam a gerar empregos, a atrair turistas e investimentos. A criatividade estava transformando a cidade e se alimentava da atmosfera urbana e, mais importante, só existia por estar ali. Essa é a Economia Criativa, onde a junção da cultura única de cada cidade e a criatividade...

Lição Chinesa

O governo chinês é importante parceiro comercial no continente africano. Comprando, basicamente, commodities e ofertando bens e serviços, além de empréstimos para projetos de desenvolvimento. Esse arranjo gera para o lado chinês maior influência global e abertura de novos mercados. Pelo lado africano oferece acesso a bens, serviços e empregos.  Trocar commodities por bens de maior valor agregado causa deterioração dos termos de troca, isto é, a diferença entre o valor que exportado e o valor do que é importado. O que naturalmente gera endividamento. Diante desse cenário, o governo chinês usa sua demanda interna e capacidade de importação via acordos comerciais setoriais que aproveitam vantagens comparativas locais dando escala na produção de itens desejados pela China e garantindo mercado para esses produtos.   O que paulatinamente contribui para equilibrar a balança comercial com essas nações africanas ao mesmo tempo que garante abastecimento para a China. Em tempos de ...

Como quantificar poder nas relações internacionais?

Todos que comentam sobre política internacional, cedo ou tarde, falam sobre as questões de poder. Mas, raramente as pessoas explicam o que elas entendem ser a definição de poder. E sem essa definição expressões como “China expande poder na Ásia”, “Poder americano está em declínio” não fazem sentido nenhum, embora tenham um impacto enorme na opinião dos leitores e eleitores. Então como se faz pra medir poder? Para responder essa pergunta o Lowy Institute construiu um índice muito interessante com 8 medidas de poder (como capacidade militar, recursos econômicos, relações diplomáticas, por ex.), 30 sub-medidas e 128 indicadores. A construção de índices como esse e todo o trabalho estatístico para garantir a robustez desse tipo de mensuração, servem como exemplo de como dados empíricos enriquecem as análises em relações internacionais. Assim, fica a lição para os Internacionalistas, principalmente os estudantes , não temam a matemática!   O link do estudo 

Fim da História ou vinte anos de crise? Angústias analíticas em um mundo pandêmico

O exercício da pesquisa acadêmica me ensinou que fazer ciência é conversar com a literatura, e que dessa conversa pode resultar tanto o avanço incremental no entendimento de um aspecto negligenciado pela teoria quanto o abandono de uma trilha teórica quando a realidade não dá suporte empírico as conjecturas, ainda que tenham lógica interna consistente. Sobretudo, a pesquisa é ler, não há alternativas, seja para entender o conceito histórico, ou para determinar as variáveis do seu experimento, pesquisar é ler, é interagir com o que foi lido, é como eu já disse: conversar com a literatura. Hoje, proponho um diálogo, ou pelo menos um início de conversa, que para muitos pode ser inusitado. Edward Carr foi pesquisador e acadêmico no começo do século XX, seu livro Vinte Anos de Crise nos mostra uma leitura muito refinada da realidade internacional que culminou na Segunda Guerra Mundial, editado pela primeira vez, em 1939. É uma mostra que é possível sim fazer boas leituras da história e da...

Bye, bye! O Brexit visto por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é diplomata português, de carreira, hoje aposentado ou reformado como dizem em Portugal, com grande experiência sobre os intricados meandros da diplomacia européia, seu estilo de escrita (e não me canso de escrever sobre isso aqui) torna suas análises ainda mais saborosas. Abaixo o autor tece algumas impressões sobre a saída do Reino Unido da União Européia. Concordo com as razões que o autor identifica como raiz da saída britânica longe de embarcar na leitura dominante sua serenidade é alentadora nesses dias de alarmismos e exagero. O original pode ser lido aqui , transcrito com autorização do autor tal qual o original. Bye, bye! Por Francisco Seixas da Costa O Brexit passou. Não vale a pena chorar sobre leite derramado, mas é importante perceber o que ocorreu, porque as razões que motivaram a escolha democrática britânica, sendo próprias e específicas, ligam-se a um "malaise" que se estende muito para além da ilha. E se esse mal-estar ...

Oportunidade: Especialização em Diplomacia e Relações Internacionais, UFG

Oportunidade pra quem busca aperfeiçoamento profissional e aprofundar seus conhecimentos em Relações Internacionais e Diplomacia. O prazo final de inscrição foi prorrogado para o dia 30/06 não percam. Abaixo o release do curso. Inscrições Abertas para a Especialização em Diplomacia e Relações Internacionais Diplomacia e Relações Internacionais é um dos novos cursos de pós-graduação lato sensu oferecidos pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e sua Faculdade de Ciências Sociais (FCS). Pensado para aqueles interessados em concursos públicos, ou que vislumbrem entrada em mestrados e doutorados da área, o curso também é uma grande oportunidade de preparação para quem quer seguir uma carreira internacional! O corpo docente é composto por professores da própria Universidade, além de profissionais atuantes em carreiras internacionais, vindos de Brasília. Do total de professores do curso, 64% são doutores. A carga horária total é de 363h, divididas em 18 meses, com aulas sem...

Sobre a política e suas narrativas por Creomar de Souza

A gravidade do momento político e econômico que o Brasil atravessa exige do cidadão contemplar alternativas e avaliar os argumentos das diversas correntes de opinião, nesse afã publico aqui com autorização expressa do autor um excelente texto sobre as narrativas em disputa mais acirrada pela condução coercitiva do ex-presidente Lula. Creomar de Souza (professor do curso de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília) é uma das mais sensatas vozes desse país e um analista de uma serenidade ímpar. Leiam e reflitam. Ainda há intelectuais em Brasília. Sobre a política e suas narrativas Por Creomar de Souza Escrevo este texto sob o impacto imagético da entrada da Polícia Federal do Brasil na casa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O desdobramento da Operação Lava Jato em mais uma fase – relembrando um antigo sucesso dos videogames – e em mais um batismo – de fazer inveja a qualquer marqueteiro bem sucedido da Avenida Paulista – trazem à bai...

Istambul por Francisco Seixas da Costa

Sou admirador, confesso, do ex-embaixador de Portugal, no Brasil,  Francisco Seixas da Costa, muito além do olhar analítico ele possui em seus textos um estilo agradável que eu por mais que treine não consigo alcançar. Com muita serenidade ele trata dos terríveis atentados terroristas que atingiram Istambul, ontem, e que pululam nas cidades turísticas do mundo que por óbvio assim são por que concentram expressões culturais e arquitetônicas que pertencem a toda humanidade. Deixo vocês com o texto do embaixador, depois retorno com um breve comentário. (lembrando que o texto é transcrito tal qual o original e com autorização do autor, texto pode ser lido na versão original aqui ). Istambul Por Francisco Seixas da Costa   Há não muito tempo, depois de fazer uma palestra em Antália e de reuniões em Ancara, tomei a decisão, antes do regresso a Lisboa, de passar um dia em Istambul.   Parti de Ancara num voo bem matutino, instalei-me num hotel perto da Aya Sofia e, ...

Evento: “A NOVA ARQUITETURA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: ONDE ESTÁ O BRASIL?” RJ, 07/12

O CEBRI convida para o evento “A Nova Arquitetura do Comércio Internacional: Onde está o Brasil?” esse é um debate muito importante para a definição dos rumos do país, no cenário de recessão que enfrentamos. Abaixo o release do evento. “A NOVA ARQUITETURA DO COMÉRCIO INTERNACIONAL: ONDE ESTÁ O BRASIL?” Na próxima segunda-feira, dia 7 de dezembro, a partir das 10h30 , o Centro Brasileiro Relações Internacionais (CEBRI) promoverá o seminário “A nova arquitetura do Comércio Internacional: onde está o Brasil?” . O evento acontecerá na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRio), no Centro, e contará com a presença dos embaixadores Carlos Márcio Cozendey (Ministério das Relações Exteriores) , José Alfredo Graça Lima (Ministério das Relações Exteriores) e Luiz Felipe Lampreia (CEBRI) . O secretário de Comércio Exterior Daniel Godinho , Marcio Marconini e Diego Bonomo também participarão do evento. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.ceb...

The Greek Vote and the EU Miscalculation, por George Friedman

No esforço para compreender o caso grego tenho feito leituras distintas e copiado aqui alguns dos insumos, antes de construir um entendimento acerca de um assunto que eu já deveria ter uma opinião formada. Hoje apresento uma interessante análise do site de inteligência STRATFOR. Usando a tradicional abordagem de “fault lines” que marca os escritos de Friedman. O texto está em língua inglesa e é transcrito com autorização do autor. The Greek Vote and the EU Miscalculation por George Friedman In a result that should surprise no one, the Greeks voted to reject European demands for additional austerity measures as the price for providing funds to allow Greek banks to operate. There are three reasons this should have been no surprise. First, the ruling Coalition of the Radical Left, or Syriza party, is ruling because it has an understanding of the Greek mood. Second, the constant scorn and contempt that the European leadership heaped on the prime minister and finance minister convin...

Evento: “Relações Brasil-EUA: perspectivas para evolução após a visita presidencial”, 9/7, Rio de Janeiro

Dia 9 de julho o Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) irá promover a palestra “Relações Brasil-EUA: perspectivas para evolução após a visita presidencial” . Ministrado por Roberto Abdenur – que atuou como embaixador do Brasil nos EUA, de 2004 a 2006 –, o evento acontecerá na sede do CEBRI (Rua Candelária, 9), às 15h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site www.cebri.org/eventos . O Embaixador Roberto Abdenur, membro do Conselho Curador do CEBRI e Embaixador do Brasil nos EUA de 2004 a 2006, discute as perspectivas para a evolução das relações bilaterais entre Brasil e Estado Unidos a luz da visita presidencial oficial ocorrida na última semana, de 28/06 a 1/07. O debate dá sequência à discussão realizada em CEBRI Debate anterior, ocorrido em abril. Mais detalhes sobre o debate de abril, incluindo o podcaast do evento, podem ser acessados aqui .

Pobre Europa! por Francisco Seixas da Costa

Outra excelente análise de Francisco Seixas da Costa acerca da situação grega após o resultado das urnas, algumas preferências do diplomata português ficam transparentes e não são a linha de pensamento desse que vos escreve, mas a pior coisa que um analista pode fazer é se fechar pras multiplas interpretações dos fatos que movem as forças políticas . Os próximos dias devem ser “animados” na tentativa de compreender o impacto real da decisão grega, mas uma posição do texto abaixo é incontestável, a margem de manobra do Tsipras se estreitou muito e como nos ensina a história do Brasil negociações de dívida são longas e dolorosas. Pobre Europa! Pirro, um general grego, disse a frase célebre: “mais uma vitória como esta e estou perdido”. Tsipras, o vencedor da noite de ontem, ficará na história grega como o homem que recuperou a dignidade da Grécia e vergou os parceiros ou como o condutor do país contra um muro que, nem por ser eventualmente imoral e cínico, deixará de ser destruidor. ...

Cenários retóricos para a votação grega, por Francisco Seixas da Costa

Francisco Seixas da Costa é um desses autores que reiteradamente transcrevo aqui, gosto do estilo de sua escrita e sobretudo da acuidade de suas análises calcadas em uma vida de serviço diplomático, além disso sua perspectiva europeia lusofona é bem interessante. Segue sua apreciação sobre a votação grega. A transcrição é feita com autorização do autor, original pode ser lido aqui . Cenários retóricos para a tarde de hoje Por Francisco Seixas da Costa O "eurogrupo" e a vitória do "Sim" Com esta decisão, o povo grego mostrou o seu realismo e a sua vontade de continuar a participar no projeto europeu, sem ceder a pulsões radicais. Com base no memorando que esteve prestes a ser assinado em Bruxelas, estão agora criadas as condições para rapidamente retomar a definição com Atenas dos passos seguintes para a saída da crise. O "eurogrupo" está aberto a dialogar de imediato com as autoridades gregas, as atuais ou outras que eventualmente venham a eme...

Mais um ataque terrorista

O noticiário internacional foi tomado mais uma vez por um ato odioso de violência sem sentido, dessa vez um ataque a uma histórica igreja cristã negra, mais um ataque terrorista vil. Ao que tudo indica o verme* estaria usando as bandeiras da África do Sul (da época do Apartheid) e da Rodésia, o que mostra a obviedade racista da motivação dos ataques. Não creio que é mais preciso debater quão nefasta é a ideologia supremacista ariana, soma de coletivismos e delírios (como toda teoria em que terroristas se baseiam) que parecem ecoar naqueles dispostos a colocar a culpa de seus fracassos pessoais em algum ente abstrato e passa a se querer defensor de classe, raça, etc. E isso tudo, em especial, o delírio coletivista fica evidente nos relatos de que o atirador teria dito às vitimas que: “Vocês estupram nossas mulheres e estão dominando nosso país, vocês têm que ir” O ato terrorista acontece em um momento em que as forças de segurança dos EUA estão sob intensa crítica de movimentos li...

As armadilhas da semântica, por Roberto Campos

Voltamos! Alegria, alegria. Desculpem a ausência, mas as vezes assuntos pessoais que tentamos negligenciar cobram seu preço. Ainda não consigo escrever algo que seja inteligível, contudo vou compartilhar com vocês um texto publicado pelo meu amigo Paulo Roberto de Almeida, de lavra de Roberto Campos, que nos deixou em 2001. As armadilhas da semântica *Roberto de Oliveira Campos, 27/02/2000 George Orwell, o escritor inglês que nos deu algumas das obras que melhor iluminaram o ambiente dos difíceis anos que duraram da Depressão à queda do Muro de Berlim, entre elas as duas terríveis sátiras 1984 e Animal Farm, foi antes de mais nada um homem de excepcional integridade. Firme nas suas convicções de esquerda, foi voluntário contra os franquistas, na Guerra Civil espanhola. Ferido em combate (numa campanha admiravelmente contada em Homenagem à Catalunha), enfrentou com coragem os comunistas, quando estes, na tentativa de assumirem o controle do movimento, traíram seus outros camarada...

Brasil e Venezuela: E um conselho inesperado

Nas minhas leituras diárias me deparei com uma reportagem interessante da Revista Político , que fala sobre um conselho do bilionário Warren Buffett a Sen. Elizabeth Warren, democrata que é umas das principais vozes por uma taxação mais dura dos investidores e banqueiros de Wall Street, no tom moralista que vem tomando conta desse debate em todo canto do mundo. Buffett sugere a senadora Warren que seja “menos indignada” em sua retórica e até mesmo menos raivosa e se preocupe em alcançar algo que mesmo que não seja o ideal, seja superior ao estado atual das coisas. Buffett não está sendo inovador na sugestão que manter o tom mais ameno, oferece aos adversários políticos a chance de chegar aos mínimos demoninadores comuns (pra roubar uma expressão da matemática), essa fala é uma defesa do pragmatismo e não do cinismo como pode parecer. Não é abrir mão dos ideais, mas aceitar que nem sempre é possível se implementar reformas profundas unilateralmente, a menos é claro, que não se tenha a...