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Mostrando postagens com o rótulo Teoria das Relações Internacionais

Realism, Liberalism and Constructivism

Como fica patente ao se navegar pelos arquivos desse blog gosto de me ater às questões teóricas que são importantes para a construção de modelos analíticos, contudo tenho plena ciência que muitos estudantes de relações internacionais não têm o mesmo gosto pelas teorias. Talvez por que se vejam atolados em leituras forçadas de temas complexos em períodos curtos aliada a forte cobrança por desempenho. Mas, pior é a situação dos que se interessam pelo tema, mas ainda não possuem uma boa carga de leitura e/ou nunca estudaram Teorias das Relações Internacionais – TRI. Foi com a mente nas necessidades de entendimento desse grupo que alguns alunos da (presumo) da prestigiosa Academia Militar de West Point nos EUA criaram o vídeo que agora aproveito que apresenta telegraficamente com exemplo bem sacados os principais pontos dessas teorias que dão título a essa postagem. O vídeo visivelmente amador em sua execução é divertido e informativo. E francamente se fossem meus alunos teriam conseguido

Oriente Médio: “Lar dos pacíficos!”. Ou considerações “meta-analíticas”

Já escrevi em inúmeras oportunidades que analisar o Oriente Médio é um dos mais complexos desafios axiológicos para um analista. Somos bombardeados com impressões e com imagens engendradas para desestabilizar o lado cognitivo e apelar ao sentimental. E todos os envoltos o fazem. E isso acaba influenciando as pequenas escolhas arbitrárias que fazemos na redução do fenômeno internacional a fim de conseguir criar hipóteses sobre o todo a partir de partes, por isso mesmo classifico como desafio axiológico. É impossível para a maioria dos seres-humanos ter o distanciamento necessário quando confrontado com as horrendas imagens de ataques terroristas e de ataques militares com um numero elevado de baixas inocentes. As imagens são fortes e o sofrimento é de certo modo sedutor e naturalmente provoca reações viscerais que são manipuladas por impressões internalizadas do discurso ideológico que é repetido a exaustão. São duas linhas principais de repetição “ ad nauseam” que somos expostos: a.

Conferência de revisão do TNP. Ou sobre as coisas que são e as coisas que deveriam ser

Sem criar controvérsias desnecessárias sobre a validade de campos de estudo, mas podemos dizer com algum grau de certeza que uma das diferenças mais básicas de interpretação do mundo entre os analistas provenientes do campo das relações internacionais e aqueles do campo do direito internacional, está na natureza do sistema, ou seja, os que analisam sobre a ótica do direito internacional, o fazem pautado sobre pressupostos que datam e evoluem desde a Vestfália, sendo o principal deles a igualdade jurídica de todos os Estados. É uma visão que descarta o poder e os equilíbrios que advêm de sua fungibilidade, a partir da visão de que o Direito passaria a regular as relações entre os estados. Há tempos, creio que foi no ano passado, recebi uma pergunta de uma pós-graduanda em relações internacionais que tinha dificuldades teóricas que consistiam em justamente em conciliar essa visão de sistema político disciplinado pelo direito, no qual o “enforcement” das leis recai sobre o monopólio do e

Uma breve reflexão sobre ajuda humanitária, interesses nacionais e a análise internacional

Continua a controvérsia em especial na mídia, já que ainda não houve tempo para se estabelecer na academia (o que vai quando os primeiros papers começarem a ser publicados) sobre a natureza a o tipo da ajuda dos EUA ao Haiti. Esse debate pode ser divido em dois tipos o concreto e o analítico – teórico. O primeiro se dá entre os formuladores de política externa e negociadores que representam os atores mais fortemente envolvidos que usam ou não a imprensa como mecanismo para galvanizar a atenção da opinião pública. O segundo debate é de certa maneiro subsidiário desse primeiro grupo já que envolvem acadêmicos, jornalistas, políticos não formuladores ou executores de política externa, cidadãos especialistas ou não. Quando afirmo ser derivado por que em certa maneira utilizasse de elementos comunicados pelo primeiro grupo como fundamento de analises e argumentações, ainda que haja um claro desequilíbrio no acesso a informação do teor exato das negociações e contatos entre os atores.

Haiti, ONU, Brasil e EUA ou ajuda humanitária uma questão de poder

A Folha de São Paulo e o Estado de São Paulo desse domingo trazem reportagens que dão conta de um ‘desconforto’ (para ser contido) das autoridades brasileiras diante da massiva ajuda americana e envolvimento político dessa nação na reconstrução do Haiti, que valeu as forças armadas dos EUA o controle (e de fato com esse controle um aumento da capacidade) do aeroporto do Porto Príncipe. Logicamente que a única superpotência restante tem uma capacidade operacional incomparavelmente superior a capacidade de um emergente, aspirante a líder regional, como o Brasil. Isso é uma constatação que não se converte em demérito do envolvimento e das capacidades das forças brasileiras nessa zona de desastre. A ajuda humanitária no campo teórico das relações internacionais é vista de maneiras distintas de acordo com o ‘DNA’ teórico do analista, como toda cooperação internacional o grupo ligado as teorias de matriz realista vêem a cooperação em termos de ganhos absolutos e o de matriz institucional

As crônicas de Copenhague: A histeria, a ideologia e a política.

Teve inicio as rodadas de negociação conduzidas sob o mandato da COP-15, convocada pela ONU, com vistas a debater e criar regimes internacionais acerca das mudanças climáticas, dando curso às negociações que começaram com a RIO-92, passando pelo Protocolo de Kyoto. É preciso ter em mente uma enorme obviedade que por vezes é esquecida ou tem sua retumbante realidade de algum modo diminuída. A obviedade que me refiro é o fato que o regime oriundo dessas negociações respeita as condicionantes de qualquer negociação internacional multinacional que é colocar sob o mesmo guarda-chuva os mais diversos e por vezes contraditórios interesses. Por essa natureza todo tratado multilateral representa o padrão mínimo possível, ou seja, ele representa a área de intersecção de todos os interesses em disputa. A luz disso é de se esperar que todo regime internacional avance a passos lentos, duramente negociados em um processo que constantemente exige compromissos de todas as partes. O que por vezes p

Dia do Soldado

Hoje dia 25 de agosto é dia do soldado, a data ensejou em mim a inquietação para escrever essa reflexão sobre a força ou ameaça da força nas relações internacionais. O emprego ou ameaça de emprego da força, sempre foi um aspecto especialmente influente nas relações internacionais, não importa como o sistema se configura se um sistema imperial ou multipolar (como nos ensina um dos expoentes da escola inglesa Adam Watson em seu clássico: “A evolução da sociedade internacional: uma análise histórica comparativa” ). Ao longo dos séculos o destino das nações, dos povos, das religiões, das idéias e culturas foi decidido no campo de batalha. Por motivos diversos líderes e povos se lançaram ao combate, por riqueza, por poder, por glória e por honra, todo tipo de motivo já foi alegado, usado para a guerra. Tão vital é a violência como recurso político, que filósofos, pensadores tão distintos quanto Sun Tzu, São Thomas de Aquino, Clawsevits, Hobbes, Marcus Aurelius, Suetonio, Maquiavel e tantos

Ferramentas analíticas – Análise de Redes (Parte – II)

[A primeira parte desse texto pode ser econtrada aqui ] Análise das relações internacionais por meio da análise de redes. Todo método ou ferramenta analítica trabalha com conceitos que dão significados exatos a palavras e termos específicos, que assumem um caráter vital para a compreensão dos resultados obtido com uso, bem como para entender o próprio modelo. Portanto nessa segunda parte faço uma apresentação dos conceitos chaves nesse tipo de análise. Essa ferramenta tem tido seu valor e interesse renovado com as linhas que investigam as chamadas “dark networks” , crime organizado, terrorismo, etc. E claro como falo no post anterior há linhas que usam os mesmos termos que são usados, contudo, com significados distintos, principalmente com as interpretações neo-realistas, por isso é necessário definir os termos. Uma definição exata dos termos e da metodologia e dos risccos e uma agenda propositiva para pesquisas usando essa metodologia pode ser encontrada no trablho levado a cabo p

Ferramentas analíticas – Análise de Redes (parte – I)

Um brevíssimo prelúdio e introdução Há algumas semanas conversava com uma das idealizadoras do projeto social em que trabalho dando aulas de inglês para crianças carentes e ela me perguntava como era possível analisar o mundo da política e das relações internacionais, já que o discurso é tão desconexo da prática. A essa indagação respondi explicando que existem teorias e ferramentas de análise que ajudam nessa tarefa. Nesse post gostaria de explorar uma ferramenta que pode ser útil, no exercício dessa tarefa que pode ser extenuante que é resolver o quebra cabeças das relações internacionais. Ao navegar pela internet, encontrei um blog interessante e iniciante (mas, com muito potencial) chamado Caos – RI, além dos textos me chamou a atenção a capacidade que os escritores desse blog têm de definir a corrente interpretativa que se associam, eu tenho enorme dificuldades de me identificar a uma escola especifica, ainda mais, por que como todos os leitores desse blog, sabem sou um pouco bi

Discurso e Relações Internacionais – Mais um passeio pelo vale das dificuldades do analista internacional

Não são poucos os analistas que se dedicam a desconstrução de discursos internacionais e usariam a semióticas e outras habilidades lingüísticas para chegar a suas conclusões, são correntes minoritárias, quase sempre ligadas a correntes analíticas que tem seu DNA, por assim dizer, em teorias Marxistas, é uma maneira de analisar o fenômeno internacional, muito comum em outras ciências sociais. Eu me alinho com as correntes de pensamento que são céticas quanto a possibilidade epistemológica de uma teoria das relações internacionais que seja, suficientemente capaz de explicar todo o fenômeno internacional, isso se por que todos nós ao analisar e os teóricos não somos imunes as conseqüências e lentes bloqueadoras axiológicas, ou seja, é uma limitação da racionalidade, já que toda teoria das relações internacionais em algum ponto faz uma simplificação ou uma escolha arbitrária, na qual indubitavelmente os valores e as visões do cientista, contaminam o objeto de estudo, um vicio das ciências

Por que Honduras? (versão Coisas Internacionais do “por que Mogi?”)

O título é baseado na piada recorrente do programa humorístico do canal pago SporTV, (que por alguma razão sempre usa o time e a cidade de Mogi Mirim, para suas piadas, inclusive é recorrente a piada de auto-referencia “Por que o Mogi?”. Explico por que desse título, desde o começo da crise me espanta como já deixei retratado aqui o tamanho da cobertura dada a Honduras e sua situação e não só isso, mas a falta de reflexão mais profunda na imprensa, e salvo nobre e raras exceções. Atentei também em uma nota curta que previa uma escalada das ações em Honduras para empurrar da mídia internacional um escândalo recente que eclodiu no Equador, quanto a dinheiro Venezuelano usado na campanha que elegeu Rafael Correa, presumi que isso ocorreria por que parece haver uma clara coordenação das ações dos membros da ALBA, coordenada por Hugo Chávez. E como vemos com as idas e vindas de Zelaya até a fronteira, incitação de insurgência, e assim por diante, tudo com a conivência e incentivo do govern

Si vis pacem, para bellum

O velho adágio romano de Publius Flavius Vegetius serve para ilustrar uma questão que nunca deve ser negligenciada ao se analisar as relações internacionais, que é a sempre presente possibilidade do uso da força militar. A guerra é algo que parece inerente aos ajuntamentos humanos muito antes do primeiro Estado-Nação e provavelmente muito depois que o ultimo desses tiver caído. Há evidências pré-históricas de homens e outro hominídeo morto em circunstancias violenta que indicam enfrentamento entre grupos rivais, provavelmente pelo domínio dos recursos. Não por acaso a disciplina das relações internacionais nasceu sob os auspícios dos que tentavam estabelecer mecanismo para o alcance da paz perpetua ao “estilo kantiano” substituindo o que se julgava ser instável e fator gerador de guerras a Balança de Poder, que fora adotada formalmente ao final das guerras napoleônicas como mecanismo de ajuste que mantinha o equilíbrio de poder na Europa por meio de alianças de geometria variável que c

Teoria das Relações Internacionais, uma abordagem não tradicional aos velhos debates (Parte – II)

Continuando o debate iniciado pelo tópico “Teoria das Relações Internacionais, uma abordagem não tradicional aos velhos debates ( Parte – I )” A evolução e debates (?) teóricos [... continuação] As críticas ao realismo vieram de vários campos, então esse debate opôs o realismo as correntes competitivas, que buscavam mais cientificidade, ou seja, resultados explicativo ontologicamente mais consistentes. A primeira linha de critica veio dos behavioralistas que consideravam os autores realistas e seus escritos pouco científicos, pouco empíricos, não quantificáveis. Assim os autores Realistas agora passaram a serem chamados Realistas Clássicos, uma reação forte aos métodos behavioralistas, e também crítica ao realismo clássico veio do outro lado do Atlântico veio da escola conhecida como Escola Inglesa, que não concordava com os princípios analíticos “matemáticos” em moda nos EUA, se voltaram a tradição clássica, sua diferença essencial ao realismo clássico era a negação da premissa realis

Teoria das Relações Internacionais, uma abordagem não tradicional aos velhos debates (Parte – I)

Tenho feito muitas análises nos últimos dias ao calor da noticias, nesse texto volto a falar das relações internacionais, ciência que tanto amo, profissão que tento exercer com dignidade. Esse texto pode não ser muito útil aos não iniciados nas relações internacionais, mas nunca se sabe, então leiam e julguem ao final, como ficou muito grande dividirei em duas partes, espero que se mantenha inteligível a abordagem não é tradicional, mas não é obra original minha, outros autores já assim fizeram. Uma digressão sobre teorias e suas avaliações Todos nós versados no complexo campo das Relações Internacionais, sabemos como é complexo e por vezes difícil responder uma pergunta que nos é feita ora por neófitos a procura de respostas, ora por professores de IERI (Introdução ao Estudo das Relações Internacionais), ou TRI-I (Teoria das Relações Internacionais – I), a inocente pergunta é o que são Relações Internacionais? E toda definição recorre a elementos teóricos. [Respondo de maneira satifat