Hoje dia 25 de agosto é dia do soldado, a data ensejou em mim a inquietação para escrever essa reflexão sobre a força ou ameaça da força nas relações internacionais.
O emprego ou ameaça de emprego da força, sempre foi um aspecto especialmente influente nas relações internacionais, não importa como o sistema se configura se um sistema imperial ou multipolar (como nos ensina um dos expoentes da escola inglesa Adam Watson em seu clássico: “A evolução da sociedade internacional: uma análise histórica comparativa”).
Ao longo dos séculos o destino das nações, dos povos, das religiões, das idéias e culturas foi decidido no campo de batalha. Por motivos diversos líderes e povos se lançaram ao combate, por riqueza, por poder, por glória e por honra, todo tipo de motivo já foi alegado, usado para a guerra. Tão vital é a violência como recurso político, que filósofos, pensadores tão distintos quanto Sun Tzu, São Thomas de Aquino, Clawsevits, Hobbes, Marcus Aurelius, Suetonio, Maquiavel e tantos outros, que dedicaram horas, dias, semanas, meses, anos, décadas ao assunto.
Esse cumulativo esforço intelectual deu a luz a inúmeros escritos desde os técnicos sobre como guerrear, comandar, fazer uso da estratégia e da tática, do peso econômico da guerra para os Estados (ou entes equivalente a depender da época do escrito), bem como estudos sobre a política a história, as causas e conseqüências da guerra e ainda tratados morais sobre a licitude moral ou não da guerra, seus limites (se existem?).
Um exemplo, adicional, sobre a importância do tema fica explícito, no primeiro parágrafo do famosíssimo “A arte da guerra” de Sun Tzu, diz:
“A guerra é uma questão vital para o Estado. Por ser o campo onde se decidem a vida ou a morte, o caminho para a sobrevivência ou para ruína, torna-se de suma importância estudá-la com muito cuidado em todos os seus detalhes.”
Quanto foram os generais imortalizados por suas realizações: Mário que defendeu a república romana dos “bárbaros” do norte, Julio César, Alexandre, o grande, Aníbal, Cipião, o africano, Saladino, Montegomery, Ho Chin Mimh, Patton, Hommel, a raposa do deserto, Napoleão, etc. (Isso pra citar de memória alguns e como já deve ter sido percebido não em ordem cronológica).
Uma figura, contudo, sempre foi decisiva para tudo isso o soldado, jovem, com medo, com fome e frio, na lama é desse que se espera a coragem é esse que em meio à selvageria desgovernada da guerra, mostra virtude para ajudar o companheiro, a tenacidade para executar a missão, a nobreza para arriscar tudo, para se por literalmente na linha de fogo, nas chamas.
Desses jovens se espera tudo é ele o soldado quem paga o máximo preço, que executa as ordens, que arrisca além da vida sua sanidade e sua alma (pra quem assim crê) é esse jovem que se torna capaz das maiores e mais covardes atrocidades seguindo ordens ou não, mas esse jovem, também é capaz de deter os atrozes e ferozes dando sua vida.
É ele o soldado, sozinho, na lama, no escuro que é a ultima linha de defesa. É sobre ele que se deposita o fardo do uso sistemático da violência.
Por isso, em nome desses que se colocam para morrer não por desejos suicidas, mas por um cultivado senso de dever e hierarquia, que devemos, todos, analistas de relações internacionais, cidadãos, eleitores, políticos, diplomatas, buscar a paz, evitar o derramamento de sangue.
Não se deve romantizar a guerra e demonizar àqueles que foram chamados a servir e defender em ultima instancia suas casas, suas famílias, seu modo de viver. A história mostra que a interação violenta parece ser importante característica da humanidade, mas não será esse fatalismo que nos fará perdemos a esperança, ânimo, disposição e desejo de salvar vidas e evitar um conflito armado, qualquer que seja, mas claro, sempre prontos para nos defender.
Hoje se comemora o dia do soldado, por isso essa exploração sobre o papel desses jovens, desses homens e mulheres que são chamados ao máximo sacrifício, e muitas vezes são desprezados e abandonados mesmo tendo cumprido suas ordens, muitas vezes são transformados em vilões, por cumprirem ordens, e outras são heróis seja desarmando minas anti-pessoais em missões de paz. Ou regatando vítimas de desastres naturais, ou resguardando e defendendo a constituição.
Esse texto é uma homenagem aos abnegados que se colocam de corpo e alma com toda sua inteligência em regimes duros de treinamento, que convivem mesmo em tempos de paz com o fantasma da guerra e da morte, que sacrificam suas famílias com viagens e mudanças constantes e ainda assim vestem com orgulho seu uniforme, cientes de dever, desejosos de paz, mas prontos sempre para cumprirem seu dever.
Parabéns aos soldados, aos militares, que se dispõem a proteger a nação, a Constituição e em ultima instância cada cidadão. Os erros, autoritarismo e crueldade de alguns, em fases históricas passadas, não diminuem ou mancham sua importância, sua dignidade, a importância do seu dever e o respeito que é devido a quem se dispõe a arriscar tudo, que se dispõe a pagar o máximo preço. Como diz a Canção da Infantaria (e usando os infantes estendo homenagem a todas as armas, a todos os soldados de qualquer patente e função), cujo um trecho reproduzo:
“Nós somos estes infantes
Cujos peitos amantes
Nunca temem lutar;
Vivemos,
Morremos,
Para o Brasil nos consagrar!”
Parabéns aos soldados! E como sempre não custa lembrar, si vis pacem, para bellum
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