Um brevíssimo prelúdio e introdução
Há algumas semanas conversava com uma das idealizadoras do projeto social em que trabalho dando aulas de inglês para crianças carentes e ela me perguntava como era possível analisar o mundo da política e das relações internacionais, já que o discurso é tão desconexo da prática. A essa indagação respondi explicando que existem teorias e ferramentas de análise que ajudam nessa tarefa. Nesse post gostaria de explorar uma ferramenta que pode ser útil, no exercício dessa tarefa que pode ser extenuante que é resolver o quebra cabeças das relações internacionais.
Ao navegar pela internet, encontrei um blog interessante e iniciante (mas, com muito potencial) chamado Caos – RI, além dos textos me chamou a atenção a capacidade que os escritores desse blog têm de definir a corrente interpretativa que se associam, eu tenho enorme dificuldades de me identificar a uma escola especifica, ainda mais, por que como todos os leitores desse blog, sabem sou um pouco bitolado com a meta-teórica de cada uma dessas formulações, que fique claro não é uma crítica aos escritores do Caos, se muito é uma crítica ou a aceitação pública de uma falha minha.
Como escrevi em vários posts aqui ao analisar procuro usar mecanismos e ferramentas analíticas produzidos pro várias correntes interpretativas e teorias, mas não de uma maneira tipo “antropofagia cultural” ou “tropicália”, mas sim um uso sistemático, com metodologia coerente, e baseada em princípios lógicos, para que na análise, eu não parta de pressupostos conflitantes, o que pode ocorrer ao buscar usar mais de um tipo de ferramenta analítica das diferentes correntes teóricas, não sou um teórico, sou um analista do mercado (na medida em que sou consultor) e midiático (já que esse blog não deixa de ser mídia).
Entretanto no que tange a ciência trato a questão com seriedade, usando o método tridimensional que já aqui expliquei para entender a lógica que fundamentou as escolhas que criaram determinada teoria, afinal a aplicação ou afiliação cega, não é maneira de fazer ciência, nem tampouco o apego a conceitos quando provados em contrário, por isso vejo com muita alegria os debates teóricos sérios, nos quais os dois lados emergem com aprofundamentos (e se for o caso correções) de suas escolhas epistemológicas.
Em um sentido mais prático e aplicável, se manter atualizado nas discussões teóricas e metodológicas, pois desses métodos, nascidos para uso na academia, podem ser utilíssimos para entender o mundo e servir melhor meus clientes. Nesse sentido apresento um método que tem emergido nas fileiras das relações internacionais, como em muitos casos se beneficiando do avanço de outras ciências sociais, já que um bom programa de pesquisas em relações internacionais é interdisciplinar por excelência.
Esse método que vou apresentar é uma maneira de analisar o sistema internacional que rompe com o método tradicional ao igualar as redes sociais, as estruturas hierárquicas das relações internacionais, indo além da análise dessas redes na governabilidade ou na criação de regimes internacionais, principalmente, nas Organizações Intergovernamentais Internacionais que vemos nos estudos de Nye e Keheone, essa corrente analítica, não vê as redes sociais como atores que se contrapões aos atores tradicionais, mas sim vê esses atores, como elos, membros, atores de várias redes, portanto ao contrário do tradicional nessa vertente, não é só a morfologia da rede o objeto de interesse mas a própria maneira como a rede e o grau de relações de seus elos conformam e até mesmo limitam a ação dos agentes ou atores.
Por outro lado essa corrente por se focar nas questões de poder e como ele se distribui (sua fungibilidade) dentro dessas redes, assim essa corrente não trabalha com o pressuposto redutor, que as relações dentro de uma rede (elos) são homogêneas, assim essa corrente estuda as redes, suas interações, internas e externas, bem como as condições que criam sua formação e dissolução.
Assim no contexto dessa ferramenta uma rede é definida como qualquer interação ou elos entre qualquer agente e/ ou grupos de agentes que fazem parte da rede, levando em conta o tipo de ação de cada agente, a natureza de cada elo, e fungibilidade de poder entre esses atores, e a partir disso o objetivo é identificar, padrões de comportamento, perenes, emergentes que criam ou destoem os laços e as redes. Esses dados devem ser obtidos empiricamente, e podem ser agentes ou atores de uma rede, qualquer tipo de organização, Estados, Organizações Internacionais, Empresas transnacionais, ONG’s, grupos terroristas etc.
Esse post é introdutório de uma série que vai analisar essa ferramenta que a análise de redes, obviamente aqui serão apresentados aspectos genéricos desse tipo de análise que tem a meu ver um valor interessante a ser considerado, mas tenho é claro, que reiterar, que um blog é um mídia limitada, que em essência não é lugar, para tratados ou “papers” sobre o assunto, mas ainda apresentarei os conceitos, mesmo correndo o risco desses textos serem utilizados por preguiçosos, ao melhor estilo Ctrl C + Ctrl V.
Por isso apresentarei indicações de bibliografia complementar, mas devo salientar que como deixei claro em post anteriores, não vejo em nenhuma teoria das relações internacionais existentes, respostas concretas, além de toda dúvida, sobre as questões e fenômenos internacionais, ainda assim, sou um ferrenho defensor que mesmo as ciências sociais, em geral, e relações internacionais em particular, tem uma ontologia válida.
Assim mesmo usando conceitos advindos de diferentes correntes interpretativas, procuro sempre me pautar pela coerência, consistência e lógica dos conceitos aplicados, para que a análise tenha um resultado útil e satisfatório. Para variar, volto à velha tecla defendida aqui, que estar certo ou errado é condicional, é contingência, mas ser intelectualmente honesto, ao fazer a análise é existencial, fundamental, assim, quando provado o erro aprendemos e damos mais um passo a frente.
Ou refutamos a prova, com elementos que aprofundam e encorpam mais os conceitos que aplicamos e as conclusões que atingimos, assim, de qualquer maneira, acertando ou errando, se contribui para o avanço do entendimento das relações internacionais.
No caso do mercado, testamos e melhoramos as ferramentas, evitando prejuízos a nossos clientes, aumentando suas chances de lucro, contribuindo para a sociedade, ao agregar valor, o que pode se converter em geração de empregos, Investimentos Diretos, ou numa agenda mais humanitária, na obtenção de ajuda e auxilio, bem como promovendo o entendimento e diminuindo os conflitos, ou potenciais conflitos. Em um próximo post, estudaremos mais a fundo as ferramentas e os conceitos e pressupostos dessa ferramenta analítica.
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