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Mostrando postagens com o rótulo Reflexões

Stratfor: The Asian Status Quo por Kaplan e Gertken

Nesse excelente artigo de Robert D. Kaplan e Matt Gertken é feita uma análise da situação da distribuição do poder na Ásia e para isso a dupla se vale dos conceitos realistas de Morgenthau para iniciar essa viagem teórica e analítica e para os jovens estudantes de RI é uma boa oportunidade de ver na prática o diálogo entre a Teoria das Relações Internacionais e a análise da realidade contemporânea, ou seja, aplicada a um caso concreto. Espero que seja útil nessa véspera de saída pro carnaval. " The Asian Status Quo is republished with permission of Stratfor." por Robert D. Kaplan e Matt Gertken Arguably the greatest book on political realism in the 20th century was University of Chicago Professor Hans J. Morgenthau's Politics Among Nations: The Struggle for Power and Peace, published in 1948. In that seminal work, Morgenthau defines the status quo as "the maintenance of the distribution of power that exists at a particular moment in history." In other w

Escravidão moderna: Um grave problema humano

Em minha rotina de leitura de jornais e das redes sociais me deparei com um texto desses que quando você termina de ler, você se sente mal e com sérias dúvidas se as coisas evoluirão na humanidade. Falo da crônica de João Pereira Coutinho sobre o filme 12 anos de escravidão . O tráfico seres humanos e escravidão moderna são problemas graves e que afrontam a dignidade coletiva da humanidade, tanto que há séculos existe um movimento continuo que nasce no movimento abolicionista e persiste até hoje no combate a escravidão. João Pereira mostra em seu artigo que a causa abolicionista e anti-escravista acaba sendo vítima das divisões e paixões ideológicas que em parte resultam na percepção que Direitos Humanos seria uma causa eminentemente de esquerda, o que é claro é em si uma mistificação ideológica. Não é que o tema seja ausente do debate internacional, afinal, existem diversas convenções tratando da questão, em especial, no combate ao tráfico internacional de mulheres com vistas a

Ukraine Turns From Revolution to Recovery por George Friedman

Ainda na busca do entendimento do que está em jogo na Ucrânia trago como elemento de reflexão essa análise de George Friedman, no que pese a polêmica em torno do Stratfor a verdade é que as análises do grupo são muito bem embasadas e informativas, mas como tudo – TUDO, inclusive esse blog – deve ser lido e refletido para que você chegue a suas conclusões, como digo em minhas palestras não quero seguidores, mas leitores críticos (e lembrem-se que uma postura crítica também pode concordar.. :) ). Aproveitem o texto. " Ukraine Turns From Revolution to Recovery is republished with permission of Stratfor." The uprising in Kiev has apparently reached its conclusion. President Viktor Yanukovich and the opposition reached an agreement, negotiated by the Polish, German and French foreign ministers. The parliament is now effectively in charge, deciding who will be ministers and when elections will be held, whether to dismiss judges and so on. It isn't clear whether the parl

Ucrânia e agora?

E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? Carlos Drummond de Andrade Essa não é uma análise profunda, na verdade qualquer análise para ser minimamente informativa precisa ser embasada historicamente, calcada nos fatos e logicamente sustentável, mas tudo isso depende da melhor informação disponível. E admito para vocês ainda não tive tempo de concatenar uma análise coerente da situação. Na verdade nesse momento tenho muitas dúvidas sobre a deposição de Viktor Yanukovich. A deposição de Yanukovich, não obstante, a perda de vidas que envolveu e o longo impasse que a precedeu, me pareceu fácil demais, quieta demais. Ficou claro que ele perdeu seu grupo de sustentação interna na sociedade civil e no empresariado, mas o que levou a que esses apoios se retirassem não me parece claro. Um governo dos partidários de Yulia Tymoshenko pode ser estável? Pode esse arranjo de forças resistir a um cenário econômico co

Venezuela, Ucrânia e Rei Arthur

A Batalha de Camlann teria sido a batalha que custou a vida do Rei Arthur. Gosto das lendas arturianas e seus arquétipos de humanidade e santidade, mas a batalha final me fascina por que mostra como em situações de extrema tensão a mínima falha na comunicação, o mínimo movimento mal-calculado pode levar ao desastre e é o caso do soldado que assustado por uma serpente desembainha sua espada para matá-la e seu gesto é entendido como o início das hostilidades e isso desencadeia a batalha que deixaria o Rei mortalmente ferido. Movimentos de massa, com impasses prolongados, causam efeitos nas pessoas que estão na linha de frente, forças de segurança são obrigadas a fazer turnos longos, cansativos e sob muita pressão da mídia e de seus chefes. Manifestantes, em geral, estão frustrados por que as coisas não acontecem na velocidade que querem e sentem-se cercados e ameaçados pelas armas das forças de segurança. Nesse cenário não faltam cavaleiros com espadas desembainhadas (ou por que são p

França por Francisco Seixas da Costa

O mítico estrategista chinês Sun Tzu tratando sobre os estudos preliminares a guerra nos diz: “A guerra é uma questão vital para o Estado. Por ser o campo onde se decidem a vida ou a morte, o caminho para sobrevivência ou para ruína” e Li Ch’uan complementa o lúgubre aviso asseverando: “A guerra é um acontecimento tão grave que os homens não devem entrar nela sem antes se preparar com a devida cautela”. Os dois estrategistas antigos aceitam que a guerra é um fenômeno natural, diriam os mais fatalistas que é um fenômeno inerente a natureza humana. E as pesadas palavras deles vieram à tona em minha mente ao ler a excelente reflexão sobre as recentes ações francesas feitas pelo ex-diplomata português – e um dos favoritos desse blog – Francisco Seixas da Costa. França Por Francisco Seixas da Costa Começam agora a conhecer-se melhor os pormenores do entendimento que impediu o ataque de uma coligação de potências ocidentais ao poder militar sírio. Uma “oportuna” proposta russa, que a

O táxi e o choque de civilizações por Francisco Seixas da Costa

Mais uma divertida observação da vida dos que fazem a diplomacia e os negócios internacionais e dos viajantes internacionais. Nesse texto – transcrito com autorização do autor – Francisco Seixas da Costa relata como uma construção teórica pode ser divertidamente (depois de passado o fato, claro) comprovada empiricamente. "Gajos" Por Francisco Seixas da Costa O meu aviāo era muito cedo. Devia partir do hotel, em Tóquio, cerca das 6 da manhā. Na noite anterior, perguntei se haveria táxis à porta do hotel, a essa hora. (Andar de táxi, no Japão, é uma experiência única. Os taxistas não falam uma palavra de outra língua que não seja o japonês, não entendem geralmente os nomes escritos em carateres não nipónicos, usam luvas brancas e gritam coisas incompreensíveis e ameaçadoras quando, dentro ou fora do carro, pretendemos abrir uma porta - que só se abre, automaticamente, por sua ordem. E, na irrepreensível limpeza do interior das viaturas, há nos encosto de cabeça uma esp

Why so much anarchy por Robert D. Kaplan

Robert Kaplan nos apresenta uma análise sucinta e um tanto sombria das principais ameaças a paz global do momento. Sombria por que apresenta de maneira eloqüente o momento de ameaças difusas que vivemos. E o quanto os Estados Falidos nos ameaçam. É impossível ler esse texto sem pensar na situação da Síria e como o conflito ameaça o Líbano, embora, reste a esperança que a identidade libanesa forjada na fogueira da guerra possa servir como barreira ao crescente sectarismo. Kaplan, também, pincela na questão do Islã e reforça o que outros autores pensam sobre o atual momento de disputa interna entre as várias correntes de interpretação do Islã, todas em busca de ser o mainstream dessa religião global, disputa que talvez até mesmo devotos muçulmanos não possam ver com tanta clareza, por uma questão de distância analítica, nem sempre se vê a floresta quando cercado de árvores. É uma leitura provocadora e com a capacidade de inspirar análises mesmo que dispares da do autor e por isso

Verdades que não podem ser definitivas ou sobre um horizonte sombrio (?) por Paulo Roberto de Almeida

Nesse texto meu amigo e ícone da pesquisa em Relações Internacionais, no Brasil e alhures, Paulo Roberto de Almeida aborda algumas verdades e lugares comuns repetidos como se fossem verdades dogmáticas, mas que não refletem a realidade. Mas, apesar do aparente pessimismo do texto, outra verdade que não é definitiva é que as coisas não correm o risco de melhorar. Mas, não se iludam nesse particular qualquer evolução no estado de coisas apresentados virá de muito esforço e dentro dos inegociáveis limites impostos pela realidade, que nem o mais arraigado voluntarismo utópico pode vencer.  Verdades que não podem ser definitivas Por Paulo Roberto de Almeida Freqüentemente tenho ouvido algumas teses que passam por verdades absolutas, uma vez que são continuamente repetidas por eminentes personalidades da vida pública, como se diz. Como não estou de acordo com algumas delas, permito-me aqui fazer pequenas correções a essas “verdades inquestionáveis”. Apenas alguns exemplos: 1) “E

Notícias do caos por Francisco Seixas da Costa

São sempre deliciosas as histórias da memória diplomática do ex-embaixador de Portugal, no Brasil. Abaixo segue mais um desses retratos que dão toques humanos a política externa. O original pode ser lido aqui . Notícias do caos Por Francisco Seixas da Costa Foi uma relação de simpatia pouco vulgar aquela que se estabeleceu entre aquele credenciado diplomata português e um seu homólogo soviético, em tempo de Guerra Fria, num contexto internacional particular. A história ficou nos anais diplomáticos portugueses. O tema da conversa era a França, onde o diplomata português estava colocado. - É mesmo verdade que, em França, é possível a um cidadão estabelecer-se em qualquer cidade que seja do seu agrado, sem necessitar de autorização oficial? - Claro que sim! Desde que tenha meios para isso, não há qualquer limitação no que toca ao lugar onde pretende morar. - E a compra de carro? Falaram-me que não é preciso inscrição para a sua aquisição... - Quem pretend

Santo Remédio por Francisco Seixas da Costa

Sou fã confesso do diplomata português – que essa semana anunciou sua aposentadoria, merecida – Francisco Seixas da Costa, que conheci pessoalmente quando foi embaixador de Portugal, no Brasil. O embaixador tem um invejável talento literário e narra muito bem os causos e acontecidos da vida diplomática lusitana, abaixo vai um texto de grande bom-humor que parece apropriado a essa sexta-feira, o original pode ser lido aqui . Aproveitem! Remédio santo! Por Francisco Seixas da Costa Era demais! Aquele embaixador português, conhecido notívago, abusava dos telefonemas tardios para os seus colaboradores, que assim viam o seu descanso interrompido, com as famílias já a protestar. Ninguém sabia bem o que fazer. Afrontar o chefe era uma opção arriscada, principalmente no caso dos conselheiros técnicos em serviço na embaixada, cuja renovação da comissão muito poderia depender do seu parecer. Um desses diplomatas, casado com uma americana, era a vítima mais regular das chamada

Diplomacia do Basquetebol? Ou sobre o jogo da discórdia

O sempre polêmico e um tanto tresloucado ex-jogador de basquetebol (e um dos meus ídolos pessoais nesse esporte que tanto amo) Dennis Rodman está na maior prisão a céu aberto do mundo, na República Popular da Coréia, para realizar um amistoso entre ex-atletas americanos e jogadores norte-coreanos em honra do aniversário do líder daquele país Kim Jong-Un. A liga profissional de basquetebol dos EUA, a famosa NBA, para essa temporada 2013-2014 estreou uma nova campanha publicitária focada na internacionalização de sua liga, com a assinatura “One game, one love” a campanha exorta a capacidade universal que o esporte tem para emocionar e criar momentos inesquecíveis. Dennis Rodman e sua ida a Coréia do Norte desafia os limites dessa campanha e muito mais acaba por expor a verdade incômoda de que o esporte é altamente politizado. O exemplo mais dramático dessa politização do esporte foram os boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, que arruinaram os sonhos e os esforços de muitos a

Uma leitura importante para nossos dias

Nesses dias em que o entusiasmo coletivista se insinua nas ruas, em meio a máscaras de Guy Fawlkes e que médicos viram commodities me parece imperioso ler sobre a história das temidas prisões soviéticas, os Gulag e o papel da mão-de-obra escrava desses centros de detenção para economia da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Neste intento transcrevo, abaixo, resenha do livro de Anne Applebaum: “Gulag: uma história dos campos de prisioneiros soviéticos”. Feita pelo diplomata e profícuo autor Paulo Roberto de Almeida, a quem tenho orgulho (e atrevimento? ) de chamar de amigo. Gulag: anatomia da tragédia Resenha de: Anne Applebaum: Gulag: uma história dos campos de prisioneiros soviéticos (Rio de Janeiro: Ediouro, 2004, 744 p.; tradução de Mário Vilela e Ibraíma Dafonte; ISBN: 8500015403) O terror moderno, isto é, o recurso à intimidação aberta e indiscriminada para alcançar fins especificamente políticos, não está ligado apenas aos exemplos cruéis do fundamentalismo

Criatividade: Elemento ausente no ensino das Relações Internacionais?

“Criatividade é a inteligência se divertindo” Albert Einstein Quantas vezes durante a graduação em Relações Internacionais somos desafiados a ser criativos? E, mais quantas vezes oferecemos soluções inovadoras? É claro, que compreendo que uma ciência deve apresentar resultados pautados nas evidências e logicamente ancoradas em premissas coerentes, mas ainda assim, todos os grandes pensadores de todas as escolas teóricas das relações internacionais foram inovadores, se destacaram da manada de seus colegas e propuseram algo diferente, ou seja, enxergaram os mesmos problemas, mas apresentaram soluções inovadoras. Nessa semana o Instituto Mundial para as Relações Internacionais (do qual orgulhosamente sou diretor) em parceria com a Secretaria do Audiovisual do MinC realizou o seminário “criatividade: idéias + convergência = criação coletiva” ( link pra fanpage lidamente administrada pela equipe da Reimagine), evento que marcou o encerramento do brilhante projeto Coletivos Criativos foi

A barriga da CNN: Um “cautionary tale”

Como quase todos que trabalham em “Home Office” tenho por hábito deixar a televisão ligada em algum canal de notícias e no meio da tarde de hoje uma notícia roubou completamente minha atenção, dizia a manchete em letras garrafais na tela da CNN, que o suspeito de ter colocado os dois dispositivos explosivos improvisados na chegada da Maratona de Boston havia sido detido. O feito parecia de uma eficiência espantosa em menos de 72 horas as forças de segurança dos EUA teriam localizado e apreendido o suspeito. Contudo, logo ficou claro que não passou de uma confusão e a primeira rede internacional de notícias havia cometido uma ‘barriga’ das grandes. Barriga no jargão dos jornalistas é dar notícia falsa ou errada como verdadeira e ainda o fazer com grande estardalhaço, ou seja, o oposto de um furo jornalístico. Durante a transmissão que contava com grandes nomes da rede norte-americana como Wolf Blitzer (que pessoalmente acho insuportável) e o Anderson Cooper. Ficou claro que havia

Terras indígenas: Ameaça a soberania estatal? Por Priscila Barros

A invasão do plenário da Câmara dos Deputados em protesto contra a votação da PEC 215/00 , colocou a questão da demarcação de terras indígenas de volta ao centro do debate público. Minha querida amiga (e ex-sócia) Priscila Barros dissertou sobre esse tema em seu mestrado em sociologia pela Universidade de Western Ontário e foi gentil o suficiente para nos brindar com um informativo paper sobre o tema, que está em língua inglesa. Para os que não lêem em língua inglesa a Priscila disponibilizou um resumo em português. O tema sobre o reconhecimento do direito dos povos indígenas de autodeterminação tem ganhado cada vez mais espaço no âmbito nacional e internacional. O debate sobre esse tópico muitas vezes é baseado em posicionamentos polarizados e/ou em argumentos pouco qualificados. O ensaio que escrevi foi motivado por uma das questões mais polarizadas e debatidas no âmbito da Comissão de Diretos Humanos da Organização das Nações Unidas - ONU, ela diz que: o reconhecimento dos direito