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Mostrando postagens com o rótulo EUA

Diários de Política: El voto latino

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** As projeções realizadas dentro do partido republicano são feitas dentro de um espectro de candidatos que vão de Chris Christie até Rand Paul, passando por Marco Rubio, Scott Walker e Ted Cruz. Todas, entretanto, não consideram o nome do ex-governador da Florida, Jeb Bush, como candidato. Mas talvez seu nome volte ao cenário em breve. A possível entrada de Jeb Bush mexe com todo o cenário republicano. Se ele decidir concorrer, a estrutura muda, pois ele tem um amplo leque de apoios entre doadores, tanto na Flórida como nacionalmente, e penetração em partes do partido que podem consolidar seu nome. Entraria nas primárias extremamente competitivo. A campanha de Jeb nasceria na Flórida. A primeira baixa seria Marco Rubio. Aqui em Miami, onde pude pesquisar melhor sobre o assunto e conversar com algumas lideranças políticas, vejo que esta possibilidade é real. Jeb, um conservador em temas sociais e um liberal em termos econômicos, pos

Uma janela para os bastidores da diplomacia americana e F*ck the EU

Não é sempre que temos acesso a conversas sem cesuras entre diplomatas tentando costurar um acordo num momento de crise. E uma fita de um grampo telefônico divulgada pelo youtube nos dá essa oportunidade de ouvir como são feitas as coisas, no solo, na prática e com o uso de palavrões. Aliás, o próprio contexto do vazamento da gravação é bem interessante para quem analisa a questão ucraniana e visa claramente fazer com que a oposição ao governo local seja vista como traidores e manipulados pelo Ocidente, mas ao ouvir com atenção a fita revela que o jogo, ao melhor estilo Guerra Fria, também é disputado pelos Russos. O mais interessante é que o Ocidente, não é frente unida, como os teóricos da conspiração e os políticos querem fazer parecer e isso fica evidenciado que a manobra tentada não continha anuência da UE, que é parte interessada no conflito. E o que evidência isso? Bom, é belo “fuck the EU” dito pela diplomata Victoria Nuland em sua conversa com o embaixador americano na U

Elucubração econômica

Visitei o Equador no início dos anos 2000 e pelas ruas de Quito um grafite chamou a minha atenção ele dizia: “ALCA, Al carajo, Yanks go home”, a época o recém empossado governo Lula construía o que alardeavam como sua maior vitória política, o torpedeamento da Área de Livre Comércio das Américas, como se dizia a época o bloco que iria da Tierra del Fuego ao Alaska . Anos depois o falecido Chávez usaria a mesma expressão elegante, em Mar del Plata. O argumento principal era o temor da economia brasileira e da região se tornariam satélites da economia americana, além é claro das dificuldades de sempre, ou seja, agricultura protegida pelo lado americano e serviços blindados pelo lado brasileiro. Tudo que envolve parceria ou associações com os EUA, acaba sendo decidido com o fígado no Brasil, ou seja, preconceitos ideológicos (e concordâncias cegas, também) dominam o debate, o abstrato interesse nacional é torturado até confessar o que as correntes de opinião desejam. A tese venced

Diários de Política: O líder vacilante

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Robert Gates é muito respeitado aqui em Washington. Ocupou a cadeira mais importante do Pentágono em duas administrações: Bush e Obama. Na verdade, dois governos que em tese seriam antagônicos e por fim possuem muitas semelhanças, tiveram no Secretário de Defesa uma linha de continuidade. Gates já deixou a administração Obama e traz em seu novo livro revelações interessantes sobre o processo decisório dentro da Casa Branca. Obama perdeu a confiança em seu próprio plano para o Afeganistão, revela Gates. O Presidente não possuía a confiança no General Petraus, em Hamid Karzai e no seu próprio plano. O Secretário de Defesa mostra o democrata como um líder vacilante, que toma decisões sozinho e contraria muitos de seus assessores. A dificuldade de Obama lidar com o círculo de assessores é conhecido, mas duvidar das próprias decisões é uma novidade. Gates mostra sua discordância com Joe Biden, o vice de Obama "em praticamente tod

Diplomacia do Basquetebol? Ou sobre o jogo da discórdia

O sempre polêmico e um tanto tresloucado ex-jogador de basquetebol (e um dos meus ídolos pessoais nesse esporte que tanto amo) Dennis Rodman está na maior prisão a céu aberto do mundo, na República Popular da Coréia, para realizar um amistoso entre ex-atletas americanos e jogadores norte-coreanos em honra do aniversário do líder daquele país Kim Jong-Un. A liga profissional de basquetebol dos EUA, a famosa NBA, para essa temporada 2013-2014 estreou uma nova campanha publicitária focada na internacionalização de sua liga, com a assinatura “One game, one love” a campanha exorta a capacidade universal que o esporte tem para emocionar e criar momentos inesquecíveis. Dennis Rodman e sua ida a Coréia do Norte desafia os limites dessa campanha e muito mais acaba por expor a verdade incômoda de que o esporte é altamente politizado. O exemplo mais dramático dessa politização do esporte foram os boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, que arruinaram os sonhos e os esforços de muitos a

Diários de Política: The elephant in the room

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Enquanto o partido republicano parece estar cada vez mais capturado pela agenda conservadora, o eleitorado manda seu recado. Nesta semana foram dois. A escolha de Chris Christie e a derrota de Cuccinelli. Os moderados foram recompensados com votos enquanto os mais conservadores foram mandados de volta para casa. Isto abriu um debate dentro do partido que tem como foco as eleições presidenciais. O GOP, Grand Old Party, como são reconhecidos os republicanos por aqui, encontram-se em uma profunda crise. Existem pelo menos três grupos dentro do partido: moderados, libertários e conservadores. Os últimos são que tem mais voz hoje dentro da estrutura, especialmente por um motivo: são dos grupos mais conservadores que vem os maiores recursos para o partido. Deste grupo emergiu Cuccinelli, o candidato derrotado na Virgínia. Dentro deste grupo também não há harmonia. Sua mais nova estrela, o senador Ted Cruz, do Texas, está longe de ser uma

Diários de Política: Ficou feio pra Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Ficou feio para Obama. Depois de Putin ser responsável por uma virada política espetacular no caso sírio, o russo apareceu no New York Times com um artigo contundente ensinando os americanos a fazer política externa. A reação aqui em Washington foi de todos os setores políticos, afinal não é todo dia que um dirigente russo empareda o Presidente norte-americano desta forma. Os setores mais moderados taxaram a situação de humilhante. Os conservadores acusam Obama, depois de perder o controle político interno, agora ser incapaz de ditar a política externa. O timing da aparição do artigo no New York Times foi perfeito para Moscou, afinal, na noite anterior Obama tinha vindo a público explicar o caso sírio para os americanos e apresentar as razões de uma possível retaliação a Damasco. O artigo de Putin, na manhã seguinte, fez todos esquecerem que Obama sequer havia estado na televisão. Putin, em seu artigo, fala da Guerra Fria, da imp

Diário de Política: O Jeitinho americano de Obama

Diários da Política é coluna* de Márcio Coimbra** Como a situação de Obama anda cada vez pior no Congresso, já se fala aqui em Washington de alternativas para o ataque caso fique claro que haverá veto quanto a decisão de intervir na Síria. A estratégia mais clara no momento está em aproveitar o relativo bom momento que a proposição encontra no Senado. Por lá, tudo indica que Obama pode conseguir passar sua iniciativa. Ali existe uma maioria democrata que pode ser pressionada a apoiar o Presidente. Na mesma Casa também existem falcões do partido republicano que estão lado da Casa Branca nesta questão, como o senador John McCain. O problema de Obama está na Câmara onde a possibilidade de derrota não é só real, mas se ocorresse seria um vexame. A oposição por lá é enorme, tanto entre democratas, quanto republicanos. O Presidente, John Boehner, apóia a intervenção, mas não se moverá para articular votos para aprová-la. A tendência hoje é de uma derrota humilhante. A conta é de 115 a 1

Espionagem internacional

“É isso aí, Dilma: num dia você é Palocci, no outro Francenildo.” Flávio Morgenstern Em novos desdobramentos do escândalo de vigilância massiva por parte da National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, do EUA) – NSA foi revelado que os presidentes de Brasil e México e suas equipes de governo foram alvos de espionagem e que os agentes de inteligência estrangeiros tiveram acesso aos meios eletrônicos de comunicação dos dois governos. A espionagem é parte integrante da vida das nações, desde muito antes do advento do Estado-Nação nos moldes Vestfalianos que hoje conhecemos, de fato o grande estrategista chinês Sun Tzu em sua celebrada obra a “A arte da guerra” dedica um capitulo inteiro sobre o uso desse recurso que ele classifica como “um dos tesouros do soberano” e vai além em seu elogio a prática da espionagem: “É engenhoso! Verdadeiramente engenhoso! Não há lugar que a espionagem não tenha sido aplicada”. Muito embora, a prática da espionagem seja realidade do sistema

O dia que durou 21 anos e o regime militar brasileiro de 1964-1985, por Gabriel Romero

Uma resenha provocativa de Gabriel Romero. Leiam e opinem. O dia que durou 21 anos e o regime militar brasileiro de 1964-1985, por Gabriel Romero. O que é bom para o Brasil, é bom para os Estados Unidos (1). Juracy Magalhães. A película O dia que durou 21 anos, documentário que se utiliza das fontes primárias classificadas secretas e ultrassecretas tornadas recentemente públicas pelo governo norte-americano, peca pelos excessos, e padece pelo tom ginasial de sua exegese histórica superficial. É, enfim, dicotômica porque indigente. O filme de Camilo Tavares revela como os Estados Unidos da América (EUA) colaboraram para o golpe militar de 1964, que derrubou o presidente brasileiro João Goulart. Apesar de se postular inovador, o documentário definitivamente não traz à luz fatos eminentemente novos. Seu foco está na revelação das gravações de diálogos da Casa Branca de 1962 a 1964, e nas investidas da Casa Branco no sentido de incentivar e patrocinar o golpe de março de 1964 no Bras

Eleições nos EUA

O conhecido escritor norte-americano Mark Twain escreveu em sua autobiografia de 1906: “If we would learn what the human race really is at bottom, we need only observe it at election time” , algo como “Se você quer conhecer o pior da raça humana, basta observar o período eleitoral”. O mordaz observador e escritor se referia claramente a campanha negativa e a cegueira partidária que afloram nesse período. Em tempos de crise econômica e elevada polarização política essa nefasta tendência das campanhas políticas fica ainda mais aflorada e o voto passa a ser pedido na base do impedir a tresloucada agenda de outrem e não na base do implementar minha acertada agenda. E meus caros, não tenham dúvidas os analistas midiáticos ou acadêmicos são afetados pelo partidarismo ou simpatias ideológicas e pior tentam estabelecer que sua posição seria o “normal” e “natural” e a do outro lado “anacrônica” ou qualquer adjetivo de acepção negativa, aliás são os adjetivos empregados que entregam a visão

China e EUA: Soft Power do Basquetebol

De modo geral o Soft Power pode ser compreendido como o conjunto das capacidades de influenciar o comportamento dos atores do sistema internacional sem o uso direto de medidas de força (sanções, pressões militares). O Soft Power é assim “um doce jogo de persuasão” nas palavras de Paulo Roberto de Almeida. Nesse tipo d e ação internacional o que os atores buscam é a influencia e os bens culturais e as idéias são grande meios de exercer essa influência. Nesse sentido é comum que se veja os países se valendo de coisas que comprem boa vontade, por exemplo, o Brasil sempre que pode se vale de suas estrelas do futebol, seja num jogo amistoso no Haiti, seja presenteando líderes estrangeiros com camisas autografadas da seleção. Não é novidade que o esporte seja usado ou cooptado para disputas políticas os dois vergonhosos boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, em Moscou e Los Angeles, respectivamente, nos ensinaram isso de modo claro. Aqui farei um breve parêntese, como os meus leitor

Vídeo: Withdrawal from Iraq

Um excelente vídeo que elenca alguns dos desafios que restam para as relações entre EUA e Iraque após a retirada das tropas de combate americanas. Embora, reste claro alguns poucos milhares de conselheiros militares ficaram em solo iraquiano. A entrevista, também, toca na questão do legado da guerra, principalmente no nível político e estratégico. O analista Anthony H. Cordesman é frio e realista ao apontar a ineficácia da invasão. Creio que essa entrevista produzida pelo think tank CSIS – Center for Strategic and International Studies contribui para a análise da questão iraquiana de uma maneira objetiva e desapaixonada. O que é quase impossível em fóruns de debate e redes sociais devido a polarização em torno do tema. Eu acredito que é papel do analista de RI, não importa suas orientações ideológicas e idiossincrasias ser capaz de construir uma análise calcada nos fatos e sem recair na “muleta” de uma retórica inflamada e cheia de clichês. (Por sinal em breve devo voltar a esse tem

E finalmente a S&P rebaixou a nota de crédito soberano do EUA

Os agentes do mercado financeiro mostraram “nervosismo” toda a semana diante do quadro político americano, a amarga batalha pela aprovação da elevação do teto da dívida pública daquele país já havia feito a Standard & Poor’s ameaçar esse rebaixamento. Ameaça que se concretizou rebaixando a nota americana do mais alto posto AAA para o ainda muito seguro AA+, contudo é a primeira vez na história daquele país que sua dívida não tem classificação máxima de segurança. Três grandes agências dominam o mercado de avaliação de risco soberano a S&P, a Moody’s e a Fitch. Diferentemente da S&P as outras agências não anunciaram planos para revisarem a nota da dívida americana nos próximos dias. A nota AA+ ainda não provocará grandes alterações nos juros pagos pelos EUA, já que as outras agências mantiveram a nota máxima, mas sem dúvida é uma sinalização que o endividamento pode vir a ser um problema no futuro. Justamente por que há muita incerteza política. Os mercados de certo modo

Vídeo-Postagem: Entrevista com Henry Kissinger sobre as relações EUA – China

O think-tank americano Center for Strategic International Studies – CSIS realizou uma discussão sobre as relações EUA – China, por ocasião do lançamento do mais recente livro do Secretário de Estado Dr. Henry Kissinger. Publico agora o vídeo dessa entrevista disponibilizado no canal do CSIS no Youtube. Henry Kissinger é um sujeito controverso que é marcado por conduzir política externa dentro dos preceitos da Real Politik mesmo em tempo de forte discurso moral como nos anos da administração Carter. Ele é autor do extenso livro “Diplomacia” que é leitura obrigatória no campo das relações internacionais, ainda que eu o considere um tanto “overrated”. Dr Kissinger atualmente é um concorrente, ou seja, é consultor. Seu livro mais recente é intitulado: “On China” e uma boa resenha feita por Max Frankel para o “The New York Times Review of Books” pode ser lida no sempre interessante blog do diplomata Dr. Paulo Roberto de Almeida.    

Ler, Refletir e Pensar: Corruption: Why Texas is Not Mexico

Mais uma vez trago um texto do excelente STRATFOR na seção “Ler, Refletir e Pensar”. Nesse sábado o tema é a guerra contra o narcotráfico no México e a corrupção nas forças públicas. O autor Scott Stewart faz uma análise usando o Texas como comparação, por conta das realidades geoestratégicas e geográficas desse Estado dos EUA similares as encontradas no México, afinal são “bordelands” como as terras de fronteira no sul do Brasil. A questão do narcotráfico é importante e uma ameaça real ao tecido social dos países das Américas e as instituições (principalmente via a corrupção) dos diversos governos da região. Há tempos escrevo sobre isso e creio que esse texto que publico hoje possui elementos interessantes para o debate que tem implicações conhecidas de saúde pública, segurança pública e segurança nacional. O texto é publicado com autorização do STRATFOR, em língua inglesa. Corruption: Why Texas is Not Mexico By Scott Stewart As one studies Mexico’s cartel war, it is not uncom

Momento de oportunidade: O discurso de Obama sobre Oriente Médio. Algumas impressões

O título “Momento de oportunidade” não é meu é uma tradução livre do título dado pela própria casa branca para o discurso (cuja íntegra ao final do texto foi retirada do site da Casa Branca). Mas, a escolha desse título bem como o conteúdo do discurso mostra que Obama decidiu colocar “mais peso” na política para o Oriente Médio. Muito mudou desde que Obama fez seu discurso no Cairo, em 2009, no qual ele estendia a mão para o mundo mulçumano em um momento e logo após se reuniu com Mubarak, então presidente e não ditador, o que foi muito mal visto pela chamada “Rua Árabe”. O fenomeno das revoltas no Oriente Médio e Norte de África apresentam desafios específicos que já comentei aqui, como decidir abandonar um aliado de muitos anos, essa atitude embora esteja alinhada com o que os analistas chamam de “ficar do lado certo da história” irá impactar futuras alianças, afinal até que ponto os próximos parceiros dos EUA não irão temer serem abandonados. O discurso tenta marcar uma virada de

Ler, Refletir e Pensar: U.S.-Pakistani Relations Beyond Bin Laden

Mais um excelente texto do STRATFOR republicado com autorização. Creio que o texto é uma boa reflexão sobre as relações entre EUA e Paquistão indo além do atual imbróglio sobre a operação que matou Osama Bin Laden. U.S.-Pakistani Relations Beyond Bin Laden By George Friedman The past week has been filled with announcements and speculations on how Osama bin Laden was killed and on Washington’s source of intelligence. After any operation of this sort, the world is filled with speculation on sources and methods by people who don’t know, and silence or dissembling by those who do. Obfuscating on how intelligence was developed and on the specifics of how an operation was carried out is an essential part of covert operations. The precise process must be distorted to confuse opponents regarding how things actually played out; otherwise, the enemy learns lessons and adjusts. Ideally, the enemy learns the wrong lessons, and its adjustments wind up further weakening it. Operational disinform