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Mostrando postagens com o rótulo Defesa

França por Francisco Seixas da Costa

O mítico estrategista chinês Sun Tzu tratando sobre os estudos preliminares a guerra nos diz: “A guerra é uma questão vital para o Estado. Por ser o campo onde se decidem a vida ou a morte, o caminho para sobrevivência ou para ruína” e Li Ch’uan complementa o lúgubre aviso asseverando: “A guerra é um acontecimento tão grave que os homens não devem entrar nela sem antes se preparar com a devida cautela”. Os dois estrategistas antigos aceitam que a guerra é um fenômeno natural, diriam os mais fatalistas que é um fenômeno inerente a natureza humana. E as pesadas palavras deles vieram à tona em minha mente ao ler a excelente reflexão sobre as recentes ações francesas feitas pelo ex-diplomata português – e um dos favoritos desse blog – Francisco Seixas da Costa. França Por Francisco Seixas da Costa Começam agora a conhecer-se melhor os pormenores do entendimento que impediu o ataque de uma coligação de potências ocidentais ao poder militar sírio. Uma “oportuna” proposta russa, que a

Lei antiterrorista brasileira

Combater o terrorismo judicialmente, dentro de um marco legal de respeito aos Direitos Humanos e ao primado da lei é um desafio difícil de equacionar, tanto no aparato legal quanto na prática do enfrentamento e prevenção de atentados. Toda ação de planejamento de contraterrorismo, em um estado democrático, necessita de um marco legal claro. E é aí que está o busílis dessa questão. Tentar definir com clareza o que é o terrorismo e que condutas são típicas desse ato. Se de um modo geral pode-se definir o terrorismo como o uso ou ameaça do uso da força para infundir terror numa população forçando uma mudança política. Do ponto de vista legal, é preciso que se tenha a definição mais clara possível, para que se possa julgar os suspeitos de maneira justa e não usar a pecha de terrorista para se livrar de elementos inconvenientes ao governo. Desde que o Brasil foi escolhido para sediar mega-eventos internacionais como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo, além de conferências internacion

Vídeo-postagem: Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina, CEBRI

Uma interessante discussão efetuada pelo CEBRI.  Abaixo a descrição do evento feita pelos organizadores, que são proprietários do vídeo. O Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), em parceria com o Consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, realizou a Conferência Internacional Geopolítica e Segurança na América Latina. Dentre os temas abordados estão o narcotráfico; o contrabando de armas e munições e as guerrilhas; as redes de terrorismo e os fluxos financeiros; o controle de portos e fronteiras; o neo-populismo, os conflitos na região e o papel mediador do Brasil; a influência de China, Irã e Rússia na região; estratégias nacionais no aparelhamento das forças armadas e investimentos em inteligência; a UNASUL e o Conselho de Segurança; e acordos econômicos e militares com os Estados Unidos.

Espionagem internacional

“É isso aí, Dilma: num dia você é Palocci, no outro Francenildo.” Flávio Morgenstern Em novos desdobramentos do escândalo de vigilância massiva por parte da National Security Agency (Agência de Segurança Nacional, do EUA) – NSA foi revelado que os presidentes de Brasil e México e suas equipes de governo foram alvos de espionagem e que os agentes de inteligência estrangeiros tiveram acesso aos meios eletrônicos de comunicação dos dois governos. A espionagem é parte integrante da vida das nações, desde muito antes do advento do Estado-Nação nos moldes Vestfalianos que hoje conhecemos, de fato o grande estrategista chinês Sun Tzu em sua celebrada obra a “A arte da guerra” dedica um capitulo inteiro sobre o uso desse recurso que ele classifica como “um dos tesouros do soberano” e vai além em seu elogio a prática da espionagem: “É engenhoso! Verdadeiramente engenhoso! Não há lugar que a espionagem não tenha sido aplicada”. Muito embora, a prática da espionagem seja realidade do sistema

Evo, Amorim e aviões revistados: As pás do moinho não cessam

O ministro da defesa, Celso Amorim, admitiu em entrevista concedida a Folha de São Paulo ( aqui ) que seu avião oficial foi revistado por agentes bolivianos, por ocasião de sua visita àquele país em 2011. A primeira versão do incidente (que foi analisada em meu texto Evo revista avião da FAB do ministro Amorim ou o mundo é um moinho ) afirma que as revistas foram realizadas em 2012, na tentativa de prevenir que o Brasil retirasse da Bolívia, senador Roger Pinto Molina, que é asilado diplomático na embaixada brasileira. A versão do ministro agora tornada pública é que a vistoria teria sido realizada por agentes em busca de contrabando de drogas, teria se limitado ao bagageiro da aeronave e que ele só teria sido informado depois que o blog “Diário do Poder” vazou esse acontecimento. Resta claro, até pela linguagem utilizada (ver nota oficial, aqui ), uma tentativa de minimizar o problema atribuindo a revista a zelo burocrático dos agentes bolivianos e que teria sido alvo veemente e si

Evo revista avião da FAB do ministro Amorim ou o mundo é um moinho

“Ouça-me bem amor Preste atenção o mundo é um moinho Vai torturar teus sonhos, tão mesquinho Vai reduzir tuas ilusões ao pó” Cartola. Semanas atrás, ao retornar da Rússia, o avião do presidente boliviano, teria sido revistado por autoridades européias, que buscavam pelo “ whistleblower ” do escândalo de vigilância massiva da NSA, Edward Snowden. Como sabemos, esse fato gerou a ira do governo boliviano e igualmente enfureceu os altermundistas e antiimperialistas na imprensa e nas redes sociais. Há dois dias a imprensa nacional revelou ( aqui , aqui e aqui ) que o avião do ministro Celso Amorim, foi cercado e revistado, em La Paz em busca do asilado diplomático, o senador Roger Pinto Molina, que há mais de um ano se refugia na embaixada brasileira daquela capital, alegando grave ameaça a sua vida e perseguição política. Sobre essa figura legal do asilo diplomático, escrevi nesse blog no dia 20 de agosto do ano passado: A figura do asilo territorial e do asilo diplomático não poss

Ler, Refletir e Pensar: A França no Mali, por Francisco Seixas da Costa

Sou fã confesso do estilo de escrita do embaixador português em França, Francisco Seixas da Costa, aliás, muito me honra o fato dele ter passado por aqui em algumas oportunidades. Abaixo vão algumas observações dele sobre a operação no Mali. É um bom jeito de entrarmos nesse assunto complexo. O texto abaixo é transcrito com autorização do autor, original disponível aqui . A França no Mali Por Francisco Seixas da Costa A intervenção militar da França no Mali é um ato que consagra um grande sentido de responsabilidade política e que constitui uma inestimável contribuição para a segurança global. Legitimada por um mandato inequívoco do Conselho de Segurança da ONU, com o apoio político - e, espera-se, rapidamente também militar, em termos significativos - dos países da região, a decisão do governo francês permitiu evitar a "débacle" do poder político no Mali e conseguiu travar a escalada de progressão das forças extremistas, com forte componente estrangeira, no Norte do paí

Onda de protestos no Oriente Médio e Norte da África

Grande parte do mundo muçulmano sofre com protestos e contraprotestos (que denunciam a violência dos primeiros) supostamente motivados por um filme completamente amador e que passaria abaixo do radar de qualquer um se não fosse a violência da reação. A verdade é que desde a queda de grandes ditaduras no Oriente Médio e no Norte da África que vários grupos têm disputado o poder e um tem se mostrado particularmente engajado em impor sua visão de mundo e de governo. Claro, que falo de radicais pertencentes a corrente Salafita, que segundos relatos são financiad0s por wahabitas sauditas. São os mesmos radicais que atacam hotéis que servem álcool, que atacaram bordeis durante a primavera e hostilizaram as atletas olímpicas . É claro que não é fácil introduzir uma agenda radical no tecido social de sociedades complexas como as do Norte da África, os radicais fundamentalistas podem defender idéias retrógadas, mas isso não quer dizer que esses homens não possuam planejamento estratégico e

Vídeo: The Future of Special Operations: Proposed Changes in the Unified Command Plan

O think tank Center for Strategic and International Studies – CSIS realizou um seminário que debateu propostas para uma eventual mudança na forma como as Forças Especiais dos EUA têm seus comandos organizados tanto em esfera de planejamento estratégico, como operacional e logístico. O vídeo é uma boa oportunidade para entender como são organizadas essas forças e como funcionam as unidades de comando estratégico. Em geral, há muita atração pelo caráter operacional das forças especiais, contudo acredito ser importante que o analista de RRII tenha uma visão mais próxima da realidade. O vídeo é de propriedade dos seus produtores que mantém os direitos sobre ele, contudo facultam a disseminação por meio das ferramentas técnicas do Youtube. O vídeo está em inglês e não sei se há legendas. Abaixo a descrição feita pelos produtores. In the coming years, U.S. Special Operations Forces are poised to take on new responsibilities and missions as they transition into a role as a truly? Global

Ainda sobre a saída de Jobim: um pouco de política

A semana política foi agitada no Brasil, por um lado os indicadores econômicos apresentando a influência da crise externa e dos problemas com a inflação e os cada vez mais claros problemas na dívida pública e na estrutura de gastos do governo brasileiro. [Recomendo a leitura do texto Mudança no comando da Defesa , que aborda algumas causas da saída do Jobim da Defesa.] Além disso, Brasília (ou melhor, a Praça dos Três Poderes) ainda sente os efeitos das mais recentes denuncias de corrupção nos ministérios dos transportes e da agricultura, mas um fato novo (ah, como os políticos gostam de um fato novo) atropelou esses assuntos e dominou o noticiário político. A entrevista do agora ex-ministro da defesa Jobim a revista Piauí (que ainda não li por que demora a chegar às bancas da cidade pequena que escolhi pra viver, ganhasse em algumas coisas, perdesse em outras. C’est la vie) que culminou em sua demissão. É claro, como já escrevi antes, que Jobim é um homem inteligente, ninguém é mi

Mudança no comando da Defesa

O Ministério da Defesa é responsável por todo o setor militar do governo federal e por elaborar as políticas públicas e estratégias nesse campo vital para a manutenção do Estado brasileiro como um ente independente e também sua integralidade territorial. Por esse motivo é uma das pastas que ficam no “radar” de um analista de relações internacionais, por assim dizer. A despeito de sua verborragia o ministro Jobim conseguiu institucionalizar o ministério e contava com apoio e respeito dos arredios militares brasileiros algo único nesses 12 anos de história da pasta. Uma mostra da dificuldade é que durante um bom período do governo Lula o vice-presidente José Alencar acumulou as funções. Além das inúmeras pressões do cargo o ministro da defesa tem que lidar com os constantes cortes e contingenciamentos do orçamento militar o que gera, é claro, insatisfação entre os militares. É regra informal, mas conhecida que orçamento é prestigio na administração pública. Jobim é um homem inteligente

Ler, Refletir e Pensar: Taliban Hotel Attack: Low Death Toll, High Psychological Value

Mais uma vez o texto que selecionei para esse coluna foi produzido pelo excelente grupo de análise e inteligência STRATFOR (copiado com autorização dos autores). Como não poderia deixar de ser a análise dessa semana se foca no terrorismo e muito do que é avaliado para o ataque Talibã em voga no texto pode ser transportado para o caso norueguês. Taliban Hotel Attack: Low Death Toll, High Psychological Value By Scott Stewart At about 10 p.m. on June 28, a group of heavily armed militants attacked the Intercontinental Hotel in Kabul, Afghanistan . According to government and media reports, the attack team consisted of eight or nine militants who were reportedly wearing suicide vests in addition to carrying other weapons. At least three of the attackers detonated their vests during the drawn-out fight. Afghan security forces, assisted by International Security Assistance Force (ISAF), needed some eight hours to clear the hotel of attackers. One group of militants even worked t

Explosão, tiros, sofrimento e incertezas em Oslo, Noruega

A cobertura dos ataques ocorridos hoje na bela capital norueguesa domina a imprensa internacional, em especial os canais de noticias por assinatura. As imagens dos resultados da explosão indicam que Dispositivos Explosivos Improvisados de alta potência foram usados nesse ataque, provavelmente usando um veiculo, um “carro-bomba”. Além disso, há relatos que um homem vestindo uniformes policiais abriu fogo em um encontro da juventude do partido trabalhista (que atualmente é o partido do governo). Que ocorria na ilha de Utoya que fica alguns quilômetros do centro de Oslo. Enquanto escrevo isso não a confirmação de que os dois atos façam parte de um único e coordenado ataque, embora o pouco espaço de tempo entre os ataques torne plausível a hipótese de que estejam relacionados. A essa altura nenhum grupo terrorista assumiu a responsabilidade e a especulação na imprensa e entre especialistas é que se trate de algum grupo extremista islâmico, embora todos salientem que não é possível no mo

Ler, Refletir e Pensar: Protective Intelligence Lessons from an Ambush in Mexico

Mais uma vez nessa sessão seleciono um texto do excelente site STRATFOR. Esses textos sempre têm um enfoque em inteligência e esse tipo de abordagem é sempre muito útil e trás elementos factuais por conta da qualidade e influência do referido site. O texto aborda o uso da inteligência e a situação grave de segurança que assola o México devido a sua luta contra o narcotráfico. O artigo é reproduzido com autorização expressa do site STRATFOR. Protective Intelligence Lessons from an Ambush in Mexico By Scott Stewart On the afternoon of May 27, a convoy transporting a large number of heavily armed gunmen was  ambushed on Mexican Highway 15 near Ruiz, Nayarit state, on Mexico’s Pacific coast. When authorities responded they found 28 dead gunmen and another four wounded, one of whom would later die, bringing the death toll to 29. This is a significant number of dead for one incident, even in Mexico. According to Nayarit state Attorney General Oscar Herrera Lopez, the gunmen ambushed w

Ler, Refletir e Pensar: Corruption: Why Texas is Not Mexico

Mais uma vez trago um texto do excelente STRATFOR na seção “Ler, Refletir e Pensar”. Nesse sábado o tema é a guerra contra o narcotráfico no México e a corrupção nas forças públicas. O autor Scott Stewart faz uma análise usando o Texas como comparação, por conta das realidades geoestratégicas e geográficas desse Estado dos EUA similares as encontradas no México, afinal são “bordelands” como as terras de fronteira no sul do Brasil. A questão do narcotráfico é importante e uma ameaça real ao tecido social dos países das Américas e as instituições (principalmente via a corrupção) dos diversos governos da região. Há tempos escrevo sobre isso e creio que esse texto que publico hoje possui elementos interessantes para o debate que tem implicações conhecidas de saúde pública, segurança pública e segurança nacional. O texto é publicado com autorização do STRATFOR, em língua inglesa. Corruption: Why Texas is Not Mexico By Scott Stewart As one studies Mexico’s cartel war, it is not uncom

A morte de Osama e a Guerra Assimétrica

O líder terrorista Osama Bin Laden foi morto em uma operação de forças especiais americanas ( Navy Seal ), em uma mansão, na agora famosa cidade de Abbottabad, Paquistão. Há um debate verdadeiro sobre a natureza do uso do assassinato seletivo por Estados como ilustra esse artigo do Estadão, que cita inclusive doutrinadores jurídicos de várias vertentes ( aqui ), mas há também um falso debate sendo conduzido pelas figuras de sempre. Os EUA têm inimigos ao redor do mundo de vários matizes é natural que tenham são uma potência hegemônica com interesses ao redor do mundo e foram por setenta anos os líderes de um bloco que se opunha a verdadeira religião secular e “ópio dos intelectuais” que foi o comunismo. Ou seja, há quem se oponha a atos e decisões políticas erradas (ou assim percebidas de fora) e aqueles que são ideologicamente contra, não importa a situação. Mas, bem isso é óbvio para qualquer um. Nesse contexto a morte de Osama é só mais um ponto para o debate ideológico e em muitos