A cobertura dos ataques ocorridos hoje na bela capital norueguesa domina a imprensa internacional, em especial os canais de noticias por assinatura. As imagens dos resultados da explosão indicam que Dispositivos Explosivos Improvisados de alta potência foram usados nesse ataque, provavelmente usando um veiculo, um “carro-bomba”.
Além disso, há relatos que um homem vestindo uniformes policiais abriu fogo em um encontro da juventude do partido trabalhista (que atualmente é o partido do governo). Que ocorria na ilha de Utoya que fica alguns quilômetros do centro de Oslo.
Enquanto escrevo isso não a confirmação de que os dois atos façam parte de um único e coordenado ataque, embora o pouco espaço de tempo entre os ataques torne plausível a hipótese de que estejam relacionados. A essa altura nenhum grupo terrorista assumiu a responsabilidade e a especulação na imprensa e entre especialistas é que se trate de algum grupo extremista islâmico, embora todos salientem que não é possível no momento afirmar que seja esse o caso.
Essa especulação se baseia no fato da Noruega fazer parte da NATO-ISAF, a força da OTAN que combate no Afeganistão e também está envolvida ativamente na missão da OTAN na Líbia. E há alguns dias o líder líbio prometeu se vingar com ataques suicidas e com seu histórico de terrorismo é preciso levar a sério. Comenta-se também a republicação por jornais locais das charges que retratam o Profeta Maomé.
Já escrevi aqui em inúmeras ocasiões que analisar no calor dos eventos pode ser temerário ainda mais por que não tenho acesso aos relatórios de inteligência e outros dados e fontes de informação que ajudariam a criar um retrato mais preciso do acontecimento.
O ataque a bomba ocorreu próximo ao prédio onde o primeiro-ministro despacha e perto de vários outros prédios governamentais e governo norueguês até agora nega que qualquer membro do primeiro escalão tenha sido atingido pela explosão. A escala dos danos lembra os ataques às embaixadas americanas no Quênia e na Tanzânia, em 1998. O Primeiro-Ministro estava confirmado para falar amanhã no encontro da juventude de seu partido no local do segundo ataque.
Ora, fica óbvio para qualquer um que os objetivos do ataque, caso se confirme uma ação coordenada, eram contra a liderança norueguesa e uma ameaça pessoal tal qual Kadahfi enfrenta o que soma nas desconfianças, mas que reitero a essa altura são ilações.
A única coisa que se pode depreender desses ataques sem risco é que mais uma vez fica demonstrada a natureza particularmente nefasta do terrorismo e o tamanho da pressão que resta sobre os ombros das forças de inteligência e segurança, como bem colocou o IRA na sua declaração após o ataque ao Grand Hotel, em Brighton, em 1984, que quase vitimou a dama de ferro, Margaret Thatcher: “Today we were unlucky, but remember we only have to be lucky once. You will have to be lucky always.” [Numa tradução livre “Hoje não tivemos sorte, mas lembrem-se que nós só precisamos dar sorte uma única vez. Enquanto vocês [forças de segurança] precisam dar sorte todas as vezes”]
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