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Mostrando postagens com o rótulo Política Internacional

Ler, Refletir e Pensar: Geopolitical Journey: Indonesia's Global Significance

Nesse domingo seleciono mais uma vez um texto do sempre excelente STRATFOR, escrito por George Friedman que desta feita parte de um curioso relato pessoal para construir a jornada da Indonésia, que com algumas adaptações bem poderia ser a história do Brasil (ou mesmo da minha própria família no que diz respeito a rápida transição de uma situação de trabalhos de quase subsistência para educação de nível superior num espaço de três – quatro gerações). Indonésia é um país cuja observação é obrigatória para qualquer um que se julgue analista de relações internacionais por seu potencial para ser uma prospera economia e democracia muçulmana e asiática, que pode servir como exemplo para movimentos democráticos nas sociedades muçulmanas e mais também é preciso observar como esse país lida com as pressões de extremistas que já realizaram ataques terroristas, como os de Bali, 2002 . Além disso, há o doloroso processo de reconstrução diante do terrível Tsunami, em 2004. O leitor assíduo (existi

Tribunal Penal Internacional, imbróglio líbio e o mundo ideal

A chegada da chamada Primavera Árabe a Líbia trouxe a esperança de uma mudança rápida de regime e que o novo governo que emergisse pudesse trilhar o difícil caminho de mudar as estruturas ditatoriais para um sistema democrático. Contudo, essa visão era obviamente ingênua e não levava em conta a resiliência do sistema de poder de Kadahfi. A situação na Líbia rapidamente mudou de um quadro de desobediência civil e demonstrações em busca de democracia para combates de uma guerra civil. Logo ficou claro que as forças em luta na Líbia são complexas e há toda sorte de lealdades tribais, ideológicas, religiosas e sectárias. Os rebeldes rapidamente conseguiram o controle de zonas petrolíferas e o controle da estratégica cidade de Bengahzi. Mas, Kadahfi não estava vencido e ainda contava com apoio de militares e de setores da sociedade líbia e mesmo internacional e com isso organizou uma campanha de reconquista deliberadamente brutal e segundo denuncias contou até com o emprego de forças me

Nova Diretora-Gerente do FMI: Os emergentes perderam uma chance

A ministra das finanças da França Christine Lagarde se tornou hoje a nova diretora-gerente do FMI. Lagarde é uma figura interessantíssima, de fala agradável e a altura da exigência de conhecimento e experiência que o comando do Fundo Monetário Internacional. Isso sem contar sua aparência elegante com um ar exótico advindo de seus cabelos brancos curtos e impecáveis (sim a mulher tem o famoso sex appeal das francesas). Com a escolha de Lagarde o comando do FMI se mantém entre os europeus. Ela assume no lugar de Dominique Strauss-Kahn acusado de tentativa de estupro a uma camareira de um hotel de Nova Iorque. Muitos analistas, inclusive eu, davam como certa a eleição de Lagarde aproveito agora para recuperar um texto que escrevi dia 3 de junho aqui . A prisão de Dominique Strauss-Kahn por uma suposta tentativa de estupro de uma camareira em um hotel em Nova Iorque provocou um corrida política pela sua sucessão a frente do Fundo Monetário Internacional – FMI. Isso para não fal

C 40 e a Paradiplomacia

Ocorre em São Paulo a reunião do grupo C 40 que reúne os prefeitos (ou equivalente) das 40 maiores cidades (ou regiões metropolitanas) do mundo. Esse grupo que é heterogêneo em termos culturais e políticas enfrenta desafios comuns como administrar cidades enormes e enfrentar problemas de trânsito, mobilidade urbana, segurança e mudanças climáticas. Sendo esse ultimo item o que sucitou a criação do grupo e o que lhe dá maior notoriedade. Nesse sentido os prefeitos trocam experiências no cumprimento de metas acordadas. É bastante interessante para o observador de política internacional acompanhar esse experimento que chamamos de paradiplomacia (na lateral há links para textos meus que versam mais profundamente sobre o tema), que em termos amplos é toda ação externas de entes estatais subnacionais. Em outras palavras são ações internacionais de Estados e Municípios (ou equivalentes práticos). É interessante perceber como o interesse local mais restrito que é a vida na sua cidade pode

Ler, Refletir e Pensar: U.S.-Pakistani Relations Beyond Bin Laden

Mais um excelente texto do STRATFOR republicado com autorização. Creio que o texto é uma boa reflexão sobre as relações entre EUA e Paquistão indo além do atual imbróglio sobre a operação que matou Osama Bin Laden. U.S.-Pakistani Relations Beyond Bin Laden By George Friedman The past week has been filled with announcements and speculations on how Osama bin Laden was killed and on Washington’s source of intelligence. After any operation of this sort, the world is filled with speculation on sources and methods by people who don’t know, and silence or dissembling by those who do. Obfuscating on how intelligence was developed and on the specifics of how an operation was carried out is an essential part of covert operations. The precise process must be distorted to confuse opponents regarding how things actually played out; otherwise, the enemy learns lessons and adjusts. Ideally, the enemy learns the wrong lessons, and its adjustments wind up further weakening it. Operational disinform

A morte de Osama e a Guerra Assimétrica

O líder terrorista Osama Bin Laden foi morto em uma operação de forças especiais americanas ( Navy Seal ), em uma mansão, na agora famosa cidade de Abbottabad, Paquistão. Há um debate verdadeiro sobre a natureza do uso do assassinato seletivo por Estados como ilustra esse artigo do Estadão, que cita inclusive doutrinadores jurídicos de várias vertentes ( aqui ), mas há também um falso debate sendo conduzido pelas figuras de sempre. Os EUA têm inimigos ao redor do mundo de vários matizes é natural que tenham são uma potência hegemônica com interesses ao redor do mundo e foram por setenta anos os líderes de um bloco que se opunha a verdadeira religião secular e “ópio dos intelectuais” que foi o comunismo. Ou seja, há quem se oponha a atos e decisões políticas erradas (ou assim percebidas de fora) e aqueles que são ideologicamente contra, não importa a situação. Mas, bem isso é óbvio para qualquer um. Nesse contexto a morte de Osama é só mais um ponto para o debate ideológico e em muitos

Ler, Refletir e Pensar: Costa do Marfim – por Francisco Seixas da Costa

A situação em Côte d’Ivoire continua tensa e há relatos de confrontos entre os militantes do presidente derrotado nas eleições que se recusa a sair Laurent Gbagbo. O texto a seguir reflete sobre o tema com bases amplas e trata de algo que vez ou outra surge aqui que é o relativismo cultural como desculpa conveniente para se transigir com regimes autoritários. Claro, que esse relativismo “alter-mundista” dá a essa conivência com autocratas uma capa de humanismo esclarecido. Esse texto foi retirado do blog ‘ Duas ou três coisas ’ do embaixador português em França (ex-embaixador em Brasília, onde eu o conheci) Francisco Seixas da Costa, que é figura fácil nessa seção Ler, Refletir e Pensar. Costa do Marfim O sentido dos acontecimentos na Costa do Marfim parece apontar, finalmente, para que Allassane Ouattara venha a assumir a presidência, depois de um ato eleitoral em que a comunidade internacional reconheceu a sua vitória sobre Laurent Gbagbo. São boas notícias, para aquele país, pa

Líbia: quantas incertezas

Há uma certa pressão para que se tenha uma opinião definitiva e portanto imutável sobre tudo o que ocorre no mundo. É preciso sempre ter algo taxativo e absoluto para dizer sobre algo. Contudo, nem sempre se tem elementos para construir uma opinião sobre algo, bom pelo menos uma opinião embasada, por que todos conhecemos pessoas que tem opinião firme sobre tudo sem nenhuma base cientifica ou mesmo lógica são os famosos achismos. Em tempos de conflito armado como o a da Líbia essas opiniões se multiplicam e contam com as redes sociais e a blogosfera para serem difundidas numa verdadeira orgia de senso comum. É claro que qualquer pessoa tem direito a opinar sobre tudo, seria melhor que procurassem por elementos para suportar essa opinião. Tenho dito dificuldades em avaliar a operação na Líbia e tenho escrito sobre isso e cheguei até lembrar eventos de intervenções humanitárias desastrosas e não-intervenções igualmente trágicas. Parece-me, no entanto algo errado se preocupar mais com

Obama no Brasil: Impressões iniciais

O presidente dos EUA chegou ao Brasil hoje acompanho de sua esposa a carismática Michele Obama e suas filhas. Como era de se esperar a viagem mobilizou as atenções da imprensa que cobre e oferece opiniões sobre basicamente qualquer palavra e gesto do casal Obama. Até o momento devo admitir que ainda não tive tempo (e em pleno sábado é difícil encontrar a vontade) para ler os acordos que foram celebrados que dão dimensão do escopo prático e imediato da visita. Assim, acabarei por tratar de aspectos mais gerais, impressões como o título já adverte. Primeiro é interessante notar que a presidente Dilma se portou muito bem, isto é, se mostrou a vontade com o protocolo e teve sucesso na vontade de suavizar sua imagem usando as artes plásticas para isso. Foi um gesto muito simpático convidar o presidente e a primeira-dama para conhecer obras de arte de pintoras brasileiras. Seu discurso foi incisivo, mas elegante, como convém num momento em que se recepciona o representante máximo de uma

Íntegra da Resolução da zona de exclusão aérea na Líbia

Abaixo a íntegra (em inglês) da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas 1973 (2011) sobre a Líbia. Que foi aprovado hoje com 10 votos a favor e 5 abstenções. Abstiveram-se Alemanha, Brasil, Rússia, Índia e China (se os BRIC votaram juntos algo para se analisar em seu devido tempo, bem como o fato dos três não permanentes que votaram contra são candidatos a cadeiras com poder de veto em uma eventual reforma do Conselho). Resolução do Conselho de Segurança 1973 (2011) The Security Council, Recalling its resolution 1970 (2011) of 26 February 2011, Deploring the failure of the Libyan authorities to comply with resolution 1970 (2011), Expressing grave concern at the deteriorating situation, the escalation of violence, and the heavy civilian casualties, Reiterating the responsibility of the Libyan authorities to protect the Libyan population and reaffirming that parties to armed conflicts bear the primary responsibility to take all feasible steps to ensure the protec

O ousado (e temerário?) passo francês

A França hoje se tornou o primeiro país a reconhecer o Conselho Nacional Líbio (conselho que congrega os líderes da revolta Líbia) como o representante oficial daquela nação. E na imprensa se noticia inclusive a intenção de trocar embaixadores em breve. O reconhecimento foi tornado público em declaração conjunta com David Camerom que é o primeiro-ministro britânico. Os últimos meses estão a ser difíceis para a diplomacia francesa os diplomatas profissionais, ou seja, aqueles oriundos dos quadros do Ministério das Relações Exteriores da França (conhecido como Quai d’Orsay ) não escondem seu descontentamento com ao papel secundário dado ao ministério na formulação da política externa daquele país. De fato os descontentes chegaram a lançar um manifesto bastante crítico aos rumos franceses, esse grupo que se denominou “Grupo de Marly”. Dias depois do lançamento desse embaraçoso manifesto publico eclodiu o escândalo que fez com que a ministra das relações exteriores Michèle Alliot-Mar

Reunião Ministerial do G-20

Hoje teve inicio mais uma reunião dos ministros da fazenda (ou economia) e presidentes de bancos centrais do G-20 financeiro em Paris, França. É preciso frisar que se trata do G-20 financeiro, ou seja, G7 mais economias emergentes principais. Isso por que pode haver alguma confusão com outro G-20 que existe no âmbito da OMC que reúne membros em comum – não todos – e tem objetivos completamente distintos. O real escopo dessa reunião deve transparecer em comunicado final e mostrará o grau de consenso que pode ser alcançado dentro desse heterogêneo grupo de Estados. A agenda do encontro é ambiciosa e talvez a mais ambiciosa meta seja criar indicadores que sirvam de alerta para novas crises. Os indicadores propostos para formarem o tal índice de desequilíbrio incluem saldo da conta corrente, taxas de câmbio reais, reservas internacionais, dívida pública e poupança privada. Há ainda a questão da inflação global que é mais sentida no delicado mercado de produtos alimentares. Forças poderosa