Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Oriente Médio

A Batalha por Trípoli – Algumas impressões iniciais

As forças rebeldes com apoio logístico, suporte aéreo e estratégico da OTAN lançaram uma campanha para capturar a capital líbia. O avanço que parecia improvável algumas semanas atrás tem se mostrado eficiente. Claramente as forças rebeldes tem sido capaz de cumprir objetivos estratégicos, isto é, capturaram bases aéreas e outras importantes infra-estruturas e conseguiram capturar até a simbólica Praça Verde. O moral das tropas do Conselho Nacional de Transição – CNT (as forças rebeldes) está elevado e há uma verdadeira euforia na capital rebelde na cidade de Benghazi, contudo altos oficiais do CNT como seu presidente Mustafa Abdel-Jalil tem tratado de alertar que tanto a batalha como a guerra ainda não acabaram. A cidade de Trípoli ainda possui setores sobre controle do regime de Kadahfi e as forças do governo podem ser reforçadas por elementos vindos da cidade de Zlitan, de onde foram expulsos por forças rebeldes, como relembra uma análise do STRATFOR enviada por e-mail para os as

Tribunal Penal Internacional, imbróglio líbio e o mundo ideal

A chegada da chamada Primavera Árabe a Líbia trouxe a esperança de uma mudança rápida de regime e que o novo governo que emergisse pudesse trilhar o difícil caminho de mudar as estruturas ditatoriais para um sistema democrático. Contudo, essa visão era obviamente ingênua e não levava em conta a resiliência do sistema de poder de Kadahfi. A situação na Líbia rapidamente mudou de um quadro de desobediência civil e demonstrações em busca de democracia para combates de uma guerra civil. Logo ficou claro que as forças em luta na Líbia são complexas e há toda sorte de lealdades tribais, ideológicas, religiosas e sectárias. Os rebeldes rapidamente conseguiram o controle de zonas petrolíferas e o controle da estratégica cidade de Bengahzi. Mas, Kadahfi não estava vencido e ainda contava com apoio de militares e de setores da sociedade líbia e mesmo internacional e com isso organizou uma campanha de reconquista deliberadamente brutal e segundo denuncias contou até com o emprego de forças me

Discurso de Benjamin Netanyahu no Congresso americano

O primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu discursou hoje em sessão conjunta do Congresso dos Estados Unidos. O discurso ocorre após tensas conversas na Casa Branca nos últimos dias. É sabido que as relações entre a administração Obama e Israel são tensas, por sinal a própria escolha de John Biden como vice na chapa de Obama tinha essa questão em mente. Essa tensão é claro não significa um grande abalo nas relações bilaterais, como ficou claro no veto dos EUA a uma resolução que repreendia Israel. Hesito muito em abordar a questão Oriente Médio nesse blog por conta da polarização e radicalidade que há em torno da questão, tocar no assunto é arriscar ver os comentários do blog dominando por radicais mais palestinos que os palestinos e mais israelenses que israelenses, contudo é impossível tratar de Relações Internacionais sem tratar num dos maiores hot topics que existem. Certa vez aqui mesmo nessa página chamei o Oriente Médio de lar dos pacíficos, isso por que todos os lídere

Momento de oportunidade: O discurso de Obama sobre Oriente Médio. Algumas impressões

O título “Momento de oportunidade” não é meu é uma tradução livre do título dado pela própria casa branca para o discurso (cuja íntegra ao final do texto foi retirada do site da Casa Branca). Mas, a escolha desse título bem como o conteúdo do discurso mostra que Obama decidiu colocar “mais peso” na política para o Oriente Médio. Muito mudou desde que Obama fez seu discurso no Cairo, em 2009, no qual ele estendia a mão para o mundo mulçumano em um momento e logo após se reuniu com Mubarak, então presidente e não ditador, o que foi muito mal visto pela chamada “Rua Árabe”. O fenomeno das revoltas no Oriente Médio e Norte de África apresentam desafios específicos que já comentei aqui, como decidir abandonar um aliado de muitos anos, essa atitude embora esteja alinhada com o que os analistas chamam de “ficar do lado certo da história” irá impactar futuras alianças, afinal até que ponto os próximos parceiros dos EUA não irão temer serem abandonados. O discurso tenta marcar uma virada de

Aroma de Jasmim?

Muitos analistas e observadores de relações internacionais são bastante otimistas no que diz respeito a chamada Revolução Árabe ou Revolução de Jasmim que rapidamente se espalhou pelo Oriente Médio do Golfo Pérsico a Tunísia, por sinal nesse último é que teve inicio a série de protestos. Para esse analistas são revoluções democráticas instigadas pelas redes sociais. Eu como alguns outros permaneço cético quanto ao caminho que as revoltas tomarão, claro que gostaria que esses países se tornassem democracias funcionais e que a Teoria da Paz Democrática se mostrasse verdadeira frente ao teste da experiência do mundo real, contudo as coisas ainda me parecem muito incertas pra afirmar que esse é o caminho que será seguido. E creio que tudo dependerá de que grupo assumirá o controle do processo político nos países e se haverá episódios que conduzam para uma agenda mais voltada para segurança e ordem do que para construção de uma democracia. Nesse sentido, por exemplo, é perigoso que se t

Ler, Refletir e Pensar: The Arab Risings, Israel and Hamas

Tenho nas últimas semanas reproduzido aqui artigos do STRATFOR (sempre com autorização), em sua versão original em inglês, ainda que isso possa excluir alguns leitores, infelizmente, também é fato mais que esperado que qualquer um que se dedique com mais afinco aos temas internacionais, ou coisas internacionais, seja capaz de mínimo ler em Inglês. Mais uma vez o texto é uma análise estratégica e mais uma vez o foco são as questões do Oriente Médio. Muito interessante a observação das atuações da Turquia, Arábia Saudita, Europa e EUA. Mas, mostra bem também o tanto que o interesse de quem está com as botas no chão é o que verdadeiramente motiva as ações seja de Israel, seja do Hamas. The Arab Risings, Israel and Hamas By George Friedman There was one striking thing missing from the events in the Middle East in past months : Israel. While certainly mentioned and condemned, none of the demonstrations centered on the issue of Israel. Israel was a side issue for the demonstrators, with

Ler, Refletir e Pensar: Immaculate Intervention: The Wars of Humanitarianism

Um belo artigo do STRATFOR (publicado com autorização) sobre as dificuldades das intervenções humanitárias que inevitavelmente produzem vítimas fatais, ou danos colaterais como se costuma dizer. Traduzo o ultimo parágrafo por que tenho as mesmas inquietações do autor e recomendo a leitura de todo o texto (e perdão pela tradução que é ofício difícil que não tenho o domínio completo): “O Norte da África não é lugar para planos de guerra superficiais e boas intenções. É um lugar antigo e duro. E se você precisa entrar lá. É melhor que vá pesado, entre forte e saia o mais rápido possível. Guerra Humanitária diz que você deve ir devagar, entrar leve e permanecer o tempo necessário. Eu tenho uma querela com o humanitarismo. Na maneira como essa doutrina prevê a guerra me preocupa. Livrar-se de Kadahfi é algo que nos fará sentir bem com nós mesmos e é factível para os EUA e Europa. Mas, é o pós-deposição – o lugar depois da intervenção imaculada – que me preocupa.” Immaculate Intervention

Ler, Refletir e Pensar: Libya's Terrorism Option

Mais um texto que visa nos oferecer visões e opiniões sobre a questão da Líbia que é sem sombra de duvida o assunto mais instigante do momento no panorama das relações internacionais. Libya's Terrorism Option By Scott Stewart On March 19, military forces from the United States, France and Great Britain began to enforce U.N. Security Council Resolution 1973 , which called for the establishment of a no-fly zone over Libya and authorized the countries involved in enforcing the zone to “take all necessary measures” to protect civilians and “civilian-populated areas under threat of attack.” Obviously, such military operations cannot be imposed against the will of a hostile nation without first removing the country’s ability to interfere with the no-fly zone — and removing this ability to resist requires strikes against military command-and-control centers, surface-to-air missile installations and military airfields. This means that the no-fly zone not only was a defensive measure

Ler, Refletir e Pensar: Libya, the West and the Narrative of Democracy

Mais uma vez seleciono análises políticas do excelente STRATFOR e mais uma vez são textos sobre a Líbia. Os transcrevo (com autorização) por acreditar que são pontos de vista que enriquecem o nosso debate sobre o tema. E nos trazem elementos novos como o envolvimento egípcio. Libya, the West and the Narrative of Democracy By George Friedman Forces from the United States and some European countries have intervened in Libya . Under U.N. authorization, they have imposed a no-fly zone in Libya, meaning they will shoot down any Libyan aircraft that attempts to fly within Libya. In addition, they have conducted attacks against aircraft on the ground, airfields, air defenses and the command, control and communication systems of the Libyan government, and French and U.S. aircraft have struck against Libyan armor and ground forces. There also are reports of European and Egyptian special operations forces deploying in eastern Libya , where the opposition to the government is centered, part

Os “pacifistas” já estão chocados

Ontem começou a operação “ Odyssey Dawn *” que visa cumprir o mandato conferido pela Resolução 1973 (2011) do Conselho de Segurança. A famosa Zona de Restrição Aérea. O leitor desse blog e qualquer pessoa com o mínimo de noção de Relações Internacionais e Estudos Estratégicos sabia como se daria (de forma genérica) a imposição de uma Zona de Restrição Aérea. Ou seja, uma operação militar dessa natureza começa com a obliteração da capacidade de defesa aérea. O que naturalmente significa destruir estações de radar, de comunicações, bases de lançamento de mísseis anti-aéreos e de artilharia anti-aérea. E outra coisa que era óbvia é que sendo muitos dessas plataformas de armas móveis elas seriam movimentadas para zonas com maior densidade populacional. Não só para melhor disfarçar e proteger essas plataformas, como para deliberadamente provocar baixas civis. Outra coisa que qualquer pessoa que se enquadre no que descrevi acima também sabe que qualquer operação militar está sujeita a si

Intervir ou não intervir. That is the question

Sou um democrata e acredito que as regras democráticas de convivência política permitem que se acomode – não sem alguma tensão – pontos de vista e estilos de vida diferentes. Mais que isso o respeito ao império da lei (Rule of Law) protege as minorias do arbítrio da maioria e a maioria da opressão da minoria. O defeito da democracia, para alguns é a morosidade necessária da negociação entre as correntes de opinião para que se chegue a soluções (que apesar de legitimas nem sempre agradam a todos). A meu ver é justamente nesse avanço paulatino que reside à vantagem de longo prazo desse sistema, isto por que sem o arrebatamento das ilusões utópicas não há justificação para atos de força e nem a desilusão das utopias desfeitas. Não sou louco de dizer que o sistema é perfeito, mesmo por que a imperfeição é inerente ao ser humano e nesse sentido não acredito que experimentos sociais possam construir um homem superior e melhor – o novo homem que se tentou construir nos fracassados experiment