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Revoltas no Oriente Médio e Norte da África: Notas breves e uma explicação

“Tanks on the streets, confronting police, bleeding the plebs, raging crowd, burning cars, bloodshed starts. Who'll be alive?” Max Cavaleira – Sepultura – Refuse/Resist. A velha canção da banda Sepultura simbólica do Heavy Metal brasileiro parece ter sido escrita em uma praça qualquer de alguma capital do Norte da África ou Oriente Médio. A revolta tem se espalhado contagiando uma a uma as nações com governos autocráticos na região. Isso já inspira o nome de “Primavera Árabe” que se dá ao que começou com a Revolução de Jasmim na Tunísia. Pode-se argumentar que a causa central dessas revoltas é o desejo por maior liberdade, por maiores direitos civis, por mais democracia, ou assim aparenta. Como já disse reiteradas vezes é difícil ter uma clara percepção de eventos que se desenvolvem e por isso que todos os analistas (na imprensas, nos think tanks , nos governos, etc) se dedica a criar cenários mais ou menos prováveis a partir da melhor informação disponível. Quando falo causa c

Ler, Refletir e Pensar: Um pouco do lirismo do Poetinha

Nesse sábado seleciono um texto que em nada tem a ver com as relações internacionais, isto é, pode-se até argumentar que algo tem a ver por que seu autor o “Poetinha” Vinícius de Moraes era diplomata. A poesia que separo é uma das minhas favoritas e que bem reflete (principalmente na nota que poeta incluiu em seu livro) o atual estado de espiríto do autor deste blog. A poesia é retirada do livro “Para viver um grande amor” que me foi presenteado por uma querida amiga. Sem mais circuloquios a transcrição tal qual o original. Não comerei da alface a verde pétala* . Não comerei da alface a verde pétala Nem da cenoura as hóstias desbotadas Deixarei as pastagens às manadas E a quem maior aprouver fazer dieta. . Cajus hei de chupar, mangas-espadas Talvez pouco elegantes para um poeta Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta Que acredita no cromo das saladas. . Não nasci ruminante como os bois Nem como os coelhos, roedor; nas

Depois do Egito, o desafio é o (não tão amigável) Bahrein

Desde a decisão de invadir o Iraque que a diplomacia dos Estados Unidos não se via passando dias tão duros como os que marcam o inicio desse ano. A onda de protestos que varre o Oriente Médio ainda que represente a força do ideário democrático propalado por Washington se converte em um desafio complexo. Isso por que obrigam os Estados Unidos a tomarem em curto espaço de tempo decisões com profundas implicações futuras como abandonar um aliado de anos a própria sorte. S e agora parece claro que era preciso abandonar o apoio a Mubarak isso pode no futuro diminuir a confiança de aliados no compromisso americano. Ou seja, não é só a questão de ficar ao lado da história – seja lá o que isso signifique. Por outro lado alianças duradouras têm que engajar mais que líderes e elites políticas têm que ser percebidas como necessárias e/ou desejáveis pelas populações, isso age como um seguro em caso de mudança de governo. Contudo, o mundo real não se comporta como as abstrações teóricas. As di

Reunião Ministerial do G-20

Hoje teve inicio mais uma reunião dos ministros da fazenda (ou economia) e presidentes de bancos centrais do G-20 financeiro em Paris, França. É preciso frisar que se trata do G-20 financeiro, ou seja, G7 mais economias emergentes principais. Isso por que pode haver alguma confusão com outro G-20 que existe no âmbito da OMC que reúne membros em comum – não todos – e tem objetivos completamente distintos. O real escopo dessa reunião deve transparecer em comunicado final e mostrará o grau de consenso que pode ser alcançado dentro desse heterogêneo grupo de Estados. A agenda do encontro é ambiciosa e talvez a mais ambiciosa meta seja criar indicadores que sirvam de alerta para novas crises. Os indicadores propostos para formarem o tal índice de desequilíbrio incluem saldo da conta corrente, taxas de câmbio reais, reservas internacionais, dívida pública e poupança privada. Há ainda a questão da inflação global que é mais sentida no delicado mercado de produtos alimentares. Forças poderosa

Vídeo: Unlocking the Full Potential of the U.S.-India Relationship

Enquanto preparo postagens originais mais uma disponibilizo aqui um excelente vídeo produzido pelo Center for Strategic and International Studies (CSIS) com a Schieffer School of Journalism da que é um think tank localizado nos EUA. O posicionamento do vídeo, portanto é a visão dos EUA sobre as relações daquele país com um dos gigantes emergentes, no caso a Índia. É interessante conhecer vários pontos de vista sobre assuntos internacionais ajuda a prever melhor as ações de cada um dos atores. Abaixo a descrição (em inglês, como o vídeo) feita pelos produtores do debate. The Center for Strategic and International Studies (CSIS) and TCU’s Schieffer School of Journalism invite you to the next session of The CSIS-Schieffer Series Dialogues Made possible by United Technologies Corporation (UTC) on “Unlocking the Full Potential of the U.S.-India Relationship”; Moderated by: Bob Schieffer Chief Washington Correspondent, CBS News; Anchor, CBS News “Face the Nation” Panelists: Robert D. Hor

Egito entusiasmo e realidade - Um texto do STRATFOR

Durante os dias em que o levante egípcio estava onipresente na imprensa e nesse blog escrevi várias vezes que o calor dos acontecimentos não era bom conselheiro para análises e que seria preciso esperar um pouco para ter alguma perspectiva sobre as causas e os desdobramentos do levante. É claro que a situação ainda se desenrola, mas já começam a surgir análises pertinentes. E esse é o caso do texto do Stratfor que transcrevo (com autorização) abaixo, em inglês (infelizmente tradução toma um tempo que não posso dispor).  Egypt : The distance between enthusiasm and reality [" Egypt: The Distance Between Enthusiasm and Reality  is republished with permission of STRATFOR."] By George Friedman On Feb. 11, Egyptian President Hosni Mubarak resigned. A military council was named to govern in his place. On Feb. 11-12, the crowds that had gathered in Tahrir Square celebrated Mubarak’s fall and the triumph of democracy in Egypt . On Feb. 13, the military council abolished the co

Uma nota do Irã ou a briga de torcidas no Irã versão 2011

Não gosto de transcrever material da internet, não é a direção que tracei para esse espaço é fato que se eu fizesse isso eu teria mais 600-700 visitantes diários. Desta vez decidi reproduzir uma interessante nota emitida pela Islamic Republic News Agency – IRNA , que é a Agência de notícias oficial do regime de Teerã. Muitas vezes os defensores – sempre por motivos ideológicos e/ou “antiimperialistas” – alegam que as criticas ao regime são feitas pela imprensa internacional (e por aqueles manipulados por ela), que eles enchem a boca para chamar de conservadora ou epíteto vazio equivalente, por isso trago a nota da agência do governo, mais oficial que isso não há. A nota mostra bem como o regime teocrático do Irã reage a qualquer tipo de dissenso interno e fique escancarada a repressão, autoritarismo e intolerância que caracterizam esses regimes opressores e mostra bem por que Teerã e outros regimes iguais têm que manipular causas justas para arregimentar apoio. Esses governantes não s