Nesse sábado seleciono um texto que em nada tem a ver com as relações internacionais, isto é, pode-se até argumentar que algo tem a ver por que seu autor o “Poetinha” Vinícius de Moraes era diplomata.
A poesia que separo é uma das minhas favoritas e que bem reflete (principalmente na nota que poeta incluiu em seu livro) o atual estado de espiríto do autor deste blog. A poesia é retirada do livro “Para viver um grande amor” que me foi presenteado por uma querida amiga. Sem mais circuloquios a transcrição tal qual o original.
___________________Não comerei da alface a verde pétala*.Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadasE a quem maior aprouver fazer dieta..Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao estetaQue acredita no cromo das saladas..Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: dêem-me feijão com arroz.E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão..*Iludia-se o poeta. Num tempo em que as coisas andaram meio pretas, ele teve que se enquadrar direitinho e andou comendo legumes na água e sal como qualquer outro.
MORAES, Vinícius de. Para viver um grande amor. Cia. das Letras. São Paulo, 2010. p 84.
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