“Tanks on the streets, confronting police, bleeding the plebs, raging crowd, burning cars, bloodshed starts. Who'll be alive?”
Max Cavaleira – Sepultura – Refuse/Resist.
A velha canção da banda Sepultura simbólica do Heavy Metal brasileiro parece ter sido escrita em uma praça qualquer de alguma capital do Norte da África ou Oriente Médio. A revolta tem se espalhado contagiando uma a uma as nações com governos autocráticos na região. Isso já inspira o nome de “Primavera Árabe” que se dá ao que começou com a Revolução de Jasmim na Tunísia.
Pode-se argumentar que a causa central dessas revoltas é o desejo por maior liberdade, por maiores direitos civis, por mais democracia, ou assim aparenta. Como já disse reiteradas vezes é difícil ter uma clara percepção de eventos que se desenvolvem e por isso que todos os analistas (na imprensas, nos think tanks, nos governos, etc) se dedica a criar cenários mais ou menos prováveis a partir da melhor informação disponível.
Quando falo causa central é por que não se pode generalizar as mesmas causas a todos os países atingidos pela onda de protesto, isso por que há contextos sociais, econômicos e políticos muito distintos. Não se pode dizer que as demandas dos manifestantes líbios seja a mesma dos que ocupam as ruas no Bahrein. A forma dos protestos e seus desdobramentos também dependem de como se organiza cada sociedade, depende das organizações da sociedade civil e o que talvez seja mais determinante dependem de até onde a repressão está disposta a ir para manter o status quo.
Em lugares como o Irã onde as forças de segurança não hesitam em usar força letal contra o público e a executar presos políticos é difícil que os manifestantes ganhem momentum suficiente para levar o resto da população as ruas, como vimos na Praça Tahrir. É preciso ter em mente que o aparato de repressão no Irã conta com apoio de um serviço de inteligência bem coordenado e com a delação dos que são fiéis ao regime, afinal esse usa da poderosa força da religião a seu favor.
Por mais que análises em nível regional sejam úteis para que se tenha uma noção do peso geoestratégico de cada nação no jogo das potências regionais e globais só se terá a exata noção das implicações de cada movimento analisando-os em separado, o que tem se tornado a cada dia mais complicado, pelo simples fato de cada dia um novo país entra em convulsão. E creio que isso explicará a meus leitores o fato de alguns desses movimentos não terem sido alvo de textos aqui. E aproveito e deixo o convite para que enviem escritos que serão publicados com todas as referidas fontes.
Deixando de lado os rigores do pensamento analítico pautado nas metodologias e sistemáticas próprias das relações internacionais. Gostaria de compartilhar uma esperança (que admito pode ser pueril e inocente) que surge em minha mente. A esperança de ver surgir uma verdadeira onda democrática que vá além do mundo “árabe” e varra todo o mundo muçulmano. Uma democracia moldada aos gostos das culturas locais, mas que seja verdadeira e plena e mais que isso ciosa dos Direitos Humanos que a despeito de certo relativismo (um tanto vulgar?) são aspirações verdadeiramente humanas, como bem mostram os anseios dos que ocupam as ruas. Embora seja provável que nem todos os que organizam e saiam as ruas tenham esse projeto em seus plano, como bem me lembra o analista de relações internacionais em mim que nunca se cala por muito tempo.
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