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Mostrando postagens com o rótulo Brasil

Contas Públicas e Relações Internacionais

As manobras contábeis usadas pelo governo para melhorar os números das contas públicas – que podem até mesmo serem ilegais – são um assunto bem técnico e de difícil compreensão para a maior parte dos eleitores. Por isso mesmo não aparece como deveria nas campanhas eleitorais, mas as reiteradas manobras contábeis do governo e um crescente e altivo desafio ideológico ao “mercado” que enche os olhos e ouvidos dos militantes de emoção, prejudicam o bom andamento das contas públicas, que é Interesse Nacional. Nesse sentido transcrevo o que publicou Mansueto Almeida ( aqui ), volto logo em seguida: O governo deveria estar MUITO preocupado em mandar sinais positivos para o mercado. Ao invés disso, o que se vê todos os santos dias é muita gente declarando em off, na Caixa Econômica Federal (CEF) e no Ministério da Fazenda, o absurdo dos atrasos sucessivos dos repasses do Tesouro Nacional para a CEF pagar benefícios sociais. Essa confusão já foi esclarecida e vai diminuir? Não. O Te

Santander e Administração Federal, por Mansueto Almeida

Não gosto de escrever sobre temas eleitorais e de campanha, mas essa questão do Santander interfere com todos os que se dedicam a consultoria externa e com a liberdade profissional de escrever o que se concluiu a partir da pesquisa. Mas, o pior mesmo foi a tentativa de transformar uma política que vendem como de Estado em política de governo, para fins eleitorais. Colegas analistas de Relações Internacionais, sobretudo, os mais jovens têm grandes dificuldades de entender quando eu falo que detesto escrever durante o período eleitoral. Acho, para o espanto deles, o processo todo no Brasil uma chatice e cheia de melindres legais, além de atrair os bots das campanhas virutuais e os militantes. Como diria o famoso meme: “ I ain’t got time fo dat ”. Nesse momento surgem as tentativas de guilty trip, como se eu não me informasse durante todo o tempo sobre desempenho de candidatos, mas principalmente sobre a atuação deles no governo, acompanho deputados e senadores, enfim não sou “politiza

Mais uma impostura diplomática?

Escrevi domingo um texto sobre o que eu considero ser uma impostura uma humilhação imposta ao Itamaraty, embora não descarte que alguns diplomatas por carreirismo ou por empolgação ideológica apóiem ou não vejam maiores constrangimentos na presença do Castro II, monarca socialista como hóspede na Granja do Torto, mas não é o único sinal de enfraquecimento da diplomacia na condução dos assuntos externos. Paulo Roberto de Almeida, que é diplomata, mas também um pensador livre (e isso tem um grande preço, não duvidem) já havia notado o sumiço da Ucrânia até das Notas Oficiais do Itamaraty, nem as famosas notas instando os lados a cooperarem na solução pacífica. Esse silêncio não combina com a altivez tão cantada em verso e prosa pelos áulicos governamentais e que encontra eco nos acadêmicos e nos jovens estudantes de Relações Internacionais. E dá margem para que se especule que não se fala no assunto para não irritar o parceiro de BRICS, como diria o mais afeito às troças no estilo

Raul Castro na Granja do Torto: Um Itamaraty humilhado?

A diplomacia brasileira sempre gozou de muito prestígio, aliás, com chanceleres de carreira, ou seja, sem respaldo de votos e partidos é importante que tenha prestígio para se fazerem ouvir na esplanada, assim é o sistema brasileiro, precisamos ter em mente. Patriota caiu por que nunca soube controlar a máquina e principalmente nunca conseguiu gozar de prestigio palaciano, há relatos – sem confirmação oficial – de que era ademoestado, em público, com a veemência ( grosseria ) habitual da presidente. Um desprestigio pessoal que também pesava sobre a pasta. Aliás, foi o caso do senador boliviano confinado a nossa embaixada em La Paz, que deu cabo a um processo nunca antes vistos no MRE, uma comissão de sindicância, presidida por pessoa alheia ao Serviço Exterior Brasileiro, não recordo nem no período de truculência militar um processo semelhante. O Itamaraty enfrentou, também, processos grevistas inéditos – e a meu ver justos – na luta contra o anacrônico assédio moral e por melho

Brasil 2014: Torcedores atônitos

O que se passou ontem, no estádio do Mineirão, será dissecado pelos especialistas em futebol, em esporte. Detalhes dos bastidores virão a tona e com alguma dose de esperança os rumos serão corrigidos. Derrotas são normais, mas com o dilatado placar de ontem não é comum e normal. Detesto politizar o esporte, mas os políticos, ah eles não resistem a ‘pegar carona’ quando sentem que as coisas vão bem, agora se sentem obrigados a tentar “ descolar ” da Copa. Mas, será difícil depois de tanta ênfase dada pelos líderes do governo e pela sua militância virtual. A foto abaixo resume tudo, numa pose forçada. PS: Os comandantes do futebol brasileiro, conseguiram humilhar ainda mais a história do futebol brasileiro com a atitude de expulsar o capitão do Penta do vestiário da seleção .

Perspectivas de crescimento: medíocres por Mansueto de Almeida

Mansueto escreve muito bem e didaticamente guia o leitor por temas complexos, em ano eleitoral em que a desinformação será a norma é bom se proteger com conhecimento. Estudem, se informem e cheguem a suas próprias conclusões e como sempre cuidado com as versões oficiais. Perspectivas de crescimento: medíocres Por Mansueto de Almeida Há cerca de três anos muitos pensavam que o Brasil cresceria por volta de 4% ao ano. Na ANPEC, em 2011, tive a chance de escutar colegas economistas da academia e do setor financeiro falar dessa expectativa otimista. Em 11 de dezembro de 2011 escrevi aqui neste blog ( clique aqui ): “Todas as noites, na ANPEC, há uma mesa especial de debate de conjuntura e, para a minha surpresa, notei que economistas tradicionalmente alinhados com escolas mais liberais do pensamento econômico estavam otimistas e, por outro lado, economistas mais alinhados com a ala heterodoxa me pareceriam mais cautelosos. Para os mais liberais, o Brasil vai muito bem e há chanc

O que fazer com os ingênuos e inocentes? Ou seriam apenas toscos e ignorantes? Por Paulo Roberto de Almeida

Qualquer um que escreva na Internet está sujeito ao contraditório, aliás, é essa a graça da coisa. O debate livre das amarras dos títulos e do Bullshit do ‘academiquês’ e sua falsa polidez, mas há quem abuse da informalidade e proximidade do debate. No texto a seguir meu amigo Paulo Roberto de Almeida dá uma resposta com um quê de bom-humor a um desses furiosos sabem-tudo. O orginal aqui . A pergunta que dá título a postagem é excelente e a resposta deve ser um conjugação de todas as características listadas, são toscos, ingênuos, inocentes e ignorantes (pleonasmo necessário). Queria ter escrito respostas assim várias vezes, ainda chego lá. O que fazer com os ingênuos e inocentes? Ou seriam apenas toscos e ignorantes? Por Paulo Roberto de Almeida Recebo, a propósito de uma postagem já antiga (de Fevereiro de 2-14), sobre a Ucrânia e as atitudes respectivas dos países ocidentais (de condenação do antigo governo ucraniano e dos russos) e dos Brics (um dos quais, a Rússia, inte

Onde estão os IPADs e IPHONEs “Made in Brazil”? por Mansueto Almeida

Em minhas palestras tenho o hábito de lembrar os estudantes que promessas e declarações de intenção não significam que o que se promete será de fato executado. É tautológico, mas de tanto ler renomadas figuras dando por existentes, realidades políticas por que são alvo de discursos acabei sentindo a necessidade de reforçar essa realidade da análise política. No texto abaixo Mansueto nos dá um exemplo claro de que nem discurso, nem toda vontade política do mundo atropelam realidades conjunturais e estruturais. Ele se refere aos iPads nacionais declamados em verso e prosa pela administração federal, até o Eike estava nessa onda de otimismo, lembra? Onde estão os IPADs e IPHONEs “Made in Brazil”? Por Mansueto Almeida No início do governo Dilma, muito se falou da “revolução” que seria produzir Ipads e Iphones no Brasil. O governo brasileiro fez esforços para que, o maior fabricante desses aparelhos, a empresa Foxconn de Taiwan, aumentasse os investimentos no Brasil. A Foxconn opera

Megaeventos e BRICS: Protestos e mais protestos, um pouco de contexto

O Brasil por esforço do governo e diversas organizações não estatais (como Igrejas e federações esportivas) trouxe para o Brasil alguns dos mais chamativos megaeventos do mundo. A estratégia construída durante o boom das commodities parecia clara: dinamizar o turismo e reforçar a imagem do Brasil e assim marcar um novo status nacional. E, talvez alimentada pelos resultados positivos dos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro. Outros emergentes se valeram da mesma estratégia. Temos as Olimpíadas de Pequim, na China, em 2008, a Copa do Mundo da África do Sul, em 2010, os Jogos Olímpicos de Sochi 2014 e em menor escala os Jogos da Commowealth, em Nova Déli, 2010, com exemplos dessa estratégia. Outro traço comum a esses eventos é que todos provocaram ondas de protesto. O Brasil se arrogou receber uma seqüência de megaeventos com os Jogos Mundiais Militares, Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Jogos Olímpicos e Paralímpicos. Quando esses compromissos foram assumidos

O país que cresce sem PIB, por Mansueto Almeida

Excelente texto que nos ajuda muito a decodificar as análises econômicas e os muitos dados estatísticos a disposição, ainda mais em ano eleitoral quando os números serão “torturados pra confessar qualquer coisa”. O país que cresce sem PIB Por Mansueto Almeida O titulo deste post é claramente uma provocação. Mas a provocação vai pegar carona no artigo do Samuel Pessôa hoje, na Folha de São Paulo ( clique aqui ), para chamar atenção para a diferença de crescimento da renda via pesquisas domiciliares (PNAD) e o crescimento do PIB per capita. Como fala Samuel no seu artigo hoje na Folha: “Entre 2003 e 2012, ano da Pnad mais recente disponível, o PIB per capita cresceu em termos reais 28%, enquanto a renda mediana domiciliar per capita teve aumento de 78%! Houve defasagem na velocidade de crescimento dos PIBs “do povo” e “dos economistas” de 50 pontos percentuais.” Essa polêmica (positiva) vem de alguns cálculos do nosso colega Marcelo Neri, que é um excelente economista e que

Algumas questões para o Brasil: Herança, Rentismo e impostos

  Quem gosta de pagar impostos? Eu sempre me sinto usurpado em meu trabalho e esforço quando arco com minhas obrigações fiscais, faço contrariado, mas a mão visível do estado é pesada com quem sonega – parece que mais branda com quem sonega muito – e sempre que se expressa essa contrariedade com o pagamento de impostos surge uma dessas almas caridosas, sempre dispostas a fazer caridades com o dinheiro alheio, tentando fazer uma verdadeira guilty trip sobre como impostos bancam os serviços sociais que os mais pobres necessitam para sobreviver no contexto do capitalismo cruel. Não é que se ignore que os impostos são o eixo principal do contrato social que é a base da nossa civilização, isto é, impostos bancam o estado. O Estado foi ganhando, ao longo da história novas atribuições como saúde, educação e se aventurou por campos mais complexos como sistema bancário e outros, tudo isso sustentado pela renda retirada da sociedade, é em certa medida uma boa troca, se abre mão de algum din

Vídeo: Palestra Paulo Roberto de Almeida, UnB

Paulo Roberto de Almeida é um diplomata, um pesquisador, um professor e um – assustadoramente eficiente e profícuo – escritor. E é um homem que não abre mão de ler e pensar com idependencia e com qualidade. Em alguns círculos é extremamente antipatizado, mas sua influência é inegável. Por isso saber que ele é um leitor assíduo desse Coisas Internacionais me empurra a pensar bem e não escrever coisas estúpidas por que sei que a despeito dos laços de amizade o professor não se furtará em criticar veementemente. Abaixo, publico vídeo da palestra “Tempos não convencionais: a economia e a política do Brasil como nunca antes vistas” organizada pelo Grupo de Estudos Lobos da Capital. A palestra é ótima e a clareza vocabular do professor é desconcertante quando comparamos com o “academiquês” e/ou o “diplomatiquês” que se esperaria dele. “O objetivo do evento foi discutir o estado da (des)"união" brasileira, depois dos 12 anos de governo do atual partido que está no poder e da

O tamanho do problema do setor elétrico por Mansueto Almeida

A boa análise das relações internacionais precisa não só identificar os padrões de interação entre os atores no sistema internacionais e as redes que atuam nessas relações, se valendo da perspectiva histórica e com embasamento lógico. É preciso, também, conhecer limitações internas de cada país e a energia é sempre algo relevante para observarmos. Nesse sentido, transcrevo texto do economista do IPEA, Mansueto Almeida, originalmente publicado em seu blog . Em que evidencia o tamanho do problema energético que vivemos. O tamanho do problema do setor elétrico Por Mansueto Almeida Quem quiser entender o tamanho do problema do setor elétrico sugiro que assista ao programa da jornalista Miriam Leitão da semana passada na Globo News. Um post sobre o programa e o link para o programa podem ser acessados aqui no blog da Miriam Leitão. Miriam entrevistou um dos maiores especialista do setor elétrico no Brasil, Mario Veiga da PSR. Em 2012, Mario era um dos consultores do governo federal

FMI e pessimismo por Mansueto Almeida

Mansueto é um desses analistas que sabe se comunicar de maneira clara e com domínio da linguagem. E mais uma vez tenho prazer em transcrever suas análises que enriquecem o debate que proponho nessa página. Original pode ser lido aqui . FMI e pessimismo Por Mansueto Almeida Sei que muita gente vai ficar com raiva do FMI por ter falado, recentemente, segundo matéria on line do jornal Valor Econômico, que: “A dívida bruta brasileira deve ficar em 66,7% do PIB neste ano, de acordo com o FMI, bem acima da média dos emergentes, de 33,7% do PIB. Na quarta-feira, o Fundo disse que a meta de superávit primário de 1,9% do PIB definida pelo governo brasileiro para este ano é apropriada, mas ressaltou que é importante que no médio prazo o Brasil volte a ter um alvo na casa de 3% do PIB.” O FMI acertou na mosca. E esse tipo de projeção não é só do FMI. Apostaria que mais de 90% dos analistas brasileiros acreditam que o superávit primário confortável deveria ficar acima de 2,5% do PIB

Brasil da ditadura e Iraque: Uma entrevista que precisa ser lida

Normalmente não copio textos da imprensa, mas acredito que essa entrevista tem valor didático por abrir uma porta para os bastidores da Política Externa Brasileira, no período dos choques do petróleo. É interessante notar que durante aquele tempo de forte discurso sul-sul, dizia-se “não-alinhado” de denúncia das potências estabelecidas, o comportamento brasileiro era muito parecido com o que buscava condenar, ainda que timidamente, dado as restrições objetivas daquela época. Exemplar é o caso da condenação do sionismo como racismo que foi feito para garantir o fluxo de petróleo iraquiano preço político alto pago pela ditadura em troca. O embaixador Sérgio Tutikian relata os desafios pessoais da vida dedicada às coisas internacionais e como desafios e simpatias pessoais influem na construção da política externa. Relações essas que por vezes são negligenciadas pelos analistas acadêmicos. Abaixo segue a entrevista. Muito bem conduzida pelo repórter da Zero Hora Cláudio Goldberg Rab