Mansueto é um desses analistas que sabe se comunicar de maneira clara e com domínio da linguagem. E mais uma vez tenho prazer em transcrever suas análises que enriquecem o debate que proponho nessa página. Original pode ser lido aqui.
FMI e pessimismo
Por Mansueto Almeida
Sei que muita gente vai ficar com raiva do FMI por ter falado, recentemente, segundo matéria on line do jornal Valor Econômico, que:
“A dívida bruta brasileira deve ficar em 66,7% do PIB neste ano, de acordo com o FMI, bem acima da média dos emergentes, de 33,7% do PIB. Na quarta-feira, o Fundo disse que a meta de superávit primário de 1,9% do PIB definida pelo governo brasileiro para este ano é apropriada, mas ressaltou que é importante que no médio prazo o Brasil volte a ter um alvo na casa de 3% do PIB.”
O FMI acertou na mosca. E esse tipo de projeção não é só do FMI. Apostaria que mais de 90% dos analistas brasileiros acreditam que o superávit primário confortável deveria ficar acima de 2,5% do PIB. Assim, o que o FMI está sugerindo não é algo anormal em relação ao que já se fala aqui no Brasil, seja lá na Rua Humaitá no Rio de Janeiro ou mesmo na Av. Brigadeiro Faria Lima em São Paulo.
Agora, antes de alguém atirar pedras no FMI é bom lembrar que, no momento, os grandes pessimistas são nossos conterrâneos e não o pessoal lá de fora. Até mesmo o presidente da Eurasia Group, Ian Bremmer, no seu ultimo relatório distribuído para clientes no início desta semana notou o excesso de pessimismo, injustificado segundo ele, por aqui:
“you could say it’s not the most propitious time to open a brazil office–it’s been decades since the brazilian private sector has been so despondent about their government and their country’s overall trajectory. it’s a combination of expectations of persistent low growth, higher inflation, and strong discontent with the lack of reform trajectory of president dilma rousseff. I found the local business community more vocal and negative than their brethren in argentina when i visited a few months ago…….but well beyond that, there are plenty of reasons to push back on local pessimism.
O ponto é que os grandes pessimistas de hoje quanto ao comportamento da economia brasileira estão aqui e não lá fora. Com destaque especial, segundo escutei de um grande investidor lá e fora que tem uma das melhores equipes de análise de mercados emergentes, os gestores de fundos do Rio de Janeiro. Eles estão mais pessimistas do que os economistas.
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