O título “Momento de oportunidade” não é meu é uma tradução livre do título dado pela própria casa branca para o discurso (cuja íntegra ao final do texto foi retirada do site da Casa Branca). Mas, a escolha desse título bem como o conteúdo do discurso mostra que Obama decidiu colocar “mais peso” na política para o Oriente Médio.
Muito mudou desde que Obama fez seu discurso no Cairo, em 2009, no qual ele estendia a mão para o mundo mulçumano em um momento e logo após se reuniu com Mubarak, então presidente e não ditador, o que foi muito mal visto pela chamada “Rua Árabe”. O fenomeno das revoltas no Oriente Médio e Norte de África apresentam desafios específicos que já comentei aqui, como decidir abandonar um aliado de muitos anos, essa atitude embora esteja alinhada com o que os analistas chamam de “ficar do lado certo da história” irá impactar futuras alianças, afinal até que ponto os próximos parceiros dos EUA não irão temer serem abandonados.
O discurso tenta marcar uma virada de página nas relações desgastadas entre os EUA e o mundo mulçumano, em geral, e com o Oriente Médio, em particular, e para isso Obama lançou as linhas gerais do engajamento de seu governo na região. Primeiro deixando claro que incentivos para que os processos em ação na região se tornem democráticos, assim o sucesso e a viabilidade do Egito e da Tunísia e para isso Obama se comprometeu a enviar ajuda financeira e cooperação, a perdoar parte importante das dívidas externas desses países, a recuperar ativos desviados pela corrupção e a cooperar para melhorar o ambiente de negócios nesses países.
A partir daí explicitou a condenação de seu governo aos atos de violência contra manifestantes pacíficos e a prisão de oposicionistas e nesse particular não posso deixar que me surpreendi com ele citar o Bahrein e o Iêmen. Ainda que tenha contextualizado a repressão no Bahrein do ponto de vista geopolítico e tenha deixado aberta a porta para o Líder do Iêmen. As críticas ao Irã, Síria e a Líbia (a parte do Kahdafi), por outro lado já eram esperadas.
Mas, o que realmente chamou a atenção foi a parte do discurso voltada as relações entre Israel e Palestina e as diretrizes do que pode ser o plano Obama de paz para o Oriente Médio. No calor dos eventos é difícil avaliar o alcance das propostas. Interessante o fato de Obama defender as fronteiras da Linha do Armistício de 1949, ou fronteiras de 1967.
Vou admitir que preciso estudar mais as nuances desse processo de negociação, ainda mais a luz dos impactos dos últimos desdobramentos como a aproximação Hammas e Fatah, antes de emitir uma opinião mais contundente ou profunda. E por sinal convido os leitores dessa página a emitirem suas opiniões sobre o assunto.
Em linhas gerais foi um discurso bem mais substantivo que as falas habituais de Obama e trouxe elementos novos. Como sempre foi muito bem lido, por um presidente que possui uma oratória fluída e hoje teve pitadas professorais, um analista da CNN que não recordo o nome chegou a usar a expressão “educator in Chief” brincando com a expressão Comandante em Chefe para educador em chefe. A repercussão inicial no Oriente Médio conseguiu algo raro uniu Israel e Hamas na rejeição as idéias do presidente o que sugere que o encontro de Obama e Benjamin Netanyahu será bastante frio amanhã.
Abaixo está o vídeo na integra, em inglês, do discurso.
Comentários
Vim parabenizá-lo pelo ótimo Blog. Não é um assunto de minha área, mas muito bem feito e uma rariade hoje em dia: Sem erros de potuguês ou aquela língua "internetesca" que só quem escreveu consegue entender.
Parabéns!
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