Pular para o conteúdo principal

Postagens

China e EUA: Soft Power do Basquetebol

De modo geral o Soft Power pode ser compreendido como o conjunto das capacidades de influenciar o comportamento dos atores do sistema internacional sem o uso direto de medidas de força (sanções, pressões militares). O Soft Power é assim “um doce jogo de persuasão” nas palavras de Paulo Roberto de Almeida. Nesse tipo d e ação internacional o que os atores buscam é a influencia e os bens culturais e as idéias são grande meios de exercer essa influência. Nesse sentido é comum que se veja os países se valendo de coisas que comprem boa vontade, por exemplo, o Brasil sempre que pode se vale de suas estrelas do futebol, seja num jogo amistoso no Haiti, seja presenteando líderes estrangeiros com camisas autografadas da seleção. Não é novidade que o esporte seja usado ou cooptado para disputas políticas os dois vergonhosos boicotes aos jogos olímpicos de 1980 e 1984, em Moscou e Los Angeles, respectivamente, nos ensinaram isso de modo claro. Aqui farei um breve parêntese, como os meus leitor

Ler, Refletir e Pensar: Síria e Kosovo, por Francisco Seixas da Costa

Nesses tempos em que a internet – sobretudo os fóruns de debate – está inundada com opiniões estridentes e radicais e ofensas a quem pensa diferente é sempre um alento ler uma análise sóbria e serena como essa do embaixador português, em França, Francisco Seixas da Costa. Texto transcrito tal qual o original ( que pode ser lido aqui ) e com autorização do autor. Síria e Kosovo Por Francisco Seixas da Costa Na sexta-feira, estive presente na cerimónia que, em Paris, assinalou o 4º aniversário da independência do Kosovo, uma realidade política até hoje reconhecida por 88 países, entre os quais 22 da União Europeia, incluindo Portugal. Não pude deixar de recordar-me, na ocasião, que o Kosovo talvez hoje deva a sua existência à intervenção militar promovida pela NATO, em 1999, feita à revelia de qualquer legitimação do Conselho de Segurança da ONU, então bloqueado pela obstinação russa e chinesa. Uma ação discutível mas que, para largos setores da comunidade internacional, se justific

Todas as ditaduras são ridículas II. Ou uma pequena amostra

Semana passada – dia 9 pra ser mais preciso – escrevi um texto em que versava sobre os apoiadores de regimes ditatoriais nas redes sociais o texto foi intitulado “ Todas as ditaduras são ridículas ”. Pois bem, ao ler uma matéria publicada hoje na Foreign Policy de autoria de Joshua E. Keating, intitulado “ Where a women’s place is on the front lines ”, que obviamente versa sobre a igualdade de oportunidades nos batalhões de combate nos EUA e no mundo. Em certa altura do bom artigo um link para um vídeo que ilustra quão ridícula é uma ditadura e nesse caso também ilustra como é difícil vencer o sexismo, afinal se não pela objetificação das mulheres como explicar que uma força militar use um uniforme rosa, com ‘ go-go boots’ . Claro, as chinesas selecionadas são lindíssimas. Vejam o vídeo e me digam se todas as ditaduras são ridículas ou não?  

Memórias do Barão do Rio Branco, por ele mesmo

O professor, diplomata e, sobretudo professor Paulo Roberto de Almeida (que gosto de considerar um amigo) nos presenteou por ocasião do centenário da morte do Barão do Rio Branco com o inicio da série – quiçá mais um livro do professor – em que transcreve memórias escritas pelo próprio Barão que foram encontradas entre seus papeis. Nesse particular recomendo a leitura de nota explicativa a cerca da metodologia empregada na atualização ortográfica e na organização dos escritos. Que está disponível aqui. Transcrevo na íntegra do que é encontrado no blog do professor e o faço com autorização. Original pode ser lido aqui . Não é preciso dizer que aguardo ansioso o desfecho dessa série. Espero que leiam não é sempre que uma figura histórica nos oferece uma janela ao seu pensamento. Memórias do Barão do Rio Branco Transcrição e modernização da ortografia destas “memórias” por Paulo Roberto de Almeida, a partir de manuscritos encontrados nos papéis deixados pelo próprio. Por

Ler, Refletir e Pensar: Salvador, por Francisco Seixas da Costa

Sou um leitor ávido do blog do embaixador português em França – que para minha alegria por aqui já passou e comentou e elegantemente disse ter se lembrado de diálogo nosso em um evento da embaixada de Portugal, em Brasília, anos atrás – a atração não é tanto algum tipo de janela para a mente dos tomadores de decisão em política externa ou executores, a atração é a escrita agradável pontuada por anedotas deliciosas que contam a dimensão pessoal da vida diplomática. O texto que transcrevo hoje é um curioso olhar da política interna brasileira, curioso por que não é comum que vejamos nossos políticos a luz estrangeira, principalmente a luz dos que constroem em nome de seus governos relações no Brasil. O texto segue como no original (que pode ser lido aqui ) e é publicado com a permissão do autor. Salvador Por Francisco Seixas da Costa A cidade brasileira de Salvador da Bahia atravessou dias terríveis, com a greve da polícia a gerar uma onda inédita de criminalidade violenta. Lembre

Guerra das Malvinas ou sobre uma tarde quente

Esse ano a Guerra das Malvinas completa 30 anos e o contexto interno da Argentina tem empurrado o governo platino a ser mais incisivo em sua busca por soberania no rochoso arquipélago. O envio do príncipe Willian para um treinamento militar nas ilhas serviu para motivar ainda mais os argentinos em sua reivindicação. Muito ainda se irá escrever sobre a guerra e suas conseqüências, – entre elas o desejo férreo da Marinha do Brasil de possuir submarinos nucleares – sobre a justeza ou não da causa argentina, sobre o direito de autodeterminação dos que há muitas gerações habitam as ilhas. Mas, hoje – por motivos pessoais – não quero escrever sobre essa espinhosa questão pela ótica da reflexão estratégica ou política, gostaria de partilhar uma pequena história com vocês. No início dos anos 2000, talvez em 2002, estive em Buenos Aires para participar de um breve curso, apesar de não ser a primeira vez que ia aquela cidade, decidi por fazer o velho circuito turístico que inclui a famosa

Todas as ditaduras são ridículas

Fernando Pessoa, o magistral poeta português – da língua portuguesa, na verdade – escreveu certa vez que todas as cartas de amor são ridículas e como tem razão o velho poeta, afinal todas as emoções extremadas nos afastam do equilíbrio que pretendemos ter. Mas, o que motiva esse texto não são os prazerosos devaneios do amor, mas a dura realidade das relações internacionais. Deparei-me com um tópico de debate num grupo do Facebook sobre a ação da OTAN na Líbia cuja autora definia a ação de maneira irônica numa linguagem militante comunista que em certo ponto exaltava o nome de figuras como Lênin. O tópico como naturalmente seria passou a discorrer sobre a Síria e num tema tão polarizador não provoca nenhuma espécie o fato da discussão ter se tornado mais aguda. Eu consigo entender estrategicamente o porquê da Rússia e da China terem bloqueado o projeto de resolução sobre a Síria. O que eu não consigo entender é por que tantos nas redes sociais se dedicam a defender de maneira tão ag